Moony Apaixonado?!



Pouco antes do fim daquele mês Sírius recebeu a carta de Harry que falava sobre a dor na cicatriz. Achou engraçado que o afilhado continuasse deixando os tios acharem que o padrinho era um bruxo do mal. Depois lembrando-se do pouco que Lily e James contavam sobre os Dursley e de como o garoto havia ficado feliz com a possibilidade de sair daquela casa, ele achou que transformá-los em morcegos seria um bem a humanidade.

A notícia da dor na cicatriz de Harry foi a última de uma série que Sírius vinha observando. Decidiu que era hora de retornar a Inglaterra. Enviou uma carta ao afilhado dizendo que estava voltando. Mandou outra para Dumbledore contando sobre a dor na cicatriz do garoto e pedindo orientações de onde poderia ficar escondido próximo a Hogwarts e uma terceira para Remus contando as novidades e pedindo que ele avisasse a Tonks que ele estaria chegando a Londres.

Sírius deixou Bicuço escondido em uma caverna nos arredores de Hogsmead e aparatou para próximo do apartamento do amigo chegando lá em sua forma anímaga após o anoitecer.

No dia seguinte Tonks apareceu para ver o primo. Ela contou aos dois os detalhes sobre a investigação do aparecimento da marca Negra na final da Copa Mundial de Quadribol. E também sobre o ataque a Alastor ‘Olho-tonto’ Moody na véspera de seu embarque para Hogwarts. Sírius tinha certeza de que isso tinha algo a ver com Harry.

Tonks avisou ao primo que o auror Kingsley Shacklebolt era o encarregado de seu caso. O auror ainda achava que Black estava em Londres e como Sírius pretendia mesmo ficar em Hogsmead decidiram deixar tudo como estava.

Remus não pôde deixar de notar como os primos estavam entrosados. Algo estranho para duas pessoas que só haviam se encontrado uma única vez.

Tonks os deixou no início da noite, Sírius ia jantar antes de retornar ao seu esconderijo.

-- Vejo que sua reserva em relação a Tonks ser auror sumiu totalmente. Vocês parecem velhos amigos! – comentou Remus enquanto balançava a varinha e as panelas voavam para o fogão.

-- Também depois de passarmos dez dias juntos. – falou tranquilamente – Moony, ela é incrível! Se tivesse estado na escola na nossa época Tonks seria o quinto maroto!

Para sorte de Remus ele não estava segurando nada naquele momento, pois sua surpresa foi tal que com certeza ele teria derrubado. Sírius que estava de costas arrumando a mesa para o jantar não percebeu o susto do amigo.

-- Dez dias juntos!? – perguntou antes que pudesse se conter.

-- Sim, no inicio do mês ela passou dez dias comigo na Grécia. – Mas o tom usado por seu amigo alertou seus instintos caninos e pela primeira vez desde que haviam iniciado aquela conversa ele olhou para Remus – Porque o espanto?

-- Espanto?! – tentou disfarçar – Não, é só que nem fiquei sabendo – justificou sem muita convicção e voltou sua atenção para a comida que estava ficando pronta.

Os dois se sentaram calados. Remus estava com uma sensação estranha. Não havia gostado de saber que Nimphadora havia passado dez dias SOZINHA com Sírius na Grécia. Conhecia muito bem seu amigo e ele era um conquistador. Isto era um fato.

“Não! Mas ela é filha da prima dele!” – pensou e balançou a cabeça como que para afastar aquele pensamento – “E o que você tem haver com isso?” – recriminou-se.

Sírius percebeu a mudança no humor de Remus.

-- O que foi Moony? O que está preocupando você? – e algumas idéias começavam a se formar na cabeça dele.

-- Preocupando?! – sobressaltou-se – Não! Nada, impressão sua.

Sírius conhecia muito bem seu amigo.

-- Você parece preocupado com o fato de Tonks ter viajado para Grécia comigo – Falou displicente.

-- Não! O que é isso, Padfoot! Eu não tenho nada com a sua vida ou a de Tonks – Mas ele foi péssimo em tentar disfarçar seus sentimentos.

Aqueles dois homens eram amigos desde moleques, passaram por muitos momentos bons e ruins juntos. A única vez em que houve segredos e desconfiança entre eles as conseqüências foram terríveis. Sírius não deixaria que nada se colocasse entre a amizade deles novamente. Nem mesmo Tonks. Colocou os talheres sobre o prato, cruzou os dedos e olhou para Remus que fitava seu prato sem comer.

-- Certo Moony! Sem segredos ou meias palavras. O que você quer saber? – Ele aguardou um momento observando o desconforto do amigo.

