Hanna Pryme
Snape voltou à casa da senhora Pryme muitas outras vezes depois daquela noite especial. Porém, na maioria das noites que lá aparecia, eles apenas conversavam durante longas horas sobre Hogwarts, sobre Leon e sobre o que gostavam. Contudo, assim que Snape mencionava a ligação de Hanna com Voldemort, ela se zangava e era o fim de uma bela noite. E Snape já estava cansada daquela situação, cansado de ter a razão e Hanna o fazer de bobo. Queria ouvir sair, de uma vez por todas, dos lábios dela a verdade, queria que ela admitisse estar ao lado de Voldemort.
A verdade, no entanto, mesmo não dita pela boca de quem deveria, sempre aparecia quando menos se esperava. Através do Ministério, a honra do que restava da família Pryme novamente foi abalada. Hanna Pryme foi chama a depor uma segunda vez em sua vida, as conseqüências do que seu marido fizera agora a atormentavam como nunca. Entretanto, ela entrou no Ministério de cabeça erguida, na era mulher fraca, passaram por muito na vida e não se entregaria com a facilidade.
Diante de um grupo de pessoas, que mais pareciam um júri pronto a ordenar a pior sentença, ela se sentou arrumando o vestido de veludo muito elegante e encarou um por um como se lhes expiasse a alma.
― Muito bem, senhora Pryme. Acredito que saiba por que está aqui.
― Não me faço de rogada, senhor conselheiro, sei sim, senhor, por causa dos atos de meu marido.
― Em parte - ele foi direto. Ela ergueu a sobrancelha em desconfiança. - A senhora é acusada de aliar-se Àquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
― Como é? - quis saber ela.
― A senhora está sendo acusada por compartilhar com as idéias do Lorde das Trevas.
― Ah, estou? - e ela se pôs de pé. - E de onde tiraram ta idéia?
― A senhora tem precedentes, senhora Pryme.
― Eu não tenho precedente algum, meu caro senhor. Quem os tinha era meu marido - rosnou com as mãos na cintura. - Ou esclarece logo seu assunto comigo ou me retiro deste aposento neste exato minuto.
― Pois bem. Queremos saber o que é que a senhora guarda em sua casa que tanto atraí o Lorde das Trevas - ele alfinetou com sarcasmo.
― Não tenho nada que possa interessá-lo a não ser a minha pessoa. - As pessoas atrás da cumprida mesa exclamaram vitoriosas. Mas a senhora Pryme continuou a falar: - E pessoas com certa inteligência e poder estão na lista de requisitados do Lorde - e fez uma pausa encarando o homem a quem dirigia a palavra - o senhor, não seria uma destas pessoas?
― Eu jamais compartilharia com e...
― Eu sei. Mas ele poderia muito bem obrigar o senhor, da mesma forma como fez com muitos. Da mesma forma como tentou comigo.
A discussão foi longe, mas a senhora Pryme se sobressaiu. E apesar das notícias espalhadas pelo Profeta Diário, de que a viúva do auror Keneth Pryme, morto Comensal da Morte assumido, fora indiciada, não houve mais do que barulho. Ela estava livre, mesmo mal falada... e mal falada sempre fora na vida depois da escolha malfeita do marido.
As notícias correram rápidas e em Hogwarts o outro Pryme também não foi poupado. Leon foi entrevistado por Alastor “Olho-Tonto” Moody, que jurava conseguir tirar do menino alguma informação. Dumbledore, por conhecer o amigo, deixou que falasse com o menino.
― Muito bem, senhor Pryme, sente-se - Moody indicou a cadeira a sua frente. Está aqui...
― Porque querem saber o mesmo que tentaram saber de minha mãe: o que eu tenho em minha casa que Voldemort quer...
― CALE-SE - urrou Moody. - Não me interrompa, menino, na sou nada paciente. E sim, quero saber o que ele quer com sua mãe.
― O mesmo que quer de outros bruxos: aliados.
