Belo Passeio



Sim, fomos andar! Descemos calmamente pelas escadas, aproveitando a paz da falta de alunos dentro do castelo. Demos a volta no castelo e fomos andar pelos jardins dos fundos. Acho que nunca tinha ido pra aqueles lados.
Eu olhava tudo e sentia o olhar dele em mim de vez em quando. Era um lugar parecido com os outros das terras de Hogwarts, mas tinha a vantagem de não ter ninguém por perto.
- Aonde está me levando?
- Nenhum lugar especial. É como eu disse; às vezes eu saio para andar, mas não para ir a algum lugar; é só pelo ato de andar mesmo. Desta vez chamei você porque achei que talvez você quisesse conhecer esse meu outro lado.
- É um lado bastante agradável – comentei. – Você deveria mostrá-lo mais vezes.
- Dificilmente teria autoridade sobre os alunos se o fizesse, Hermione – ele disse calmamente, me puxando pela cintura para junto dele, enquanto andávamos.
Eu me afastei dele e olhei em volta, horrorizada. Depois olhei para ele, com as mãos na cintura.
- Tá louco? E se alguém nos vir?
- Não seria exatamente um problema, já que não sou mais seu professor – ele disse, calmamente. – Mas ninguém vem para estes lados... Não gostam de dar a volta no castelo.
- Hum... amanhã é domingo... – murmurei. – Se você quiser... quem sabe... eu... Bom, não tenho nada pra fazer e... Olha, não que...
Ele riu.
- Não fique constrangida. Quando eu quero bem sei o que fazer. Aliás, nada me é mais agradável que a sua presença. Mesmo que você ainda se mantenha firme e forte na minha tortura convencional, eu permito que você se aproxime...
Acabei rindo. Um Snape como aquele não se via todos os dias. Era melhor aproveitar. Vai que eu tava sonhando?
Ele me puxou pela cintura de novo, para o lado dele, e desta vez eu me permiti andar com ele, ao lado dele, assim, tão juntos.
E não sei explicar como, mas Snape estava tão mais agradável! Eu já o amava mais que tudo antes, mas cada vez mais eu me apaixonava por aquele homem. Sim, o lado humano dele era mais apaixonante e mais atraente ainda do que aquele lado mais sinistro e misterioso. Íamos andando em silêncio enquanto eu ficava com essas minhas reflexões um tanto malucas.
E comecei a me perguntar por que eu ainda não havia me deixado levar pelos desejos dele que, aliás, eram meus também. Cheguei à simples conclusão de que eu ainda não acreditava que aquilo tudo era real e que, mesmo sendo, eu precisava de um pouco de tempo para me acostumar a este novo Snape que se mostrava diante de meus olhos. Olhei para ele incerta. Ele disse várias vezes que aquele não era ele mesmo; que aquilo só fazia parte de um jogo de sedução. Considerando o que eu conhecia dele, dos anos anteriores, era mais certo acreditar que ele dissera a verdade. Mas algo lá no fundo do meu coração, bem lá dentro da minha mente, me dizia que não era verdade. Que, de alguma forma, ele ainda tentava me afastar dele por algum motivo absurdo.
Olhei para ele outra vez, mas logo voltei a olhar para frente. Era muito difícil tentar imaginar o que se passava dentro dele. Desejo sexual era uma coisa, mas ele tinha uma vaga idéia de que eu o amava – assim suponho – e ele sabia que eu não resistiria muito tempo. Mesmo com aquele jeito insuportável de antes, eu já o amava. Ele não teria precisado me mostrar um outro lado. E, no entanto, ele o fez.
Suspirei e parei, admirando a paisagem em volta.
- Snape...
- Sim? – perguntou ele, virando-se para mim imediatamente.
- Eu imploro... a minha cabeça está dando voltas e...
- Eu vi – ele disse simplesmente.
Corei feito um pimentão. Minha respiração acelerou e eu me senti muito irritada de uma hora para outra, tipo uma TPM fulminante.
- QUEM DEIXOU VOCÊ ENTRAR NA MINHA MENTE?! – esbravejei e, pela expressão dele, ele não esperava aquela reação.
- Acalme-se, eu...
- NÃO ENTRE NA MINHA MENTE DE NOVO! – gritei, muito irritada.
