Resistência



Aquela era uma casa típica alemã, feita em enxaimel, grossas paredes construídas com largos tijolos de barro, sustentadas por vigas de madeira de lei, onde pequenas janelas detinham a entrada do frio e permitiam que somente o sol entrasse. Duas grandes chaminés despontavam do telhado muito inclinado e mofado, acusando que ali o clima era úmido e frio. Ladeando a casa, Faias verdes tinham suas folhas amareladas e bordos soltavam suas folhas de cinco pontas, muito bonitas, indicando que era outono. Tudo era muito formoso, muito calmo, mas dentro da casa, um homem baixo, gordo e de respiração pesada exaltava a voz.
― O que acha que está fazendo? Largue-me!
― O Mestre quer vê-la, senhora Pryme, neste exato momento! - dizia o homem gordo e baixo. - Não posso sair sem que a senhora venha comigo!
― Não vou a lugar nenhum com você! Não faço idéia de quem é o senhor, mas diga a seu Mestre que não irei vê-lo! Não quero nada dele! Se ele quer falar comigo, que venha aqui! - terminou a mulher tomando a varinha e abrindo a porta num grande solavanco. - Se não quiser sair pior do que entrou, aconselho o senhor a se retirar agora!
― Eu... eu... não posso... voltar sem a senhora! - gaguejou ele.
Mas a mulher se manteve imparcial e o olhava com ódio. Os dois se encararam e ela sentiu que o gordo homem temeu por algo. Então acompanhou os olhos dele, estavam tão opacos quanto sua pele. Ela se virou rapidamente e de pé em sua sala estava o homem mais temido por todos os bruxos.
― A senhora está se tornando um pequeno estorvo, senhora Pryme! - murmurou o homem com olhos de cobra.
― Milorde! - soluçou o gordo homem, jogando-se aos pés de seu senhor -, foi impossível convencê-la...
― Não pedi que a convencesse, Rabicho! Pedi que a trouxesse até mim!
― Perdão, milorde! - balbuciou Rabicho tremendo.
― Cale-se ou fará com que eu me desgaste mais do que posso! - sibilou o homem andando até a mulher.
― Senhora Pryme, é bom reencontrá-la... em tão bela forma! - ironizou e riu zombeteiramente.
― Não... posso lhe dizer o mesmo - afirmou ela oscilante.
― É claro que não - disse tirando os olhos dela e levando-os ao fogo.
― O que quer de mim? - perguntou certeira.
― Quero que se una a mim! - disse ele.
― Já não bastou tomar-me o marido? - questionou enfurecida.
― A senhora nunca gostou dele mesmo!
― Não, tem razão. Mas ele era um bom pai e meu filho precisa de um pai!
― Posso dar a ele o melhor pai do mundo - murmurou o homem com olhos de cobra.
― A que preço? - quis saber a senhora Pryme.
― Una-se a mim! Preciso de todos os meus seguidores, de pessoas em quem eu possa confiar! Pessoas que saibam o valor da lealdade.
― Essa luta não compete a mim!
― Deveria... pela... digamos... honra de seu marido, que foi um dos únicos que morreu por mim!
― Sim - respondeu logo em seguida -, e o que isso me trouxe além de uma má reputação? Ninguém em lugar algum me trata pelo que sou e sim pelo que foi meu marido, por ele ter ficado ao seu lado!
― Vejo que é difícil convencê-la. Serei obrigado a partir para meu lado traiçoeiro! - Ela respirou com mais excitação e encarou o homem de pele macilenta. – Bem - começou sentando-se em frente a lareira e cruzando os longos e magros dedos -, a senhora deixará seu filho estudar em Hogwarts...

Em primeiro de setembro, no salão principal de Hogwarts a seleção das casas tinha se iniciado e no momento em que o nome Leon Pryme foi lido pela professora Minerva McGonagall, os olhos de Dumbledore vibraram. Um menino magro e de cabelos muito escuros sentou-se no banquinho, onde o chapéu seletor exclamou com muita vontade e ao mal tocar nos cabelos dele:
― SONSERINA!
Dumbledore foi um dos que mais aplaudiu e aquilo chamou a atenção do diretor daquela casa, que era o professor de Poções, Snape. Como é que Dumbledore estava tão feliz por um menino ir para a Sonserina? Snape ficou tão desconfiado que tornou prioridade descobrir tudo o que pudesse sobre tal menino. Fosse o que fosse, deveria ser algo bom, portanto, sorte de Sonserina.
E Snape descobriu que o pai de Leon, Keneth Pryme, fora um grande auror, mas que havia morrido numa batalha ao lado de Voldemort, pois trocara de quadro preferindo o poder do Lorde das Trevas ao do Ministério. Ele também havia estudado em Hogwarts, mas sua casa era a Grifinória. Sentiu por isso, mas então lembrou da mãe do menino, a senhora Pryme. Lembrou da entrada avocada dela no salão principal e da impressão que ela deixara. Adentrando de forma imponente sem dar atenção ao resto das pessoas ao seu redor, sem se importar com o que diriam ou fariam... Nem mesmo Snape teria feito melhor. E os olhos dela? Olhos puramente sinistros, desconfiados, olhos que, igualmente aos seus, sempre acusavam e inquiriam impiedosamente. Mas ele precisava ser assim, tinha que impor respeito às crianças ou então seria dominado por elas. No entanto, uma mulher com olhos daqueles? O que aquilo significaria?
Já o pequeno Leon não poderia ter se encaixado melhor. Ele era rico, puro-sangue, seletivo, muito inteligente e assim que apertou a mão de Draco Malfoy, aluno quartanista, e filho de outra família muito rica e tradicional, Snape soube que Leon estava dentro do círculo; só não suspeitava o quão fundo o menino chegaria.


CONTINUA...

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