― Sua mãe já se aliou a ele, senhor Pryme, mas o senhor já deve saber disso, não? Com toda certeza já viu de relance a marca no braço dela. A caveira e a serpente.
Leon arregalou os olhos.
― Mentira! - gritou enfurecido.
― Vejo que não sabia a verdade. Desculpe-me por ter que contá-la de forma seca e grossa...
― O senhor não sabe nada sobre mim mãe. Veio aqui especular apenas!
― Talvez... só talvez.
― Nunca se perguntou por que sua mãe lançou o feitiço sobre os livros escondidos? Por que ninguém que intentaria usá-los não os pede pegar? - fez uma pausa longa. - O senhor pode retirá-los do encanto?
O menino encarou seu inquisidor. Por que estavam numa saleta escura? Por que não no escritório de Dumbledore? Ou então na sala dos professores? Com tantos lugares no castelo, tinham que se esconder? Umbridge não devia ser avisada? Por que?
― O senhor precisa nos contar como sua mãe abre o lugar, senhor Pryme. É de suma importância. Ou quer que o Lorde das Trevas comande este mundo?
― Eu... não sei. Ela jamais me disse. Na verdade, nem faz idéia de que eu li tais livros.
― Ela não confia no senhor?
― Por que diz isso?
― Ora, é evidente. Se nunca lhe disse é porque sabe que o senhor não é confiável. Sabe que o senhor revelaria o segredo.
― Eu não...
― Isso não lhe mostra que ela está ao lado das trevas?
― NÃO! - rosnou indignado.
― Pense comigo. Se ela realmente se importasse com o senhor, não teria escondido tais livros em sua casa. Se realmente se importasse, teria lhe confidenciado o segredo. Se realmente se importasse com o senhor, ela jamais teria aceitado o pedido do Lorde das Trevas para protegê-lo contra o lado do bem.
― Ela não está ao lado dele! - berrou Leon com lágrimas nos olhos.
― O Ministério não a chamaria para depor por picuinhas, senhor Pryme. Eles sabem das coisas, só não conseguiram encontrar provas concretas. Por enquanto.
O inverno chegou com toda sua força. Passar um minuto sequer do lado de fora do castelo era como querer sofrer uma terrível tortura, pois o frio parecia congelar o coração. Nem brincar na neve parecia seguro! O castelo estava mais cheio do que de costume, isto porque todos se agrupavam no salão principal, onde era mais quente e onde se sentiam mais à vontade. Dumbledore sabia verdadeiramente o porquê, assim como a mãe de Leon Pryme.
Durante todo o almoço, Snape sentiu seu braço queimar, mas estava tão faminto que foi obrigado a terminar pelo menos aquela coxa de frango, sabia que ao lado de Voldemort poderiam passar muito tempo sem comer. Assim que terminou, saiu o mais rápido possível de Hogwarts e aparatou perto do grande chalé onde Voldemort estava. Entrou, tirou o sobretudo molhado pela neve e o colocou no closet da entrada. Já havia outro casaco ali.
― Não entendo o que é que vê nele! Nem ao menos sabe se é um dos nossos! - rosnava um homem de voz grossa, sem medo do mestre.
― Ele foi um dos meus melhores Comensais, ainda confio nele - explicava Voldemort com a paciência que nunca teve.
― Ele nem tem lhe trazido notícias de Hogwarts ou de Dumbledore?! - implicava o homem.
Snape parou atrás da porta. Eram Voldemort e outro Comensal conversando, pareciam muito íntimos.
― Com licença - apresentou-se Snape entrando na sala. Os dois pararam de falar e se voltaram para ele.
― Entre, Snape - pediu Voldemort.
― Milorde - cumprimentou tirando o capuz -, trago notícias sobre os aliados de Dumbledore.
― Algo sobre o que estão tramando? - intrometeu-se o outro homem.
― Preparam-se para atacar sua casa à meia-noite de terça-feira - contou Snape olhando para seu mestre.
― Descobriram onde estamos? - perguntou Voldemort indignado. - Quem nos entregou?
