Os cinco esquecidos
- E agora? O que vai ser de nós? – perguntou Rony, parado à frente dos portões de Hogwarts.
- Não sei... Acho que a partir de agora é cada um por si, não é? – disse Gina, enquanto Harry beijava sua bochecha – Eu ainda tenho mais um ano aqui, mas vocês...
- Não, amor. Eu vou sempre estar ao seu lado – falou Harry, abraçado a Gina.
- E nós sempre estaremos ao lado de vocês! – disse Hermione – Afinal, não é porque nos formamos que nos separaremos!
- Agora estamos livres, podemos nos encontrar quando quisermos! – Neville falou, olhando para cada um dos quatro que estavam junto a ele – E sempre teremos Hogwarts!
- Essa amizade é para sempre! – Harry disse, abraçando a todos.
Quinze anos haviam se passado desde a despedida. Rony Weasley, Harry Potter, Harmione Granger, Gina Weasley e Neville Longbottom haviam se tornado grandes amigos principalmente no último ano estudando em Hogwarts, quando juntos enfrentaram Voldemort e presenciaram o fim de seu segundo reinado de medo.
Após a formatura cada um seguiu seu caminho, tentaram se encontrar mas o destino os levou a diferentes caminhos e a vida dos cinco mudou completamente. Mas a lembrança daqueles anos e de todas as emoções que passaram estaria sempre guardada em suas memórias.
O despertador tocou marcando seis horas da manhã, Rony acordou num susto e bateu a cabeça na cabeceira da cama.
- Droga de cabeceira! Eu falei: “vamos comprar uma cama flutuante que não precisa de nada dessas porcarias”, mas não! - ele resmungou enquanto ia ao banheiro.
- O que é que já ta reclamando aí Ninico? – perguntou Mary Anne acordando – Bateu de novo a cabeça?
- Não, foi o Papai Noel que passou pela janela e jogou um presente na minha cabeça! É claro que bati Mary Anne! – gritou ele de dentro do banheiro.
- Não precisa falar assim comigo!
- Mas vlocê qule pledliu pla clompla ella camla Maly Annle! – ele gritou novamente.
- Ninico, tire a escova de dente da boca pra falar! Já repeti isso mil vezes!
- Mas você que pediu pra compra essa cama Mary Anne! Precisa repetir de novo?
Rony havia se casado com Mary Anne havia três anos, se conheceram em Londres numa festa de aniversário e seguiram do namoro ao casamento em dois meses. A família Weasley não havia aceitado muito bem o relacionamento mas Mary Anne deu seus pulos e Rony acabou se afastando da família para se casar.
Tinham muita vontade de ter um filho mas já haviam tentado várias vezes, realizado todos os tipos de exames e não conseguiram resultado. Mas Mary Anne não tirava a vontade de ser mãe da cabeça e jurou para si mesma que teria um filho de qualquer maneira.
Hermione chegou exausta em casa, tinha acabado de sair da estação voltando de Hogwarts. O ano letivo havia acabado e ela finalmente poderia descansar.
- Lar doce lar! Nada de aluno correndo, nada de provas pra corrigir, nada de feitiços errados... Ufa... – disse a si mesma sentando no sofá almofadado posicionado em frente à televisão – E o pior é que eu não posso nem aparatar em frente a todo aquele bando de trouxas! – ela pegou o controle, ligou a televisão e dormiu cinco minutos depois.
- Hary Potter! É você mesmo? – perguntou o balconista do Caldeirão Furado, já pegando um copo e enchendo de licor dos elfos.
- Claro que sou eu Jorge, quem mais seria? Você alguma vez viu outro homem respeitável bebendo nessa porcaria? – respondeu Harry, rispidamente.
- Respeitável? Então limpa a marca de baba da sua camisa amigão...
- A baba é minha, não é! Então a deixe aí, a bichinha ta se divertindo. – Harry disse olhando com os olhos vermelhos para a marca provavelmente deixada enquanto dormia. Jorge pegou a varinha e fez a marca sumir.
- Hei! Eu falei pra deixar ela aí! – gritou Harry.
- São nove horas da manhã e você já ta bebendo. Não posso te dar ouvidos.
- Gina! Acorda mulher! Já é meio-dia! – gritou Margot entrando no quarto e abrindo as cortinas do enorme quarto.
- Sai fora... – respondeu Gina colocando o travesseiro em cima da cabeça.
