Ataques de todas as direções
Gina saiu cautelosamente da barraca, sem dar importância para o medo de Tonks. A garota se aproximou do fogão improvisado em que sua mãe estava cozinhando para os doentes, e percebeu que havia pegadas e manchas de sangue pelo chão. Raciocinando friamente, Gina concluiu que a panela caiu do fogão, rolou pela terra, e se sujou do sangue que estava no chão. No entanto, de onde tinha vindo aquele sangue? A garota deu a volta pelo fogão e quase desmaiou de susto, pois, viu uma trilha inteira de sangue e marcas na terra de alguém ou de alguma coisa que foi arrastada.
Com o coração aos pulos, Gina se pôs a seguir a trilha de sangue, o mais silenciosamente possível. Ela andou alguns metros, contornou uma barraca com feridos, passou por entre as árvores e mergulhou na escuridão da floresta. E então a garota viu, com horror, que havia um animal enorme mais à frente, e parecia estar devorando algo. Por um instante, ela ficou imóvel, mas, logo, a coragem inata de Gina Weasley, fez com que ela saísse do seu estado de petrificação e começasse a dar passos vagarosos para trás. A criatura parecia estar tão entretida com a sua caça que nem percebeu que estava sendo observada. Gina podia ouvir, com nojo, o barulho da carne sendo rasgada dos ossos, o ruído dos dentes mastigando quem quer que fosse. Ainda assim, prosseguiu, rezando para conseguir sair logo dali.
No entanto, quando já estava saindo da floresta, Gina tropeçou numa raíz e caiu, denunciando sua presença. Por um instante, a criatura levantou a cabeça da sua presa, e seus olhos amarelos encontraram os olhos verdes de Gina. E então a garota não conseguiu mais se controlar, e deu um grito, levantando –se e correndo o mais rápido que suas pernas aguentavam.
Já o animal foi atrás da menina, numa velocidade muito superior a dela.
Tonks estava se perguntando onde Gina tinha se metido e porque estava demorando tanto, quando ouviu os primeiros gritos no acampamento. Ela viu os vultos das pessoas saindo das suas barracas e correndo sem saber para onde. Logo aquilo se tornou uma confusão de berros e pessoas sendo arrastadas por vultos sem nome, pois, ninguém conseguia ver quem estava atacando o acampamento, de tão rápidas que as criaturas eram. Os bruxos saíam de suas barracas e de repente eram derrubados no chão por algum animal grande e peludo que lhes mordia o pescoço, os braços, e saíam arrastando suas vítimas para a floresta. Tonks mal conseguia se sentar, mas, quando viu, no pano da barraca, a sombra de um animal acuando um bruxo que estava há menos de um metro da barraca de Tonks, para depois pular diretamente na garganta do pobre coitado, a auror teve certeza de que se tratava de lobisomens.
Não demorou muito para que Tonks pudesse comprovar suas suspeitas, pois, em questão de segundos, surgiu na entrada da barraca dela, um lobisomem de olhos vermelhos, injetados de sangue. Ele rosnava alto e de sua boca escorria uma baba espumosa, que molhava os lençóis de Tonks. Quando parou para observar melhor, ela pensou que aquela criatura lhe era familiar, mas, não soube dizer quem era.
Incapaz de defender, Tonks não pôde fazer nada mais do que fechar os olhos e esperar pelo ataque de Fenrir Greyback.
Enquanto isso, num ponto distante do acampamento, Fred e Jorge estavam incurralados no fundo de sua barraca por uma criatura que não era um cão, nem uma raposa ou um urso. Era um lobisomem.
O animal ia se aproximando cada vez mais dos dois, sem desviar os olhos de suas presas, e naquele momento não havia nada mais entre eles a não ser o caldeirão onde segundos antes os gêmeos tentavam preparar mais uma de suas geminialidades Weasleys.
-Alguma idéia brilhante? – perguntou a voz assustada de Fred.
Na hora que a gente mais precisa dos nossos cérebros eles falham... – Jorge respondeu.
O lobisomem ia se aproximando conforme os gritos lá fora iam aumentando, e Fred pensou que todos estavam tão enrascados quanto eles.
De repente, quando o animal já estava em posição para pular na garganta de um deles, agindo mais por instinto do que por coragem, Jorge pegou sua varinha no bolso e tombou o caldeirão para o lado do lobisomem, que ganiu dolorosamente, atingido pelo líquido fervente, que cobriu metade do seu corpo.