― Hanna - murmurou o homem ao lado de Voldemort.
― Não sei quem descobriu. Tentarei descobrir - respondeu Snape -, mas os Comensais capturados são quatro ao todo. Talvez algum deles tenha dado com a língua nos dentes.
― Exato. Você tem razão, Snape - balbuciou Voldemort. - Fica para o jantar? Avery e Malfoy virão também - continuou, mas de costas pra eles.
Um convite daqueles não se recusava, então os três se dirigiram à sala de jantar, onde, poucos minutos depois, mais quatro Comensais apareceram. Quando haviam terminado o jantar, e já se encontravam novamente na sala de lareira, a porta da frente se escancarou, uma lufada de vento trouxe um pouco do frio da madrugada, mas logo o elfo fatigado fechou a porta e tomou o casaco da mulher que acabava de cumprimentar seu mestre.
― Esperava você para o jantar, Hanna. Algo interessante a impediu de vir quando a chamei? - quis saber Voldemort andando até ela, estendendo-lhe um copo de vinho, para que se aquecesse mais rápido.
― Estive com Dumbledore - ela confessou, mas foi interrompida.
― Claro que esteve. Mas por que a demora? Ele lhe confessou algo?
Hanna não tirara os olhos de Voldemort desde que entrara na sala.
― Não, senhor. Ele me fez perguntas, desconfia de que tenho algo que possa ajudá-lo... - e foi interrompida novamente, mas desta vez, não foi pelo mestre.
― E entregou os livros a ele? - a voz grossa que encheu a sala fez com que Hanna soltasse o copo, que se espatifou no chão, respingando vinho para todos os lados.
Hanna arqueou o corpo para a esquerda e olhou por sobre o ombro de Voldemort. Piscou os olhos sucessivamente no intuito de limpá-los, fazê-los ver melhor, porém, eles não viam mais do que a realidade: Keneth Pryme. O corpo todo dela estremeceu como se fosse desfalecer, seu cérebro parou por um instante, num colapso entre os acontecimentos, já não sabia se estava sonhando ou se estava acordada.
― Minha cara Hanna - Voldemort tomou a mão gelada dela e a puxou para o centro da sala. Por segundos ela estancou com os olhos arregalados, mantendo-se firmemente no lugar, como se estivesse presa debaixo do arco adornado da porta. - Não está contente em ver seu marido?
O sarcasmo doentio de Voldemort a trouxe de volta ao recinto. Ela encarou o mestre, que viu uma lágrima verter daqueles olhos castanhos amedrontados. Snape fixou os olhos no tal Keneth Pryme e então o reconheceu, era o homem da foto sobre a mesinha de canto na casa da senhora Pryme. Como podia ser?
― Vamos - insistiu Voldemort puxando Hanna pela mão trêmula, pararam diante de Pryme, o sorriso dele era cheio de malícia e ironia.
― Olá, Hanna - falou Pryme com suavidade. Os olhos dela derramaram sucessivas lágrimas e ela continha a histeria, mas quase não suportava mais. - Isso tudo é alegria em me ver? - ele pediu tocando o rosto dela com o dorso da mão.
― Pryme - chamou Voldemort -, hoje eu preciso de Hanna. Ela sabe como me ajudar. Snape, volte a Hogwarts e me traga mais informações. Não teremos chance de um confronto direto, já que muitos não poderão sair de seus postos. Mas cuidaremos de tantos quanto pudermos acabar! - bramiu rindo. - Deixemos que venham. Não haverá ninguém na casa a não ser Dementadores! - Aquela idéia de Voldemort fez Hanna dar as costas a todos. - O que foi, Hanna? Enjoada só de pensar nos meus amigos? Eles nem estão aqui ainda?
― Milorde - falou Snape -, os aliados de Dumbledore estão muito adiantados, convocaram pessoas de todos os lugares, homens, mulheres e jovens.
― Vamos acabar com eles, mestre! - bradou Pryme cerrando os punhos.
