Mal Entendido



- O Mapa? – questionou Rony mais aflito que antes.
- Isso, de tudo o que tinham para levar, só pegaram o Mapa.
- Mas quem sabia como ele funcionava?
- Não sei... Quero dizer, seus irmãos, nós e o Lupin. Que eu saiba, é só.
- Acha que devemos contar a alguém?
- Você ficou louco? Como vou chegar pra McGonagal ou pior, para o Filch e dizer, “sabe aquele mapa que meu pai fez com todos os segredos do castelo, então, estava comigo e foi roubado esta noite”?
- É você tem razão. Então, estamos de mãos e pés atados. O que mais me preocupa é como vamos fazer para sair daqui amanhã e ir ao encontro da Armada.
- Também pensei nisso! Vamos dar um jeito... É só explicar para cada um o que fazer e ir um de cada vez!
- Quer ajuda para arrumar tudo?
- Não precisa! Eu cuido disso, pode ir dormir.
Rony foi para o seu canto, vestiu o pijama e logo caiu no sono. Harry ainda se demorou dobrando tudo o que o ladrão atrapalhara para encontrar o mapa. Só então ele se deu conta que a pessoa que roubou aquele mapa sabia exatamente que Harry estava com ele. Afinal, nenhum outro malão foi revistado.
As medidas de segurança no castelo foram reforçadas diante do acontecido. Nenhum dos outros quadros viu o que aconteceu com a Mulher Gorda. Eles apenas relataram que ela parou de cantar, girou para frente e ficou ali, imóvel. Não viram nenhum bruxo, elfo ou qualquer outra criatura mágica passar por ali.
Os conselheiros guiavam os alunos pelos corredores, do mesmo modo que os professores fizeram quando a câmara secreta fora aberta. Mas era praticamente impossível que um basilisco tivesse feito aquilo. Os quadros teriam visto!
A vigília constante só foi afrouxada quando o restaurador disse que o que atingiu a Mulher Gorda não foi um feitiço das trevas, mas uma poção especial que eles próprios utilizavam quando tinham que “anestesiar” os quadros antes de qualquer restauração ou troca de moldura. Em dois dias, a Mulher Gorda voltaria ao seu estado normal.
No fim da tarde, todos os membros da Armada que ainda estavam no castelo sabiam exatamente como ir até o local de encontro. Harry e Rony ficaram por último. Caso alguma coisa desse errado, eles avisariam aos demais.
Dino foi para o corredor do sétimo andar e passou três vezes diante da parede, como Harry o ensinou, mentalizando o lugar de encontro da Armada. A porta apareceu e ele passou.
Assim foi com Luna, Neville, Colin e Dennis Creevey, Parvat e Padma Patil, Hermione e Gina.
Quando Harry entrou na sala acompanhado de Rony quase 20 minutos após Gina, todos esperavam sentados nos móveis velhos e empoeirados do depósito.
- E aí, Harry? Vamos treinar aqui? – perguntou animado Colin.
- Ah, não! Vamos treinar bem longe dessas tranqueiras – respondeu o rapaz se dirigindo para o armário escuro no canto direito da sala.
Ele abriu a porta e disse:
- Vamos por aqui. Eu vou na frente e mostro o caminho. Gina, você vem por último para fechar a porta daquele jeito que a gente descobriu.
Assim, todos entraram aos poucos no armário e começaram a andar em silêncio. Um silêncio cheio de ansiedade e hesitação, afinal, eles mal conseguiam divisar o colega que estava a frente.
Caminharam um pouco e logo avistaram a saída do armário. Harry já havia corrido até o outro lado e abrira a porta para iluminar o caminho para os colegas.
Cada um que saía na Borgin & Burkes ficava surpreso e até mesmo assustado. A loja era repleta de artefatos das trevas e todos sabiam muito bem que em circunstâncias normais, seria uma imprudência ir parar ali.
