Retornos
O despertador tocou. Marcava oito e meia da manhã. Era domingo, dia 1º de agosto. Dia de retornar a Hogwarts. A mini “festa-banquete-reunião” realizada no dia anterior para comemorar o aniversário de Harry terminou por volta de meia-noite. Se dependesse de Harry, Rony e Gina, a noite terminaria mais cedo. Era visível a ansiedade dos jovens em reencontrar Hermione, principalmente, após a amiga ter dado sinal de vida por meio de um presente. Harry acordou de um salto. Mal tinha pregado os olhos. Seu malão já estava arrumado, Lupin o obrigou a arrumá-lo no sábado à tarde. Só faltava pôr Edwiges na gaiola, tomar banho e comer alguma coisa. Pouco antes das dez, os Weasley’s passariam no Lago Grimaldi pra que pudessem ir juntos para a estação de trem.
Faltavam quinze minutos para as dez e Harry já estava arrumado, olhando para o relógio, impaciente. A cena era estranha, pois Harry era um atrasado por essência. Seus “tios” estavam conversando, por assim dizer. Na verdade, Lupin estava repreendendo Sirius por alguma coisa que o cão teria feito. Toda manhã era a mesma coisa. Enquanto o lobisomem tecia o seu discurso, Sirius observava o afilhado que já tinha levantado e estava andando pela sala.
- Harry, eles já vão chegar. – disse Sirius, interrompendo a fala de Lupin e continuou – Não precisa ficar preocupado. Vocês vão chegar a tempo e encontrar a Hermione. Agora pare de ficar andando pra lá e pra cá porque não quero que gaste o meu chão!
- Desculpa, Sirius – disse o garoto e depois de se aproximou – Estou muito ansioso. Já são quase dez e nada. Hoje eu não quero chegar atrasado...
Os Weasley’s chegaram às dez e quinze. O barulho da buzina serviu para tranqüilizar Harry. Antes disso, o garoto já tinha ameaçado duas vezes a ir embora sozinho e Sirius também havia oferecido carona ao afilhado, mas Lupin os convenceu a esperar. Tendo consciência do atraso, a Sra. Weasley mandou Rony sair do carro encantado para ajudar Harry com as malas. Somente com tempo para rápidas despedidas, Harry entrou no carro, seguido de Rony e partiram a toda velocidade.
Faltavam apenas dez minutos para o trem partir quando Sr. Weasley finalmente conseguiu estacionar o carro. Todos saíram em disparada com destino a Plataforma 9 ¾. Quem passava na estação, pôde avistar um grupo composto por quatro ruivos e um moreno. A Sra. Weasley liderava o grupo aos gritos dizendo que estavam atrasados. Ao chegarem entre a plataforma 9 e 10, houve uma rápida parada para despedidas e conselhos. Enfim, um após o outro, se posicionaram para atravessar a barreira mágica. Primeiro foi Gina, depois Rony e, por último, Harry.
A Plataforma 9 ¾ nunca esteve tão cheia. Crianças, adolescentes e adultos. Muitos bruxos andavam por várias direções. O Expresso Hogwarts se encontrava majestoso com a chaminé a todo vapor e apitava anunciando que a hora da partida estava próxima. Devido a grande excitação pela espera da partida, Harry conseguiu passar despercebido pela multidão. Já Rony, não conseguiu ter a mesma “sorte”. Por ser muito alto e possuir uma cabeleira chamativa, o ruivo logo foi reconhecido e chamou a atenção dos presentes. Aproveitando-se de sua estatura mediana e das atenções todas dirigidas para o ruivo, Harry teve que contornar a multidão para conseguir entrar no trem.
Assim que entrou no trem, Harry teve o cuidado de tirar os óculos e ajeitar o casaco de modo que ficasse encolhido dentro das roupas. Abaixou a cabeça e andou rapidamente a procura da cabine onde estariam Neville e Luna. Ao chegar na cabine, encontrou Gina acomodando sua bagagem.
- Gi, como conseguiu chegar até aqui tão rápido? – perguntou surpreso - Você não estava no meio da multidão?
- Sim, estava. Mas o bobão do meu irmão resolveu parar para dar atenção... Consegui furar a barreira de garotas e pirralhos. E você, pensei que ficaria junto ao Rony para distribuir autógrafos.
