Explicações e desentendimentos
Capítulo 13
Gina só foi acordar no dia seguinte e a senhora Weasley não havia saído um minuto do lado da cama da menina. Estranhamente, uma das principais preocupações da garota era onde estaria sua varinha, mas, a mãe logo acalmara Gina, dizendo que ela tinha deixado sua varinha cair no chão quando foi levada do barracão de vassouras do seu quintal. Passada as dúvidas sobre a varinha, Gina foi se lembrando dolorosamente da noite retrasada e então o nome Harry Potter passou a ser dito a cada três palavras que ela falava.
Harry não precisou passar a noite no hospital, mas mesmo voltando para a Toca o garoto não conseguira pregar os olhos durante a noite. Ele conversou com Lupin na casa dos Weasleys e ficou sabendo da pista nova sobre a taça, mas isso o deixara ainda mais preocupado. Ninguém parecia fazer a menor idéia de onde era aquele lugar.
Lupin lhe avisara também que o corpo de Anne Also Bloom foi enterrado por Paul, o coveiro que foi amigo da mulher e também dos pais de Harry. Os pais adotivos de Anne iriam ser avisados por Paul, mas, Lupin e os outros não poderiam ficar para o enterro, já que precisavam voltar para a Toca e começar a montar um novo plano para encontrar Harry e Gina, nenhum deles sabia naquele momento que os dois jovens haviam escapado.
Harry tinha sonhado com Anne durante os poucos instantes que conseguira dormir. Ele se sentia grato pela ajuda da mulher e também culpado pela sua morte. Mais uma vez Voldemort tinha preparado uma armadilha para Harry, e mais uma vez ele tinha caído.
Quando o garoto foi visitar Gina no St. Mungus naquela manhã, não se sabia qual dos dois estavam mais abatidos.
Rony e Hermione também foram visitar a garota e Harry percebeu claramente que estava acontecendo alguma coisa com os amigos, pois, eles mal se falavam e evitavam até se olhar.
Logo que os três entraram no quarto de Gina, Harry correu para a cama da menina, que estava muito abatida e cheio de ataduras pelo corpo, do mesmo jeito que o senhor Weasley ficou quando foi internado por também ser atacado pela cobra de Voldemort.
Gina não parecia bem do lado de fora, mas, logo mostrou que continuava a mesma por dentro.
Ela se sentou devagar na cama com a ajuda de Harry e então puxou o menino pela gola da camiseta e deu-lhe um beijo barulhento que fez Rony fazer uma careta e Hermione desviar o olhar com um sorriso amarelo.
Depois de beijar Harry, Gina se inclinou um pouco para dar um apertado abraço em Hermione e Rony, mas, alguns segundos depois te Ter passado os braços nas costas do irmão, ela lhe deu um soco no peito que pegou o menino desprevenido e fez com que ele quase caísse no chão e Hermione soltasse um:
- Gina! Você podia Ter machucado ele!
A ruiva deu uma gargalhada:
- Ah Mione foi só pra ver se eu não estou enferrujada – e olhando para o irmão, ela continou – eu fiz dodói no Roniquinho?
Rony olhou para ela emburrado, mas Harry sorriu ao ver que Gina já tinha voltado ao normal.
Como já era de se esperar, Gina não queria estar por fora dos acontecimentos e dessa vez Harry nem tentou convencer a menina a não se intrometer, afinal, ela tinha passado por coisas demais nos últimos dias. Merecia saber as notícias.
Primeiro Rony e Hermione contaram o que aconteceu com eles no cemitério. Harry já tinha ouvido toda a história da boca de Lupin, mas evitara discutir o assunto com os amigos, pois, não sentia vontade de relembrar que por causa dele uma pessoa havia morrido e outras quatro poderiam estar mortas também.
Além disso, Harry sabia que seria muito mais divertido ouvir a versão da história contada por Rony. E não se enganou.
De fato, o amigo alterou um pouco a ordem certa dos acontecimentos e fez com que ele se tornasse o protagonista da história, um verdadeiro guerreiro, que inclusive salvou a vida de Hermione. Nessa hora Gina soltou uma gargalhada cheia de deboche:
- Você não consegue salvar nem as goles que voam para o seu gol Rony, como poderia salvar Hermione?
