Complicações
Uma semana depois...
Gina acordou naquela tarde com uma enorme dor de cabeça, a festa na noite anterior tinha se estendido até de manhã e, como uma atriz reconhecida mundialmente, ela não poderia abandonar a festa no meio.
Margot já havia preparado um café colombiano bem quente e espalhado vários tipos de mini-pães em uma bandeja enorme ao lado de sua cama. Gina começou a procurar por Nina, gritou o nome da cachorra e nenhum sinal. Levantou-se, procurou por toda a casa e nada.
- Ai meu Deus! Seqüestraram minha fofuxa! – gritou ela aos prantos, foi então que viu um pergaminho em cima da bandeja com a letra de Margot:
“Não adianta chorar, mandei a Nina para o pet shop e fui comprar uma varinha nova. Você quebrou a sua essa manhã quando achou que ela era a chave do apartamento. Margot..”
- Maria! Prepare meu banho... – nenhuma resposta – MARIA!
- Yo trabajo así como una esclava! Pelirroja delgada! – Maria entrou no quarto resmungando.
- Ah, ela é tão gentil... – suspirou Gina.
Hermione acordou com telefone tocando. Já eram três horas da tarde e ela ainda estava sonolenta.
- Como é bom estar de férias! – disse se espreguiçando e deixou o telefone mandar a chamada para a secretária eletrônica.
- Mione? Aqui é o Thomas... acho que você nem deve mais lembrar de mim, mas eu sou seu namorado, sabe?! Não tenho notícias suas desde que você foi dar aula em Gales...
- Ah... namorado trouxa é um saco! – ela resmungou baixo, como se ele fosse ouvir.
- Então, eu vou dar uma passada aí essa noite, umas nove horas, para nós irmos jantar em algum lugar. Te amo muito!
- Te amo muito... – Hermione repetiu fazendo careta – Haha...
A noite chegou rapidamente, Hermione vestiu seu melhor vestido. O penteado foi resolvido rapidamente com sua varinha. Nem parecia mais aquela professora de poções recatada de Hogwarts que só pensava em suas aulas e nas provas que aplicaria. Colocou perfume e desfilou em frente ao espelho por uma meia hora antes de decidir que sapato colocar.
Ela esperou até as dez horas, onze e nenhum sinal do namorado. Era sempre assim, ele cobrava a presença dela mas nunca aparecia quando tinha que dar o exemplo.
O relógio marcava meia-noite quando a campainha tocou, Hermione já tinha retirado a maquiagem que havia borrado devido às lágrimas. Ela não abriu a porta, deixou Thomas tocando a campainha por uns vinte minutos.
- Amor! Desculpa... Eu sei que estraguei sua noite, mas foi uma reunião de urgência...
- Não adianta! Eu sou uma burra mesmo... Nunca deveria ter começado a namorar um trouxa como você... – ela gritou para a porta.
- Mione, você já me chamou tanto de trouxa sem motivo que não é agora que eu vou me ofender... Deixe-me entrar que eu explico tudo.
- Ah, trouxa não te ofende? Que bom! Seu filho da &%$₤! – ela gritou apontando a varinha para a porta – E tenta arrombar a porta como você fez ano passado que você vai ver!
- É claro que não, ano passado foi uma besteira de dois bêbados... Amor, me perdoa!
- Vá embora Thomas... Vá, eu tenho que pensar...
- Ok... Eu vou... – Thomas colocou o buquê de flores em frente à porta do apartamento e entrou no elevador.
Hermione abriu a porta do apartamento para ver se ele já tinha ido embora e viu lindas rosas em frente à sua porta. Olhou para um lado e para o outro para ver se não havia ninguém por perto e com um aceno da varinha transformou as rosas em pó.
- Sempre disse a ele que não gostava de rosas... – e fechou a porta.
Harry acordou cedo naquele dia, o sol ainda não havia nascido e Edwiges ainda não piava pedindo para abrir a gaiola. Ele levantou da cama, colocou seus óculos e foi ao banheiro.
Edwiges começou a piar de um jeito ensurdecedor na gaiola, Harry saiu correndo e abriu a portinha para ela sair, mas ela não bateu asas. Ficou parada encarando seu dono com os olhos tristes.
- Edwiges... Eu sei que não estou te dando muita atenção esses dias. Desculpe-me... – ele disse fazendo carinho na cabeça da coruja. Ela deu um pio e mordiscou o dedo dele.
- Harry! Harry! Venha aqui! – gritou a Senhora May, dona da pensão onde Harry morava. Harry saiu correndo até a velha senhora e a encontrou com a varinha apontada para Lianne, a nova moradora da pensão.