- Por um momento, eu também pensei que teria de ficar. Mas consegui contornar a multidão. Tendo um escudo (Rony) como aquele, fica fácil desviar a atenção.
- Será que ele ficará bravo com a gente?
- Não. Tenho certeza de que irá nos agradecer. Com todas aquelas gatas dando mole pra ele... – ao ouvir tão declaração do namorado, a ruiva ficou de cara feia. – Mas perto de você, elas são todas horrorosas!- disse tentando consertar o estrago e finalizou dando um beijo na bochecha da namorada.
Para tentar desviar o assunto e abafar o mal estar com a namorada, Harry se dirigiu para Neville e Luna.
- Vocês viram a Mione?
- Ainda não, Harry. Chegamos mais cedo e não a vimos na estação. Depois, percorremos todas as cabines a procura dela e nada. – respondeu Neville.
Harry ficou decepcionado e deixou transparecer em seu rosto esse sentimento.
- Bom, o fato dela não estar no trem, não significa que ela não voltará. Ela pode muito bem ir via lareira até Hogsmeade, ir de Noitbus Andante ou até aparatar nos portões... – falou Luna na tentativa dar mais esperanças ao bruxo.
Gina sentia muita pena do namorado, principalmente, nesses momentos em que ela percebia o sofrimento dele com a falta de Hermione. Não conseguia sentir ciúmes da relação deles. Um era o irmão que o outro não tinha. Então, ela se aproximou dele, pôs as mãos em cada lado de sua face para que ambos os rostos estivessem nivelados e olhando em seus olhos disse:
- Harry, ela vai voltar. Eu tenho certeza. - com uma voz firme e segura. Terminou sua fala com um beijo suave e sorriu. Tal sorriso que o fez sorrir também e acenar a cabeça concordando com o que foi dito. Harry abraçou sua ruivinha e agradeceu a Merlin por tê-la ao seu lado.
O momento romântico perdurou por mais alguns instantes. Neville e Luna não quiseram interferir e, então, permaneceram sentados lendo o Profeta Diário e o Pasquim, respectivamente. O silêncio foi quebrado por Rony que chegou abrindo a porta com força e jogando seu malão no chão de maneira displicente. Seu rosto estava vermelho e suava bastante. O trem tinha acabado de partir.
- Finalmente. – disse bufando e se jogando no sofá – Como esse pessoal é doido! Pensei que queriam me ver, falar comigo... Bom, no início foi assim. Mas depois começou a sessão “Perguntas sobre Harry Potter”. Aí eu não agüentei! – assim que terminou de desabafar, olhou para o casal e fez cara de bravo – Por que vocês não me esperaram?
Tanto Harry quanto Gina estampavam um belo sorriso amarelo no rosto. Não sabiam o que dizer para o ruivo. Gina resolveu dizer sua verdade na lata, sem se importar como seu irmão reagiria.
- Você ficou pra trás por ser bobo. E não adianta ficar emburrado só porque nós fomos mais espertos.
- Gina! - disse em tom de ameaça.
- Cara, nem foi tão ruim assim. Você parecia que estava gostando. - esse foi Harry tentando amenizar o clima.
- Claro que eu estava gostando. –disse Rony - Tantas garotas dando em cima de mim. Se você tivesse no meu lugar, também estaria amarradão. – Harry deu um sorriso, mas assim que viu a cara de Gina, logo o desfez.
- E a Mione, onde está?- perguntou Rony mudando de assunto.
- Não sabemos. - responderam todos ao mesmo tempo.
- Como assim “Não sabemos”. Ela tinha que estar aqui. Vocês não procuraram direito. – disse se levantando e abrindo a porta – Vocês vão ver como vou achar ela. – e saiu batendo a porta.
- Boa sorte... - desejou Luna.
