A partida e a solução.
Mais tarde, no fim daquela tarde, todos se reuniram na sala de estar para despedirem-se de Lupin e Moody, que planejavam ir á Romênia atrás de uma alcatéia de lobisomens dos quais tinham notícia não estarem ao lado de Você-Sabe-Quem. Hermione desceu com relutância, passando do lado de Rony e Lilá sem olhá-los e se postando ao lado de Ginny, com arrogância.
- Você está bem? - perguntou a garota, olhando pra Mione e pegando no braço dela.
- Òtima. Melhor impossível. - disse a garota, forçando um sorriso.
Rony não tirava os olhos dela, visivelmente perturbado por ver-se de mãos dadas com Lilá. Lupin desceu as escadas de mãos dadas com Tonks, que estava visivelmente tentando esconder as lágrimas enquanto Moody já se encaminhava para a porta:
- Andem com isso! Quero estar fora de Londres antes que anoiteça! - rabugento como sempre, Moody não fez menção de cumprimentar ninguém, mas, Harry se adiantou estendendo-lhe a mão. O Olho normal de Moody fixou-se na mão estendida e a apertou com força.
- Boa sorte, professor. - Harry não imaginava o porquê, mas, se sentia emocionado.
- Vou precisar, garoto. - E um leve sorriso apareceu nos lábios deformados de Olho-Tonto. - Bem, bem... Agora chega de melação e vamos logo, Remo! Lembre-se que eu...
- ... quer estar fora de Londres antes que anoiteça... sim, sim, já entendi Alastor. - disse Lupin cansado, beijando a mão de Tonks e virando-se para Hermione. - Mione, quero que saiba que como seu ex professor, estou muito orgulhoso da sua decisão de ter ficado conosco ao invés de esconder-se com sua família trouxa. - Ele beijou a mão da garota e Hermione murmurou:
- Obrigada, professor. Tenha cuidado. - Lupin sorriu e virou-se para Ginny.
- Ginny, prometo te trazer um pufoso novo, para fazer par com Arnoldo. - A garota riu e abraçou o professor, que virou-se para Rony.
- Hey, Rony... Bom, nos vemos em breve, cara. - ele apertou a mão de Rony e virou-se pra Harry. - Harry... Tome cuidado.
- Você também, professor... - E os dois se abraçaram como se fossem irmãos.
- Seu pai teria ficado muito orgulhoso de você, Harry. James gostaria muito de estar ao seu lado. - Harry sentiu como se uma pedra estivesse presa na sua garganta.
- De você também. Ele ficaria feliz de saber que o melhor amigo dele está se arriscando pra lutar contra Ele.
- È... gosto de pensar assim. Bem, cuide-se, Harry. - Ele deu um tapinha nas costas do garoto e virou-se para Molly e Arthur. Ginny puxou Harry pra perto dela e o abraçou pelos ombros.
- Bom, Molly... Arthur... cuidem bem dos meninos e façam oque devem ser feito. - Molly tinha um lenço pressionado contra a boca e soluçava baixinho.
- Remo... Tome cuidado.
- Vou tomar, Molly... Vou tomar... - Eles se abraçaram. - Cuide bem da minha Tonks.
E então virou-se pra ela. Os dois se olharam longamente nos olhos. E sem aviso, Tonks pulou nos braços dele, beijando-lhe os lábios. Ginny e Hermione soluçaram. Lupin deixou cair as duas malas que segurava e ergueu-a do chão pela cintura. Lágrimas corriam de seus olhos. Quando seus lábios desgrudaram, ele segurou o rosto de Tonks entre suas mãos.
- Você prometeu... Você prometeu... - sussurrou Tonks, chorando.
- E vou cumprir. - Lupin também chorava. - Eu vou voltar.
- Vai mesmo?
- Vou... eu prometi. Nem que seja a última coisa que eu faça. Tome cuidado... E por favor, não encha a cara. - Ele riu entre as lágrimas e Tonks fez o mesmo.
- Ok... mas... quem vai passar spray anti-pulgas em você, quando eu estiver longe?
- O Alastor pode dar um jeito. - Todos riram e os dois sorriram. - Eu te amo.
- Eu também te amo. Tome cuidado... E volte logo.
- Sim. - Os dois se beijaram novamente e Lupin apanhou as malas, colocando-se ao lado de Olho-Tonto. - Bem, até logo, pessoal. - E com um último olhar para Tonks, virou as costas e sumiu pela porta de entrada. Molly agarrou a moça pelos ombros e a abraçou.
- Oh, Tonks... venha, minha querida... Vamos tomar um chá. - Tonks soluçou no ombro de Molly até a cozinha, quando se largou numa cadeira.
- Ele... - disse enxugando as lágrimas, enquanto todos os outros entravam no aposento. - Ele me pediu em casamento, Molly.
- Oh, mas, isso é maravilhoso!! - exclamou a Sra. Weasley abraçando Tonks, enquanto Hermione e Ginny trocavam sorrisos.
- È mesmo, Tonks... é incrível! - Disse Hermione aproximando-se e colocando a mão no braço de Tonks. - Claro que o professor Lupin está sem emprego, e sem casa, mas, vocês darão um jeito.
- Hermione, não seja tão animadora! - exclamou Ginny franzindo a sobrancelha e apoiando-se nos ombros de Tonks.
- Só estou sendo realista... Afinal, casamento não é brincadeira! Eles deviam pelo menos ter pensado direito nisso... Me espanta que o professor Lupin não...
- Já chega, já chega... - interrompeu-a a Sra. Weasley enquanto Tonks parecia não ter ouvido uma palavra, com o rosto enterrado nas mãos, chorando. - O que importa é que vamos ter mais um casamento este ano!