Quando todos já estavam na loja, sem muita coragem de sequer encostar nas paredes, Harry anunciou:
- Este vai ser o nosso lugar de treinamento. Só precisamos esperar o resto aparatar e começaremos a discutir o que podemos fazer para ajudar nesse trabalho todo. Enquanto isso, se quiserem explorar a loja, fiquem à vontade.
Mas o pessoal não se animou muito com essa possibilidade e todos respiraram aliviados quando, poucos minutos depois o resto da Armada apareceu. Fred e Jorge, Angelina e Lino.
Gina mostrou o caminho até o fundo da sala e naquele espaço, eles se sentiram menos ameaçados. Ainda mais depois que Hermione ateou fogo em alguns archotes que se achavam espalhados pelas paredes e iluminou bem a sala.
- É o seguinte – começou Harry – quero saber o quanto vocês estão afim de ajudar.
Todos começaram a falar ao mesmo tempo dizendo que estavam ali para o que fosse preciso.
- Ótimo! – tornou o jovem bruxo de olhos verdes, que agora brilhavam mais que os archotes – A idéia que eu tive é que todos nós vamos, de algum modo, revirar a vida de Tom Riddle.
- Tom Riddle? Mas esse é o nome do... quero dizer, o nome daquele que... – falou Angelina meio assustada.
- É o nome do Voldemort – afirmou Hermione decidida.
- Acho que está na hora de fazer o que Dumbledore sempre falou para o Harry. Chamá-lo pelo nome. Afinal, o que o nome dele pode fazer contra a gente? – perguntou Gina com um tom de voz que revelava o quanto era corajosa e determinada.
- OK – falou Neville surpreendendo a todos – e o que realmente estamos procurando sobre Vol-Voldemort?
- Tudo. Tudo o que ele fez quando saiu do castelo. – respondeu Harry – Olha só, Voldemort fez coisas horríveis, inclusive com a minha família. Mas o que ele fez de pior eu acredito, e Dumbledore também acreditava, foi feito antes dele aparecer como Lord Voldemort.
- O que exatamente? – perguntou Lino.
- Isso é uma coisa delicada e vocês ficarão mais seguros se não souberem o que ele fez – respondeu Harry mais sério – O que precisamos descobrir é por onde ele andou e o que de estranho aconteceu nesses lugares na época.
Hermione levantou, foi até Harry e cochichou alguma coisa em seu ouvido, o que fez as orelhas de Rony comicharem de ciúmes. Harry olhou satisfeito para a garota e falou:
- Parece que Hermione já adiantou bem os nossos trabalhos.
A garota tomou o lugar do amigo e com a varinha fez aparecer um longo pergaminho, como um cartaz. Nele estavam escritas algumas datas e informações que ela logo tratou de explicar.
- Nos registros da escola e revendo todos os últimos acontecimentos, eu consegui traçar uma linha do tempo com a história de Voldemort. Se vocês quiserem, depois eu distribuo uma cópia disso para cada um.
“Ele nasceu em 31 de dezembro de 1926 e ingressou em Hogwarts em 1938, onde estudou até 1944. Ou seja, ele saiu da escola um ano antes da derrota de Grindewald. O que ele fez desde então é um mistério a todos. Bem, um ano ele voltou a Hogwarts e tentou ser professor de DCAT, mas Dumbledore não o contratou. Só vamos ter notícias relevantes dele novamente no final da década de 60. E em 81 ele atacou a família do Harry e... bem o resto vocês já sabem.”
Hermione se calou, ofegante com o tanto que falara e com os desenhos que ia fazendo no pergaminho com a varinha.
- Uau! Então temos que investigar quase 20 anos da vida de Voldemort? – espantou-se Fred.
- É muita coisa, não acha? – perguntou Jorge.
- Sim, é muita coisa, mas vamos dividir isso entre a gente. Nós somos em 14, não vai dar nem 2 anos para cada um. - explicou Rony.
- E também – disse Hermione com o fôlego recuperado – não vamos sair sem uma direção específica. As primeiras buscas podem ser feitas exatamente aqui.
- Aqui? – perguntaram Parvati e Padma ao mesmo tempo.
