Problemas Duplos.
Assim que passou pela porta do quarto, Hermione sentou-se na cama, muito ereta, olhando para o nada.
- Engraçado... não é? - sussurrou ela, assim que Ginny fechou a porta do quarto.
- O que, minha querida? - murmurou Ginny, sentando-se e passando a mão pelos cabelos de Hermione.
- Sempre que algo de bom vai acontecer entre Rony e eu, a Lilá aparece e estraga tudo. Já deveria ter me acostumado... Quero dizer, não devia ter sido um grande choque... Afinal... - A voz da garota falhou neste momento, e ela enterrou o rosto nas mãos, soluçando em altos brados. Seus ombros balançavam incontrolávelmente e ela não segurava os gemidos de tristeza que saíam de seus lábios. Ginny, por sua vez, segurava-a, apoiando a cabeça na garota que praticamente uivava:
- Hermione, fique calma... Fique calma...
- Ele... ele... - Mas, soluços muito altos a impediram de prosseguir e de novo ela ferrou no choro. Ginny acariciava o cabelo da amiga. - Ele... tentou meu beijar, Gin! - exclamou ela, ao que a garota escancarou a boca, chocada.
- Sério...?
- Foi! E agora... Ele beija a Lilá! - Ela fechou os punhos e deu socos nas próprias pernas, gritando de ódio. - Na minha frente!
- Mas, Mione... Ele não pôde fazer nada... Aquela vaca simplesmente grudou nele!
- Oh, Ginny... Você não viu? Ele nem ao menos TENTOU se afastar!
- Porque ele não estava esperando que aquela loira aguada fosse...
- Isso não justifica nada! - Hermione chorava ainda mais, se é que isso era possível. - Sabe, por um momento ele me fez acreditar que o que eu esperei por ANOS ia acontecer, que ele... Que ele também sentia o que eu sinto... E um segundo depois ele se atraca com aquela maldita vaca e...
- Hermione, pense bem...
- Não, Ginny! - Ela gritou com força, fazendo a garota calar-se. - O que Ronald fez, não tem perdão! Ele me enganou... me fez de completa palhaça. Isso... isso... Eu não... Eu o odeio. Odeio. E tem mais... Se não dei uma chance para o Krum antes, foi por causa do completo idiota do seu irmão.
- Hermione, mas, você não vai dar chance pro Krum... Não pode fazer isso!
- Por que o seu irmãozinho querido não iria gostar? Ginny, não quero mais nada com ele. Mais nada. De hoje em diante Ronald Weasley não significa nada para mim. È hora de cair na realidade... - Ela respirou fundo, segurando o choro. - Seu irmão não gosta de mim. È hora de seguir em frente... Parar de esperar pelo impossível, e me concentrar em ajudar Harry em sua missão com as Horcruxes. - Ela enxugou as lágrimas com os dedos. - È, é isso o que devo fazer. E se surgir de Krum um possível pedido de nos encontrarmos novamente, eu aceitarei na hora. - Ela ergueu a cabeça, numa expressão bem Hermionesca de decisão.
- Mione, O Rony gosta de você. Isto é mais do que óbvio. Logo tudo isso não passará de um mal entendido, você vai ver... - Ginny tentou insistir, mas, Hermione olhou pra ela com os olhos bem abertos:
- Com licença, Ginny, quero ficar sozinha.
- Isso não vai adiantar nad...
- POR FAVOR!
Ginny franziu as sobrancelhas e disse:
- Ok, Hermione... Òtimo. Mas, você está muito errada. Muito errada. - disse antes de sair. Assim que Ginny fechou a porta, Hermione deitou-se na cama e afundou a cara no travesseiro.
Lupin entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. Tonks andava de um lado para o outro, de braços cruzados, mordendo o lábio inferior. Assim que ele entrou ela parou de andar e olhou pra ele, desolada:
- Remo, você não vai!
- Tonks, querida... Isso não vai adiantar nada. - Ele sussurrou, encaminhando-se para o seu malão e despejando as roupas na cama. Tonks pulou em cima da cama e segurou a tampa do malão com força, para mantê-lo fechado.
- Não.
- Tonks, não torne tudo mais difícil...