- Tudo bem, eu saio... Mas então é melhor eu desmarcar seu teste com o diretor do “Reviravoltas”...
- Que reviravolta? – perguntou Gina levantando um pouco a cabeça.
- O FILME GINA! Que te convidou pra estrelar o papel principal!
- O FILME! O FILME! Por que você não me acordou antes Margot?! – gritou Gina levantou em um pulo e correu para o banheiro.
- Eu vim aqui às nove horas da manhã, às dez, onze e só agora você acordou!
- Então viesse às oito! Que assistente mais imprestável! - ela gritou em meio à fumaça que saia de dentro do banheiro.
Gina vivia em uma mudança de humor constante, tinha mudado muito desde que ingressou no mundo da fama. Alguns dias podia ser um doce, e em outros o Voldemort reencarnado.
Saiu de Hogwarts direto para Hollywood com o sonho de se tornar famosa e agora que tinha conquistado a fama gostava de mostrar o poder que tinha a todos. Não era uma pessoa ruim, mas tinha se acostumado a ter tudo quando quisesse.
O relógio marcou uma hora da tarde quando Neville encerrou a reunião com os acionistas franceses, tinha fechado o negócio de uma vida e lucraria muito dinheiro com esse acordo.
- Je velebuble de velule bybye! – disse ele apertando a mão de um dos acionistas.
- Senhor, é... O senhor xingou os acionistas? – perguntou seu assistente.
- O que?!
- Foi o que o senhor acabou de dizer! Ou foi isso ou “Eu quero uma manga bem grande” não sei dizer...
- Ah, cala a boca idiota! – respondeu ele empurrando uma pasta na cara do funcionário – O que eu tenho pra fazer agora?
- Nada senhor, sua agenda está livre.
- Bem, então vou sair pra almoçar, volto depois. – disse ele tirando a gravata quando os franceses saíram.
Neville era um homem que podia tudo no mundo dos trouxas, tinha feito algumas magias pra conseguir ingressar no mundo dos negócios mas se envolveu de uma maneira que ignorou o fato de ter pertencido a um mundo onde a magia é real.
Aos 25 anos de idade mudou para Nova York onde teria melhores chances de negócios.
- Me dá um Super Big? – pediu ao caixa da lanchonete Super Burger próximo ao prédio onde trabalhava – Com refrigerante grande, sim!
- O senhor quer mais alguma coisa?
- Quero! Que você pegue meu pedido logo inútil! – disse ao caixa que saiu correndo, pegou o sanduíche, deu uma cuspida na carne resmungando: “Inútil é você seu retardado!” e entregou ao cliente ameaçador. Neville sentou-se à mesa com a bandeja na mão e deu uma mordida.
- Hum... Esse sanduíche é delicioso hein?! – disse ao homem sentado na mesa próxima.
Harry acordou caído em uma cadeira do Caldeirão Furado às duas horas da tarde, um sol forte batia em sua cara e a cabeça latejava como se houvesse um gnomo dando marteladas em sua nuca. Ele levantou a cabeça, meio tonto, e olhou à sua volta. Estava na hora de atacar e já sabia quem seria sua vítima. Levantou-se da cadeira e foi em direção a uma loira alta que estava em pé no bar bebendo um copo de água.
- Está quente aqui ou é só você? – falou no ouvido da mulher.
- Não sou eu não, é você! – respondeu a loira virando o copo de água na cabeça de Harry – Amor! – falou e saiu andando.
- Então nos falamos depois, não é? – gritou Harry tentando disfarçar para o balconista que caiu no chão de dar risada – He he... Ta no papo! – e saiu andando.
Harry andou pelo Beco Diagonal por um longo tempo, não sabia o que estava fazendo ali mas também, nunca tinha o que fazer em lugar nenhum. Depois daquela noite nunca mais pensou em querer nada que precisasse batalhar por.
- Ah! Gringotes! Meu querido banco! – falou indo em direção ao banco dos duendes, onde estava guardada a herança que seus pais deixaram a ele e que ia acabando a cada copo de bebida que ele tomava. Harry entrou no banco e foi falar com um dos atendentes que aguardava em pé num degrau de madeira atas de um balcão.
- Aí seu duende! Ta altão hein! Tomo fermento é? – gritou para o duende que olhou com cara de dúvida.
- Senhor, está bêbado, não quer ir para casa descansar um pouco depois volta? – perguntou o duende descendo do degrau de trás do balcão e indo em direção a Harry.