- Foi aqui que Tom arrumou seu primeiro, e acredito que único, emprego logo que saiu de Hogwarts – explicou Harry.
- Então o que temos a fazer é rever todos os livros de contabilidade e registros da loja para levantar informações relevantes – ajuntou Denis.
- Se não se importarem, eu gostaria de ficar com essa parte – pediu Hermione.
- Por mim, pode ficar a vontade – falou Luna que estava particularmente quieta aquele dia.
Todos concordaram que aquela parte realmente deveria ficar com Mione. Aos poucos eles começaram a se despedir e sair da loja. Os que ainda estudavam em Hogwarts voltaram pelo armário sumidouro. Apenas os quatro amigos inseparáveis ficaram para trás.
- Queria começar a trabalhar nisso hoje ainda – falou Mione – São tantas coisas para procurar que eu não queria perder tempo.
- Se quiser, eu te ajudo – falou Rony olhando nervoso para Harry e Gina.
Os dois entenderam muito bem o que o rapaz queria: uma oportunidade para ficar sozinho com Mione e quem sabe, fazer a garota se interessar por ele.
- Bom, eu não posso ficar! Ainda tenho que terminar de ler aquele livro sobre os inferis – falou Harry.
Realmente, o livro que o rapaz havia pegado na loja era muito interessante e ele estava aprendendo tudo o que os inferis eram capazes de fazer e por que usaram Mione na ilha.
Gina, que também precisava de alguma desculpa, falou a primeira coisa que lhe veio á cabeça:
- Eu não vou agüentar ficar aqui. Alguma coisa nessas paredes está me dando alergia. Vou passar na ala hospitalar assim que sair daqui.
Diante da cara de desânimo de Mione, Harry incentivou:
- Mas acho ótimo você começar a trabalhar ainda hoje. Nós temos pouco tempo! E ontem uma coisa estranha aconteceu.
Rapidamente, Harry contou para as duas moças o que havia acontecido com o Mapa. Até aquele momento, ele não tivera tempo de lhes dizer.
Diante dos fatos, Hermione concordou em começar a pesquisar a papelada da loja. Despediu-se dos dois amigos e ficou ali com Rony, revirando armários e arquivos, pegando tudo que poderia ter alguma informação interessante.
- Vamos ver nos papéis mais velhos. O tal do Borgin pelo menos nos ajudou colocando data em toda papelada. Veja, ele fala para quem vendeu, mas nunca de quem comprou ou como conseguiu as coisas – comentou Rony.
- Eu também reparei nisso. Mas ele fez questão de marcar um nome aqui – disse Mione com um sorriso estranho.
- Qual?
- Malfoy! Ele anotou tudo o que Malfoy vendeu para ele. E tudo o que Malfoy comprou também.
- Há alguns anos meu pai daria tudo por essa lista! – falou Rony. – Isso poderia significar uma promoção e tanto para ele.
Eles continuaram ali um bom tempo. Enquanto isso, cada aluno arrumava uma desculpa para os colegas e logo tratava de comer alguma coisa e ir para cama.
Gina realmente foi à ala hospitalar pedir a Madame Pomfrey alguma coisa para fazer a coceira no nariz parar e teve que inventar para a bruxa que Mione estava ajudando Rony com algumas revisões de matérias que ele não estava muito bem.
A desculpa colou e logo ela alcançou a Torre da Grifinória e se jogou no sofá, abraçando o namorado.
- O dia hoje foi puxado, hein? – comentou.
- Mas muito bom! Pelo menos conseguimos fazer alguma coisa. Essa pesquisa vai poder me mostrar quais lugares podem esconder as horcruxes.
- Nos mostrar você quer dizer – retrucou Gina.
- Como assim?
- Você acha mesmo que eu vou deixar você sair por aí sozinho? Nem eu, nem Hermione e nem Rony vamos deixar isso acontecer. E nem adianta reclamar.
Eles ficaram no salão à espera de Mione e Rony, que continuavam a quilômetros dali, numa loja muito sombria na Travessa do Tranco.