- Me deixe ir com você, então.
- Não, de forma alguma. Jamais.
- Por quê??
Lupin sentou-se ao lado dela na cama, tristemente. Seus olhos azuis ergueram-se pra ela e ele deslizou sua mão pela bochecha da moça.
- Certos sacrifícios devem ser feitos, minha querida. Você precisa entender que cada um tem um destino. Se eu morrer nessa busca assim será, porque é meu destino, é minha função tentar reunir os lobisomens para o nosso lado. Mas, não é a sua, meu amor. A sua função é ficar e garantir que tudo fique bem aqui...
- Como você ousa dizer que vai morrer? Como quer que eu entenda? Como? - Tonks levantou-se, empurrando as mãos de Lupin pra longe e agarrando os cabelos com as mãos. De rosa chiclete, eles passaram para cinza opaco. Lupin levantou-se e seguiu-a:
- Você tem que estar pronta para o pior. Nem todos os lobisomens são ruins como os que vimos na invasão ao castelo. Existem lobisomens como eu. E quero encontrá-los. Mas, para isso, basta que eu e Olho-Tonto corramos riscos. Você não. Nunca você.
Tonks abaixou a cabeça, resignada. Conhecia Lupin como ninguém. Eram muitos anos de convivência, desde a amizade na adolescência de seu primo Sirius com ele, quando ela era apenas uma garotinha. Estava sem saída, teria que fazer o que ele estava pedindo.
- Você vai... Vai partir hoje? - ela sussurrou, de cabeça baixa, apertando os nós dos dedos.
- Sim. Pretendo sair antes de anoitecer... - Ele voltou a arrumar a mala, colocando as roupas que Tonks amassara de volta no malão. - Olho-Tonto também deve estar arrumando suas malas nesse exato instante... - De repente, Lupin parou e sentou-se na cama, com as duas mãos comprimindo o rosto. Tonks correu e ajoelhou-se á sua frente:
- Lupin, meu querido...
- Eu não queria te deixar, Tonks, eu juro que não queria... Queria você comigo, mas, não posso suportar a idéia de sair ferida ou morta disso...
- Tudo bem... Eu vou ficar bem. Vou encher a cara de todo o tipo de bebida bruxa e trouxa depois que você for embora, claro, e viver bêbada pelos corredores, mas...
Lupin riu e segurou o rosto de Tonks entre suas mãos.
- Por isso te amo tanto, minha metamorfomaga bêbada...
- Também te amo, seu lobisomem pulguento... - Os dois beijaram-se com sofreguidão, dando um abraço forte. As mãos dos dois passeavam pelo corpo um do outro com leveza, e Tonks murmurou, com lágrimas nos olhos, desgrudando-se do beijo:
- Me prometa que vai voltar... Prometa.
- Eu te prometo. - Lupin sorriu e em seguida algo iluminou-se no seu rosto. Era algo totalmente louco de se fazer, tendo em vista que ele não tinha emprego, não tinha dinheiro e nem mesmo tinha aonde morar, mas, aquele era o momento certo. - Desde que me prometa que se casará comigo, quando eu voltar.
Tonks arregalou muito os olhos azuis e deu um gritinho, tapando a boca com a mão. Lupin gargalhou.
- È s-sério..? Você quer mesmo casar com..comigo? - Ela levantou-se de um pulo e tropeçou em uma cadeira, derrubando-a. - Sério mesmo, Remo?
- Sério mesmo. - Riu Lupin, levantando-se também e passando as mãos pela cintura dela.
- Voc-você não está dizendo isso por que acha que vai morrer, e daí vai me deixar igual idiota aqui?
- Hahahaha, não.
- Ahh... - Tonks deu um grande sorriso. - Podemos chamar As Esquisitonas pra tocar no casamento?
Mas, Lupin já tinha grudado seus lábios nos dela, beijando-a apaixonadamente. Afastaram as barreiras que eram as roupas e se amaram na cama velha de dossel, com a Sra. Black ainda gritando no corredor.
Ginny encontrou-se com Harry e Rony, sentados na sala de estar em poltronas.