X – X –X
A porta do principal aposento das masmorras abriu e por ela entrou um temeroso Snape. Tudo estava do mesmo jeito que havia deixado. Passou um dedo sobre a bancada e não encontrou vestígios de pó. “Dumbledore deve ter mandado os elfos limparem tudo” pensou. E continuou caminhando pelo escritório. Observava tudo, qualquer detalhe como se estivesse revivendo todos os anos que havia passado naquele lugar. A escuridão e a umidade das masmorras contrastavam com a claridade da casa em Longford. Sempre odiou claridade. Foi lá que ele encontrou paz, mas faltava alguma coisa. Estranhamente, em nenhum momento sentiu falta das masmorras. Sempre foi o seu refúgio. Só que agora não tinha o quê e nem de quê se esconder.
- Por que será que eu voltei? – perguntou a si mesmo em voz alta. – Eu odeio esse lugar.
- Essa não é a pergunta certa. – disse Dumbledore entrando pela porta deixada aberta fechando-a na seqüência – Se o lugar onde estava era melhor do que aqui, então, por que o deixou?- completou o velho bruxo. Severo apenas se virou para encará-lo, mas ficou em silêncio.
- Já que não me responde, permita-me fazer algumas suposições. Severo, o menor dos problemas é o lugar. O principal está em você. Algo está fazendo falta a você e cabe a você descobrir o que é. Sua vida sempre foi baseada em algum objetivo, seja vingança, dinheiro ou destruir Voldemort. E agora? Em que você irá se agarrar para continuar vivendo? Você ainda é um homem jovem, meu filho.
- Alvo, eu só voltei para retribuir um favor.
- Existem outras maneiras de se fazer isso.
- Mas foi o senhor quem me chamou. Eu estava muito bem sozinho, até o senhor vir me incomodar.
- Não contesto o fato de que estava bem. Estava alimentado, seguro e tranqüilo. Mas não estava feliz. – Snape abriu a boca para contestar, mas o velho não deixou – Daqui a poucas horas, os alunos estarão de volta. Descanse bem. Espero você no jantar. – e dirigiu-se até a porta, mas antes de sair, deixou uma resposta – Severo, você voltou porque quis.
X – X – X
Harry, Gina, Neville e Luna estavam conversando animadamente. O assunto principal era o que tinham feito no verão. Neville contou que tinha ido a Amsterdã com a avó. A Sra. Longbottom queria visitar umas amigas que não via há muito tempo. O garoto contou que a viagem não foi tão ruim como havia imaginado. As amigas de sua avó foram muito atenciosas com ele. E as netas delas também. Neville não era mais o garoto rechonchudo e atrapalhado de antes. Bom, ainda era um pouquinho atrapalhado. Estava alto e bem mais magro. O que atraia mesmo as garotas era o seu olhar doce e seu sorriso simpático, além de ser muito educado. Um verdadeiro gentleman. No relato de sua viagem, o ponto alto foi a visita a um jardim botânico.
Após o relato de Neville, foi a vez de Luna. A loirinha estava mais bonita. Seus grandes olhos estavam mais azuis. Poderia facilmente ser incluída no ranking das garotas mais bonitas do colégio. Luna contou que foi com seu pai para a Amazônia tentar entrevistar o Curupira. Uma criatura mágica que protegia as florestas. Seu pai havia encontrado uma história sobre ele num livro trouxa e resolveu procurá-lo. Bom a tal criatura não foi encontrada, mas acabou conseguindo entrevistas com pessoas que juravam tê-lo visto.
Gina apenas contou que passou na Toca com a família. O pai agora estava ocupando uma posição melhor no ministério. Os gêmeos estavam progredindo rapidamente e comentou que eles comprariam um apartamento maior em breve. O casamento de Gui e Fleur estava indo muito bem. Apesar de não gostar muito da cunhada, reconhecia que ela fazia seu irmão feliz.
Harry estava se preparando para contar como foi o seu verão quando Rony entrou de supetão, bufando de raiva.
- Está bravo porque não conseguiu encontrá-la. – comentou Gina.
- Não, não a encontrei. Mas não é por isso que eu estou bravo.
- Então o q é? – perguntou Harry.
- Malfoy! – disse cuspindo ódio.
- Malfoy??? – todos exclamaram.
- O que foi que ele te fez? – perguntou Neville. O ruivo pensou um pouco, estava temeroso, mas resolver responder assim mesmo. Estava convicto de que ele estava com a razão e os amigos iriam concordar com ele.