- Não permito que você use esse tom comigo, srta. Granger! – exclamou ele, num tom pouco acima de um sussurro, letal, virando-me de frente para ele e me encarando nos olhos.
Encontrei naquele par de olhos negros as expressões que eu mais temia até o dia antecessor ao anterior e, de repente, senti meus olhos marejarem. Eu havia estragado tudo?
Mas logo aquele olhar letal anuviou-se e ele levou uma das mãos ao meu rosto.
- Hermione – o tom dele saiu bem mais gentil. – Eu não gosto de entrar na sua mente assim, desrespeitar você. Mas eu precisava saber o que você estava pensando de mim... De um dia para outro uma mudança tão radical, tão inusitada... Qualquer outra jovem, me consideraria um velho pervertido ou qualquer coisa assim e você... tão doce... Mesmo sem saber de nada, entende... ME entende, o que é pior. Ou melhor, não sei... eu só queria saber o que você estava pensando de mim, apenas isso...
Olhei para baixo.
- Me desculpe... – murmurei. – Eu não queria usar esse tom com você, mas é que... às vezes eu me sinto tão estúpida, eu... Como eu posso amar tanto você? Eu... eu não sei explicar isso... Nunca recebi uma palavra amiga de você... Nunca nenhum mínimo elogio... Eu...
Suspirei irritada e afastei umas lágrimas dos meus olhos com uma certa violência. Por que eu tinha que ser tão idiota de começar a chorar justo agora? E se ele me achasse chata? Uma complicada? Uma criancinha estúpida sem nenhum grau de maturidade? Mas ele, ainda que eu o amasse, me intimidava, me assustava. Não se explicar por quê... só sei que era assim que as coisas aconteciam.
Ele ensaiou um sorriso para mim e me beijou. Um beijo tão mais terno, tão mais calmo que os de antes, mas nem por isso menos maravilhoso.
- Tudo a seu tempo... Sei que parece estranho eu estar falando assim, mas você precisará ter paciência. Essa história toda é tão nova para mim quanto é para você, a diferença é que eu compreendo...
- Mas o que é que tem de tão complicado? Não deve ser tão difícil explicar... Você quer sexo comigo, mas também disse que espera que eu seja mais que uma boa amiga. O que você quis dizer com isso exatamente? Minha cabeça está dando tantas voltas!
Ele sorriu e continuou acariciando a minha face.
- Eu amo você, srta. Granger – começou ele e eu arregalei os olhos tanto que não sei como eles não saltaram das órbitas. Ele deu uma risadinha de veludo, contida. – Mas isso só vai deixar você mais confusa ainda... Acho melhor você parar de pedir explicações por enquanto. Só pense até aqui, que já é muito em que pensar por um dia...
Assenti em silêncio, lívida. Ou eu tinha fumado uns ou então o Snape tava completamente bêbado. Ele me amava mesmo? E me destruía tanto por quê? Prendi a respiração quando me veio à cabeça a possibilidade de que as aulas dele fossem um peso para ele por amor a uma aluna. Então faria muito sentido ele querer me afastar, não por eu estar perto em corpo real, mas na cabeça dele. E nem quero imaginar como eu estava presente na cabeça dele, se ele agia daquele modo como quando estávamos juntos no laboratório.
- É, Hermione, você é brilhante – concordou ele, e olhei para ele outra vez, desta vez com um sorrisinho no canto dos lábios. – Mas está certa, nem tente imaginar como você aparece na minha mente. Essa minha mente podre, como eu todo.
Uma corrente de tristeza me encheu. Ele ainda tentava me afastar dele. Ainda queria me prevenir de alguma coisa. Desta vez, eu toquei o rosto dele, acariciando a barba por fazer. Ele fechou os olhos e suspirou. Depois, pegou minha mão e a beijou.
- Maldito Dumbledore – murmurou Snape. – Ele está sempre certo afinal, não está?
- É, ele está – eu disse.
- Bom, agora que nos entendemos, seria mais interessante para mim investir de novo, que acho que talvez eu conseguiria o que eu quero... Mas, de todo modo, não quero assustar você mais ainda... E, verdade seja dita, esse não é o tipo de coisas que se faz com pressa, então... Vamos voltar antes que eu faça alguma coisa impensada... Está quase na hora dos alunos retornarem de Hogsmeade.
