Capítulo 6
Eu já estava na cabine esperando a partida do trem. Olhava pela janela ansiosa a procura de Draco. Aquele tinha sido o pior Natal da minha vida. Minha mãe havia perguntado do cordão e eu acabei contando sobre o namoro. Ela e meu pai não gostaram muito da idéia. Mas eu expliquei que o amava e que nós estávamos bem. Disse que ele tinha mudado e gostava mesmo de mim. Mas o motivo não era esse. Eu não tinha recebido nenhuma carta de Draco. Duas semanas sem notícias dele. Havia enviado três cartas e ele não me mandara nenhuma resposta. Eu estava preocupada e ao mesmo tempo com raiva. Sua demora estava me deixando pior ainda. Rony e Harry tinham ficado no castelo. Faltava apenas 20 minutos para a saída do trem. De repente eu o vi ao lado de Pansy. Ela estava debruçada nele. Aquilo me deixou realmente irritada. Cruzei os braços esperando ele passar pela minha cabine.
-Oi, né? –falei quando ele estava passando.
Ele virou, olhando-me sério. Deixou Pansy e entrou na minha cabine fechando a porta.
-Draco, você pode me falar porque não respondeu as minhas cartas? –indaguei colocando a mão na cintura e franzindo a testa.
-Eu quero terminar.
Ele só disse isso. Não me olhou nos olhos, apenas falou que queria terminar comigo.
-O que?
-Você ouviu. Eu não quero mais namorar você. –falava ele sério.
-Por que isso, Draco? Do que você ta falando? –agora eu estava lacrimejando.
-Eu gosto da Pansy.
-Eu não acredito que você ta fazendo isso comigo...
-Estamos resolvidos. Tchau. –ele falou baixinho olhando para o chão, virando-se e saindo da cabine.
Eu fiquei parada o vendo partir. Senti uma pontada no coração. Como ele podia fazer isso comigo? Como ele podia ser tão frio? As lágrimas caíam dos meus olhos desesperadamente. Eu estava triste. De verdade. Eu sentia-me vazia. Como eu nunca tinha me sentido antes. Era como se ele tivesse pegado o meu coração e pisado em cima dele. Eu queria acordar desse pesadelo horrível. Fiquei sentada no banco chorando e um tempo depois eu adormeci. Pude sentir o perfume de Draco uma hora quando estava adormecida. O sonho parecia tão real. Ele parecia estar ao meu lado de verdade. Quando acordei, as pessoas estavam descendo do trem. Senti minha cabeça latejar e peguei a mala saindo do trem. Quase todo mundo já tinha saído. Meus olhos estavam inchados, notei ao passar por um espelho. Entrei no castelo e fui andando em direção a torre da Grifinória. Cheguei na sala comunal e dei de cara com Harry e Rony sentados perto da porta jogando xadrez.
-Oi. –falei dando um sorriso torto.
-Mione! –Rony levantou e me abraçou forte.
-Oi, Mione. –disse Harry sem graça.
-Oi, Harry. Bem, eu vou subir, estou cansada.
-Você andou chorando?
-Não. Vou subir. Beijos.
Cheguei no quarto, as meninas correram pra falar comigo. Nós ficamos conversando um pouco de depois eu fui dormir. Quando abri a gaveta achei o coração que ele tinha feito pra mim. Segurei o cordão e uma única lágrima caiu dos meus olhos.
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Na manhã seguinte eu não fui às aulas. Fiquei apenas deitada na cama molhando o travesseiro com as minhas lágrimas. Desci para almoçar e quando estava passando, Pansy estava com o braço envolto no de Draco tagarelando feliz. Ele não parecia estar nem um pouco apaixonado nem nada do tipo. Mal prestava atenção nas coisas que ela dizia. Como ele podia estar gostando dela? Quando ele me viu, ficou apenas me olhando. Eu estava triste, não sabia esconder isso. No almoço Rony sentou ao meu lado.
-Mione, você e o Malfoy terminaram? –perguntou discretamente.