- Eu estava à procura da Mione e fui batendo de cabine em cabine. Pelo caminho reencontrei algumas das garotas que tinham me parado lá fora. Essa foi a parte boa. – ficou um pouco vermelho ao dizer isso – E também reencontrei os pirralhos e não foi tão bom assim...
- Rony, onde se encontra o Malfoy no meio dessa história toda? – questionou Gina que já estava ficando irritada.
- Ah, tá bom. Eu fui até a penúltima cabina do terceiro vagão e tava silenciosa. Mas entrei assim mesmo. E eu vi ele lá sentado, sozinho, olhando pra janela. Ele olhou pra minha cara, revirou os olhos e voltou a olhar pro lado de fora. Aí, eu perguntei pela Mione. Aí, ele disse que se eu não estava vendo ela lá, era porque ela não estava. Fiquei irritado. Pô, não vou admitir que um cara desses fique me tratando mal. Falei um monte na cara dele, que a família dele não valia nada e ele iria acabar igual ao pai dele. Ele veio pra cima de mim, dizendo que eu continuava sendo o ruivo capacho do Potter e que estava se aproveitando da fama do amigo. Me chamou de um monte de coisas e mandou embora. Só não soquei ele por causa do fiscal do trem que chegou na hora. Ele falou que eu estava incomodando ele. E o fiscal me enxotou. No fim, ele disse que a Mione estava fugindo porque não agüentava mais a nossa burrice. Eu senti muito ódio. Nem podia fazer nada e tive que voltar. Mas, qualquer dia, eu pego ele. – ao dizer isso, com o punho, socou sua outra mão.
Rony observou que os amigos não estavam tendo a reação esperada. Esperava que eles estivessem o apoiando.
- Vocês não acham que eu estou certo? – arriscou.
- Na verdade, eu acho que você foi um idiota. – disse Gina - Se o cara não quis te dar atenção, deixava ele pra lá. Mas não, foi dar uma de machão. E disse um monte besteiras. Ele, praticamente, perdeu a família e você começou a insultá-lo. Tenho certeza de que todos os xingamentos que você recebeu foram bem merecidos. – o ruivo ignorou a irmã e olhou para Harry na esperança de apoio.
- É Rony, acho que você vacilou. – disse Harry concordando com a namorada. – Se o cara queria ficar quieto, deveria deixar ele quieto.
- Até tu, Harry? Pensei que fosse me apoiar. Tenho certeza que o Sirius iria me apoiar.
- Você está muito mudado, Rony. Mamãe ficará sabendo disso. Ela tinha medo de que você ficasse muito perto Sirius e, agora, você fica imitando ele. – se queixou Gina.
- Eu não estou imitando ninguém!- disse o ruivo se defendendo.
- Está sim. Você está deslumbrado por ele. - rebateu a ruiva.
- Harry, como foram mesmo as suas férias? – disse Luna mudando de assunto. A loira não suportava brigas.
Harry começou a contar, mas logo Rony tomou a frente. Contou com os mínimos detalhes todas as atividades que fizeram. Volta e meia, o ruivo elogiava Sirius. Gina ficou com a certeza de que Sirius agora era o ídolo-mor de Rony. A “paixonite” do irmão pelo cão a deixou preocupada.
X –X – X
O trem chegou na estação de Hogsmeade ao anoitecer. Hagrid estava lá à espera dos novatos. O sentimento da maioria dos alunos era de alegria por voltar. O castelo imponente, a poucas léguas dali, despertava lembranças muito boas. Sem perder tempo, Hagrid chamou os novatos para perto de si e os veteranos estavam formando uma fila para pegar as carruagens.
Os burburinhos dos alunos eram grandes diante da expectativa. A entrada no salão principal, que magicamente abriu suas portas aos alunos, foi emocionante. Tudo parecia mais belo do que era antes. A decoração continha as cores das quatro casas. O teto mágico refletia o fim da tarde com várias cores. Quando céu se escurecesse por completo, o jantar se iniciaria. Alvo Dumbledore estava à frente da mesa principal e os saudava calorosamente:
- Bem vindos, alunos. Acomodem-se sem presa. Dentro de 15 minutos começaremos com a cerimônia de qualificação dos novos alunos e, na seqüência, o jantar de boas-vindas.
