Ações e Intenções



A Profª. McGonagall andava apressada pelas ruas de Hogsmeade em direção à Casa dos Gritos. Durante o caminho, a bruxa se perguntava sobre o que se passava na cabeça do velho bruxo. Há semanas, corria um boato de que havia um novo morador na sombria casa. Muitos se questionavam e cogitavam sobre a verdadeira natureza da criatura que habitava o lugar.Só que nenhuma criatura chegava aos pés de Alvo Dumbledore.
Dez minutos de caminhada foram suficientes para avistar a antiga casa. A parte externa continuava a mesma: composta por madeiras antigas, vidros quebrados. A sensação era de que a casa poderia desabar a qualquer momento. “Com a fachada da casa desse jeito, não me surpreende o fato das pessoas da cidade terem passado a acreditar que uma misteriosa criatura esteja morando aqui” pensou a velha bruxa.
Tomando a precaução de não ser vista, a bruxa adentrou pelo jardim e contornou a casa, entrando por um buraco nos fundos.
- Só mesmo o Alvo para me fazer passar por isso... - disse pra si mesma ao constatar que suas roupas ficaram cheias de teias de aranha.
Depois de se limpar, a bruxa subiu pelas velhas escadas e avistou uma porta de madeira maciça. “Deve ser aqui...” pensou. Dirigiu-se a dita cuja e deu três leves batidas.
-Entre Minerva. Estava a sua espera. – disse uma voz de dentro do quarto.
A bruxa entrou e observou o cômodo que era bem amplo. A sua frente, viu uma mesa bem organizada com papéis e penas por cima. Próxima a esta, se encontrava Fawkes que saudou Minerva assim que a viu. Do lado esquerdo, encontrava-se uma estante com muitos livros. Do direito, uma lareira e duas poltronas de couro preto. Entre as poltronas, encontrava-se uma mesinha sustentando um recipiente de doces. O chão era coberto por vários tapetes e a parede era repleta de quadros. Avistou duas portas em lados diferentes do cômodo e concluiu que uma poderia ser a do quarto e a outra, a do banheiro. Dumbledore se encontrava de pé, observando pela janela mágica, uma linda paisagem.
- Então era mesmo verdade. - disse a bruxa – Alvo,quando você me disse que estava morando aqui, custei a acreditar. E só agora vendo com meus olhos, posso crer de verdade. - completou.
O velho somente esboçou um sorriso e disse:
- Era o melhor lugar para mim. Não queria ficar morando com meu irmão... Aqui estou mais perto de Hogwarts. Posso supervisionar de perto as obras do castelo, tomar uma boa xícara de chá com Hagrid e me divertir com as crianças de Hogsmeade.
- Divertir-se? Como? – perguntou Minerva.
- AH! – disse rindo um pouco – Como sou a nova criatura da Casa dos Gritos, eu preciso demonstrar meus dotes aos mais curiosos.
A bruxa não riu e pensou: “Alvo consegue ficar cada vez mais estranho.” Percebendo que Minerva não compartilhava do seu humor, o velho bruxo prosseguiu:
- Minha cara, tomei a liberdade de chamá-la, pois precisamos discutir algumas pendências antes que o ano letivo comece. - encerou puxando uma cadeira para a bruxa se sentar e sentou-se do outro lado da mesa.
- Sim, tudo leva a crer que Hogwarts reabrirá repleta de alunos. Muitos pedidos de transferência continuam chegando de escolas mágicas de vários cantos do continente.
- Parece que muitos querem estudar no mesmo lugar que Harry Potter. - refletiu e continuou - E com essa mesma linha de raciocínio, tenho de lhe informar que as cartas para os antigos alunos já foram mandadas.
- E em relação aos professores? Quais dos antigos decidiram continuar? Eu preciso saber quais cadeiras ficarão vagas para a contratação de novos professores.
- Bom, as cadeiras de Feitiços, Herbologia, Trato das Criaturas Mágicas, Adivinhação e Transfiguração – disse esta última olhando para a bruxa – estão devidamente ocupadas.
- Então Hagrid vai continuar mesmo como professor e guarda-caças?
- Sim, mas Hagrid lecionará apenas até o 4º ano. O grande coração dele precisa de tempo para ir à França de vez em quando. A partir do 5º, teremos outro professor.
- Pode me dizer qual?- perguntou a bruxa curiosa.
- Ora, claro que posso contar para você. Não é nenhum segredo. É um Weasley que retornará. Mais propriamente chamado de Carlinhos.
- Carlinhos Weasley? Mas ele não tinha um bom emprego na Romênia?
- Exato... Mas, às vezes, ficar perto da família é mais importante.
- Molly... – concluiu a bruxa. Dumbledore apenas concordou com a cabeça e bruxa continuou – E presumo que esta escolha seja devido ao fato dele também poder ocupar a direção da Grifinória.
- Minerva, não sabia que possuía o dom da adivinhação. – constatou o velho admirado.
A bruxa encarou o velho de maneira perigosa.
- Vi que seu humor não é mais o mesmo - disse o velho bruxo ficando com ar mais sério - Algum problema?
- São apenas problemas pessoais - respondeu a bruxa com o olhar perdido.
- E tem haver com a Srta. Granger? Tomou alguma providência?
- Sim, fui ver o que estava acontecendo. E eu te digo Alvo, eu não gostei do que eu vi. O que eu pude fazer, eu fiz. Creio não poder interferir além disso.
- Eu te entendo, minha cara. E você acha que sua interferência surtirá efeito?
- Eu não sei... Espero que sim. – encerrou encarando o bruxo.
O silencio no local permaneceu por alguns minutos até que a bruxa interrompeu.
- Bom, você contou sobre o retorno do Weasley...
- Eu já fui falar com o Severo. - disse o bruxo adivinhando onde terminaria a linha de raciocínio da bruxa.
- E o que ele disse?
- Ele disse que não. Severo é muito teimoso, mas eu dei a ele um bom motivo. - disse de maneira displicente.
- Um bom motivo? Qual motivo?
O bruxo riu da dúvida que se formou no rosto da bruxa e disse:
- Você! – e riu mais ainda da cara de espanto da bruxa.