Hermione parecia muito séria e constrangida de ficar ali sozinha com Rony. Eles já tinham ficado sozinhos antes, mas na ala hospitalar, com a Madame Pomfrey aparecendo de meia em meia hora.
Ali era diferente. Ninguém ia aparecer! Ela colocava cada vez mais pergaminhos e livros e cadernetas a sua volta, como se tivesse receio de se aproximar muito do garoto.
Depois de meia hora em que estava juntos, ela aproveitou um momento em que Rony estava concentrado numa anotação bem borrada e perguntou algo que há muito não saía da sua cabeça.
- Rony, você foi até lá?
- O quê? Fui até onde? – perguntou o rapaz naturalmente, achando que tinha perdido alguma parte de uma conversa.
- Eu quero saber se você foi até a ilha em que eu estava...
Rony corou e agradeceu muito por alguns archotes terem apagado e a penumbra começar a cair pela sala.
- Eu não sei ao certo...
- O que aconteceu então? Por que eu vi você lá. Eu... eu senti você segurando a minha mão e me pedindo para confiar que você levaria ajuda.
Mione não teve a mesma sorte do rapaz e a pouca iluminação mostrava o quanto ela estava encabulada de tocar naquele assunto.
- Isso eu sei que fiz – respondeu Rony abaixando a cabeça – Eu sonhei com você, sabe? Várias vezes! Em todas elas eu tentava arrumar um jeito de te tirar de lá, mas como não consegui, fui pedir ajuda à Ordem.
- Eu nunca te agradeci direito por tudo isso.
- Não tem o que agradecer. Eu só fiz o que... - ele parou de repente.
- Fez o que...? Continua, por favor!
- Fiz o que meu coração mandou – respondeu levemente irritado.
Rony era dessas pessoas que não se sente muito a vontade falando de seus sentimentos e acaba tratando o assunto com um pouco de rispidez. Mas Hermione o conhecia há sete anos. Tempo suficiente para saber quando ele estava realmente bravo e quando era só modo de falar.
Ela sorriu para ele, desconcertando o rapaz. Por fim, falou:
- Acho que por hoje chega. Não agüento pensar em mais nada!
Ele concordou com um aceno de cabeça e quando saíam da sala, ela reparou uma grande estante com livros. Passando um rápido olhar pelos títulos, escolheu um volume aparentemente recente e pegou.
- Que livro é esse? – interessou-se Rony.
- Ascensão e Queda de Olliver Grindewald.
- Grindewald? Aquele Grindewald?
- Ele mesmo! Anda, agora vamos! Precisamos andar logo. Acho que hoje eu consigo permissão para voltar para o meu dormitório.
Rony continuou parado olhando da estante para Mione e ela não teve outro jeito a não ser puxar o rapaz pela mão até o armário.
Eles entraram na passagem, mas não soltaram as mãos. Só quando retornaram para o castelo é que repararam que andaram quase 20 minutos de mãos dadas. E parecia que era a coisa mais natural do mundo.
Mione soltou a mão do amigo e sorriu embaraçada para ele, enquanto dizia:
- Vou falar com a Madame Pomfrey.
- Eu... eu te espero no salão, pode ser?
Ela fez um gesto afirmativo e correu escada abaixo enquanto Rony usava as passagens menos movimentadas que tinha visto no Mapa do Maroto e já havia memorizado.
Chegou a Torre e, sem dizer nada para Harry ou Gina, subiu para o dormitório, pegou suas coisas, foi ao banheiro, se lavou e voltou, de roupa trocada para esperar Mione.
Mas a garota não apareceu e Rony teve que se conformar em contar as poucas descobertas que fizeram para os amigos antes de pedir a capa a harry para ver o que havia acontecido.
- É sério! Ela disse que ia receber alta hoje – justificou-se aflito.
- Ta, eu empresto, mas toma cuidado, ok? – pediu Harry.
Pouco depois da meia-noite Rony saiu do salão coberto pela capa que fora do pai de Harry e se dirigiu à ala hospitalar. Encontrou Hermione deitada numa cama e já adormecida.