Os alunos estavam afoitos e conversavam muito. Os fantasmas apareceram para atiçar ainda mais os alunos. Os professores começavam a ocupar seus respectivos lugares. O último a entrar foi Severo Snape. Sua entrada triunfal não passou despercebida, causando um silêncio imediato no salão e conseqüentes boxixos.
- Alguém viu a Mione? – perguntou Harry para outros grifinórios. Somente recebeu negativas. O bruxo ficou decepcionado, pois tinha guardado o lugar da amiga.
- Ah, não! Ele de novo?- disse Rony ao avistar Snape - Bem, que eu achava que tava muito bom pra ser verdade... – lamentou.
- É... - disse Harry após se virar para vê-lo - Só gostaria de saber qual aula que ele vai dar. – comentou.
- E faz diferença? Qualquer aula com o Snape é uma droga. – concluiu Rony obtendo apoio dos colegas ao redor.
X –X – X
Snape se dirigia ao seu lugar com passos firmes e decididos. Percebeu que havia chamado a atenção do salão pra si. “Moleques idiotas” pensou. Passou por seus colegas sem cumprimentá-los. Seu humor não estava o dos melhores. Sua cara estava bem amarrada e seu olhar, duro. Ficou a tarde inteira remoendo as palavras de Alvo. “Maldito velho”, palavras que foram praguejadas aos ventos várias vezes durante esse período.
X – X – X
Quando o céu ficou totalmente escuro e estrelado, as portas se abriram para a entrada dos novos alunos. Á frente dele estava o Prof. Flitwick.
- Ué, onde está a Profª. McGonagall? – perguntou um corvinal.
Outros alunos também estranharam a súbita ausência da professora. Mas a preocupação durou pouco, pois a própria professora entrou pela porta lateral. Estava séria e reflexiva. Poderia se dizer que estava muito preocupada. Ela se posicionou a frente da mesa principal e esperou até a fila de alunos chegasse.
- Pode deixar que eu assumo daqui. Muito obrigada, professor. – disse baixo para que só o duende escutasse. Este apenas acenou com a cabeça e se dirigiu ao seu lugar.
Após a seleção os alunos, chegou a hora dos discursos iniciais. Dumbledore tomou a palavra.
- Atenção alunos. Esse é um dia muito especial. Nossa amada escola finalmente será reaberta. Passamos por muitas coisas no ano passado que ficaram marcados para sempre em nossos corações. Mas não vamos falar de guerra. Não, não. Este ano foi o ano da superação e reconstrução do mundo mágico. Tivemos superar todo o mal que sofremos para reconstruir nossas vidas. Vocês, jovens que estão aqui, vieram para retomar a construção de um futuro melhor para vocês e para o mundo mágico. Bom, agora vamos ao que interessa. Deixe-me apresentar os novos professores. A bela Ninfadora Tonks será a professora de Defesa Contra as Artes das Trevas. – a bruxa se levantou e foi muito amplamente aplaudida – Isso significa que Severo Snape voltará a lecionar poções. – o entusiasmo só apareceu na mesa da Sonserina, mesmo assim, com moderação - Carlos Weasley será o professor de Trato das Criaturas Mágicas, juntamente com nosso Rúbio Hagrid, e diretor da Grifinória. – o bruxo também se levantou e foi muito aplaudido, sem contar com o entusiasmo e os suspiros das garotas – A Profª. McGonagall dividirá comigo a diretoria e tratará de assuntos mais burocráticos. Agora, antes de passar a palavra para minha colega, um último recado. – o velho estava olhando diretamente para Harry e falou – A vida é surpreendente e cheia de ciclos. Ciclos que mudam as coisas sem podermos evitar. Muitas vezes, acaba sendo difícil de aceitar porque não entendemos. Simplicidade na complexidade e complexidade na simplicidade são mais comuns do que a gente imagina. Lembrem-se de que tudo pode acontecer e que nem sempre estaremos preparados para isso. Assim, precisamos buscar um novo ângulo, uma nova visão. – o recado não era somente para o menino, Snape sentiu que as palavras também eram direcionadas para ele.
Sempre quando Dumbledore discursa, a dúvida transparece na cara dos ouvintes. E dessa vez, não foi diferente.
