Tormento e desespero

Tormento e desespero



Quando Snape viu Hanna, não conseguiu se conter, correu para perto de seu mestre e estava disposto a impedi-lo caso tomasse qualquer atitude drástica. Mas Voldemort apenas riu cheio de sarcasmo e devassidão.
— O que foi que você disse? - perguntou Voldemort gargalhando. - Fez seu último feitiço? - ele olhou em volta, todos os seus comensais gargalhavam, exceto Snape. - Vá tomar sua esposa - disse Voldemort fechando a cara, mas quando Snape deu seu primeiro passo, o braço magricela do mestre o barrou. - Você não, Snape. Pryme! - elucidou com muita ironia.
Snape lançou seus olhos de Voldemort a Pryme, que estava muito orgulhoso estufando o peito e andando até Hanna. Ele a tomou pelo pulso e a puxou para perto de si. Cambaleando, ainda tonta, tropeçou, caindo bem aos pés de Snape, que intentou ajudá-la, mas Voldemort o pediu.
— Esse é o seu lugar, minha cara. Não se sente bem aí? - e mais uma vez Voldemort riu.
— Para nada servirei - ela murmurou olhando para Snape.
— Servirá, sim. Entraremos em Hogwarts esta noite, tudo está arranjado, e você nos ajudará. Porque... me desculpe, Malfoy, mas Draco jamais irá conseguir.
Malfoy fez uma careta, olhando para Goyle, mas nada disse.
— Vai ter que desejar que o menino Malfoy tenha êxito - murmurou ela ainda com a mão sobre o estômago - porque não há como eu ajudá-lo.
— Claro que há, Hanna. Quando eu entrar em Hogwarts, vou pegar seu filho, e você se arrependerá por não ter me ajudado.
— Como... eu já disse - ela inspirou profundamente para falar, seu estômago parecia latejar -, não posso ajudar. Eu não tenho mais poderes.
Voldemort gargalhou, mas ao ver Snape olhar arregalado para Hanna, fechou o cenho.
— O que está dizendo?
— Estou dizendo - ela pausou por causa da dor - que expurguei meus poderes...
— Você não faria isso! - Voldemort urrou, olhando para Pryme, como se ele pudesse confirmar sua frase.
— Dê-me a varinha - Hanna sussurrou quase inaudível.
— Nem pense nisso, minha cara - impediu Pryme.
— Dê a varinha a ela, Pryme. No estado em que está não poderá fazer mal a ninguém.
Pryme ajudou Hanna a ficar de pé e lhe deu a varinha. Com extrema dor e cheia de tremores, ela mirou a varinha no próprio Pryme e disse:
— ESTUPEFAÇA!
Mas nada aconteceu.
— INCENDIO!
Nada aconteceu.
— Essa sua varinha - Voldemort falou irritado, o sorriso que antes mantinha se perdera - não é boa! Snape, dê-lhe a sua!
Snape aproximou-se de Hanna, olhando fixamente para os olhos dela e entregando-lhe a varinha. Ela a pegou e tentou novamente dizendo:
— LUMUS!
Nada. A ponta da varinha nem ao menos soltou uma faísca. E Voldemort ergueu a sobrancelha, indignado.
— O que está fazendo? - sussurrou Snape a Hanna, ela, porém, não respondeu, continuou encarando o Lorde das Trevas.
— LEGILIMENS! - berrou Voldemort e o que viu dentro da mente dela o deixou tão irado que levou alguns instantes para perceber a rapidez de Snape, que puxara Hanna para perto de seu corpo e desaparatara levando-a consigo.
Voldemort soltou um grito de ódio e sua ira foi tanta que as marcas negras nos braços de seus comensais arderam de tal forma que caíram de joelhos, sem forças.

Snape e Hanna aparataram na sede da Ordem, quem abriu a porta foi Remo Lupin, que vira os dois chegarem bordejando.
— Que diabos, Snape? - berrou Remo ao vê-los ensangüentados; a senhora Weasley veio correndo da cozinha.
Snape tinha um talho no braço, sobre sua marca, do qual escorria sangue. Hanna despencou no sofá, desmaiada, e não aparentava estar com ferimento algum.
— Cuidem dela. Preciso ir a Hogwarts! - pediu Snape.
— Você não pode sair assim! - exclamou a senhora Weasley, apontando para o braço dele.
— Vão invadir a escola... - avisou Snape. - Voldemort... Draco Malfoy...
— Fique com Hanna. Eu irei - disse Lupin.
— Eu vou também. Mas antes avisarei Arthur e Gui.
Snape, exausto, não pôde deixar de concordar. E assim que os dois membros da Ordem partiram, ele foi até a cozinha, tomou um gole de conhaque e voltou para a sala com a garrafa em mãos, sentando-se ao lado de Hanna. Sorriu por dentro ao ver que ela segurava fortemente sua varinha na mão, então ele a tomou e murmurou:
— Episkey - fechando um pouco o ferimento em seu braço e - Ferula - criando bandagens para não deixá-lo exposto.
Snape adormeceu murmurando um encantamento de cura sobre Hanna, não havia muito que fazer a não ser esperar que algum membro da Ordem retornasse e pudessem preparar um antídoto contra o feitiço que contra ela fora usado.