Olhou para os lados e se certificando que a responsável por aquela ala do castelo também estava adormecida, ele se aproximou da amiga e tirando a capa, abaixou-se e deu um selinho bem de leve na garota.
- Espero que se lembre disso amanhã – sussurrou antes de sair.
Voltou para a Torre, mas todos haviam ido dormir e quando subiu, Harry ressonava na cama ao lado da sua. Ele nem ao menos colocou o pijama. Deitou do jeito que estava e adormeceu, pensando na loucura que acabara de fazer.
A manhã chegou e Rony foi acordado por Harry que perguntava por que ele havia dormido de roupa.
- Ah, - respondeu bem humorado – eu tava pregado ontem. Aqueles livros dão uma canseira na gente viu?
- Só isso? – perguntou Harry, malicioso.
- E o que mais poderia ser?
- Sei lá, você pode ter ficado fazendo companhia pra Mione na ala hospitalar até tarde...
- Para sua informação, quando eu cheguei lá, ela já estava dormindo. Então eu voltei e fiquei com preguiça de trocar de roupa.
- Ta, tudo bem. Eu acredito em você. Mas coloca logo suas vestes que a próxima aula é em menos de uma hora e nós ainda temos que tomar café.
Eles desceram apressados. Gina já estava lá embaixo com Mione que ficou muito vermelha quando Rony se sentou de frente para ela.
Ela se lembra, ou então, acha que sonhou, pensou Rony. Independente das opções, era agradável pensar que de um jeito ou do outro a garota pensaria nele o dia inteiro.
No entanto, essa sensação se dissipou assim que o correio trouxe a correspondência. Uma coruja de penas cinza chumbo, rajadas de branco entrou trazendo uma carta. Uma carta para Hermione.
Ela pegou e reconheceu a letra inclinada para a esquerda, de traços fortes e precisos. Ficou mais encabulada do que estava antes e pediu licença aos amigos, para ler a carta longe dali.
- O que tem de mais naquela carta? – perguntou Rony.
- É que, se eu não me engano, aquela era a letra do Krum – disse Gina.
Rony não conseguiu disfarçar a decepção. Sua boca estava aberta e sua pele ficou pálida de uma hora para outra.
- Você está bem? – perguntou Harry.
- Oh...Ah...É... – ele balbuciava vogais como se fizesse força para raciocinar.
- Ele tem escrito para ela há algum tempo – explicou Gina.
- Quanto tempo? – perguntou o rapaz depois de conseguir respirar fundo e se acalmar um pouco.
Gina olhou indecisa para Harry, perguntando com os olhos se achava que deveria contar ao irmão. Harry acenou que sim. Seria melhor Rony saber logo.
- Desde o fim do quarto ano. Ele escreve para ela pelo menos duas vezes por mês.
Rony se levantou sem acabar de comer. Pegou seus livros e foi para a sala de aula. Ficou lá quieto, sem falar nem ao menos com Harry.
E foi assim que passou a manhã inteira, com o olhar perdido e gestos vagos.
A hora do almoço chegou e ele mal tocou na comida. Hermione se aproximou deles e se sentou dizendo que estava faminta, pois as aulas que ela tivera de manhã foram cansativas.
Começou a comer e só então reparou que o prato de Rony continuava intacto.
- Que bicho te mordeu? – perguntou em tom amistoso.
- Uma coruja – respondeu sério e saiu da mesa.
Hermione ameaçou ir atrás do rapaz, mas Gina a segurou dizendo:
- Deixa! Ele está muito nervoso. Se você for lá agora, ele vai acabar sendo estúpido com você.
- Olha, Rony é estúpido comigo desde antes da gente colocar os pés aqui pela primeira vez. Isso não vai ser nenhuma novidade.
E puxando o braço que a amiga segurava correu atrás do garoto, largando sobre a mesa todo o material.
Ela só o alcançou quando ele chegara ao primeiro degrau da escada que dava para o salão comunal da Grifinória. Apressou mais os passos e segurou Rony pela mão.
