Capítulo 4
Nessas férias eu falaria bem pouco com a Mary porque ela estaria no Canadá e eu e papai iríamos passar uns dias em Berlim, mas talvez eu , Lily e Shelli saíssemos juntas, senão nos veríamos no Beco Diagonal.
Mesmo sendo verão havia uma névoa estranha em várias partes da Inglaterra, talvez até da Europa, mas só os bruxos sabiam realmente o porquê daquela névoa, eram os dementadores que estavam por toda parte.
Na minha viagem com papai descobri muitas coisas sobre os bruxos alemães e também sobre os trouxas, achei realmente interessante a engenhosidade dos trouxas em começar uma guerra sem magia.
De volta a Londres não foi possível me encontrar com Lily e Shelli, então combinamos que nos veríamos no Beco Diagonal. Encontrei primeiro com a Lily, ficamos conversando um bom tempo até encontrarmos Mary e Shelli.
Então mais uma vez no Expresso de Hogwarts encontrei com o Lupin no corredor, pouco antes de entrarmos numa cabine vazia, e senti um estranho frio na barriga.
Chegamos a Hogwarts e depois do banquete inaugural começaram a aparecer algumas mudanças, mas nesse momento Dumbledore se levantou como de costume para o discurso do novo ano letivo.
− Boa noite e bem-vindos. Este ano teremos uma modificação no corpo docente, o prof. Sanderford de Defesa Contra as Artes das Trevas teve um problema durante as férias e não será mais professor, no entanto, entra em seu lugar o prof. William Gilchrist.
Alguns alunos bateram palmas educadas, mas a maioria estava pensando qual teria sido o problema do professor.
No outro dia na aula de Transfiguração a professora começou:
− Bom, como todos sabem, os alunos do terceiro ano tem permissão para visitarem o povoado próximo a escola, os dias de visita serão afixados nos quadros de avisos de suas salas comunais, só sairão os alunos que tiverem a autorização assinada pelos pais ou um guardião.
Assim que a aula terminou um quartanista da Slytherin me chamou para ir com ele no primeiro fim de semana em Hogsmeade, na mesma hora eu disse que não.
Não foi só aquele garoto que me convidou, todos os dias alguém vinha me pedir para sair, mas eu nunca dizia sim. Eu já estava perdendo a vontade de visitar o povoado, mas Mary, Lily e Shelli insistiram comigo e decidi ir.
Passeamos o dia inteiro, fomos na Zonko’s Logros e Brincadeiras, na Dedosdemel, onde tinha doces de todos de todos os tipos, na Casa dos Gritos, o prédio mais mal assombrado da Grã-Bretanha, os moradores do povoado ouviam gritos e coisas quebrando e muita gente não chegava nem perto; almoçamos no Três Vassouras, que estava apinhado de gente, muitos deles de Hogwarts.
Não demorou muito e de novo alguns garotos vieram me procurar para ir a Hogsmeade antes do Natal com eles, mas eu nunca aceitava.
Num certo dia na sala comunal o Black estava se exibindo junto com o Potter para um grupinho de garotas, quando elas foram embora eles começaram a conversar em alto e bom som.
− Acho que se eu sair com a Backer todo mundo vai falar mais sobre a gente do que qualquer outro casal de Hogwarts. − Disse o Black.
− Provavelmente. − Concordou Potter. − Mas para que você quer isso?
− Não sei, só para falarem de mim. − Black deu de ombros.
− Mas meu caro amigo, você já reparou que ela não gosta nada de você?
− Já e é por isso mesmo que eu a escolhi, além de ser bem bonita. − Concordou alegremente.
− Não vejo sentido algum nisso! Mas vá em frente, convide-a!
Black se levantou da mesa ao lado da minha, onde eu tentava não prestar atenção na conversa deles e fazer um complicado relatório para o prof. Slughorn.
− Oi, Backer, como está?
− Estava melhor antes de você chegar. − Respondi secamente, ele meramente sorriu para mim.
− Você quer ir comigo à Hogsmeade?
− Não.