X – X – X

A manhã de sexta-feira apenas estava começando e barulhos de panelas poderiam ser ouvidos da cozinha. Tal barulho foi suficiente para despertar Harry, Rony e Sirius.
- Nossa! Que barulhada é essa? – perguntou Rony assim que abriu a porta de seu quarto.
- Liga não, garoto. - disse Sirius coçando os pelos de seu peito exposto, vestido somente com uma calça larga - É a nossa elfa trabalhando. Pelo visto, o café da manhã vai ser especial... - disse seguido de um bocejo.
- Elfa? Que elfa?- perguntou o garoto ruivo confuso.
- É a Rema, nossa elfa doméstica. – disse Sirius se espreguiçando.
- Hã?- o ruivo ficou mais confuso.
- Rony, quem está fazendo este barulho todo é o Remo. O Sirius só está de gozação. Quando ele faz barulho, pode ter certeza de que ele está feliz e o café da manhã será especial. - disse Harry se intrometendo na conversa.
- Nossa! – exclamou o ruivo e começou a rir – “Rema, a elfa doméstica!” Muito engraçado - e continuou a rir.
Sirius revirou os olhos. Em seguida, focou seu olhar sobre seu afilhado e fez sinal para que o seguisse até à cozinha, deixando um Rony sorridente para trás.
- Harry, em matéria de lerdeza, seu amigo se supera a cada dia!- confidenciou Sirius.
- Dê um desconto pra ele. Acabou de acordar... – e Harry ficou mudo assim que chegou a cozinha.
- Sei... – e observando o cômodo admirado, disse – Aluado! Desta vez, você se superou!
A mesa do café da manhã estava magnificamente posta. Café, leite, chás, sucos, pães, biscoitos, frios, geléias, tinha de tudo! O cheirinho de pão quentinho entorpecia qualquer um. Lupin se encontrava colocando a louça na mesa e assim que ouviu o comentário de Sirius, abriu um sorriso encabulado e comentou:
- É... Eu acho que acabei me excedendo um pouco. – disse terminando de pôr a louça para ajeitar um vaso de flores que estava no centro da mesa.
Rony chegou e não conseguiu abafar uma expressão de admiração. Um envergonhado Lupin convidou todos a se sentarem e começarem a comer. Os meninos não precisaram de um segundo convite. Já Sirius, permaneceu de pé, ora analisando a mesa, ora analisando o lobisomem. Lupin percebendo o estado estático do amigo perguntou:
- Vamos desjejuar, Almofadinhas?
- Fez algo de errado, Remo? – perguntou Sirius sério. Harry deixou seu suco de lado para dar atenção a conversas dos dois homens.
- Não entendi. – respondeu um Lupin surpreso e vacilante.
- A julgar pelo capricho do desjejum e pela sua cara de culpa, você fez sim algo de errado! – afirmou com segurança.
- Sirius, deixe de besteiras. Sente-se e tome o seu café. – a voz de Lupin saiu um pouco trêmula devido ao nervosismo.
Sirius se sentou, mas continuou encarando o lobisomem. A expressão de Sirius fez Harry ficar apreensivo e Lupin cada vez mais nervoso. O único a não se abalar foi Rony que comia com vontade uma fatia de bolo com geléia de amora.
- Você estava usando esta mesma roupa ontem, não é? – disse Sirius depois de um breve tempo.
- Tenho algumas peças de roupa repetidas. - disse Lupin sem parecer dar importância aos questionamentos do amigo, mas as mãos trêmulas o estavam entregando.
- E sei que você não dormiu em casa... – bufou e perguntou com firmeza – Onde você passou a noite, Remo?
- Não tenho que lhe dar satisfações! – respondeu o lobisomem com moderada rispidez.
- Onde e com quem, Remo? – perguntou Sirius com os dentes cerrados.
- Ora, ele deve ter passado com a namorada!- esse foi Rony se metendo e logo pediu que Harry lhe passasse alguns biscoitos, mas acabou levando um cutucão do rapaz Sirius mantinha o olhar fixo em Remo. Este por sua vez, olhava para suas mãos e os meninos apenas aguardavam o que iria acontecer. O silêncio foi quebrado por Remo:
