Irrompendo



Alvo Dumbledore era um homem de mais de oitenta anos, tinha longos cabelos e barbas brancas, e dirigia a escola de magia mais popular do mundo bruxo, Hogwarts. Aquele era o décimo segundo dia de agosto, faltavam ainda dezoito dias para as aulas se iniciarem. Dumbledore estava reunido com todos os professores em sua sala para comunicar as novas regras que seriam adotadas a partir daquele ano. Todos já sabiam que os motivos eram claramente: o ressurgimento de Voldemort - o Lorde das Trevas, impiedoso ser que vagara tantos anos pelo mundo, numa subvida, tentando de tudo para retomar seus poderes -, e o medo e a obsessão que o Ministro da Magia Cornélio Fugde adquirira pelo diretor de Hogwarts há pouco mais de um ano.
― Com licença, diretor! - Argo Filch, o zelador da escola, entrou envergonhado no salão, aos olhares curiosos dos professores.
― Pois não, Argo, aconteceu algo?
― Des-desculpe, diretor, mas há uma mulher que deseja vê-lo.
― Agora? Não vê que estamos no meio de uma reunião?
― Er... bem... ela está um pouco impaciente, senhor... Eu não pude segurá-la... - Dumbledore se levantou, intentando sair de sua sala, mas voltou a se sentar sorridente.
― Peça a ela que entre, então!
O zelador saiu da sala fechando a porta e, poucos segundos depois, as portas se abriram dando passagem a uma mulher com longos e escorridos cabelos negros. Era alta e sua altura era ressaltada pelo vestido negro que se arrastava pelo chão. Ela caminhou com certa pressa até Dumbledore.
― Acredito que isto me foi enviado erroneamente! - disse a mulher num tom formal, estendendo a mão direita onde segurava um pergaminho com o símbolo de Hogwarts.
― Boa tarde, senhora Pryme! - exclamou o diretor esticando a mão para a mulher. Ela respirou fundo, observou ligeiramente os presentes, que a encaravam tentando adivinhar quem era, e atirou de qualquer forma o pergaminho à mesa, bem em frente à Dumbledore.
― Boa tarde, senhor Dumbledore - respondeu ela.
― Por que a senhora acha que me enganei?
― Porque meu filho irá estudar em Durmstrang!
― Oh, sim! Mas vocês moram na Inglaterra, não? Então... por que colocá-lo tão...
― Vamos nos mudar neste verão para nossa casa na Alemanha! - afirmou ela. Dumbledore ergueu as sobrancelhas. - Desculpe-me desapontá-lo, mas uma criança a menos na sua escola não fará falta! - e dizendo isso ela virou-se e seguiu em direção à porta. Aquilo foi o cúmulo para os professores, ninguém nunca havia se recusado ou devolvido uma carta de convocação à Hogwarts. Entrementes, Dumbledore continuou:
― Toda criança tem sua importância para Hogwarts, pois esta existe para que elas aprendam a viver em harmonia consigo, com outras pessoas e com o meio. E não para exaltar as habilidades que nós queremos que elas devam explorar!
A mulher parou à porta de costas, virou-se e então com certa fúria na voz, disse:
― Em primeiro lugar, é preciso conhecer para posteriormente entender o porquê de tudo! - ela enfatizou. - De que adianta defender-se de algo que se desconhece? De que não se tem certeza se é realmente prejudicial?
Dumbledore levantou-se ao som de murmúrios.
― Receio que, em relação ao assunto ao qual a senhora se refere, senhora Pryme, seu filho já tenha sido previamente esclarecido e instruído e nada que seja ensinado em Durmstrang terá tanto valor assim!
A mulher espremeu os olhos, tinha a boca entreaberta, demonstrando espanto. Uma de suas mãos passou pela têmpora direita, como que tentando livrar-se de algo, em seguida deu meia volta, dando as costas a Dumbledore e continuou a caminhar. Mas ele ainda proferiu:
― Hogwarts é o lugar certo para Leon. Aqui aprenderá a respeitar e ser respeitado! Aprenderá muitas coisas que lhe mostrarão a verdade...
― Não o espere, senhor Dumbledore, se decepcionará se o fizer! - retrucou a mulher partindo.
―...e ele estará protegido!
Por um momento, Dumbledore sentou-se olhando fixamente para o candelabro à mesa, sem dizer uma palavra, porém, sorriu e assim que levantou seus olhos, deparou-se com mais de dez pares de olhos, incrivelmente curiosos e quietos, o observando. O único que não tinha os olhos no diretor era um homem macilento de cabelos muito negros e olhos da mesma cor, o professor de Poções, Severo Snape, que ainda fixava o olhar na saída da sala.


CONTINUA...

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