− Quer mesmo que eu te responda Black? − Perguntei, agora olhando para ele que ainda sorria.
− Sim, quero.
− Você é um egocêntrico, imbecil e patético. Será que ainda não percebeu que quero ficar sozinha?
− Ah, tudo bem então. A gente se vê por aí.
Mesmo depois disso ele ainda tinha aquele sorriso irritante estampado no rosto.
− Então? − Quis saber Potter.
− Ah, ela não quer ir comigo.
Potter sorriu também.
− É eu ouvi. Esquece ela.
− Aqueles elfos te deram um bolinho estragado ou algo parecido?
− Vai continuar atrás dela então?
Nesse momento vi que um Lupin desanimado se juntava a eles.
− É claro que vou! − Respondeu Black.
− Nada! Em lugar algum! − Falou Lupin não dando atenção a conversa dos dois amigos.
− Se anima um pouco. Você não achou que iria encontrar no primeiro lugar que procurasse, não é? − Disse Potter para consolá-lo.
− Eu sei James, mas não é o primeiro lugar!
− Calma, a gente encontra. − Disse Black por fim.
Então percebi que havia parado de fazer o relatório e estava olhando para eles e escutando toda a conversa.
− O que foi Backer? Reconsiderando a oferta do Sirius? − Perguntou Potter maliciosamente.
− É óbvio que não. − Respondi juntando minhas coisas.
− Não me parece tão óbvio assim.
− Olha aqui Potter cala a sua boca, senão...
− Senão o que? Vai me azarar? Reparou que são três contra uma?
− Três? − Perguntaram Lupin e Black juntos.
− Eu nem sei por que vocês estão brigando agora! − Exclamou Lupin.
− E eu não vou azarar a garota que eu vou sair.
− Ah, é isso então... − Comentou Lupin.
Eu não disse nada, peguei minhas coisas e subi rápido. Por que eu parei para ouvir a conversa do Lupin? Algo na minha cabeça dizia que era só curiosidade, mas uma outra parte dizia outra coisa. Não! Eu na podia...
− Você está gostando do...
− Fala baixo! − Eu disse quando contei a Mary o que achava.
− Tudo bem, mas por que ele? Ele nem é bonito de verdade!
− Eu não sei por que, está bem?! Ah Mary, o que que eu vou fazer? Eu me sinto um tanto... perdida.
− Já tentou esquecer de vez?
− Não, porque eu só fui perceber ontem à noite.
− Então tenta.
− Como? Como se faz para esquecer alguém?
− Não sei. Hmm... Tenta sair com outra pessoa...
− Eu não quero!
− Annie, isso não ajuda. Sai com alguém vai.
− Não, eu não quero.
− Bom, então eu realmente não sei como te ajudar.
Agora eu percebia que o que eu havia dito a Mary era verdade, por vezes eu me pegava distraída olhando para o Lupin no meio da aula, ou no corredor na hora do intervalo, mas ele nunca olhava para mim. O Black, pelo contrário, me perguntava se eu não queria sair com ele sempre que podia.
Percebi que se o Lupin começasse a sair comigo seria um tipo de traição da parte dele para com o Black e com isso me perturbei mais ainda e me forcei inutilmente a esquecê-lo.
Notei que as saídas regulares dele continuavam, todo mês por uma semana, que seria isso?
Não tive muito mais tempo para me perguntar sobre isso, pois já chegavam as férias de Natal e Ano Novo.
Nesse Natal papai me deu um colar com o brasão de nossa família. Nosso Natal e Ano Novo foram bem simples, só eu e ele, mas mesmo assim foi muito bom.
Quando estávamos na estação para o meu retorno a Hogwarts papai me deixou mais avisos e recomendações.
− Recebi só uma coruja falando que você foi detida, melhor sim, mas não quero receber mais nenhuma. E lembre-se: não se misture com o Black e os amigos dele, são um bando de arruaceiros, foi o que ouvi dizer.
− Papai já lhe disse montes de vezes que não falo com eles, nem “bom dia!” eu falo.