- Sirius, eu passei a noite na casa da Tonks. – confessou em voz baixa.
- Eu sabia! – disse Sirius em voz alta.
- Não há necessidade de fazer escândalo. – retrucou um temeroso Lupin.
- Como você pôde? – questionou enojado.
- Não deu pra resistir. – disse se lamentando – Eu sei que ela é sua prima e que você zela por ela... Você sempre se mostrou contra o namoro... Eu me comprometi a respeitá-la... Compreendo o seu ciúme e sei que quer protegê-la...
- Como você pôde? – questionou novamente, agora parecendo magoado - Aluado, como você pôde deixar que ela se aproveitasse de você! – Essa exclamação deixou todos atônitos.
- Então... Você não está chateado comigo? – arriscou Lupin.
- Claro que não! Mas aquela “cabelo arco-íris” vai ver só uma coisa... Ela vai ter que me ouvir! – e levantou-se da mesa.
- Você não vai a lugar algum. – afirmou Lupin com firmeza e se levanta também.
- Nem tente me impedir – disse Sirius desafiadoramente.
Percebendo a tensão no ar, Harry utiliza-se de um artifício pouco comum, mas eficiente para acalmar os ânimos.
- Sirius, se você for, Rony irá comer todas as panquecas!
- Eu não ligo para panquecas! – disse Sirius, depois de uma breve pausa, com uma voz menos firme.
- Nem mesmo se elas estiverem com calda de framboesa? – esse foi um golpe certeiro.
- Bom... – pensou um pouco - Acho que as panquecas estão merecendo a minha atenção agora... – retornou a mesa puxando o prato de Rony e disse – Você já comeu demais, garoto ruivo!
Rony ficou emburrado, mas tanto Lupin quanto Harry respiraram aliviados.

Ainda naquela manhã, as cartas de Hogwarts chegaram. Assim que Rony recebeu sua carta, outra coruja apareceu trazendo uma mensagem de sua mãe. Ela estava interessada em saber quando iriam ao Beco Diagonal para comprar os materiais necessários para as aulas. O resto do dia se passou tranquilamente. Sirius em nenhum momento pareceu que iria até a casa da Tonks discutir com ela como havia prometido, nem mesmo tocou no assunto. “Impressionante o efeito de simples panquecas e uma boa calda de framboesa” pensou Harry. Com certeza, este pensamento era partilhado por Lupin. O que eles não sabiam era que Sirius estava entretido em outros assuntos.
Sábado chegou e o dia passou rápido. Ao pôr do sol, Sirius e Lupin apareceram com algumas sacolas.
- O que são essas coisas? – perguntou Harry curioso.
- São roupas que o Sirius resolveu comprar. Não me perguntem pra que servem. Eu sei que alguma coisa ele tem em mente. Perguntei o que poderia ser, mas ele andou fazendo mistério o dia todo. – respondeu Lupin e Sirius ouvia tudo com um sorriso maroto no rosto.
- Conta logo o que é? – questionou um curioso Rony.
- Então, já que a curiosidade é tamanha, irei satisfazê-los com minhas explicações. – disse Sirius cheio de cerimônias. – Eu, Sirius Black, resolvi dar início às comemorações do aniversário do meu afilhado.
- Semana de comemorações? – perguntou Lupin.
- Sim, meu caro. Resolvi dar início à Semana do Harry. Começa hoje e só terminará no próximo sábado, dia 31, dia do seu aniversário. – disse essas últimas palavras para um incrédulo Harry. Não era só Harry que se mostrava incrédulo. Lupin e Rony também demonstravam que não sabiam o que dizer, nem o que fazer. Percebendo a inércia dos três, Sirius resolveu agir.
- Vamos, temos que nos arrumar. – pegou as sacolas e distribuiu para os demais – Essas roupas, segundo a vendedora, são de acordo com o que os jovens trouxas estão usando – disse diretamente para os meninos – e vão logo tomar banho! – os meninos subiram as escadas imediatamente.
- Sirius, para onde você pensa em nos levar? – perguntou Lupin.
- É surpresa, Aludo. Surpresa... – e se dirigiu ao quarto com suas sacolas.


