Capítulo 5



Primeiro dia de setembro, dia de volta para Hogwarts e a primeira pessoa que eu encontro é o Lupin do lado de fora da plataforma nove e meia.
Quando vi a Mary quase não a reconheci, estava vestida totalmente como uma africana e os cabelos crespos, antes longos, agora estavam mais curtos e com trancinhas rastafari.
− E aí, como foi lá? − Perguntei a ela.
− Foi maravilhoso! E você, como foi lá em Edimburgo?
− Ah, foi legal, lá não é muito diferente daqui.
Encontramos a certa distância a Lily com os pais e a irmã com cara de cavalo e meio... desconfortável com tantos bruxos no mesmo lugar.
Quando entramos no trem vimos ema cabine com uma menina loira acenando para alguém do lado de fora.
− Oi, Shell. − Cumprimentamos.
− Oi meninas. − Respondeu.
Passamos o tempo todo conversando sobre as férias, sobre o ano letivo que vinha e sobre o Club do Slug, que agora, no quarto ano, seria mais freqüente.
Descemos do trem e tomamos o costumeiro caminho para as carruagens sem cavalo. Assim que entramos no Saguão de Entrada Pirraça, o poltergeist, jogava baldes de água sobre as pessoas, por pouco não foi em cima da gente.
− Oh, Backer, que prazer em lhe rever! − Falou Black.
− Black. − Disse a contragosto. − O que você quer?
− Nada, só a sua atenção.
− Você não acha que já tem atenção bastante?
− Tenho sim, mas não a sua. Vai, sai comigo esse ano?
− Eu já disse que não.
Saí o mais rápido que pude pelo chão molhado.
O clima de empolgação de início de ano começou a ser quebrado a partir da segunda semana quando a carga de deveres estava alarmante, a desculpa dos professores era que o quarto ano era a base para o quinto e este a base para os NOM’s (Níveis Ordinários em Magia).
O primeiro fim de semana em Hogsmeade foi recebido com grande alegria pelos alunos de quarto e quinto anos de todo o castelo.
Nesse dia eu fui com a Mary e a Lily, a Shelli ia sair com um garoto da Ravenclaw. Passeamos até um pouco depois das três da tarde e depois voltamos e ficamos andando pelos terrenos de Hogwarts.
Noutro dia depois de uma aula estressante de Runas Antigas, matéria da qual eu já me arrependia de ter matriculado, recebi um pergaminho preto enrolado com uma fita roxa, Lily também recebeu um.
− Festa do Club do Slug. − Disse eu.
− Você vai? − Perguntou Lily.
− Não sei, acho que vou.
− Se você não for eu não vou.
− Tudo bem, você quer ir não é? Sendo assim eu vou.
− Mas se você não quiser ir tudo bem.
− Não, eu vou. A Mary e a Shelli não devem ter recebido, espero que elas não se importem.
− Oh, é mesmo, não ia ser nada legal.
Arrumamos-nos para a festa, as duas falaram que não se importavam, mas havia um claro tom de desgosto na voz delas.
− Ah, Annie e Lily, que prazer, que prazer! − Bradou o professor Slughorn. − Venham cá, quero lhes apresentar uma pessoa. Dirk venha aqui. Este é o Dirk Cresswell, é só um ano mais velho que vocês.
Dizendo isso o professor nos deixou com um largo sorriso no rosto e não disse mais nada.
− Então... − Começou o garoto. − Como vocês estão?
− Ahm... Bem. − Disse Lily.
O garoto começou então uma longa contagem dos anos de sua vida, eu tentava sair dali, mas toda vez ele inventava alguma coisa e eu não conseguia sair.
− Olha, eu realmente preciso ir ao banheiro. − disse Lily e saiu correndo em direção ao banheiro.
− Eu também vou. − Falei.
− Não, fica! − Disse ele segurando o meu pulso.
E tive que ficar dessa vez. Depois de uma hora e meia eu vi o Lupin andando a uma pequena distância e saí antes que o Cresswell pudesse de novo me impedir. Mas quando percebi o que estava fazendo passei direto por ele e fui pegar um pouco de suco de abóbora.
Era incrível como eu não conseguia deixar de gostar dele, eu nem o conheço direito! E ele nem olha para mim! Mas eu tinha que tentar, eu tinha que convidar ele, mas não agora, não junto dos amigos dele.
− Muito obrigada Lily, por ter me deixado lá sozinha com o chato do Cresswell. − Disse eu durante o café da manhã seguinte.
− Oh, Annie, me desculpa, mas eu tive que sair e nem adiantou muita coisa, o professor Slughorn me prendeu até tarde lá.
− A aluna perfeitinha do professor. − Caçoou Shelli.
− Ah, para com isso.
− É bom parar mesmo, Shell, depois ela coloca um veneno no seu suco de abóbora, sabe que ela é ótima no preparo de poções. − Brincou Mary.
− Para já com isso vocês duas, se não eu sou bem capaz mesmo de envenenar vocês.
− Vou para a biblioteca. − Disse me levantando.
− Para que? Você já não terminou todos os deveres? − Perguntou Mary.
− É, mas falta aquele de Trato das Criaturas Mágicas, você sabe como eu sou ruim nisso.
− Você é engraçada Annie, acho que é a única pessoa que tem dificuldade em Trato das Criaturas Mágicas. − Falou Shelli.
− É, talvez eu seja mesmo.
Saí, mas eu não pensava em fazer trabalho algum de Trato, na verdade já tinha feito esse também, eu queria ver se encontrava com o Lupin por lá, não era lua cheia e ele não estava no Salão Principal, talvez estivesse fazendo algum dever atrasado na biblioteca.
Quando cheguei lá o encontrei sentado no chão ao lado de uma pilha de livros, mas quando ia falar com ele o Potter veio caminhando com mais uns quatro livros bem grossos nos braços.