Concordei com um aceno na cabeça e ele me deu a mão e voltamos de mãos dadas. Achei que estava delirando. Céus, ele ainda era o Snape, certamente, o mesmo Snape sério e algumas vezes cruel, mas eu nunca o tinha visto com um lado gentil.
Infelizmente, encontramos a Mariazinha-Vagabunda-Voltaire no caminho de volta e, quando ela nos viu, parou. Olhou para Snape, depois para mim, depois para nossas mãos.
- Você me trocou por... ela? – o desprezo com que a última palavra foi proferida não me incomodou nem um pouco.
Olhei para Snape, que não olhou para mim; apenas olhou para ela e tentei adivinhar com que emoção. Nenhuma.
- Supondo que a resposta seja sim, o que você tem a ver com isso? – perguntou ele, muito seco, segurando a minha mão com mais força e me trazendo para mais perto.
Ela bufou.
- Olha, Snape, ela é uma aluna... sob a guarda de Dumbledore... e seria muito ruim para você e para ele que alguém soubesse, afinal...
- Afinal, se alguém soubesse, é porque uma professora francesa com um sotaque patético morreu em circunstâncias muito estranhas dentro dos domínios de Hogwarts, o que geraria uma burocracia dos diabos, principalmente que Inglaterra e França nunca se deram muito bem – eu disse, olhando para ela com meu melhor olhar de sabe-tudo insolente.
Um sorrisinho brotou no canto dos lábios de Snape e eu tive muita vontade de beijar aquela boca deliciosa outra vez, mas me contive.
- Calada, jovenzinha, que eu não estou falando com você – disse Marie, e olhou de volta para Snape, aproximando-se dele com um olhar sugestivo.
Ele segurou a minha mão com mais força, mas não como quem tem medo e sim como alguém que quer dar força, apoio. Eu sabia que ele era homem e, a julgar pelo modo como investia em mim, devia estar há algum tempo sem certos tipos de prazer. Aquela mulherzinha simplesmente vinha provocá-lo, sabendo que ele precisaria no mínimo de um banho bem frio depois.
Soltei a mão de Snape e ele me olhou um pouco assustado, talvez com medo de que eu estivesse com muitos ciúmes, afinal, ou que eu achasse que ele cederia a ela. Bom, não era isso que eu tinha na cabeça. Ainda ouvia-o dizer que me amava. Ainda ouvia-o expulsar a professora do laboratório dele quando se supunha que eu estava longe. Ele me olhou e parecia ansioso para dizer alguma coisa, mas eu fiz sinal para que ele se calasse. Ele ficou lívido e tive que segurar um sorriso. Se aquilo fosse medo de me perder, eu estava bem servida.
Marie me ignorou completamente, aquela vaca, e quase se jogou em cima dele, que apenas me olhava, quase se esquecendo dela. aquilo pareceu irritá-la um pouco.
- Oh, Severo... – ela murmurou com uma voz manhosa. – Esqueça essa menininha... ela não pode lhe dar o que eu posso...
Ele ia falar alguma coisa, mas eu a peguei pelos cabelos e a puxei.
- Licença, eu sei que você é professora, mas eu nem ligo... – eu a arrastei para mais longe e, com um olhar de relance, vi Snape sorrir um sorrisinho contido. Soltei os cabelos dela e ela olhou para mim com os olhos faiscando. – Sabe, eu realmente não gosto de você. Você é bonita, é muito burra também. Se ele quisesse você, paciência, né, mas ele já disse que não quer, já mostrou que não quer. Assim sendo, eu tenho que te dizer uma coisinha só, simples... Ou você pára de se jogar em cima dele...
- Ou você o que? – debochou ela. – Vai usar alguma imperdoável em mim, queridinha?
- Não – eu disse, com firmeza. – Vou encher você de tapa até deformar o seu belo rostinho. Estamos entendidas, minha queridinha?
Ela deu um sorrisinho de nojo e um olhar de relance em Snape e afastou-se, dizendo que aquilo não ia ficar assim. Então, quando ela já tinha se afastado o bastante e eu ainda olhava para ela, senti Snape me abraçar pelas costas e beijar o lado do meu pescoço.
- Uma Hermione Granger agressiva é potencialmente ainda mais atraente...