- Por favor, Profª. Minerva. – disse o bruxo dando licença para a bruxa falar.
- Alunos, quero que fique bem claro o que irei avisar. É estritamente proibido o acesso dos alunos à Floresta Proibida. Também é proibido circular pela escola após as nove horas da noite, horário do toque de recolher. Os passeios à Hogsmeade serão permitidos a partir do terceiro ano, sendo que os alunos do sétimo ano terão liberdade para visitar o povoado quando quiserem após o horário das aulas. - nesse momento, os alunos do sétimo ano começaram a comemorar – Silêncio, por favor! O horário limite para as visitas é até as oito da noite. Os monitores serão convocados para a primeira reunião amanhã antes da hora do jantar: Téo Boot e Milena Saenz, da Corvinal; Willian Chase e Susana Bones, da Lufa-Lufa; Ronald Weasley e Lilá Brown da Grifinória; e Liam Krause e Pansy Parkinson, da Sonserina. Todos os alunos do sexto e sétimo ano terão de procurar seus diretores de casa para definir seus horários de estudo. Os professores estarão disponíveis a partir das sete horas da manhã. Em virtude disso, as aulas começarão às nove e meia da manhã. Sugiro que se organizem antes para facilitar o processo. Tenham um bom jantar. Com um estalar de dedos a comida apareceu. Estava tudo delicioso. O assunto do momento foi o fato de que tanto de Hermione Granger quanto de Draco Malfoy estavam fora da monitoria. O loiro, que estava presente, encontrava-se sentado num canto afastado e comia de cabeça baixa, alheio a todos os comentários.
Após o jantar, todos os alunos foram encaminhados para os seus dormitórios. O sono demorou a chegar devido a ansiedade pelo primeiro dia de aula.
X – X – X
Era por volta de oito da manhã e os alunos do sexto e do sétimo ano estavam reunidos com Carlinhos para definirem seus horários na sala comunal da Grifinória.
- Ah, não! Mas que droga. – disse Rony – Olha isso.
- Aulas duplas de poções nos primeiros tempos de segunda e nos últimos de sexta. - verificou Harry.
- Cara, isso tá ficando cada vez pior. - resmungava Rony
- Vocês vão fazer poções também? – perguntou Dino.
- Todos nós vamos. - esse foi Neville - Poções virou matéria obrigatória para qualquer carreira.
- Ai! Acho que vou ter de pedir emprego pros gêmeos. – choramingava Rony. Tal comentário rendeu muitas risadas.
- Pare de reclamar, Rony! Os que já definiram seus horários já podem descer para o café e se preparem para as aulas. Não serão permitidos atrasos. – disse Carlinhos.
O recado não precisou ser repetido. Rapidamente, os alunos começaram a se dispersar.
- Vamos descer, Harry? – perguntou Gina.
- Eu preciso falar com a McGonagall. Vão na frente!
Harry seguiu pelos corredores a procura da professora. Após consultar o Mapa do Maroto, viu a professora num corredor do quarto andar na companhia de Alvo Dumbledore. Ao chegar, viu que estavam conversando. Tentou se esconder atrás de uma estátua e apurou os ouvidos para tentar escutar o assunto da conversa.
- Estou muito preocupada, Alvo.
- Eu também, minha cara.
- E se aconteceu alguma coisa?
- Se algo tivesse acontecido, nós estaríamos sabendo.
- Eu nem sei mais o que fazer.
- Tenha fé. Tenho certeza de tudo há uma explicação. - pôs uma mão no ombro da bruxa. - Vai voltar. Eu garanto.
Harry não pode ficar para escutar mais porque ouviu vozes vindas do outro corredor e resolveu sair em disparada para o salão principal. Chegando lá, relatou o que ouviu aos colegas e afirmou que estava cada vez mais convicto de que algo de estranho estava acontecendo com Hermione. Prometeu a si mesmo que iria falar com a professora na tentativa de descobrir o que estava acontecendo.