Nem mesmo tinha amanhecido quando alguns integrantes da Ordem chegaram ao Largo Grimauld. Snape se pôs de pé num salto, levara um susto com o barulho que vinha do corredor.
— Não, não fui eu quem o matou! - alguém berrou. E depois um uivo sibilante ecoou alto e sumiu, como se jamais tivesse sido ouvido.
Snape se colocou na porta da sala e, pelas caras dos Weasley, de Harry Potter, de Lupin e Ninfadora Tonks, alguma coisa tinha saído muito errado.
— O que aconteceu?
— Alvo... - a senhora Weasley caiu em prantos. Snape a segurou pelos braços e chacoalhou.
— O que tem ele?
— Ele... ele está morto - disse Harry Potter. - Seus amiguinhos o mataram...
— Draco - murmurou Snape, encarando o chão.
— Não se preocupe com seu precioso aluno, Snape - Harry quase rugiu. - Ele não chegou a tempo para ver Greyback atacar Dumbledore.
— Grey... back? Onde estava Draco?
— ORA SEU... - gritou Harry avançando contra Snape e caindo sobre ele contra a mesa de centro. Harry conseguiu socar Snape por três vezes antes que o senhor Weasley e Lupin os separassem. - VOCÊ MATOU DUMBLEDORE, SEU BASTARDO COVARDE!
— Não me chame de covarde, Potter - Snape rosnou com o dedo em riste -, você não sabe de nada. DE NADA, OUVIU!
— Vamos nos acalmar! Vamos parar um pouco! - Lupin interveio. - Todo mundo está de cabeça quente. Acha que podemos passar a noite aqui, Snape?
— Sim, por hoje. Porque quando isso... a morte... a notícia se alastrar... é melhor estarmos longe.
Naquele momento todos voltaram os olhares para Hanna, que gemia, tentando se sentar. Ela acordara com a gritaria.
— O que aconteceu? - quis saber a senhora Weasley ao ver a palidez extrema da mulher de Snape.
— Eu... não sei - balbuciou Snape. - Bender Lund jogou algum encantamento antigo...
— Bender Lund? - repetiu Arthur. Snape o encarou, confirmando com um balançar de cabeça.
— Talvez seja melhor levá-la ao Saint Mungus.
— Eu... - Snape parecia atordoado. Talvez fosse pela mulher ali deitada, ou talvez fosse por causa do diretor morto, mas quanto ao último ele nada pôde fazer porque tivera que salvar Hanna, não poderia tê-la deixado lá, ou então seria ela quem estaria morta.
— Severo... - ela chamou, era quase inaudível.
Lupin ajoelhou ao lado dela e a ajudou a se sentar. Hanna pediu que Snape lhe trouxesse algo de beber, ela estava com muita sede, e então ele se lembrou do feitiço que Lund utilizou, e dos ingredientes, e, em seguida, dos antídotos para aquela combinação perigosa. Mas Hanna não tinha bebido nenhum dos ingredientes, como então reverteria a droga daquela maldição? E seu braço doía, tinha que procurar um remédio para ele próprio antes de querer curar Hanna.
— Não dêem nada para ela beber - ordenou Snape. - Vou buscar ajuda, voltarei assim que possível.
Parecia que tinha tomado a Felix Felicis, Snape encontrara quase que de imediato a solução para um envenenamento por feitiço em sua sala, em Hogwarts, e tornou a aparatar na sede da Ordem pouco mais de uma hora depois. Mas Hanna havia piorado, não parava de tossir sangue e ela estava muito mais pálida do que antes, parecia um Inferi. Snape sussurrou o contra feitiço ali mesmo na sala e depois lhe administrou uma poção revigorante, que a faria perder o sentidos por algumas horas, mas a livraria de qualquer maldição de Lund.
— Você precisa cuidar desse braço - a senhora Weasley falou entregando a ele uma xícara de café. - Está ficando tão branco quanto ela. - Eu posso... se você permitir...
— Não faria isso se fosse a senhora. Eu o deixaria MORRER! É o que ele merece - Harry rosnou deixando a cozinha.
Snape apenas fechou os olhos enquanto Molly removia as bandagens e dava um jeito no ferimento profundo.

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