- Eita! Diminuiu é filho? Ah já sei, é mágica! – falou Harry rindo sozinho de algo que só sua mente conseguia entender naquele momento.
- Senhor, vamos! Vou levá-lo à saída. – falou o duende puxando Harry pela mão.
- Sabe que você é o único duende educado dessa joça? É mesmo, você é o único!- gritou Harry para todo o salão ouvir, mas os outros duendes presentes nem deram atenção. O duende levou Harry até a porta, então o bêbado cliente aparatou.
- Hunf... – suspirou o duende para o porteiro do banco – Bruxos bêbados são bons porque sempre aparatam e agente não precisa procurar alguém pra levá-los pra casa – e voltou para dentro.
- Então, ele disse como eu fui Margot? – perguntou Gina histérica saindo do estúdio onde tinha acabado de fazer o teste.
- Não, até agora nada! – respondeu a assistente, dando um copo com chá para a atriz.
- Hunf! Eu mereço essa gente lenta! – gritou e aparatou, sumindo no ar.
- Sorte dela que eu sou bruxa, senão a cada TPM ela iria pra Azkaban! – falou Margot para si mesma e aparatou logo atrás.
Gina apareceu no meio da sala de seu apartamento, a faxineira trouxa saiu correndo na hora gritando: - Yo estoy loca! Loca!
- A Maria nunca aprende não é minha fofuxa! – disse à sua Yorkshire que veio pedir carinho – Que bom que você é um bebê muito inteligente e já sabe que mamãe aparece do nada, não é?! – a cadela deu um latido em resposta e saiu correndo atrás da faxineira.
Margot aparatou alguns minutos depois, enquanto Gina se arrumava para seu sono de beleza diário.
- Nossa! Aquilo lá tava um trânsito! Deviam fazer um rodízio... – falou a assistente, ainda meio tonta.
- Margot, você agendou o banho da Nina? – perguntou a ruiva acabando de abotoar sua longa camisola branca.
- Ah Gina! – Margot deu um tapa na testa e anotou algo em sua prancheta – Esqueci completamente.
- Ela é uma cachorra com pedigree, lembre-se! O banho é essencial. Se ela não está bem, eu não estou bem! E se eu não estou bem, Hollywood não está bem! E se Hollywood não está bem...
- Eu já entendi querida, vou agendar agora. – interrompeu Margot e saiu correndo para o telefone.
- Ai, às vezes parece que meu mundo vai cair! – suspirou Gina colocando seu tapa olhos no rosto e dormindo em seguida.
Rony chegou em casa exausto, o Ministério estava uma bagunça desde que uma horda de hipogrifos tinha invadido algumas propriedades rurais do Ministro e ele obrigou todas as sessões do Ministério a se mobilizarem para tirar cada um dos animais sem deixar o APPH, associação protetora dos pobres hipogrifos, reclamar de maus-tratos.
Mary Anne fazia, com a varinha, a colher mexer na panela como louca demonstrando sua raiva a quem chegasse perto.
- Ronald Weasley! Eu falei que era pra você chegar às seis da tarde e você faz o que? Chega atrasado, pra variar um pouco! – ela gritou, histérica.
- Mary Anne, você já tentou trabalhar com aquele pessoal do Ministério? – gritou ele, vermelho como seus cabelos – São um bando de atrapalhados, agente tem que guiar cada passo e eles ainda conseguem errar! E a situação ainda piora com aquele bando da APPH, que não deixam ninguém tocar nos malditos hipogrifos!
- Ainda estão com o problema dos hipogrifos? – perguntou Mary Anne fazendo biquinho de quem está magoada, mas com pena.
- Não, Marry Anne! São vira-latas assassinos de cinco cabeças. É claro que são os hipogrifos, seu eu falei da APPH o que seria?!
- Ai Ninico! Como você é malvado! – disse ela se aproximando do marido e começando a abrir os botões da camisa dele – Eu aposto que uma dose de Mary Anne vai te acalmar.
- Vai mesmo, olha, aqui atrás nas costas eu to com um dor horrível! Não quer fazer uma massagem? – perguntou ele inocentemente.
- Eu queria mas né, mas como você é um tonto, vai a massagem mesmo – disse ela dando um tapa na nuca do marido – Também não ganha mais nada!