Já estava passando das nove e meia da noite, quando o grupo saiu do Lago Grimaldi. Foram via lareira até o Caldeirão Furado e de lá se dirigiram para a parte trouxa do centro de Londres. Andaram cerca de dez minutos, até que avistaram uma fila.
- É aqui. – disse Sirius.
A fila estava bem grande. Lupin e Harry ficaram impressionados com o tamanho da fila. Enquanto Sirius aparentava tranqüilidade, Rony babava pelas garotas. Realmente, tinha muita garota bonita esperando para entrar no local. Tanto Harry quanto Lupin já haviam notado a beleza das garotas, mas como eram homens comprometidos, evitavam ficar prestando atenção.
O grupo, liderado por Sirius, foi até a entrada do lugar onde havia um segurança bem forte e uma moça loira e magra. Juntos, os dois controlavam a entrada de pessoas. Sirius conversou brevemente com a moça. O modo como a moça o tratou deu a entender que se conheciam. Assim, o segurança liberou a entrada do grupo.
No lugar, uma festa estava sendo realizada pelos donos de uma badalada boate de Londres. Música alta, muita bebida e muitas garotas bonitas. O lugar era uma espécie de prédio antigo por fora, mas seu interior era muito moderno. Muitas luzes, painéis coloridos nas paredes, um grande bar com bebidas exóticas, alguns sofás nas extremidades do salão e uma grande pista de dança no centro. A pista ainda estava vazia e as pessoas se encontravam conversando, bebendo e paquerando.
- Gostaram da surpresa?
- Eu não sei o que dizer. – Harry respondeu. Rony ainda não tinha se recuperado da visão das moças. E Lupin que havia observado tudo desde que chegou, perguntou ao amigo:
- Sirius, essa não é aquela festa da “apegação”?
- É essa mesmo, Aluado. – respondeu Sirius já ficando animado – As moças que vêm a este tipo de festa são solteiras e dispostas a dar uns beijinhos ou algo mais – e abriu um largo sorriso.
- Mas Sirius, você sabe que a Tonks não gosta que eu participe desse tipo de festa.
- É eu sei... – respondeu Sirius fazendo pouco caso. Quando uma bela morena de seios bem fartos passou por eles e piscou para Sirius, este disparou – Com licença, eu tenho que ter uma conversa com aqueles três! – e sumiu de vista.

Em menos de uma hora, o local estava lotado. E permaneceu assim grande parte da noite. Durante esse tempo, Harry, Rony e Lupin procuraram ficar sempre juntos. O maior desafio para os comprometidos foi se desvencilhar das cantadas das moças. Já o de Rony, foi ficar menos vermelho. E Sirius, nunca mais foi visto desde que a morena flertou com ele.
A festa acabou por volta das sete da manhã. Foi quando Sirius apareceu abraçado a duas moças muito desinibidas e comunicou aos amigos que elas haviam oferecido-lhes carona. Lupin protestou e alegou que os meninos estavam muito cansados e que eram de responsabilidade dele. Não querendo ouvir a lengalenga matutina do lobisomem, Sirius despediu-se das moças com muito pesar, garantindo que eles se reencontrariam algum dia. Dirigiram-se ao Caldeirão Furado, onde comeram algo para saciar a fome e seguiram para o Lago Grimaldi. Só não esperavam que houvesse alguém a espera deles.

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