Remus pensou por um minuto. Não sabia se queria ouvir a resposta para as suas perguntas. Mas em todo caso.... – Respirou fundo.

-- O que há entre você e Nimphadora, Padfoot?

-- Nada!

Remus ia protestar, Sírius queria que ele acreditasse que havia ficado dez dias sozinho com a garota na Grécia e que nada havia acontecido! Ele não era nenhum idiota!

Sírius impediu o protesto do amigo com um gesto.

-- Não há nada entre nós, mas houve!

Remus abriu e fechou a boca. Ele não estava preparado para ouvir isso. “Droga porque estou tão incomodado com Sírius e Tonks?! Eu não tenho nada com isso!” – tentava se convencer.

Ele não queria saber mais nada, mas Sírius continuou falando. Ele percebeu certo tom de ansiedade que não era comum ao amigo.

-- Eu tentei Moony! Juro que tentei! Você me conhece, sabe que eu nunca fugi de mulher nenhuma. Mas com Tonks era diferente, ela é filha de Andie. Eu resisti a ela por oito dias, mas ..... – passou as mãos no cabelo, ansioso. Apesar do trato de não sentirem culpa, ele ainda achava que tinha errado. Sentia que deveria ter sido mais forte.

-- Mas.... – Estimulou Remo. A voz em sua cabeça falou pesarosa “você não devia ter perguntado, não vai gostar da resposta!”

-- Tomamos uma garrafa de vinho dos elfos e .... Bem você pode imaginar – concluiu com um breve sorriso.

-- Eu não acredito, Sírius! – falou mais alto do que pretendia – Ela é filha de sua prima! É uns dezesseis anos mais nova que você! – algo crescia dentro de seu peito e ele teve vontade de azarar seu melhor amigo.

-- Hei! Calma aí, Moony! Até parece que você é o pai da moça! – Levantou-se a andou pela cozinha – E ela não estava de porre ou qualquer coisa parecida. Sabia muito bem o que estava fazendo. O vinho serviu para minar a minha resistência e não a dela! – Tentava passar segurança, mas a reação do amigo só serviu para aumentar a culpa que sentia.

Remus notou a ansiedade de Sírius, conhecia o amigo o suficiente para saber que ele era um conquistador, mas não era um canalha. Por outro lado as ações de Tonks mais cedo não eram de quem estava magoada ou sentindo-se rejeitada, traída ou enganada. Tentou acalmar-se e trazer a conversa para um plano mais racional.

-- Mesmo depois... – respirou fundo – Depois dessa noite – falou um tanto constrangido – vocês... sei lá cara, você falou que não há nada entre vocês agora.

Sírius também se acalmou um pouco e sentou-se.

-- No dia seguinte.... – sorriu. – ...conversamos. Eu estava me sentindo super culpado, mas ela me convenceu de que eu era um idiota de ficar assim depois da noite maravilhosa que havíamos passado. Aliás, que noite! – suspirou.

-- Padfoot! Poupe-me dos detalhes! – Remus disse irritado, corando brevemente. Sírius sorriu.

-- Vou confessar que hoje mais cedo fiquei um pouco preocupado em como seria o nosso reencontro. Mas você mesmo viu, ela estava super normal!

Remus pensou por um momento, era verdade ele até havia percebido que Sírius estava um pouco tenso, mas Tonks estava tranqüila e não deu qualquer sinal de desconforto na presença do primo.

-- Moony, sei que não deveria ter me deixado levar. Mas não vou dizer que estou arrependido, acho que isso sim seria um insulto a ela. – Ele estava parecendo mais com Sírius Black da época de Hogwarts. – Mas não irá acontecer novamente. Nós não estávamos apaixonados, mas se iniciássemos um relacionamento não tenho dúvidas que isso terminaria acontecendo, pelo menos da minha parte. E nesse momento eu sou a pior coisa que poderia acontecer na vida de Tonks!

Remo pensou que provavelmente Sírius tinha razão. Não entendeu muito bem porque, mas perguntou.

-- Só por isso que vocês não ficaram juntos? Digo, você acha que se a sua situação fosse diferente, vocês estariam namorando?

Sírius o olhou por um minuto pensativo então respondeu

-- Eu vou ser franco com você, Moony. Se eu não fosse um foragido talvez eu tentasse ficar com ela sim, mas não sei se isso seria o melhor para nós.

Agora mais calmo Sírius conseguiu analisar toda a conversa que havia tido com Remus e de repente uma idéia lhe passou pela cabeça. “Será que Moony está apaixonado por Tonks?! Isso explicaria a revolta um pouco exagerada dele ao saber sobre o nosso breve relacionamento.”