- Quer fazer o favor de me deixar sozinho! – berrou ele fazendo com que todos os quadros parassem e prestassem atenção na briga que estava apenas começando.
- Por que é que você está tão nervoso? – perguntou Hermione com a voz alterada.
- Se você não sabe, não sou eu quem vai lhe contar! A Rita Skeeter é quem tem razão sobre você.
- Do que é que você está falando? – perguntou impaciente.
- Já se esqueceu? Ela percebeu qual era a sua. Disse que você adora um cara famoso. Primeiro o Krum, depois o Harry e agora o Krum de novo. Volta lá, vai. Fica lá com sua preciosa cartinha e se quiser, depois eu te passo um exemplar com os 10 bruxos mais famoso do mundo para você escolher com qual vai ficar no ano que vem!
Os olhos de Hermione estavam cheios de lágrimas e revolta quando e ela respondeu:
- É isso o que pensa de mim? Ótimo! Então vem comigo! – disse agarrando as mãos do rapaz e o puxando em direção ao salão comunal da grifinória.
- Me larga, Hermione!
- Não! Não largo! Você vem comigo agora! Vou provar para você que a Rita Skeeter tem realmente razão!
Os dois entraram no salão e ela se virou para a escada do dormitório.
- É bom ficar aqui me esperando, Ronald Weasley, se não quiser que eu apronte um escândalo diante da escola inteira – ameaçou enquanto subia os degraus.
Harry e Gina entraram no salão e perguntaram a Rony onde estava Mione.
- Subiu, já faz uns cinco minutos – disse o garoto.
Mas antes que pudesse contar a discussão na escada, Hermione apareceu carregando uma trouxa feita com uma velha fronha de algodão.
- Ah, então vamos ter platéia? – disse irônica e ainda muito magoada – Melhor ainda! É bom que vocês vejam como o Rony aqui tem razão em dizer que eu sou exatamente como a Rita Skeeter pensa.
Harry e Gina olhavam de boca aberta para os dois. Rony estava visivelmente contrariado e crispava a boca de um jeito muito peculiar.lhas vermelhas denunciavam a raiva e a vergonha que ele estava sentindo.
Hermione também parecia bem mais alterada. Os cabelos se armaram ainda mais, ela falava com os lábios contraídos, iguais aos da professora Minerva, e dava para ver que ela tremia quando despejou o conteúdo da fronha no chão do salão.
- Aí está, a prova de que eu sou uma bruxa estúpida, medíocre e ambiciosa. – disse com um olhar que tentou parecer arrogante.
No chão estavam fotos dela com os garotos, mas eles perceberam que a parte em que Harry aparecia fora dobrada, de modo que parecia uma foto só dela e de Rony. Os presentes de aniversário e Natal, as poucas cartas que ele lhe mandou nas férias, o recorte de jornal com a foto da família Weasley no Egito e muitas embalagens de sapos de chocolate e outros doces que ela ganhou do amigo.
- Satisfeito? – perguntou num tom muito ácido – E não que seja da sua conta, mas eu nunca tive e pretendo nunca ter nada com o Harry. E muito menos com o Krum! E é melhor prestar atenção, pois esta é a última vez que vou falar com você: a preciosa cartinha que o Krum me mandou foi um convite de casamento. Ele está namorando uma modelo russa chamada Anna Polkkris, que eu conheci no verão passado! Agora saia do meu caminho, que eu tenho muito o que fazer!
E empurrando Rony para o canto saiu do salão comunal, mas não se dirigiu para a sala de aula.
Rony ainda ficou alguns segundos parados. Por fim parece que tudo o que Mione acabara de falar finalmente havia sido processado pelo seu cérebro e ele se jogou desanimado numa poltrona.
- Estraguei tudo não foi? Vai, agora fala que eu sou um perfeito panaca – pediu Rony.
- Você é um perfeito panaca! – falou Harry.
- O maior que já existiu – emendou Gina.