― Vamos sim - afirmou Voldemort. - Mas precisamos primeiro pensar numa nova sede, num novo feitiço. Hanna, vá descansar! Conversaremos mais tarde.
Antes de sair da sala, Hanna encarou Snape, e ele sentiu o peso daquele olhar, que estava cheio de raiva, cheio de indignação pelo quão traiçoeiro ele representava ser naquele momento.
― Como pode...
― CALE-SE! - gritou Pryme largando um tapa que fez a boca da mulher sangrar.
Snape a acudiu.
― Saia de perto, Snape - exclamou Pryme postando-se na frente da mulher. Os olhos de Snape pareciam brasas e os músculos de seu rosto se comprimiram tanto que podiam ser vistos saltando.
― Grande homem você! - disse Snape não se contendo. - Não pode com os aliados de Dumbledore e desconta numa pobre mulher!
― Está com pena, amigo? - perguntou Pryme parando a centímetros de Snape. - Desde quando Comensais sentem piedade?
― Ela não é uma qualquer! - vociferou Snape. - Com todo esse tratamento não me admiraria ela se aliar a Dumbledore!
― Hanna não ousaria, não é, querida? - ironizou Pryme. - Ela sempre sentiu pena dos mais pobres e necessitados, mas não se misturava com eles, não é mesmo, Hanna? Ela não faz nada mais do que o dever de uma... esposa - alfinetou por último, encarando Snape.
― Ora, seu... - exclamou Snape espremendo os olhos e aproximando-se mais de Pryme, entretanto, os olhos negros de Hanna não o deixaram continuar. Ela balançou a cabeça negativamente e apertou o peito no lado do coração. Snape deu dois passos para trás e olhou para Voldemort.
― Obrigado, Snape. Volte agora! Reunirei os Comensais depois do ataque. Hanna, vá! - berrou Voldemort. Snape acenou com a cabeça e deu as costas a todos na sala, mas antes dele sair Pryme lhe fez uma pergunta estranha.
― Qual é seu nome completo, Snape?
― Severo Snape! - respondeu sarcástico.
― Não há outro nome no meio? - pediu Pryme muito curioso.
― Não. Não há nome algum - ironizou Snape saindo, batendo a porta com toda força.
Voldemort e Pryme foram à biblioteca, enquanto Snape caminhava lentamente se afastando da casa, para desaparatar mais adiante.
― Severo! Severo! - sussurrou alguém por entre os arbustos há um metro adiante.
― Hanna! - surpreendeu-se Snape. - Se a pegarem fora da casa...
― Ouça - disse calando a boca dele com os dedos trêmulos -, meu filho corre perigo se sair de Hogwarts. Não deixe que ele vá à Hogsmeade ou que tente ir para casa no feriado!
― Hogsmeade está fechada, os Dementadores acabaram com ela! - respondeu ele -, bem, ele certamente não poderia ir para casa. Ela respirou fundo e segurou o casaco de Snape com as mãos, abarrotando-o.
― Eu sei que está do lado de Dumbledore e faz bem! Prometa-me que não irá tirar seus olhos de meu filho. Eu não o quero aqui junto dessas pessoas! - rogou muito preocupada.
Olhar para ela agora doía, estava muito abatida, tinha dois grandes hematomas no rosto, não que eles precisassem estar ali, bruxos poderiam facilmente curar ferimentos, mas provavelmente Pryme se orgulhava de mostrar aos outros Comensais o quão viril e poderoso era comandando uma mulher como aquela. Snape tocou o rosto dela de leve, fazendo-a fechar os olhos para sentir por mais tempo àquela demonstração de afeto.
― Obrigada.
― Gostaria de fazer muito mais por você, mas mal posso fazer por mim.
― Prometa-me que irá cuidar de meu filho e lhe serei grata pelo resto da vida.
― Prometo, Hanna. Prometo - murmurou fechando os olhos ao ser beijado e assim que os abriu estava sozinho em meio a floresta.
