Hogsmeade



Além de terem muitas matérias para estudar, os alunos ainda tinham que se preocupar com o carrasco de plantão do Ministério, a Alta Inquisitora professora Umbridge, vulga Sapa. Harry Potter, um jovem quintanista alto, de cabelos rebeldes, único sobrevivente da fúria de Lorde Voldemort contra alguém com uma maldição imperdoável - e agora, raivoso por estar impedido de fazer tudo o que mais gostava: jogar quadribol -, vinha instruindo 27 amigos na Disciplina de Defesa Contra a Arte das Trevas. Isto porque a professora Umbridge e os códigos ministeriais que ela inventava impediam que qualquer aluno praticasse Feitiços, Poções e outras magias. Cornélio Fudge, o Ministro, estava batendo ferozmente de frente com os princípios que Dumbledore usava na escola, temia que o velho diretor levantasse um exército de crianças e o açulasse contra o Ministério. Fugde acreditava veemente que Dumbledore estava esclerosado e que Harry Potter, antes adorado por todo o mundo mágico por ter sobrevivido e derrotado Voldemort, tinha inventado tudo só para chamar a atenção de todos. Acreditava que Harry Potter e Alvo Dumbledore estavam unidos para organizarem sua destituição junto ao Ministério, e ainda, que Dumbledore queria ocupar seu lugar como ministro da magia. Assim, os alunos não eram mais instruídos para situações críticas, caso elas acontecessem. A única coisa crítica em sua frente eram exercícios e mais exercícios (escritos e orais) de todas as matérias. Mas um dos alunos estava se divertindo com aquilo tudo, era Leon Pryme. Ele parecia muito contente em ter que encontrar saídas e resultados positivos nas situações elaboradas pelos professores, apesar de puramente teóricos. E ele não se cansava de achar graça dos colegas que não conseguiam. Isso chamou a atenção de Snape e posteriormente, de Dumbledore. O menino era muito esperto e inteligente. Para ele não havia dificuldade nenhuma em enfrentar os exercícios.
― Senhor Pryme, poderia me dar um minuto?
― Sim, professor Snape - disse o garoto parando em frente à mesa do mestre de Poções. Os dois esperaram até que todos os alunos saíssem da classe.
― Sente-se - falou Snape. - Onde aprendeu tudo o que sabe? Em casa?
― Sim, senhor professor - respondeu Leon com calma.
― Com sua mãe?
― Não.
― Com quem então?
― Não foi bem com quem, senhor - emendou o garoto. - Foi com o que!
― Não faça rodeios, senhor Pryme!
― Foi com os livros de meu pai! - disse olhando à escrivaninha arrumada do professor.
― O que você sabe não está escrito em nenhum livro, garoto, não minta!
― Professor, não estou mentindo. Aprendi com os livros de meu pai! - repetiu. - Com os livros que ele chamava de Livros das Sombras.
Os olhos de Snape desviaram do garoto e caíram sobre os de Dumbledore, que estava na porta da sala de Poções.
― Onde estão estes livros? - perguntou Snape voltando o olhar ao garoto.
― Na minha casa! - respondeu olhando para Snape. - Na biblioteca.
― Tem certeza de que estão ainda lá?
― Minha mãe os guarda com um feitiço que somente aquele que não tenciona usar os conhecimentos deles pode pegá-los - choramingou o garoto triste. - Me arrependo de não os ter decorado por completo... hoje eu já não poderia mais abrir a pequena câmara! - riu-se o menino.
― Não comente nada sobre isso, senhor Pryme! Caso contrário, eu serei obrigado a lhe dar algumas detenções! - reprimiu Snape. - Agora vá para sua próxima aula.
O garoto saiu sem dar importância àquela situação. Dumbledore então entrou na sala e parou ao lado de Snape.
― Livros das trevas? Não me admira que a senhora Pryme não quisesse o filho metido em Hogwarts... ela tem muito a oferecer a Voldemort! - murmurou Snape.
― Mas a senhora Pryme pode não querer nada que Voldemort tenha a oferecer - disse Dumbledore pensativo. - No entanto, era a única que poderia ter entregado os livros a ele.