- Isso, isso! Mas forte Mary Anne! Mais forte. Vai continua...
- Hunf... Quem escuta até pensa! – pensou ela.
Harry aparatou em um parque enorme , um pouco afastado de Londres, tinha muitas lembranças de lá. Não sabia o porque de ter ido exatamente para aquele lugar, mas foi o primeiro que veio à sua cabeça. Era um lugar mágico para ele.
“Água de beber
Bica no quintal
Sede de viver tudo
E o esquecer era tão normal
Que o tempo parava
E a meninada respirava o vento
Até vir a noite
E os velhos falavam coisas dessa vida
Eu era criança, hoje é você
E no amanhã, nós”
Lembrou de quando levou Gina lá pela primeira vez, tinham acabado de sair de Hogwarts e nunca haviam se amado tanto. Lá ficaram o dia inteiro, nadaram na lagoa, conheceram um ao outro de um jeito que só os que se amavam verdadeiramente podiam conhecer.
“Água de beber
Bica no quintal
Sede de viver tudo
E o esquecer era tão normal
Que o tempo parava”
A árvore no meio do parque, a maior que ambos já tinham visto, maior ainda que o salgueiro lutador, era a que trazia maiores lembranças. Ficaram sentados à sombra da árvore por horas, sem pensar em nada, apenas um no outro.
“Tinha sabiá, tinha laranjeira
Tinha manga-rosa
Tinha o sol da manhã
E na despedida
Tios na varanda
Jipe na estrada
E o coração lá”
- Ah Gina... Eu não tive culpa... – disse aos seus pensamentos, e saiu correndo dali o mais depressa que pôde, com lágrimas escorrendo de seus olhos. Não tinha forças nem para aparatar.
“Tios na varanda
Jipe na estrada
E o coração lá”
(Fazenda – Milton Nascimento)
Hermione levantou no meio da noite num pulo. Não havia parado de pensar naquele porta-retratos desde que chegara. A foto dos cinco sempre trazia recordações, e não podia deixar de pensar naquele garoto em especial, a quem nunca dera uma chance e que agora governava seus sonhos e seus pensamentos.
Ela levantou da cama, o relógio marcava três horas da manhã. Foi até a cozinha preparar um chá bem quente para relaxar. Pegou a varinha e fez a xícara vir de dentro do armário junto com o sache. De dentro da xícara fez surgir a água e com a varinha esquentou até ferver. Colocou o sache e bebeu tudo de uma vez.
- Ai droga! Minha língua! – gritou jogando a xícara para cima quando sentiu a boca arder – Bom, amanhã pelo menos não tenho que dar aula, não vou precisar falar... Bom, agora preciso parar de falar, senão amanhã acordo sem língua... Pare de falar Hermione! Pare... ufa, parei! Ai, droga!
Neville chegou em casa de madrugada, estava exausto. Tirou o paletó e a gravata, e deitou-se em sua cama.
- Chegou querido? – perguntou uma loira que saía do banheiro.
- Você ainda ta ai? Eu já falei que tudo acabou entre nós! – ele falou para a mulher – Agora vá embora, vá!
- Olhe aqui, eu não sou um cachorrinho que você pode brincar o quanto quiser e depois jogar um osso para ele ficar quieto! – gritou ela, histérica. Tinha ficado o dia inteiro esperando uma ligação e cansada de esperar tinha ido fazer uma surpresa.
- Olha aqui! – disse Neville, indo em direção a ela – Ou você vai embora ou...
- Ou o quê? Você vai me enfeitiçar? – gritou ela – Vai usar Crucio ou qualquer um daqueles proibidos em mim?
Ele agarrou o pescoço dela e começou a apertar cada vez mais forte, a mulher já estava ficando sem ar.
- Me larga... seu... idiota! – ela falou buscando oxigênio, então uma luz azul surgiu entre os dois e Neville foi jogado longe. Ela continuou com a varinha apontada para ele.
- Tente fazer isso de novo seu babaca! E vai ser muito pior! – ela gritou e desapareceu no ar.
OBS: Espero que tenham gostado do 1º capítulo... Eu vou colocar algumas músicas ou partes de músicas, em itálico, assim como eu coloquei Fazenda do Milton Nascimento para servirem de fundo musical para as cenas. Se eu não puder colocar o nome da música junto dela como coloquei neste capítulo, vou colocá-lo aqui em baixo. Continuem lendo e comentem por favor. =]
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