A meia-noite da terça-feira trouxe aurores e tantos outros bruxos a casa onde Voldemort estava hospedado, e como o combinado, Dementadores estavam à espera. Ninguém saiu ferido de lá, pois os aliados de Dumbledore já sabiam que o lugar estaria cheio deles. Foi uma batalha bem disfarçada, fingida e perdida, pois os Dementadores não foram derrotados, apenas espantados por patronos fortes, chamados pelos aurores. Tudo voltou à estaca zero, isto porque Voldemort procuraria outro lugar onde se hospedar e Dumbledore teria de começar tudo outra vez.
Aquele era o último dia de aula, as férias de Natal estavam a um passo, no entanto, o clima não era de festa. A aula de Poções foi, como as de Transfiguração e a de Feitiços: muito exaustiva. Quando o sinal anunciou o término, as crianças suspiraram aliviadas, mas tamanha era a correria e preocupação em Hogwarts, que o professor de Poções nem se deu ao luxo de resmungar.
― Senhor Pryme, um minuto, por favor! - disse Snape guardando nas prateleiras os ingredientes usados naquela aula.
― Sim, professor - respnondeu o menino com os materiais à mão, parado em frente à mesa do mestre. Snape se sentou e observou Leon cuidadosamente, era parecidíssimo com a mãe, até nas atitudes.
― Diga-me, senhor Pryme, ama sua mãe? - perguntou Snape. Foi uma pergunta tão direta e inesperada que não apenas Leon se surpreendeu, Dumbledore, que estava na entrada da classe, se esquivou para não ser visto, queria saber o que viria a seguir.
― É claro que a amo!
― Por que demorou a responder então?
― Bem, o senhor me pegou de surpresa! É o tipo de pergunta que ninguém nunca esperaria ouvir do senhor, não admite? - retrucou o menino incrédulo. Snape riu.
― Tem razão, Pryme. Acontece que ainda não me convenceu. O quanto a ama?
― Muito, eu diria, não há como medir, ela é a única pessoa que realmente se importa comigo, sem contar os ridículos elfos da minha casa - riu envergonhando-se logo depois.
― E o que me diz de seu pai?
― O que há para dizer? - questionou Leon com um tom formal na voz, parecendo um adulto.
― Não sente nada por ele?
― Por que deveria? Mal me lembro dele e depois de tudo o que ele fez à minha mãe, eu seria capaz de... bem, dar um soco nele! - Dumbledore se conteve para não rir, não queria denunciar que estava ouvindo, mas achou graça da coragem do pequeno menino.
― Ouça com atenção o que vou lhe dizer, senhor Pryme, se realmente ama a sua mãe, se tem respeito por ela, não saia de Hogwarts por nada, por nada mesmo. Fique dentro do castelo, perto dos professores ou de Hagrid.
― Mas, o que... mas é Natal, minha mãe deve estar me esperando!
― Ela não está em casa, senhor Pryme.
― Como assim? Onde ela está?
― Vá para seu quarto! Quando ela puder, lhe dará as devidas explicações!
Leon arregalou os olhos sem entender o que estava acontecendo, deu meia volta e saiu. Como era possível? Como ela não estava em casa? Onde estaria? Assim que Leon saiu, Dumbledore parou na porta da sala de Poções, Snape e ele se entreolharam.
― O senhor... ouviu?
― Desculpe, Severo, estava querendo conversar com você.
― O que faremos? O que farei? Voldemort e Pryme...
― Por que se preocupa tanto, Severo? Com tantas pessoas ao nosso lado, confirmando que o bem sempre irá prevalecer temos muita chance! - disse o diretor com convicção, no entanto, notou o pesar de Snape, que se sentou de qualquer jeito sobre a mesa e suspirou.
― Voldemort e Pryme estão envoltos em segredos, fazem reuniões sozinhos...
― O que dizem os outros Comensais?