Rony ia retrucar da maneira mais grosseira possível quando se surpreendeu ouvindo Hermione dizer:
- Ele está falando a verdade Gina, pelo menos nessa parte da história. Eu devo a minha vida ao seu irmão – ela começava a ficar corada – se não fosse por Rony eu não estaria sentada aqui agora e eu vou ser muita grata a ele pelo resto da minha vida.
Rony ficou completamente desconcertado e se obrigou a mudar de assunto quando viu um brilho de compreensão no rosto de Gina e a sombra de um sorriso no de Harry. Mas Hermione se recuperou rapidamente e pediu para que Harry e Gina contasse a aventura deles agora. Nem ela nem Rony fizeram qualquer menção ao que aconteceu na festa do povoado.
Harry e Gina então contaram cada detalhe do que passaram na casa dos Riddle e Hermione ficou bem chocada com a ousadia dos dois em enganar Voldemort no próprio esconderijo dele.
- Isso não foi coragem Harry, foi burrice já – ela não se cansava de repetir.
Gina interrompeu o que poderia se tornar mais um dos sermões de Hermione.
- Eu só não consigo entender como é que eu nunca me lembrei de Ter tirado aquelas coisas da câmara secreta. Isso não é possível!
Mas Hermione, como sempre tinha uma explicação:
- Gina, eu acho que você nunca se lembrou de Ter feito isso porque você não estava em sã consciência quando praticou tal ato. Você estava possuída por Voldemort não é? Com certeza, tudo o que você fez enquanto esteve neste estado ficou guardado no seu subconsciente, mas, sua mente fez com que você esquecesse tudo porque foi traumático demais para você.
E ela continuou:
- E provavelmente foi por isso que Voldemort mandou seqüestrarem você. Ele também não podia se lembrar onde mandou você esconder as horcruxes porque não era o Voldemort de hoje que estava naquela câmara, e sim apenas uma lembrança. Se ele tivesse conseguido retornar naquele dia que Harry foi te salvar Gina, aí talvez ele conseguiria se lembrar. Mas Harry atrapalhou os planos dele né.
Essa explicação contentou os amigos, e Harry, percebendo que Gina começava a ficar cansada, continuou a história no seu lugar.
Foi difícil contar a parte em que ele e Gina foram atacados por Nagini por isso o garoto falou apenas o necessário. Depois, ainda teve que contar a Gina tudo que sabia sobre as horcruxes, pois, a garota ainda não conhecia a história.
No entanto, quando terminou de falar, Harry percebeu que Gina não estava assustada, sequer pálida, ela até sorriu por saber que ajudara Harry a destruir Nagini, uma das Horcruxes.
Harry não pôde deixar de se considerar tolo por Ter tentado manter Gina longe do perigo, ela tinha mais coragem e força do que todos ali.
Lupin e Tonks concordaram com Harry que deixar as duas horcruxes na Toca iria colocar a vida dos Weasleys em perigo, portanto, levaram o retrato e a bailarina para o lugar mais seguro que Harry conhecia, pelo menos até descobrirem um jeito de destruir os objetos. Hogwarts.
Quando eles contaram isso para Gina naquela manhã, a garota ficou visilmente mais animada.
- Mais então a escola vai continuar aberta Harry?
- Sim Gina, nossas cartas com a lista do material chegaram ontem a tarde. E junto com a lista tinha uma carta da professora Mc Gonagal explicando aos pais que a escola recebeu encantamentos extras de proteção e que este ano vai Ter guardas patrulhando os terrenos.
Ele parou um instante e deu um sorriso triste.
- Bem, parece que nossa Hogwarts nunca mais vai ser a mesma...não que isso faça diferença agora, afinal, eu não vou voltar mesmo e...
Gina interrompeu o que Harry estava dizendo:
- E se nós conseguirmos destruir as horcruxes antes de começar as aulas hein? Ou talvez a gente demore algumas semanas a mais, mas Harry, depois que você matar Voldemort, o mundo bruxo inteiro vai estar a seus pés meu amor! E com certeza vão nos admitir em Hogwarts, mesmo com atrasos.