Eu confirmei com a cabeça olhando de relance para a mesa da Sonserina. Ele estava com a mão apoiada no queixo e brincando com a comida.
-Por quê?
-Não sei, Rony... Não sei.
-Como não sabe, Mione?
-Ele não deu motivos. Apenas terminou comigo. –contei triste. Agora o loiro olhava para mim.
-Babaca. –xingou comendo um pedaço de torta.
Ele levantou e saiu com raiva do Salão Principal deixando a menina sozinha na mesa. Eu não conseguia comer. Eu tinha vontade de vomitar, eu estava triste, estava com raiva. Queria pular sobre aquela idiota e enfiar a mão na cara dela. Levantei um tempo depois e fui caminhar pelo jardim. Lá estava ele. Sentado como das outras vezes. Aquele era o nosso lugar.
-Draco... –chamei me aproximando.
-O que? –disse sem se virar.
-Como você pode me falar que gosta dela? Como você pode simplesmente chegar pra mim e terminar comigo? Depois de tudo que nós passamos.
-Mione, foi muito legal o nosso namoro, mas acabou.
-Você não pode gostar dela! Antes de você viajar a gente tava bem! O que aconteceu?
-Eu descobri que eu gostava dela, Hermione. A gente passou o Natal junto. Desculpa, mas eu não posso fazer nada. –eu estava parada em sua frente e ele não me olhava nos olhos.
-Você é um idiota. –falei olhando para ele com desprezo.
Cruzei com Pansy quando estava quase entrando no castelo.
-Coitadinha da Granger... Como você se sente sendo trocada por mim? –desdenhou sorrindo.
-Fica quieta, sua estúpida.
-Granger... Você acha mesmo que ele gostou de você algum dia? Olha pra você!
-Garota, cala a boca...
-É... Quem ta beijando o Draco agora sou eu. Quem vai dormir com ele agora sou eu...-dizia ela rindo.
Realmente ela queria um soco na cara. Não, ela estava implorando por um. Enfiei a mão em seu nariz e ela começou a chorar e gritar desesperadamente. Seu grito era insuportável. Estava sangrando e quando ela percebeu berrou mais ainda. Draco olhou pra trás assustado e veio correndo. Eu apenas virei e entrei no castelo.
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Uma semana e meia havia se passado desde o dia em que Draco tinha terminado comigo. Eu não estava bem, só conseguia pensar nele, não comia direito, não estava estudando e nem os deveres eu fazia. Rony estava preocupado. Sempre tentando me animar e tentando enfiar alguma comida na minha boca. Não tinha coragem de tirar o cordão do meu pescoço. Era incrível, mas o D não estava mais aparecendo. Agora a única letra que aparecia era o H.
-Mione...-ouvi Harry chamando quando eu estava indo para as masmorras.
-O que, Harry? –virei.
Ele vinha sendo legal. Tinha pedido desculpas milhares de vezes e eu decidi perdoá-lo. Eu não ia ficar guardando mágoas de ninguém. E ele sempre fora meu amigo. Talvez devesse dar mais uma chance.
-Preciso falar com você...
-Fala. -eu parei e ele se aproximou de mim.
-Olha, eu queria te pedir uma coisa...
-O que?
Ele foi chegando perto de mim e me beijou. Eu me assustei, mas retribui o beijo.
-Harry, não... –pedi olhando para o chão.
-Por que? –ele estava segurando meu rosto e me olhando nos olhos.
-Eu amo o Draco. –confessei.
Eu me soltei e quando olhei para os lados vi meu ex-namorado encostado de braços cruzados na parede. Eu soltei Harry e fui andando para fora das masmorras. Senti um braço me segurando quando já tinha saído de lá.
-Harry, não...-eu virei e dei de cara com aqueles profundos olhos cinzas. - O que você quer?
-Eu não consigo fazer isso. –confessou ainda sem tirar os olhos dos meus.
-Do que você está falando? –eu estava confusa.