Sem pensar duas vezes, os gêmeos fizeram um buraco no pano da barraca em que estavam encostados e saíram para tentar salvar suas vidas.
Tonks já sentia o peso de Greyback em cima de sua única perna e estava preparada para morrer com dignidade, da mesma forma que morreria no rio, se Moody não a tivesse salvado dos crocodilos. E assim como aconteceu no rio, os últimos pensamentos da auror, se desviavam em direção a Lupin, na última visão que ela tivera do rosto dele, antes que partissem para aquela guerra maldita.
Tonks ainda estava de olhos fechados quando ouviu o barulho de um rosnado, ainda mais feroz do que o de Greyback, e o peso em sua perna aumentou ainda mais com o corpo de outro lobisomem que entrara na barraca. Ela pensou amarguramente que agora iria ser devorada por dois, certamente nem ia sobrar alguma coisa do seu corpo para o funeral.
No entanto, ao perceber que estava demorando para ser atacada, Tonks abriu os olhos, bem a tempo de ver o lobisomem que tinha acabado de chegar dar uma mordida violenta no pescoço do outro. Eles começaram a brigar em cima do corpo da auror, quase esmagando Tonks com seu peso, que já estava ficando sufocada pela falta de ar. Greyback era maior do que o segundo lobisomem, que além de magro tinha uma cor acizentada e triste. Tonks se esforçava para ficar consciente, mas, sua mente já começava a divagar, e ela começava a reconhecer aquele lobisomem magro. Quando Greyback deu uma mordida particurlamente forte no menor, que chegou a arrancar sangue deste, ele uivou. Um uivo tão triste que atingiu em cheio o coração de Tonks. E então ela soube, naquele instante, que aquele lobisomem que tinha chegado na verdade tentava defendê –la do primeiro. E que ele era Lupin.
No entanto, quando percebeu isso, e tentou chamá –lo para mais perto, Lupin se virou e saiu da barraca, atrás do homem que o transformara naquela criatura horrenda. Atrás de Fenrir Greyback.
Gina corria desesperada, com o lobisomem chegando cada vez mais perto de si, a boca enorme arreganhando os dentes para a menina. Ela caiu mais uma vez, exausta, e já ia ser atacada pelo lobisomem, quando alguns bruxos apareceram em seu socorro e causaram uma explosão que fez o animal recuar para dentro da floresta. No entanto, não havia como derrotá –los, pois, ninguém ali estava armado com balas de prata, e este era o único jeito de matar aquelas criaturas. A única opção era fugir dali o mais rápido possível.
Depois que metade do acampamento já tinha sido estraçalhado pelo bando de Greyback e que enfim, os bruxos tinham percebido, em seu pânico, que estavam sendo atacados por lobisomens, Minerva Mc.Gonagal, não tendo encontrado os gêmeos em sua barraca, junto com mais alguns aurores tinha conseguido enfeitiçar algumas garrafas vazias de suco de abóbora para que virassem chaves de portal para Londres. Na verdade, as chaves levavam os bruxos para o Sto. Mungus, o lugar mais adequado naquele momento.
Os bruxos que salvaram Gina tentaram arrastar a garota para levá –la embora, mas, ela resistia com todas as forças em não abandonar a mãe e os irmãos. A garota cabou por estuporar um deles para conseguir se soltar e quando se viu livre dos bruxos, graças a dois lobisomens que surgiram do meio do nada, ela correu para a barraca de Tonks, rezando para que não fosse tarde demais.
Logo Gina estava sendo perseguida por outro lobisomem novamente, pois, eles não desistiam nunca e não havia feitiços que os mantivessem longe por muito tempo. Porém, quando ela virou uma curva cheia de destroços de barracas deu de cara com um Fred pálido e um Jorge sem fôlego. Atrás deles via um outro lobisomem, o mesmo que eles tinham jogado o líquido do caldeirão, e que tinha ficado ainda mais feroz por causa da dor. A pele do animal estava cheia de bolhas e seu olhar tinha um brilho assassino de vingança. Quando tomaram consciência, os três Weasleys perceberam que estavam cercados pelos dois lobisomens, sem rota de fuga.
Longe dali, no acampamento dos comensais, Bellatrix Lestrange estava aos berros com Rockwood, um dos poucos comensais que conseguiram escapar do massacre dos gigantes no acampamento dos bruxos da Ordem.