― Estão revoltados, mas morrem de medo de Voldemort. Ainda mais que ele tem a filha dos Lestrange nas mãos! Ela mudou tanto! Não parece a mesma mulher!
― Medo, Severo, medo!
― Pryme a trata de forma tão deplorável... eu não compreendo se for por outro motivo porque ela é tão forte! Que, diabos, ainda está fazendo ao lado daquele homem?
― Talvez haja alguma ligação entre eles que jamais entenderemos!
― Um pacto entre duas pessoas que se odeiam? - balbuciou Snape incrédulo.
― Quem sabe eles não se odiavam há tempos atrás. Quem sabe não se odeiam agora.
― Ela o odeia, sim, Dumbledore, conheço muito bem a expressão nos olhos dela quando olha para Pryme!
― Tem certeza que ela o odeia, Severo? - perguntou Dumbledore mais uma vez, levando Snape a pensar mais profundamente.
― Como não poderia? Ele a domina, a diminui, a embaraça, entre outras coisas, em frente a todos! - disse Snape engolindo em seco. - Ele deve espancá-la toda vez que estão sozinhos. Ela está sempre abatida.
― Sentimentalismo agora, Severo?
― Não - respondeu ele rispidamente e tentando consertar o que disse continuou: - É que ela é uma mulher, droga! E por pior que possa ser... se bem que ninguém poderia chegar nem aos pés de ser tão vil quanto Voldemort... ela não merece!
― Entendi onde quer chegar - disse Dumbledore. - Só não entendi o por que de tanta consideração por ela e pelo filho dela!
Snape pigarreou e olhou bem nos olhos de Dumbledore, sem responder nada por minutos, que mais pareceram horas, não sabendo como que dizer a ele, mas com a certeza de que Dumbledore deveria saber a resposta, Snape, porém, não iria admitir nada naquele momento.
― Porque sinto que ela precisa de ajuda.
― Será que é ela quem precisa, Severo?
― Onde quer chegar? - perguntou Snape com receio da resposta do diretor.
― Acredita mesmo que ela esteja com problemas? Acredita que o filho dela possa vir a sofrer algo?
― Pryme não é confiável nem para nós, adultos, imagine para uma criança.
― Mas é o filho dele!
― Sim, é. Mas é como se não fosse, Leon não conheceu o pai e o odeia - respondeu Snape. Os dois se olharam por mais alguns instantes.
― Tudo o que Leon sabe sobre o pai foi a mãe quem contou. Será que ela não aumentou a verdade?
― Não. Definitivamente não, Dumbledore. Se visse os atos de Pryme, o senhor concordaria comigo!
― Julgar é fácil, Severo.
― O senhor não acredita em mim? - perguntou Snape com os olhos cintilando. - Sei que não sou um exemplo de bruxo, as crianças me odeiam como professor...
― Acredito em você, Severo, se não nunca teria deixado você ficar em Hogwarts - disse Dumbledore. Snape balançou a cabeça. - Somente quero que pense muito bem antes de fazer qualquer coisa.
― E o que eu poderia fazer? Não sou nada contra Pryme!
― Preocupe-se com ele que eu cuidarei pessoalmente de Leon - e dizendo isso Dumbledore apertou o ombro esquerdo dele confirmando tudo e deixou a sala de Poções.
Snape não era o único a se lamentar pelos acontecimentos. Black não agüentava mais a pressão, tinha deixado sua raiva sobressair sua bondade e com isso perdera a oportunidade de ficar com Hanna e de trazê-la para a Ordem. Depois da intimação do Ministério, notou Hanna diferente. E não havia nada que ele pudesse fazer para remediar. Não podia sair e ir ao encontro dela, já que ela não frequentava mais o pub onde se conheceram e, sim, permanecia confinada na casa de Voldemort. Por noites ele tinha a impressão de que ela o chamava, de que ela estava ali ao seu lado, dormindo com ele. Porém ao se virar para o lado, cheio de esperanças, encontrava apenas um espaço de cama vazia. Ele estava se odiando agora, mas do que odiava Voldemort.
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