― Acha que ela os entregou? - perguntou Snape arregalando os olhos - Seria...
― Não - murmurou Dumbledore.
Snape franziu a testa, seus pensamentos fluíram para a jovem mulher que entrara na sala de Dumbledore devolvendo a carta do filho... Num estalo, que foi inaudível aos dois, ele olhou para o diretor.
― Eu sabia! - bradou Snape batendo fortemente a mão contra a escrivaninha.

A senhora Pryme, como todos os outros pais, estava em Hogsmeade naquele sábado a espera de seu filho, para mais uma das visitas supervisionadas permitidas por Dumbledore. Desta vez, Leon saiu de Hogwarts, pois Dumbledore também o fez acompanhando os alunos a Hogsmeade. Mas a senhora Pryme não queria estar ali, não queria também que seu filho estivesse, contudo, era a primeira oportunidade que o menino tinha para conhecer aquela fantástica e divertida vila bruxa.
― Senhora Pryme! - disse um homem de voz arrastada que estava sentado na mesa ao lado. - Sente-se conosco!
Ela olhou para o lado, à mesa estavam sentados Severo Snape e Lúcio Malfoy. Teve um sobressalto ao vê-los juntos e teve a impressão de que tantas outras pessoas também se sobressaltaram, mas Malfoy estava com o filho e ninguém poderia fazer nada.
― Não, obrigada - respondeu abaixando-se numa pequena reverência, mostrando seu colo desnudo aos dois, que não puderam se conter e o observaram. - Acredito que meu filho já deva estar chegando.
E naquele momento, Leon vinha correndo ao encontro da mãe.
― Ele é sonserino? - questionou Malfoy olhando para as vestes do menino.
― Sim e adivinhe quem é o melhor amigo dele - retrucou Snape bebendo um gole de cerveja amanteigada.
― Pryme! Então esta é sua famosa mãe! - era Draco Malfoy, filho de Lúcio, que acabava de chegar.
― Sim, Malfoy. Esta é minha mãe.
Os lábios de Lúcio se abriram num sorriso malicioso, mal acreditando que seu filho tinha como melhor amigo o filho de um poderoso homem que fora um grande Comensal da Morte.
― Venha, Pryme, vamos nos sentar com meu pai! - disse Draco puxando a cadeira. Mas Leon notou que a expressão no rosto de sua mãe negou aquele pedido. Então, ele rapidamente explicou-se.
― Agora não, Malfoy. Depois! Quero dar uma volta com minha mãe. Ela veio de longe especialmente para me ver - e estendendo o braço para a mãe, disse: - Vamos?
A senhora Pryme sorriu, despediu-se dos presentes com um aceno de cabeça e saiu caminhando e conversando com o filho.
Uma hora depois, Leon vinha sorridente, carregado de bolsas. Draco o ajudou a acomodá-las ao lado da mesa entre suas cadeiras. A senhora Pryme parou atrás do filho, que já estava sentado, e ia se despedir quando Lúcio levantou-se dando seu lugar a ela.
― Ah, não, obrigada, senhor Malfoy.
― Ora, apenas tome uma cerveja amanteigada conosco, senhora Pryme. Não vai fazer mal algum.
― Na verdade sou fraca para as bebidas, senhor Malfoy - evadiu-se ela -, mas se realmente quiser minha companhia, adoraria tomar um daqueles ali! - ela apontou para uma enorme taça de sorvete que um garoto vinha trazendo.
― Como quiser - disse Malfoy indo buscar. A senhora Pryme pediu licença e sentou ao lado de Snape e Draco. Lúcio voltou com o sorvete e sentou em frente a ela.
― Vejo que ganhou vários livros, senhor Pryme. São sobre o que? - perguntou Snape olhando para a bolsa bem pesada, que descansava encostada na perna da cadeira.
― Ah... são... são sobre criaturas mágicas! - disse Leon olhando para a mãe.
― Posso vê-los?
― O senhor iria se entediar, professor Snape - respondeu o menino.