- Senhora May! O que aconteceu? – ele perguntou tentando manter a calma.
- Essa ladra! Ela quer entrar aqui de qualquer jeito! Mas eu transformo em pó a infeliz! – gritou ela fazendo a ponta da varinha brilhar.
- Eu não sou ladra! Eu aluguei um quarto com essa velha ontem! – gritou Lianne desesperada.
- Velha?! Agora eu mato! Eu mato a ladra! Veio aqui roubar o dinheiro do meu falecido! – e fez uma luz azul sair da ponta da varinha em direção à inquilina, mas Harry tirou a varinha do bolso e conjurou um contra-feitiço em direção àquele.
Harry correu até a senhora e tirou a varinha de sua mão. Ela ainda tentou morder seu braço e fugir, mas Harry não deixou.
- Me solta! Assassinos! Estão juntos para me matar! – gritou ela.
- Senhora May, lembra de mim? Harry Potter! A senhora era madrinha do meu pai, Tiago Potter, lembra-se?
- Ah, você é o Tiago! Meu querido, como vai? – ela perguntou olhando com carinho para o rapaz.
- Olha, vá para o seu quarto, dê um tempo que ela se acostumará com você – ele disse a Lianne, abraçando a garota que chorava desesperadamente.
- Eu achei que ia morrer! – ela falou gemendo.
- Que nada! O feitiço mais forte dela, no máximo, mudaria a cor do seu cabelo para verde ou amarelo... – ele falou tentando acalmá-la.
- Verde?! Aí é que eu morria. Sabe quanto eu gasto para deixar esses meus cabelos tão bonitos? – ela gritou, ainda com raiva da dona da pensão. Harry observou a garota, era linda, devia ter uns vinte anos. Cabelos castanhos, compridos até a cintura e grandes olhos verdes.
- Ah! Nem te agradeci. Você é meu herói! – ela o abraçou e seguiu para seu quarto.
O telefone tocou quando Neville estava saindo de seu escritório para almoçar, a secretaria atendeu e passou o telefone para o chefe rapidamente, era um assunto sério.
- Neville Longbottom falando.
- Senhor Longbottom, aqui é do Hospital St. Mungus, nós recebemos a informação de que o senhor trabalha com trouxas então preferimos avisar por telefone para não criar problemas – disse o telefonista, Neville estranhou, não ouvia alguém ser chamado de trouxa havia anos.
- Sim, sim, fale logo! – ele falou rispidamente, essa ligação estava estragando seu almoço.
- A sua avó, ela... ela faleceu – falou o homem nervoso – Nós fizemos tudo ao nosso alcance para salvá-la, mas não foi possível...
- Mas... mas como? – Neville enxugou uma única lágrima que escorreu em seu rosto.
- Como o senhor deve saber, ela sofria de Esquizofrenia há anos e na noite passada ela se olhou no espelho, pensou que fosse um Comensal e...
- Se enfeitiçou?
- Não, saiu correndo pela rua e foi atropelada... Ela foi internada com urgência mas não resistiu... – disse o homem em voz baixa. Neville agradeceu e desligou o telefone.
- Bem, vamos almoçar! – falou à sua secretária e saíram. Mais nenhuma lágrima escorreu por seu rosto.
Mary Anne abriu a porta com o rosto vermelho, tinha subido as escadas correndo de tanta pressa que tinha em contar o que, para ela, era uma grande novidade.
- Ninico, meu amor! Você não sabe o que aconteceu! – ela gritou para o marido que estava sentado numa poltrona em seu escritório.
- O que? A guerra recomeçou? É ele, o Voldemort! – gritou ele, tirando a varinha do bolso.
- Não, amor. É uma novidade boa! – ela respondeu tirando de sua bolsa um panfleto enorme.
- Então desembucha Mary Anne! Fica aqui me apavorando!
- Eu... já... descobri... onde... nós vamos passar o feriado! – ela gritou histericamente.
- Onde Mary Anne? É algum lugar onde alguma coisa ruim pode acontecer? É melhor eu me informar primeiro, sabe, eu já vi de tudo no Ministério! – Rony ficava nervoso sempre que era levado a algum lugar que não conhecia.
- Ah Ninico! Para com isso. É um lugar ótimo! Os donos são trouxas – disse ela jogando o panfleto para cima – Tânia, minha amiga, já foi para lá e disse que é uma pousada excelente.
- Tânia? Aquela que uma vez nos indicou hotel que estava dominado por trasgos? – ele perguntou arrepiado só de lembrar que quase tinha sido engolido por um deles.
- Ah Rony! Ela já pediu desculpas. Nós vamos e ponto final – ela olhou brava para o marido – E não invente nenhum resfriado nem dor nas costas!