- Parabéns, seu imbecil! - exclamou Ginny batendo palmas quando viu Rony sentado na poltrona. Rony olhou-a com cara de não-estou-entendendo-nada e Ginny sentiu tanta raiva do irmão que fechou as mãos e encheu-o de socos nos ombros, braços e peito. Rony tentava segurar as mãos de Ginny, mas, como ela era rápida com os braços graças ao quadribol ele mal conseguia se esquivar dos golpes. Só foi salvo de levar um soco no nariz, por Harry, que agarrou a namorada por trás e a puxou pra longe do garoto, que estava branco como cera.
- Ginny? O que por Merlin você está fazendo??? - Rony gritou, levantando-se da poltrona e esfregando os braços com força.
- Te dando o que você merece! Me solta, Harry! Me solta, droga! - Ela empurrou Harry com as duas mãos e enfiou o dedo no nariz de Rony. - Porque você é tão idiota que merece levar uma surra!
- Você está falando da Mione, não está? - Perguntou ele infeliz, sentando-se de novo, murchinho.
- Mas, é claro que estou! Como você pôde... como??
- Eu não pude fazer nada!
- Ah, não? Não pôde?? Que desculpa mais idiota! Você não fez nada porque é um covarde fraco, é isso oque você é!
Rony balançou a cabeça e olhou pra Ginny:
- Ela está... brava comigo...?
- Nããããão, imagine! Só porque vocês quase se beijaram e em seguida você beija a Lilá? CLARO QUE NÃO, QUEM FICARIA BRAVA? - Esbravejou Ginny. Rony jamais a vira tão furiosa, pondo em conta a vez em que ele, Fred e George haviam roubado todas as suas calcinhas e colocado fogo nelas.
- Você e a Hermione se beijaram...? - perguntou Harry de boca aberta. Era claro que ele achava isso gravíssimo.
- Não... A campainha tocou e... Mas, isso não é da conta de vocês! - exclamou ele, muito vermelho. - E você acha que eu estou me sentindo bem com tudo isso, Ginny?
Você acha que eu estou feliz de ter magoado a Mione e ter sido agarrado pela Lilá na frente de todo mundo?
- Se não está feliz, seu panaca, conserte essa merda de situação antes que fique pior! Desse jeito, quem sabe a Hermione te perdoe... Harry, sabe o que eu não entendo...? - Ginny olhou para o seu namorado, com os olhos estreitos. - È como você consegue ser amigo de alguém tão idiota quanto o meu irmão... - E para Rony. - Vai ficar parado aí como uma gárgula? Faça alguma coisa, estou mandando... Ou eu juro pela alma de Dumbledore, que vou azarar você com o pior feitiço que eu conheço!
Rony fez cara de terror e em seguida, disse:
- Você acha que eu ia deixar tudo assim? Você realmente acha que eu ia deixar a situação desse jeito e... e... - Ele engoliu forte. - Perder a Mione?
Por um instante, Ginny e Harry sentiram muita pena do amigo. O garoto parecia prestes a cair no choro. Ele recostou-se na poltrona e colocou as duas mãos em cima da boca.
- Olhe... - disse Ginny. - Se precisar, eu falo com Hermione...
- Não... Não. - Ele murmurou, abaixando as mãos. - Você tem razão, Gin... A culpa é toda minha, eu tenho que consertar tudo. Eu sei que a Mione sente por mim oque eu sinto por ela. - Ele sorriu. - Sei mesmo, cara. Hoje nós dissemos tantas coisas e...
Nossos sentimentos... Bem, não tem mais oque esconder, não é mesmo? - Ele deu um sorriso triste. - Nem eu nem ela conseguimos. Sou um idiota, não sou?
- Você é. - disse Harry concordando com a cabeça.
- È. Você é. - completou Ginny, chegando mais perto e passando a mão nos cabelos ruivos do irmão. - Teve tanto tempo pra ficar com a menina que você gosta e só resolveu realmente ficar com ela, agora, quando os dois correm risco de morrer. Você é mesmo um idiota.
Os três deram risadinhas tristes e Ginny abraçou o irmão pelo ombro.
- O que você pretende fazer? Falar com a Lilá primeiro?