- EU NÃO ACREDITO QUE ELES CONSEGUIRAM ESCAPAR NOVAMENTE! A VITÓRIA ERA CERTA PARA O NOSSO LADO! DE ONDE VEIO AQUELE GIGANTE RIDÍCULO DE HOGWARTS E O BANDO GROTESCO DELE?
A irmã de Narcisa Malfoy estava com uma aparência desoladora, os longos cabelos negros embaraçados, o rosto mais envelhecido do que nunca, e os olhos repletos de insanidade. Ninguém teve coragem suficiente para enfrentar a mulher. Todos estavam exaustos por causa da última batalha e a maioria dos comensais que não foram mortos pelos gigantes do grupo de Hagrid tinham arranhões profundos e hematomas por todo o corpo. Eles estavam arrasados e tinham perdido um dos mais importantes líderes do bando de Voldemort, Lúcio Malfoy. O loiro platinado por pouco não morre de tanto apanhar de Arthur Weasley, que saiu rolando junto com o pai de Draco pelo chão do acampamento da Ordem da Fênix, enquanto uma dúzia de gigantes destroçava a todos sem sequer distinguir de que lado os bruxos estavam. Crabbe foi o único que percebeu que Lúcio estava perdendo na briga com o senhor Weasley, que estava furioso pela morte de Carlinhos e parecia estar concentrado na única e exclusiva tarefa de espancar Malfoy.
Dividido entre sair correndo dali junto com os outros comensais ou ajudar Lúcio, Crabbe acabou lançando um feitiço em Arthur Weasley que fez o homem voar e cair a alguns metros do corpo ensangüentado de Malfoy. No entanto, no momento em que Crabbe ia correr na direção de lúcio para tentar ajudá –lo, um gigante furioso apareceu do meio do nada e passou andando por cima do corpo de Lúcio, sem nem olhar pra baixo, deixando Malfoy com uma aparência ainda pior do que a de Carlinhos.
Antes de fugir para a floresta, Crabbe ainda teve tempo de ver Malfoy virar o rosto desfigurado em sua direção, com os olhos arregalados de surpresa, para depois deixar pender a cabeça, com os olhos verdes abertos para sempre.
Quando deu essa notícia ao pequeno grupo de comensais que tinha voltado para Voldemort, já que a maioria deles aproveitou a confusão para partir da floresta, uns poucos ficaram chocados pela forma que Malfoy morreu, mas, a maioria dos servos de Voldemort só deu importância ao fato de que estavam num grupo de menos de vinte de comensais e nunca conseguiriam ganhar dos bruxos da ministério e da Ordem da fênix naquele momento, caso eles resolvessem rechaçar os comensais por causa de todos os ataques que sofreram desde que entraram naquela floresta.
Bellatrix não esboçou nenhuma reação de tristeza pela morte do cunhado, apenas de raiva.
- Aquele imbecil do Lúcio deveria estar concentrado em se livrar daqueles gigantes miseráveis ao invés de se meter em brigas de moleque com aquele Weasley nojento, traidor dos sangues- puro, pobretão... – e assim Bella ficou resmungando baixinho até que Rockwood tomou coragem e interrompeu a mulher:
- Ouça Bellatrix, o que mais preocupa a todos agora é o que vamos fazer caso aqueles bruxos da Ordem resolvam nos atacar, porque não temos pessoal suficiente, então talvez seja melhor nós sairmos daqui e levantarmos acampamento em outro lugar.
Bella soltou uma risada de louca que fez os pêlos da nuca de vários comensais se eriçarem.
- Vocês são uns covardes mesmo não é? Pois eu espero que o Lord acabe com a raça de todos vocês, QUE ELE TORTURE VOCÊS ATÉ A MORTE!!!!!!
Os bruxos então perceberam que Bellatrix realmente tinha enlouquecido com toda aquela situação e resolveram deixá-la rindo sozinha e ir embora dali o mais rápido possível, já que Voldemort não dava as caras há horas no acampamento e ninguém sabia onde o lord das trevas tinha se metido.
No entanto, quando já estavam dispersos e prontos para desarmarem suas barracas, os comensais viram Rockwood ser atingido por uma luz verde que veio de dentro da floresta e cair morto no chão.
Logo apareceu o autor do disparo do feitiço, Alastor Moody, que saía de dentro da floresta acompanhado por quase trinta bruxos da Ordem, mais Hagrid e madame Maxime. Agora era o outro lado que atacava de surpresa, dessa vez eram eles que estavam em vantagem.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!