Harry já estava abrindo a boca para repetir a Gina o que ele estava falando desde que se separou dela no último dia de aula, que não havia um “nós” nesta história, que Gina ficaria fora disso, quando Hermione atropelou a fala do garoto.
- Gina têm razão pessoal, depois que tudo isso acabar poderemos voltar para a escola e tudo voltará a ser como antigamente!
Rony também começara a se animar:
- É sim, e agora que já pegamos duas horcruxes e que duas foram destruídas, mais a cobra asquerosa, só falta a taça, que já sabemos onde está! Podemos terminar isso logo!
Harry estava nervoso, mas, tentou disfarçar:
- Escutem, vocês estão sendo muito otimistas, nós não fazemos a mínima idéia de onde fica o lugar em que a taça está escondida, e vocês ainda estão esquecendo da parte da alma de Voldemort que fica no corpo dele, por is...
- Mas Harry – Gina estava irritantemente feliz – o pessoal da Ordem vai lá naquela sala secreta da casa dos seus pais e eles vão tentar encontrar mais alguma coisa. Neste momento tem muita gente trabalhando nisso, querido!
Harry desistiu de disfarçar a raiva:
- sabe o que eu acho mais engraçado disso tudo? Vocês falam como se destruir duas horcruxes e Ter que procurar mais uma para destruir fosse a coisa mais simples do mundo! E acham que matar Voldemort vai ser como participar de um piquenique! Eu não sei se vou querer pessoas tão ingênuas lutando comigo tá?
E dizendo isso, Harry se levantou bruscamente da cadeira e saiu para os corredores do hospital, banhados pelo sol do meio dia.
Depois que ele saiu, Gina apoiou a cabeça nas mãos num gesto cansado e Rony olhou com o rosto confuso para Hermione, tentando entender o que eles haviam dito de errado, mas, Hermione se levantou e foi atrás do amigo, pedindo aos irmãos que deixassem ela conversar a sós com ele.
Harry estava sentado num sofá velho que ficava perto de uma janela e de uma mesa cheia de exemplares antigos da revista “Seminário das Bruxas”, olhando para algum ponto distante. Hermione se aproximou sorrateiramente e se sentou em outra poltrona que ficava do lado da de Harry, só que era ainda mais velha
- Harry, por favor, desculpe a gente. Eu sei que as coisas são mais difíceis do que parecem ser. Nós todos passamos por momentos assustadores nos últimos dias e pudemos ver que o que nos aguarda não vai ser nem um pouco fácil, ou divertido.
Harry ainda se mantinha em silêncio, mas, já estava começando a se arrepender de Ter sido estúpido com os amigos.
Hermione continuou:
- No entanto Harry, você não pode se zangar com a gente só porque estamos sentindo uma centelha de esperança. Nós não somos tolos, apenas estamos acreditando por alguns segundos que no final, as coisas podem dar certo. Você devia acreditar também sabia? E se agarrar a essa esperança junto com a gente. A esperança é inimiga do medo Harry.
Harry olhou para o rosto da amiga, que estava iluminado pelos raios de sol, e soltou um suspiro.
- Eu é que devo pedir desculpas a vocês Hermione, eu fui um idiota lá dentro. Vocês estão arriscando a vida por mim e eu não quero que vocês tenham coragem só porque eu não tenho! Isso é ridículo.
- Harry, você é a pessoa mais corajosa que eu conheço.
O garoto voltou a desviar o olhar.
- Está enganada Mione, eu tenho muito medo, medo de perder você, Rony ou...
- Gina? – Hermione olhava com ternura para ele agora.
- Harry, Gina provou pra gente que é mais forte do que podemos imaginar. Acredite, você vai matá-la se continuar insistindo em excluí-la da sua vida. Confie em Gina Harry, da mesma maneira que você confia em mim e em Rony. Deixe que ela siga com a gente até o final. Você precisa dela meu amigo. Você e Gina se completam, só juntos vocês conseguirão chegar a algum lugar.
Uma mulher passou correndo por eles, de mãos dadas com uma criança, que sorriu para Harry. Ele retribuiu o sorriso e se levantou da poltrona, de repente tinha se lembrado de que desde que Gina tinha acordado ele ainda não tinha falado o quanto a amava. Correu para o quarto da garota.
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