- Imagino que... - Mas, nesse exato instante, Lilá chamou Rony da porta da cozinha:
- Rony... Amoor...? Venha aqui.
Rony gelou e ficou muito vermelho. Ginny ia se virar para retrucar pra menina calar a boca quando ouviu-se a voz do pai de Lilá:
- È garoto, venha cá.
Rony fez uma expressão de terror e Ginny disse:
- Ok, mas, Harry e eu vamos junto. - Muito apreensivo, Rony foi seguido pelo casal até a cozinha, onde Lilá o segurou pelo braço e o puxou até a mesa, aonde estavam sentados, o Sr. Arthur, Molly e o Sr. Brown, com um sorriso nos lábios:
- Então... È verdade que o Sr. é o goleiro de quadribol da casa da minha filha? Eu também fui goleiro do time da Grifinória quando era rapaz! - ele exclamou, olhando pra Rony, que ficara escarlate. - Fico feliz que o namorado da minha filha tenha o mesmo talento que eu tive.
- Namorado... Da sua filha...? - A Sra. Weasley arregalou os olhos. O Sr. Brown olhou pra Lilá e Rony.
- È sim, nós voltamos, Rony e eu. - Lilá disse, muito segura de si, segurando Rony pelo braço. O garoto não sabia oque dizer, e Harry e Ginny se entreolharam, sem saber oque fazer.
- È verdade, Rony? - murmurou a Sra. Weasley, sem acreditar. Rony estava num beco sem saída. Tinha que dizer a verdade.
- Ahn... Bem... Eu... - começou, mas, então, Fred e George Weasley aparataram com um craque muito alto, bem atrás de Harry e Ginny, que deram um salto com o susto.
- Fred! George! Aonde estavam, meninos??? - gritou a Sra. Weasley se levantando e puxando os dois pelos braços. - Fiquei preocupada! Saem assim, nem me dizem aonde vão!
- Relaxa, mamãe... - disse Fred soltando o braço. - Fomos resolver uns lances com Lino Jordan.
- Artigos não comerciáveis classe A. - completou George sorrindo.
- Ahhh... Eu que fique sabendo que artigos são esses e vocês estarão completamente enrascados se for algo grave, mocinhos!
- Qual é, mamãe... - reclamou Fred, pegando um bolinho da mesa.
- Nada que cause uma explosão muito devastadora. - riu George sentando-se e pegando um bolinho também.
- Harry... - Ginny sussurrou no ouvido dele. - Tira o Rony daqui. Tá impossível de consertar essa situação. Eu falo com a imbecil da Lilá.
Mas, antes que pudessem tomar qualquer atitude, Lilá puxara Rony pela mão, exclamando:
- Venha, Rony... Tem um jardim lindo ali... Vamos dar uma volta. - E em menos de 3 segundos tinham desaparecido.
- Sabe... È tão bom ter você, nesse momento. - Sorriu Lilá, balançando o braço de Rony pra frente e pra trás pela mão. Os dois caminhavam em cima das folhas molhadas da chuva recente, sob um céu cinza. Rony não havia dito nada até então. Não sabia como acabar com a felicidade de Lilá. - Quero dizer, ter alguém que eu ame do meu lado quando perdi meu primo.
Rony arregalou os olhos. Ama? Ela disse que o amava? Droga. Isso não estava no acordo.
- Han... Lilá... Bem... Eu... - Rony coçou a cabeça, olhando para os pés, muito sem graça. Como podia dizer pra garota sumir, logo após ela ter dito que o amava? - O problema é...
- Não, Rony... Não precisa dizer nada. - Ela sorriu, passando a mão no braço dele. - Sei que você não é do tipo que faz declarações... - Ela deu um selinho nele, e passou os braços em volta do corpo do garoto. - Oh, olhe. Está chovendo.
" È, até o céu chora pela Mione e por mim"... pensou ele, tristonho.
No andar de cima, sentada na beirada da janela, Hermione os olhava com lágrimas de mágoa.
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Novamente, gostaria de dizer ás pessoas que lêem minha fic, para comentarem fazendo críticas ou elogios á minha narrativa.
Preciso de opiniões, gente! =P
Beijo, Marotos.
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