- Também não precisa acabar comigo ainda mais, né?
- Ah, eu não acredito que você tenha feito isso! – exclamou Gina, mas foi lgo interrompida por Harry.
- Vamos para aula, senão podemos ter problemas – disse para a namorada.
Quando deixaram Gina na sala de aula e seguiram para a deles, Rony contou toda a discussão ao amigo e vendo que ele lhe animava disse:
- Obrigado, cara! Mas eu achei que depois de ontem a noite, não sei...
- O que aconteceu ontem? – perguntou Harry interessado.
Rony contou a conversa que eles tiveram na Borgin & Burkes depois que todos saíram e do beijo roubado que dera nela na ala hospitalar.
- E depois de tudo isso você ainda duvidou? – perguntou Harry sem conseguir conter a indignação.
- Mas você viu o jeito que ela ficou quando recebeu a carta!
- Vi, e conhecendo Mione do jeito que a gente conhece, ela só ficou constrangida porque sabia que você ficaria com ciúmes se ela lesse a carta na sua frente!
Só então é que Rony pensou direito na situação. E, se é que era possível, ficou ainda mais aborrecido consigo mesmo.
Assistiram a aula de feitiços e pela primeira vez naquele tempo todo, Hermione se sentou o mais distante possível dos dois. Após a aula, vendo que a garota continuava tratando Rony como estrume de verme, eles decidiram não oltar para o castelo. Foram dar uma volta pelo jardim.
Aproveitando o passeio, tiveram a idéia de ir à cabana de Hagrid, mas o guarda-caças não estava lá, para variar.
- Já reparou que faz um bom tempo que ele não para em casa? – perguntou Harry para distrair os pensamentos de Rony.
- É... faz um bom tempo que não o vemos. Ouvi dizer que ele até abandonou Trato das Criaturas Mágicas de vez.
- Então aquele bruxo gordo, com o nariz amassado está é no lugar dele...
- É a Grubbly-Plank fugiu com a família. Parece que ela era mestiça e ficou com medo – explicou Rony.
Eles continuaram conversando sobre amenidades e Harry procurava desviar assuntos que Hermione normalmente não gostaria de discutir.
Logo Gina veio ao encontro dele e explicou que Mione havia se trancado na biblioteca.
- Como ela se trancou lá? – perguntou Rony surpreso.
- Ela se trancou naquelas cabines de estudos individuais que só os professores têm acesso. Pediu uma autorização para a McGonagal. Não me pareceu nada bem!
- Era de se esperar, não é? – falou Rony – Primeiro os pais dela são atacados e ela fica sozinha no mundo, depois é forçada a alimentar um bando de inferis com sua energia vital. Quando se recupera, um babaca feito eu a trata que nem lixo!
Eles ficaram em silêncio, então Harry se tocou:
- Como sabe o que os inferis fizeram com ela?
Rony ficou embaraçado com a pergunta e por fim revelou:
- Você estava demorando muito, sabe? Para ler o livro. Aí toda noite eu pegava e lia um pouco.
- E o que mais descobriu sobre isso? – perguntou Gina.
- Não muita coisa, quer dizer, descobri que isso é chamado de Furto Vitae. Quando é feito num trouxa, rouba apenas a energia e isso permite que o inferi ataque alguém com mais força. Quando o “alimento” é um bruxo, bem, os inferis roubam a essência mágica também, e passam a conjurar os feitiços com a mesma potência do bruxo que os alimentou.
- Por isso se interessaram por Mione – raciocinou Harry – ela é a bruxa mais poderosa que muita gente já conheceu.
Rony baixou a cabeça e seguiu em frente. Sabia que Mione falara sério quando disse que não queria mais falar com ele. Era uma garota determinada e quando punha alguma coisa na cabeça, nada a fazia mudar de idéia.
Sem comentar nada com Harry ou Gina ele tomou uma decisão faria alguma coisa que ela realmente valorizasse. Continuaria as pesquisas na Borgin & Burkes. Mas para ter ainda mais valor, faria isso sozinho.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.