− Perdeu alguma coisa Backer? − perguntou Potter.
− Ahn... Não. − Disse eu me atrapalhando e saí andando bem rápido dali quando cheguei ao corredor comecei a correr e só parei quando cheguei na porta da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.
− Calma garota! Está fugindo de que ou de quem? − Perguntou a professora Marge Flint de Defesa.
− Nada não professora.
− Entre então. − Convidou a professora.
− Nós vamos continuar a ver azarações professora?
− Sim, querida. Hoje vou separar os pares e praticarão como num Clube de Duelos. Se puder afastar as carteiras para mim.
− Claro.
Mal comecei a afastar as mesas e a sirene tocou e chegou um barulho de várias pessoas se movimentando e logo vários alunos entraram na sala e alguns me ajudarem a afastar o resto das mesas.
Bom, não foi naquele dia, não consegui, mas ainda tinha três dias até a lua cheia e eu iria tentar.
Todos os dias que se seguiram eu tentei, mas nada, eu ia todo dia à biblioteca na mesma hora que ele estava lá, tentava falar nos intervalos das aulas, mas nunca dava.
Então na véspera da ida a Hogsmeade eu o encontrei sozinho na biblioteca. Fui a um corredor no meio das prateleiras, peguei um livro qualquer e me sentei no chão esperando que ele viesse pegar outro livro. Não demorou muito e ele se levantou e foi até ali.
− Oi Lupin. − Disse eu assustando-o.
− Ah, oi Backer.
− Ahn... Sabe, você... Hogsmeade... Ahn... Você quer ir a Hogsmeade comigo? − Falei tão rápida essa última frase que nem eu mesma entendi, então respirei fundo e falei mais devagar. − Você quer ir comigo a Hogsmeade amanhã?
Agora foi a vez dele ficar atrapalhado, olhou de um lado a outro, talvez verificando se eu estava falando mesmo com ele.
− Éhhh... Tudo bem.
− Sério?
− Acho que sim, bom, quero dizer, me encontra naquela pracinha perto do correio?
− OK.
Dormi cedo aquela noite para ver se o dia seguinte chegava mais rápido, não adiantou muita coisa porque quando acordei o sol nem tinha nascido totalmente.
Depois do que me pareceu uma eternidade as meninas começaram a acordar, eu já havia me vestido e achei que já era normal descer para o café.
Cheguei ao lugar marcado antes dele, sentei num banquinho para esperar. Passaram-se duas horas e eu já estava indo embora quando ele chegou meio ofegante.
− Me desculpa a demora, é que eu não tinha contado para os meus amigos e eles queriam saber com quem eu ia sair e só consegui despistá-los agora.
− Tudo bem, minhas amigas também queriam saber isso.
− Aonde você quer ir?
− Eu não pensei nisso.
− Nem eu. − Disse ele sorrindo. − Vamos andar um pouco, se a gente começar a congelar vamos ao Três Vassouras tomar uma cerveja amanteigada, certo?
− Claro.
Passeamos o dia inteiro e quanto mais eu conversava com ele mais eu gostava dele. No final do dia íamos voltando lentamente pelo caminho cheio de neve.
− Eu gostei de sair com você. − Disse eu.
− Também gostei, você é muito mais legal do que eu pensei.
− Que bom. − Respondi rindo. − Se fosse o contrário você teria sérios problemas.
Ele riu.
− Realmente, eu poderia passar... uma semana na ala hospitalar, dependendo da azaração que você use.
− Ou mais...
Entramos no castelo; no segundo andar eu parei ao lado de uma janela e fiquei olhando a paisagem, ele parou ao meu lado.
− Por que parou? − Ele me perguntou.
− Não sei. Mas me deu vontade de parar.
E sem mais abracei ele, demorou um pouco para ele retribuir totalmente o abraço, mas retribuiu.
− Obrigada por tudo.
− Mas eu não fiz nada!
− Fez sim, eu adorei ter saído com você hoje.
− Ah, mas isso não foi nada.
Olhei para ele e então... nos beijamos.
Acordei no outro dia ainda pensando nele.
− Nossa, Annie, você saiu com quem? − Perguntou Lily. − Ainda está com cara de boba.
− Desiste, Lily. − Disse rindo. − Eu não vou te dizer.
A Lily passou o dia inteiro falando o nome de vários garotos para ver a minha reação e adivinhar quem era, mas não descobriu. A Mary, que sabia com quem eu tinha saído e nada tinha falado às outras estava de cara amarrada.
Mas foi no final daquele dia que me aconteceu algo inicialmente bom, o Lupin chegou ao meu lado e disse:
− Posso falar com você?
− Claro. − respondi e saímos andando.
Só depois que percorremos uma distância que seria impossível das meninas ouvirem é que ele começou a falar.
− Olha Backer, eu realmente gostei de ter saído com você, mas eu não posso continuar saindo com você.
Parei de andar e fiquei olhando para ele.
− Por quê?
− Você não entenderia... − Disse ele de cabeça baixa. − Eu tenho um problema, muito sério.
− O que quer que seja eu não me importo.
Ele me olhou sinistramente.
− Se importaria sim se eu te dissesse. − Respondeu com igual tom de voz.
− Tenta me contar.
− Não posso. Você não sabe como é horrível eu ter que te dizer que não posso mais sair com você, mas eu não posso!
− Se você não gosta de mim é só falar.
− Não é isso! Pelo contrário. Acredita em mim, se eu te falar o meu problema você nunca mais olha para mim.
Deixei o ali e não voltei a falar com ele, não era grande coisa, só mais uma semana e já eram férias de Natal e Ano Novo.
Fui para casa como sempre, meu padrinho estaria lá dessa vez.

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