Ele conhecia Remus, sabia que o amigo não se achava digno de ser amado. Sabia que por mais que ele gostasse de alguém não tentaria nada. Se ainda por cima ele achasse que estava disputando a mesma mulher com Sírius ele desistiria sem pestanejar. Padfoot tentou deixar claro que se acontecesse algo entre seu amigo e sua prima ele não ficaria entre eles, mas também não poderia ser muito explícito, pois tinha certeza de que Remus ainda não havia assumido para si que estava apaixonado pela auror.

-- Por outro lado, Tonks deixou bem claro que não estava apaixonada por mim. – Ele parou novamente e então falou como se estivesse raciocinando – Ela me disse que nunca se apaixonou de verdade. Sabe o que mais?! – Remus apenas aguardou a resposta – Ela mesma assumiu: o dia que se apaixonar, que amar de verdade, não vai existir nada que a impeça de ficar com essa pessoa.

Remus o olhava sem saber o que dizer. Sírius sorriu.

-- E essa pessoa não sou eu, Moony. Acredite estamos melhor assim. Nada mais vai acontecer entre nós.

“Porque ele esta me dizendo tudo isso?!” – perguntou-se. Mas suas defesas o impediram de responder.


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Depois do encontro com Sírius e Remus no inicio de setembro, Tonks ficou atolada em trabalho. Sempre que tinha alguma informação enviava a Lupin que mandava para o primo.

Dumbledore havia pedido que Remus investigasse o sumiço de Berta Jorkins e se isso poderia ter alguma relação com Voldemort. Ele andava muito ocupado tentando conseguir uma autorização para viajar para a Albânia.

Havia chegado a pouco de mais um dia cansativo no Ministério quando a campainha tocou. Ao abrir a porta deparou-se com uma bela jovem de longos cabelos loiros, olhos azuis e faces rosadas. Hesitou por um segundo antes de perguntar:

-- Tonks?!

-- Claro que sou eu, Remus! – sorriu e ele se afastou para ela entrar – Mas não gosto muito desse meu “eu” – concentrou-se e voltou a ter os cabelos repicados, rosa-chiclete e os olhos castanhos. – Aquele disfarce me lembra muito Narcisa – fez uma careta.

Remus riu. De repente ele achou que o dia estava mais bonito e ele até se esqueceu que estava tão cansado.

-- Que surpresa! Tem mais de um mês que você veio aqui.

-- É verdade, mas não pense que esqueci de você – Lhe deu um beijo no rosto – Já tem um tempo que queria vir vê-lo.

Seu coração acelerou. “Ela está dizendo que sentiu saudades de mim! Que pensa em mim!”. Sorriu, estava parecendo um adolescente.

-- Eu também senti saudades, mas estive muito ocupado nesses últimos tempos tentando uma autorização para viajar.

-- Mas para onde você está querendo ir que está te tomando tanto tempo? – Perguntou erguendo as sobrancelhas – Quando eu fui para a Grécia, consegui a autorização de um dia para o outro.

Remus parou de sorrir e se moveu desconfortável no sofá. Tentou disfarçar respondendo.

-- Vou para a Albânia.

Ela notou a discreta mudança dele, o olhou interrogativa.

-- Você soube que eu passei dez dias com Sírius em Athenas no verão, não soube?

-- Sim, soube – tentou parecer displicente.

Tonks percebeu que algo naquele assunto o incomodava, mas não conseguiu saber o que era, pois ele continuou.

-- O problema não é o lugar – deu um suspiro cansado – É a pessoa em questão – tentou sorrir sem muito êxito.

Ela sentiu um peso no coração. Remus era uma pessoa tão maravilhosa, não merecia ser tratado dessa forma, como se valesse menos que os outros. Teve vontade de abraçá-lo, mas achou que não era uma boa idéia, ela era muito impulsiva e poderia fazer uma besteira como, por exemplo, beija-lo. E Remus não era como Sírius, ela sabia pouco sobre a vida dele, e se ele tivesse uma namorada?! Ficaria magoado se ela o “agarrasse” e provavelmente se afastaria dela. Era melhor ela se comportar!

Por outro lado ele poderia achar que era por piedade e Tonks tinha sentimentos confusos em relação a ele, mas pena não estava entre esses. Ela sentou-se mais perto e segurou as mãos dele entre as suas. Apenas para lhe passar conforto.

-- Você precisa de ajuda? Sabe conheço algumas pessoas em vários setores....

-- Não! – Ele a interrompeu, mas ficou feliz em perceber que não havia pena nos olhos dela. Não soltou suas mãos. – Não se preocupe! – Sorriu – Eu já consegui a autorização. Irei alguns dias depois da próxima lua cheia. – Ele tinha consciência de que ela estava segurando suas mãos e não queria que o contato se desfizesse. – Além do mais não acho que seja nada interessante que o Ministério saiba que nos conhecemos.