Rony pegou a varinha e explodiu o panfleto. Mary Anne se trancou no quarto e não saiu de lá a noite toda, aproveitando o silêncio do quarto para fazer a reserva do quarto.
Gina saiu de seu banho, que durou uma hora, e colocou um vestido longo para jantar. Mesmo que fosse jantar sozinha, achava que se não estivesse bonita para si, não estaria bonita nunca.
Sentou na enorme mesa que ocupava o centro da sala de jantar, Nina veio correndo atrás dela com uma touca de cabelo na boca e Maria logo atrás, com o cabelo todo bagunçado.
- Maria! Não é assim que a empregada de uma atriz como eu deve pentear o cabelo – disse Gina inocentemente, sem ver que Nina estava rasgando a touca da mulher.
- Perro de los infiernos! – Maria arrancou a touca da boca da cadela e colocou em cima do cabelo bagunçado.
- Agora, jantar – Gina olhou para seu prato de peixe com molho branco e lembrou daquele dia em que Harry a levou para almoçar no restaurante mais caro de Londres. Eram dois apaixonados e não queriam se separar nunca. Pediram um prato de peixe, Gina nunca havia comido algo tão saboroso. Depois do almoço foram para o parque que tanto gostavam, passaram o resto do dia lá, descobriram que a vida era boa em meio a árvores e pássaros.
- Ah Harry... Por que? – ela revirou a comida no prato e levantou-se da cadeira - Vamos Nina, perdi a fome... – e deitou-se sem jantar.
Margot observou a cena, havia acabado de chegar de um jantar com um colega.
Hermione não conseguia dormir direito desde aquela noite em que havia brigado com Thomas, afinal eles haviam tido um bom relacionamento que já durava três anos. Ela não sabia se o amava de verdade, mas se sentia segura ao seu lado.
Naquela noite ela havia resolvido esquecê-lo. Achou que ele havia desistido de tentar acalmá-la e que já a havia esquecido. O telefone tocou enquanto ela acabava de esquentar a sopa com a varinha.
- Estranho... Esse telefone nunca toca... Acho que quase nenhum trouxa sabe meu número! – ela pensou enquanto ia até o escritório atendê-lo.
- Alô?
- Mione! Aqui é o Thomas...
- Ah, oi Thomas! Eu pensei que você não ia mais ligar... – o coração dela batia rapidamente.
- Mione, me perdoa... Eu não consigo te esquecer e sei que você não me esqueceu. Dê mais uma chance a mim – ele implorou a ela, com voz de desespero.
- Depende, o que eu ganho em troca? – ela brincou, era a primeira vez que sorria em todos esses dias.
- Eu já reservei um pacote para uma viagem nesse feriado, você aceita acompanhar esse canalha aqui?
- É claro que eu aceito! – ela gritou de felicidade.
- Eu passo aí pra te pegar em meia hora e nós vamos jantar.
- Sem atrasos? – ela perguntou, lembrando da briga.
- Sem atrasos – e ele desligou o telefone.
Hermione se surpreendeu consigo mesma, nunca pensou que poderia ficar tão feliz por reatar com aquele trouxa. Percebeu que finalmente algo maior poderia surgir entre os dois.
Em exatos trinta minutos a campainha tocou, Hermione usava um lindo vestido longo. A noite foi melhor do que ela imaginara e só acabou quando Thomas foi embora de seu apartamento na manhã seguinte.
Ela estava decidida. Tinha certeza que podia contar a ele que era uma bruxa, eles se amavam e passariam por cima dessa diferença.
Harry colocou seu melhor paletó, derramou todo um frasco de perfume no pescoço e penteou o cabelo bagunçado. Olhou-se no espelho e viu que depois de muito tempo tinha voltado a ser aquele homem respeitável que crescera atrás de realizações.
Saiu de seu quarto e seguiu até a porta de Lianne, ela abriu a porta com um grande sorriso, parecia ser a garota mais feliz da cidade. Harry pegou em sua mão e os dois seguiram para o carro voador que estava parado à porta da pensão.
Desceram em um lindo restaurante onde só era possível conseguir uma mesa com meses de reserva.
- Como você conseguiu reservar em tão pouco tempo? – ela perguntou, impressionada com a rapidez em que foram atendidos.
- O que uma varinha não faz em um mundo de trouxas, não é? – ele deu um sorriso para ela, que retribuiu com um beijo na bochecha dele.
Os dois jantaram um prato de lagostas, servido com o melhor vinho da casa e de sobremesa um doce famoso no restaurante. Quando saíram já era tarde e voaram por Londres.