− Melhor assim, não quero você com gente como eles. − Disse ele e indicou com a cabeça os Black que se despediam dos dois filhos, Sirius e o caçula Régulos Black, olhando com nojo estampado nos rostos toda vez que viam alguém que não tinha “sangue-puro”.
Entrei no trem e fui atrás da Mary, mas acabei encontrando o Lupin conversando com umas garotas, junto dele estava o Potter e o Pettigrew, senti vontade de socar todas elas, notei que devia parecer que eu estava com ciúmes porque ele tinha parado de falar e estava olhando para mim, baixei a cabeça e saí quase correndo até que bati em alguém e quase caí.
− Devia olhar por onde anda! − Vociferou Snape, o garoto sem amigos que era bom em Poções e detestava o Potter e amigos.
− Me desculpe. − Disse eu.
− Metida. Só porque metade dos garotos de Hogwarts quer sair com você não quer dizer que pode sair por aí esbarrando na outra metade que não quer para ser notada.
− Eu já pedi desculpas e não quero que peça para sair comigo! Não fiz de propósito!
Ele saiu resmungando mais um monte de coisas que eu não pude ouvir e eu fui para o outro lado me esquecendo para onde ia até que ouvi alguém me chamando:
− Annie! − Era a Shelli, Lily estava do lado dela acenando para mim.
− Oi! Estava procurando a Mary e vocês! Como foi o feriado?
Pouco antes das férias de Páscoa, na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, o prof. Estava nos mostrando um tanque com um kappa, não consegui prestar muita atenção porque o Snape não parava de falar sozinho enquanto escrevia sabe-se lá o que.
No final da aula, quando eu já estava no corredor ele saiu da sala distraído com o que havia escrito e esbarrou em mim.
− De novo?! − Exclamou ele.
− Agora eu não tive culpa! − Falei eu.
− Mas é claro que teve, se não ficasse parada aí com essas Sangues-Ruins eu não tinha batido em você!
− Você costuma usar os olhos? O corredor está entupido de gente e não dava para andar! E não chame ninguém de... Sangue-Ruim!
− Chamo quem eu quiser do que eu quiser. Você não pode me dizer o que fazer.
− É, mas isso não quer dizer que você pode sair por aí xingando todo mundo.
− Certo, e o que você pode fazer?
− Fica quieto!
Nessa altura da discussão nós já tínhamos chamado bastante atenção, mas eu nem tinha muita consciência disso quando puxei a varinha.
− Srta. Backer! O que pensa que está fazendo?
Era o prof. Gilchrist, de Defesa Contra as Artes das Trevas.
− Professor, eu, ahn... Eu... Foi ele, ele que pediu!
− O Sr. Snape pediu que você o azarasse?
− É, bom, não exatamente assim. Ah, ele me deu motivos!
− Seja o que for que ele tenha dito Srta. Backer, não é permitido fazer magia no corredor, vou lhe dar uma detenção.
− Mas...
− Sem mas. Pare de sorrir, Sr. Snape e vá logo para sua aula. Passe na minha sala mais tarde para combinarmos a sua detenção, Srta. Backer.
Saí logo dali, já estava atrasada para a aula de Trato das Criaturas Mágicas, se chegasse àquela hora, provavelmente, o prof. Kettleburn me daria outra detenção, então resolvi ficar na sala comunal.
− Por que você fez aquilo? − Perguntou Mary quando entrou na sala depois da aula.
− Ah, Mary, você não vai ficar me enchendo agora não é?
− Não. Mas devia!
Mais tarde descobri que iria limpar as comadres da ala hospitalar sem usar magia a noite seguinte inteira.
Decidi que o melhor seria ir bem cedo para a ala hospitalar, então jantei cedo e fui correndo para lá.
Depois de passar horas limpando saí com a luz da lua iluminando os corredores. Quando estava passando por um corredor do quinto andar escutei umas vozes conhecidas, era o Lupin, o Black, o Potter e o Pettigrew.
− Remus se acalma! Você achou que encontraria no primeiro lugar que procurasse? − Ouvi o Black dizendo.
− Mas já faz mais de um ano Sirius e até agora nada! − Respondeu a voz triste do Lupin.