― Ora, se forem animais dos quais Hagrid trata até que posso gostar - riu ele. Leon não gostou muito do tom de voz de Snape e apertou a sacola contra a cadeira.
― Deixe seu professor olhar, Leon, são apenas livros - completou a mãe. Então, Snape abriu a bolsa e tirou o exemplar que lhe interessava. Um livro de capa dourada com pequenos escritos em vermelho.
― “Aparatar e Desaparatar em situações extremas” - leu Snape olhando logo após para a senhora Pryme.
― Uau! Pai, eu também quero um desses! - exclamou Draco.
― Não acho que permitiriam, Draco - murmurou Lúcio. - Sabe que a Alta Inquisitora está...
― É apenas um livro didático - explicou a senhora Pryme. - É uma ótima leitura, muito esclarecedora! E não é um livro que irá fazer com que uma criança aprenda a aparatar. Bem se sabe que elas têm dificuldades em relação a esse procedimento porque sua capacidade de concentração ainda não é total, e além de tudo...
― ...não há como aparatar ou desaparatar em Hogwarts! - terminou Snape.
― Obrigada, professor Snape - completou a senhora Pryme.
― Você me empresta o livro depois que ler, Pryme?
― Se prometer não contar a mais ninguém.
― Fica entre nós! - respondeu Draco com os olhos brilhando.
― Senhora Pryme, será que poderia lhe responder a uma pergunta? - disse Lúcio encarando-a e girando o copo de cerveja enquanto ela comia o sorvete com vontade. Por um breve instante ela se aquietou, em seguida abriu a bolsa e tirou um papel amassado de dentro dela.
― Por favor, Draco, faria a gentileza de levar Leon à loja onde vendem ervas e me trazer estas? Esqueci que precisava comprá-las. Fiquem com o troco!
― Claro, senhora Pryme - respondeu o menino Malfoy se levantando ao mesmo tempo em que Leon o fez. Os dois saíram em disparada. Então a senhora Pryme olhou diretamente para Lúcio, largou a colher e a taça de sorvete, limpou as mãos no guardanapo branco e cruzou os dedos.
― Quer saber o que todos me perguntam? Quer saber sobre meu marido?
Ele balançou a cabeça como que não entendendo.
― Quer saber se eu tinha conhecimento de que meu marido era seguidor de Voldemort?
Era isso, mas Malfoy não respondeu.
― Não, pelo menos começo! Mas sentia que havia algo de estranho nele, porque o jeito como o desgraçado, desprezível passou a me tratar a certa altura... - ela fez uma pausa e respirou fundo -, eu não merecia. Nunca fiz nada que lhe desse motivos a me tratar... - ela fez outra pausa, um pouco mais longa. - Porém, quando se faz coisas do tipo que ele fazia, já não se pode confiar em outras pessoas, passa-se a acreditar que todos as fazem e que ninguém, nem a pessoa que se ama, possa estar livre de fazê-las! - e ela encarou novamente Lúcio. - Aposto que está surpreso! Imagino que sua mulher jamais ousaria falar assim do senhor, não? - ela se calou olhando para a taça de sorvete quase vazia.
― Seu marido foi um homem muito poderoso! - retrucou Snape. - E cego pelo poder. Duvido que tenha sentido algo por alguém algum dia.
― Hum - riu a senhora Pryme -, se for desta forma, o senhor...
Mas a senhora Pryme fio interrompida por Leon e Draco que vinham correndo.
― Aqui estão, mãe! - era Leon ofegante. - Vamos, Malfoy! - continuou ele olhando para o amigo.
― Leon! - chamou ela se levantando, apertando estranhamente o braço esquerdo contra o corpo. - Estou indo, agora. Tenho assuntos a resolver, me dê um abraço!
Naquele mesmo momento, Snape sentiu um calor em seu braço, levou a mão sobre a marca de Comensal e foi cutucado com o pé por Lúcio. Os dois também se levantaram, mas antes da saírem, observaram a senhora Pryme andar para longe deles, em direção a saída de Hogsmeade.

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