A primeira aula do dia foi Poções. Grifinória com Sonserina. Eram grandes as chances de sofrimento. Severo Snape estava na porta da sala de aula esperando os alunos. Estava com cara de indiferença e destilava desprezo com o olhar. Os alunos chegaram em bloco. Estavam com medo de chegarem atrasados. Assim que se aproximaram, Snape deu passagem e registrava mentalmente o rosto dos alunos. “Esse ano, estou vendo muito inúteis: Parkinson, Crabbe, Goyle... Malfoy, preciso conversar com esse garoto... O ridículo Longbottom, o arrogante Potter, o toupeira Weasley, a insuportável Granger... Granger? Onde está Granger? Não me lembro de tê-la visto... Vou perguntar para McGonagall...”
Quando o último aluno entrou, bateu a porta e desfilou entre as carteiras até sua mesa. Virou-se para os alunos, cruzou os braços e falou com uma voz carregada de sarcasmo:
- Bom, sei que a maioria nunca entenderá a arte de preparar uma poção. É uma pena perceber que todo o meu trabalho será inútil. Pensei que nunca mais veria certos rostos – olhando para Harry e Rony – mas acho poderei suportar mais um ano. Vamos ao trabalho. Quero que se reúnam em duplas para fazer uma simples poção curativa. É somente isso que quero hoje. – os alunos não conseguiam acreditar, muitos abriram até um sorriso – Contudo quero dois frascos de cada aluno, com diferentes tipos de densidades e um relatório detalhado sobre os efeitos, semelhança e diferenças, de cada poção – os sorrisos desapareceram. - A lista de ingredientes está no quadro. Tomem nota com atenção, pois estes serão a base para o trabalho que deverá ser entregue na próxima aula.
- Professor, eu estou sobrando. – disse Neville.
Snape encarou o aluno e revirou os olhos, demonstrando muito tédio.
- Junte-se com Potter e Weasley. Tenho certeza que a inteligência de vocês juntos não será desvantagem para ninguém. – risinhos foram ouvidos da ala sonserina. - Silêncio! E comecem já a trabalhar!
O humor de Snape estava terrível. Tirava pontos de tudo e todos. Até dos sonserinos. Os alunos rezavam para que a aula terminasse o mais rápido possível. Ao término da aula, Snape se pronunciou:
- Na próxima aula quero uma pesquisa sobre prováveis substitutos dos ingredientes da poção que trabalhamos hoje. Quero quantidade, possíveis efeitos colaterais, neutralizantes desses efeitos e alterações no modo de cozimento. Podem ir, menos o Sr. Malfoy. Dispensados!
As outras aulas foram bem mais legais. Tonks era muito divertida. Mas a aula mais concorrida era a de Carlinhos. Muitas meninas se inscreveram na matéria dele. O ruivo ficava encabulado com o “sucesso”. Harry tentou de todas as formas falar com a Profª. McGonagall, mas não obteve sucesso. Sempre tinha algo que atrapalhava.
A semana de aulas fechou com chave de ouro. Snape conseguiu tirar nada menos que 90 pontos numa única aula, sendo 20 deles da sua própria casa. Os alunos ficaram muito estressados e decidiram relaxar tomando umas canecas de cervejas amanteigadas no Três Vassouras.
O sábado amanheceu com a expectativa do início das inscrições para as vagas nos times de Quadribol. O dia só não foi dedicado para o completo descanso porque Snape passou um trabalho sobre os diversos tipos de uso do pó de chifre de unicórnio. Era em horas como essas que os meninos sentiam mais falta de Hermione. Depois de horas na biblioteca, decidiram jantar. Em seguida, Rony foi disputar uma partida de xadrez e Harry foi se encontrar com Gina.
X – X – X
Na madrugada daquele mesmo dia, do lado de fora dos portões do castelo, ouviu-se um estalo de aparatação. Era uma moça. Levantou a cabeça, ajeitando o chapéu e contemplou a visão do castelo. Suspirou e disse para si mesma:
- Até que enfim... Estou de volta! - e abriu um sorriso.
______________________________________________________________________
N/As: Capítulo entregue. Apesar de muito trabalhoso, ficamos satisfeitas com o resultado. Esperamos que gostem. Depois de uma introdução de “luxo” (a gente se divertiu muito fazendo), a história finalmente irá começar. E para as românticas de plantão, incluindo a co-autora Aninha, prometemos caprichar bastante. E comentem a vontade. São ótimos estimulantes...
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!