− Eu estou começando a desconfiar que não vamos achar em lugar algum aqui em Hogwarts. − Comentou Pettigrew.
“Achar o que?” me perguntei parada atrás da porta da sala em que eles estavam. “O que será que eles procuram há tanto tempo?”
− Mas é claro que tem, tem que ter! A gente só não está procurando no lugar certo. − disse Potter.
− Onde é o lugar certo então? Se isso realmente vai me ajudar tem que ser logo, parece que toda vez fica pior! Dessa última vez eu fiz tanto barulho que dizem terem ouvido no Três Vassouras.
− Mas é claro que vai piorar, você está crescendo não é? − disse Black.
− Isso não me ajuda Sirius.
− Sei disso, mas é óbvio, se você está crescendo como humano também cresce como lobo.
Será que eu estava ouvindo direito? O que eles estavam falando não fazia sentido algum. O que o Três Vassoura tinha a ver com qualquer coisa? E como assim ele estava crescendo como lobo?
− Eu sei disso, vi num livro. − Disse o Lupin parecendo mais triste que nunca. − Mas e se o Dumbledore descobrir o que vocês estão tentando fazer?
− Nós vamos dizer que estamos tentando ajudar nosso amigo lobisomem. − Falou Potter.
Do que o Potter estava brincando? Lobisomem?
− É claro. Ele provavelmente expulsaria vocês por tentarem fazer uma coisa dessas e a mim também por ter dado essa idéia insana a vocês. Sabem que posso matar vocês, não é? Ou, no mínimo, lhes machucar seriamente. Se tivessem noção de como eu fico quando chega a lua cheia...
Então não era brincadeira do Potter? Ele era mesmo um lobisomem?
Um barulho de madeira espatifando no chão me acordou e me fez correr sem parar até chegar ao meu quarto. Pirraça devia ter quebrado alguma mesa ali por perto.
Não dormi rápido, fiquei pensando no que havia escutado, pensei nas idas e vindas dele, realmente eram todas no período de lua cheia, mas não podia ser, Dumbledore deixaria um lobisomem estudar em Hogwarts? Bem, pelo jeito deixa. E agora? Eu estou apaixonada por um lobisomem!
Sonhei com um passeio à noite, eu e o Lupin, e de repente uma nuvem no céu se movia mostrando uma lua cheia e brilhante e o garoto que eu segurava a mão se transformava em um enorme lobo.
Não contei à ninguém o que havia escutado, guardei para mim e tentei tirar o Lupin da minha cabeça e do coração.
Mas agora parecia que ele estava sempre ao meu lado, ele aparecia quando estava na biblioteca, na sala comunal, no Salão Principal, até mesmo na saída do banheiro.
Enfim chegava a final do campeonato de quadribol, não me importava tanto, nunca fui brilhante em vôo, mas isso significava que logo chegariam as provas e as férias de verão.
A Gryffindor ganhou, mais uma vez, o campeonato de quadribol, o Potter marcou sozinho cem pontos, pelo menos ele compensava no quadribol os pontos que perdia fazendo bagunça. Com isso na festa de despedida a decoração não podia ser outra senão a vermelha e dourada da Gryffindor.
Dumbledore se levantou para fazer alguns comunicados:
− Boa noite, queria dizer, para os que ficam ano que vem, que não terão mais aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas com o prof. Gilchrist, que sairá por motivos pessoais.
Com o burburinho que correu pelo Salão o diretor acrescentou:
− Mas não temam, terão outro professor ou professora antes que as aulas comecem. Agora vamos comer este perfeito banquete.
Nessas férias eu iria com meu pai até Edimburgo onde ele lançaria um livro novo, Mary tinha ido para a Nigéria e a Shelli iria ficar na casa de uns parentes no País de Gales.
Voldemort continuava o seu “reinado” e, então, desaparecimentos e mortes se tornavam, infelizmente, comuns. Fiquei bastante preocupada quando li que muitos lobisomens se juntavam à ele e também Inferius, pessoas mortas que eram reanimadas por meio de magia negra.
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