Ele não quis arriscar dizer “que somos amigos”, os sentimentos dele estavam MUITO conflitantes e ele não queria pensar nisso agora. Não com ela tão próxima. Ele poderia fazer uma besteira, como por exemplo, beija-la. E se ela estivesse namorando alguém, ou pior e se ela pensasse que ele queria se aproveitar dela. Nada disso! Ele deveria se comportar!

Tonks bufou e teria largado as mãos dele, se nesse momento ele já não as estivesse segurando. Quase inconscientemente ele as acariciou.

-- Hei! Não fique assim! – sorriu, ela ficava linda quando irritada! – Mas é verdade. Depois que Sírius fugiu de Hogwarts eu dei meu depoimento na seção de aurores contando toda a história. Então de repente nos tornamos... hum – hesitou – amigos – falou mais baixo.

Ela sorriu como alguém podia ser tão tímido, tão doce. Remus era único. Seu coração acelerou, mas ela não entendeu o motivo. Nunca havia sentido aquelas coisas estranhas que sentia quando estava junto dele. Mas eram sensações boas que a deixavam feliz. Em seguida sentiu raiva de todos aqueles que tentavam tornar a vida dele difícil.

-- Você sabe que seus colegas aurores poderiam fazer associações de idéias perigosas.

Tonks deu um suspiro cansado e encostou a cabeça no sofá, deixou a mão que ele acariciava, estava adorando o carinho.

-- Ok, Remus, você tem razão. Aliás, como Sírius contou você sempre foi a voz da razão – Sorriu e falou pensativa – Na minha época de Hogwarts quem funcionava como razão era o Gui. Weasley – completou vendo a face de interrogação dele. Não sei como eu e Carlinhos não fomos expulsos depois que ele se formou. Já que nos dois últimos anos não tínhamos quem nos controlasse – Sorriu saudosa – Sinto saudades de Carlinhos.

Remus sentiu novamente aquele mal estar indefinível e parou da acariciar a mão dela. Ela percebeu.

-- Sabe, nós namoramos um tempo no sétimo ano, mas logo percebemos que estávamos melhor como amigos e companheiros de aventuras do que como namorados. – Deu de ombros – Continuamos amigos, mas agora ele esta na Romênia e a distância atrapalha um bocado.

Ela não entendeu bem o porquê mais gostou de dizer a ele que Carlinhos era apenas um grande amigo e que isto estava bem resolvido na cabeça de ambos. Notou que ele voltava a acariciar sua mão.

Continuaram a conversar por algumas horas. A companhia de Remus era tão agradável que Tonks perdia a noção do tempo quando estava com ele e lamentava quando chegava a hora de ir embora.

A lua cheia seria em dois dias, ela tentou convencê-lo a deixar que ela fosse lá no dia seguinte a transformação, porém Remus ficou irredutível.

Ele não era perfeito e encabeçando a lista de seus defeitos estava ser um cabeça-dura. Na verdade Tonks ainda não havia encontrado os outros, mas era claro que ele deveria ter. Nenhum homem simpático, inteligente, charmoso, cavalheiro estaria solteiro até aquela idade se não tivesse alguns defeitos além de ser cabeça-dura. Ela riu ao pensar que ele deveria roncar e ter chulé, no mínimo.


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Julie Tonks – Eu acho que a Tonks e o Remus são perfeitos juntos, mas também acho que namoro de primos é uma coisa muito fofa! Não suporto Sírius/Bellatrix então acho que ele fica super bem com a Tonks. Mas como o próprio falou “isso não vai acontecer novamente”. Agora o Sírius ficará um bom tempo fora de cena. E acho que até o próprio Sírius percebeu que eles foram um pouco longe demais....

'Kyra*Black – Obrigado pelo comentário, espero continuar agradando.

Marcela Almeida – Nessa Fic eu não pretendo comentar mais detalhes sobre a noite de Sírius e Tonks, mas está entre os meus projetos escrever uma short sobre aquela noite. Você já imaginou a cara do Remus se o Sírius resolve contar os detalhes, acho que ele morria!!! De qualquer forma o nosso lobinho vai terminar sabendo o que é uma noite com a Metamorfomaga, com certeza que vai....

Muito obrigado a todos que leram e não comentaram também. Quem tiver um tempinho e gostar de Ship diferentes dê uma olhada nas minhas Fics do Fic 100
http://floreioseborroes.net/menufic.php?id=18603 (essa é Sírius/ Hermione)
e
http://floreioseborroes.net/menufic.php?id=17724 (essa é Remus/ Hermione)

Um beijão Diana Black

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