- Harry, diga-me. Se você é tão rico? Por que mora naquele lugar? – ela perguntou, encostando a cabeça no ombro dele.
- É que eu perdi muitas coisas há tempos e nunca mais recuperei, eu nunca mais quis conhecer lugares bonitos, visitar pessoas conhecidas, me afastei de tudo e de todos – ele respondeu, tentando desviar o carro de alguns pombos que voavam ao lado.
- Mas o que você perdeu?
- Alguém... – e os dois seguiram quietos até a pensão. Não havia nenhuma nuvem no céu, então puderam ver várias estrelas brilhando.
Os dois se beijaram enquanto o carro viajava no piloto automático.
Quando chegaram à pensão da Senhora May, não havia ninguém acordado. Entraram se beijando e tentaram subir as escadas se beijando mas Lianne tropeçou no salto e quase derrubou o corrimão da escada.
Entraram no quarto dela e caíram juntos na cama.
- Fique aí! – ela falou para ele e foi até um armário – Vem tigrão! – gritou ela tirando um chicote e uma pistola de brinquedo.
- O... o que você vai fazer com isso? – perguntou Harry, que já havia tirado as calças.
- Vou te mostrar o que é ser poderosa! – ela gritou novamente, mas agora ria loucamente.
Ela pegou o chicote e começou a atacar Harry, ele pegou as calças e saiu correndo, abriu a porta e tentou correr até seu quarto mas tropeçou na Senhora May que tinha ido até a cozinha pegar um copo de água.
- Tarado! Tarado! – começou a gritar a velha senhora – Seu tarado! – ela pegou a pistola de brinquedo de Lianne que tinha parado atrás dela e apontou para o rapaz.
- Senhora May, sou eu, Harry! – ele tentou se explicar – Foi um acidente.
- Morre tarado! Quer me estuprar! Sai tarado! – ela gritou e apertou o gatilho, mas nada aconteceu.
Harry aproveitou a distração e entrou correndo em seu quarto. Deitou em sua cama, tentando entender como aquela garota tão graciosa podia ser tão doida.
- Eu só me meto em confusão... – falou para si mesmo.
Neville Longbottom chegou atrasado em seu escritório naquele dia, ficou preso no trânsito por conta de um acidente. Quando entrou em sua sala, encontrou seu assistente junto com seu chefe e um policial.
Roger Moore era um excelente chefe para Neville, nunca reclamava, o tratava como amigo e dava bônus em dinheiro para seus funcionários em todos os feriados comemorativos, mas naquele dia ele não parecia o mesmo.
- Roger, me desculpa mas fiquei preso no trânsito. Parece que foi um acidente com três carros e, curiosamente, uma galinha d’angola...
- Tudo bem Longbottom – Roger sempre chamava todos os funcionários pelo sobrenome.
- Palerma! – Neville chamou seu assistente – Por que esses senhores estão aqui, de pé na minha sala? Não podia arranjar umas cadeiras?
- Sim... sim... sim, senhor – e o rapaz saiu correndo atrás de duas cadeiras.
- Agora... – continuou Neville – O que aconteceu?
- Senhor Longbottom? – perguntou o policial.
- Sim, sou eu.
- O senhor está preso por desvio de dinheiro e sonegação de impostos para o Estado Americano. Aqui está a ordem de prisão! – ele mostrou o documento.
- O que? Roger! – Neville se desesperou, nunca esperava que isso fosse acontecer.
- Só para não haverem confusões Longbottom, você assume que desviou milhões que seriam destinadas à caridade desta empresa? – perguntou o chefe nervoso – Seu ladrãozinho! E eu que pensei que poderia confiar em você para cuidar das finanças da empresa. Está despedido! – Roger gritou, enquanto Neville era algemado pelo policial.
- Caridade? Para que? Eu ia usar esse dinheiro muito melhor Roger! E você ia ganhar também.
- Eu? Eu nunca concordaria com um negócio sujo como este! – Roger estava todo vermelho, se sentia insultado – E pode contratar um bom advogado! Porque já acionei os meus.
O segurança tentou levar Neville, que estalou os dedos tentando aparatar, mas nada aconteceu. Tinha perdido a prática, e era a sua única salvação.
Neville tinha, durante vários anos, desviado milhões de dólares que seriam obrigatoriamente destinados à caridade e nunca pagou um imposto sobre todo o dinheiro. Quando Roger pediu o relatório das finanças ao assistente de Neville, ele os entregou junto com os comprovantes do desvio, uma pequena vingança pelos maus tratos.
- Foi você não foi seu verme?! – Neville gritou para o assistente, que vinha carregando um sofá – Eu te mato! – ele continuou, mas o rapaz largou o sofá e saiu correndo para o banheiro.
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