- Se ele voltar vivo dessa droga de missão... - sussurrou Tonks apoiando a face rosada do choro na mão. - Aí, vou querer me casar no mesmo dia. Com o pufoso da Ginny de buquê.
- Sabe, eu sei como a Tonks está se sentindo... - disse Ginny alguns minutos mais tarde, dividindo uma poltrona com Harry. - Ser deixada pra trás pelo amor. Foi o que algum imbecil fez comigo algumas semanas atrás, sabem? Não vou dizer o nome, mas, estou olhando pra ele. - E ela ergueu uma sobrancelha pra Harry. Hermione deu risadinhas, tapando a boca com a mão e Rony entrou com Lilá. Hermione calou-se.
- Han... Lilá... Será que você poderia... Sei lá... - gaguejou o garoto, muito sem graça.
A garota enrubesceu na hora e soltou a mão de Rony.
- Hum, sim... Claro. Vou... Ficar com papai. - e afastou-se, ligeiramente magoada. Rony atirou-se na poltrona á frente de Harry e Ginny e suspirou:
- Argh, estou enlouquecendo! Ela não dá uma brecha para...
- Vou me deitar. - Hermione levantou-se do tapete em que estava sentada e passou ao lado de Rony, sem olhá-lo. - Boa noite, Ginny, boa noite, Harry.
- Hermione... Está cedo... - Ginny começou, mas, Hermione apenas abanou a cabeça lanzuda e murmurou com a voz ligeiramente esganiçada:
- Não, não... Quero me deitar logo, foi... um dia cheio.
- Mione... - Rony começou, mas, a garota virou-se com os olhos muito abertos, brilhantes de lágrimas e gritou:
- Não fale comigo, Ronald! E não ouse me chamar de Mione!
E deixando todos pasmos, subiu correndo as escadas, sob os gritos da Sra. Black no corredor.
Naquela noite, quando Harry foi se deitar após ter ficado até tarde com Ginny na sala de estar, ouviu os roncos fingidos de Rony do outro lado do quarto. Claramente, o amigo não dormiria aquela noite.
- Bom dia. - disse Hermione ao sentar-se na mesa com Ginny, Harry, Rony, Lilá, Tonks e os outros Weasley.
- Bom dia. - Todos responderam de volta, Rony mais alto do que deveria, oque fez com que Lilá franzisse a testa.
- Hermione, querida... Sente-se bem? - perguntou a Sra. Weasley, oferecendo á garota uma travessa de pãezinhos recém saídos do forno.
- Estou ótima. Realmente ótima. - Hermione deu um sorrisinho trêmulo e aceitou a travessa. Mas, claramente ela não estava ótima. Seu rosto estava todo manchado, como se tivesse chorado a noite toda e olheiras fundas marcavam seus olhos. Rony também tinha olheiras roxas embaixo dos olhos azuis.
- Pois não parece, querida. - A Sra. Weasley apanhou a travessa de volta e olhou pra Rony. - Você também, querido. O que fizeram, resolveram os dois passar a noite em claro?
Por um breve instante, os olhos escuros de Mione cruzaram-se com os de Rony antes de abaixarem-se para o prato em evidente mágoa.
- Acho que ainda não nos acostumamos com... a casa.
- Mas, minha querida... Vocês vem aqui desde quando Sirius estava vivo...
- Sim, sim... Se me dá licença, Sra. Weasley, vou subir.
- Mas, Hermione, você nem comeu...!
- È... Estou sem fome. - E sem mais palavras afastou a cadeira e levantou-se, ao passar ao lado de Rony e Lilá, porém, o garoto segurou-a pelo braço:
- Hermione...
- O que foi, Ronald? - ela praticamente gritou, puxando o braço pra longe dele. - O que eu te disse ontem não ficou claro? - E subiu as escadas correndo. Rony olhou desolado para o prato, enquanto um silêncio constrangedor crescia na cozinha.
- O que ela quis dizer? Vocês conversaram sobre alguma coisa ontem? - Lilá perguntou, de cara fechada. - Hein?
- Ah, que saber de uma coisa, Lilá? Tudo isso é culpa sua! - Rony enfureceu-se, levantando-se também.
- Mi-minha culpa? Rony, eu não...
- Você simplesmente chega aqui e resolve que nós voltamos e não sai do meu pé um segundo, só porque eu ofereci meu apoio num momento difícil pra você! Você simplesmente fecha sua cabecinha no seu mundinho e acha que tudo...!
- Então é isso? Eu já entendi. - Lilá levantou-se, com lágrimas banhando-lhe os olhos. - Você me usou!
- O quê??? VOCÊ me usou! - Rony exclamou, como se achasse a garota louca. - Você precisava de calor humano e veio buscar no lugar errad...
- È por causa da Hermione Granger, não é? - Lilá chorava abertamente agora. - Você gosta dela, não é?
- A-a-a-a-a questão não é essa! A questão é que... - gaguejou ele, gesticulando muito.
- A questão é exatamente essa. Você sempre gostou dela... Não é? - Ela foi se encaminhando pra porta. - Suponho que eu tenha estragado o romancinho de vocês. Mas, fique tranquilo, Rony. Não acontecerá de novo. Vou mandar uma coruja a papai nesse exato momento. E então você não me verá mais. Feliz? - ela deu um soluço e virou-se para subir as escadas correndo também. Rony ficou sem ação, com os longos braços pendurados ao lado do corpo. A porta no andar de cima de fechou e ele olhou para todos os ali presentes:
- Bom, que bom que ela entendeu!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!