-Eu não agüento mais! Não agüento mais fingir que ta tudo bem. Eu não agüento mais te ver chorando pelos cantos. Não agüento ficar longe de você. Nem de aturar aquela coisa horrorosa no meu pé. E a cicatriz ambulante te cercando. –ele estava com os olhos molhados.
-Do que... Você terminou comigo! Eu não to te entendendo. –olhava para ele atônita.
-Eu terminei com você porque meu pai me obrigou a fazer isso. –explicou com raiva.
-O que?! –berrei arregalando os olhos.
-Não grita. –ele me puxou para um canto mal iluminado. - Mione, eu te amo. Você sabe que eu te amo. Meu pai falou que se eu não terminasse, ele ia matar você. Falou que eu teria que pedir a Pansy em namoro e não deixou eu responder as suas cartas. Só que eu não consigo, Hermione. Eu te amo. Eu não consigo ficar longe de você.
-Eu não acredito nisso... –eu estava pasma.
-Eu te amo...
Eu o beijei. Como era bom encostar seus lábios nos meus. Como era incrível sentir o gosto da sua boca. Eu coloquei a cabeça em seu peito e o abracei chorando. Como eu sentira falta daquele cheiro. Como era bom estar em seus braços novamente.
-Desculpa... –pediu sem jeito.
-Eu te amo, Draco... Mas o que nós vamos fazer?
-Eu já pensei nisso. –comentou sério.
-E...?
-O ministério está atrás do meu pai, Mione. Eu vou dizer onde é a minha casa e eles vão pegá-lo. Ele vai para Azkaban e daqui a um ano nós vamos poder casar.
-Casar? –indaguei nervosa.
-É obvio. Você acha que eu estou fazendo isso porque você é minha namoradinha de escola? Eu te amo, Hermione. Eu nunca amei ninguém. Eu quero passar a minha vida com você. Eu tenho certeza disso.
-Ele é seu pai...
-Você é a mulher que eu amo. E meu pai é um Comensal da Morte. Eu prefiro você ao meu lado. –admitiu passando a mão pelos meus cabelos.
Era lindo o que ele estava falando. Isso tinha me deixando completamente derretida. Ele ia dar a liberdade do seu pai porque me amava. Olhei para o pingente na hora em que a letra D voltava a aparecer.
-Draco... Quando nós estávamos separados o D não apareceu nenhuma vez.
-As duas letras só aparecem quando nós estamos juntos. –explicou o garoto sorrindo.
-Eu não quero que você se meta em problemas por minha causa, Draco.
-Hermione, eu já decidi. –completou.
Nós fomos para a Sala Precisa.
-Você nem imagina como eu senti sua falta, Hermione. –comentou ele depois de me beijar.
-Eu também. –nós não conseguíamos parar, eu precisava dele mais que qualquer coisa naquele momento.
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Na manhã seguinte, acordei nos braços de Draco. Ele dormia calmamente. Seu peito nu descia e subia de acordo com sua respiração. Passei a mão pela sua barriga e me inclinei beijando-o na boca.
-Bom dia, amor. Nós temos aula. –eu estava me levantando da cama quando ele me puxou fazendo-me dar um gritinho.
-Não, você não vai sair daqui. –ele estava com os olhos pouco abertos e morrendo de sono.
-Draco, nós temos aula. Nós matamos aula ontem e dormimos fora dos quartos.
-E foi bom. Então nós podemos ficar aqui hoje o dia todo também. E depois e depois...
-Draco, vamos?
-Não, você não vai sair daqui. –ele estava me segurando e ficou por cima de mim, prendendo-me com os braços.
-Draco Malfoy, deixa eu colocar minha roupa? -pedi rindo.
-Mas você fica tão melhor sem ela. –ele riu também.
-Não, eu não fico.
-Claro que fica. E você não vai sair daqui agora. –avisou sorrindo maliciosamente.
-Ah, Draco, nós acabamos de acordar...Nós fizemos a noite inteira... Você não cansa?
-Não, eu não canso, e você pelo visto ontem não estava nem um pouco cansada. –ele me olhava rindo.
-Nós temos 40 minutos. –avisei.
-Ótimo!
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