- Senti uma ponta de ironia na frase – murmurei, sorrindo e acariciando as mãos dele que me abraçavam.
- Você é virgem... Eu devia ter sabido antes – ele murmurou, mudando tão radicalmente de assunto que eu me virei para olhá-lo. Ele parecia querer se desculpar. – Ainda não sei como você saiu correndo... Entendo bem que não seja o sonho de vida de uma jovem como você perder a virgindade em cima da mesa de um laboratório... Ahn... me desculpe.
Eu sorri para ele.
- Calma, Snape... Não tem problema não... Sabe, você não fez nada contra a minha vontade, afinal... quando você via que eu não queria que você fosse adiante, você parava. Não tinha por que sair correndo.
Ele deu um sorrisinho e me beijou, e continuamos nosso caminho de volta ao castelo. Em determinado momento, ele soltou a minha mão e se afastou um pouco. Além disso, me pareceu que ele reassumia a postura habitual, quase com uma armadura, e não apenas uma máscara, como eu costumava achar antes.
Conversamos um pouco sobre poções, sobre meus experimentos. Eu disse que iria para me laboratório no dia seguinte, que era domingo. Ele pareceu ligeiramente mais tranqüilo com a notícia e disse que poderia me dizer se havia dado tudo certo com a mata-cão em meu caldeirão de zinco com prata.
Pelos corredores, rumo a nem me lembro mais onde, encontrei Harry e Gina, que olharam de mim para Snape um pouco espantados, quase querendo ver se eu estava inteira e bem.
- Ahn... Tudo bem, Mione? – perguntou Harry, alternando o olhar entre mim e Snape.
- Claro – eu disse, tranqüilamente. – Aliás, dificilmente as coisas poderiam estar melhores... Agora tenho um laboratório, vizinho ao desse chato, que muito convenientemente é o melhor mestre de Poções que Hogwarts já viu...
Snape olhou para mim com as sobrancelhas arqueadas, quase como que muito espantado por eu não dizer que não estávamos juntos ou qualquer coisa assim. Harry e Gina se entreolharam.
- Puxa – Gina conseguiu dizer. – Fico feliz, sua nerd. Agora você vai passar mais tempo ainda com aquelas poções malucas, mas pelo menos não vai mais precisar dormir no chão do meu quarto. Assim tem espaço pra outras pessoas...
Ela me deu uma piscadela; Harry olhou para ela, escandalizado, e depois para Snape, que ocultava um sorrisinho.
- Tudo bem, Hermione... Se você resolver aparecer por lá só me avise antes, que ainda não consegui a porta... E mantenho meu laboratório trancado – Snape disse num tom bem sussurrado, mas a frase em si já não combinava com ele, e Harry e Gina se entreolharam outra vez, sem entender nada. Ele se retirou.
Harry e Gina vieram para cima de mim, com ares de quem iam me encher de perguntas. Eu tava doidinha pra contar todas aquelas maluquices pra Gina, minha confidente e de quem eu era confidente também, mas o Harry ia ter que esperar pra saber alguma coisa.
- Bom, gente, depois de tudo aquilo que aconteceu anteontem, o professor Snape pareceu muito arrependido. Nós nos encontramos na loja de artigos de Poções enquanto o sr. Brown pegava uns ingredientes, que não me deixou pagar. Aí o sr. Brown fez uma super propaganda das minhas pesquisas e o professor Snape ficou interessado. Quando ele soube que eu fazia as poções no meu quarto só pra não ter que pedir uma laboratório para ele nas masmorras, e que eu dormia no chão do quarto da Gina quando alguma coisa dava errado, ele ficou meio com a consciência pesada e muito bravo comigo... Parece que está querendo se redimir...
- Ou o emprego de volta – disse Harry, emburrado.
- Bom, estou mesmo satisfeita em ter o apoio e um mestre de Poções, é algo que vai me ajudar. Então eu não ligo se ele quiser se aproveitar disso pra fazer uma média com o diretor.
- Hermione Granger nunca com segundas intenções – ironizou Harry. – Bom, tenho que ir ver umas coisas sobre o campo de quadribol com a professora McGonagall ainda antes do jantar, então vou deixar as duas menininhas fofoqueiras aí e já volto.
Já foi tarde, Harry!
Gina olhou para mim.
- Seu plano pra se aproximar do professor Snape parece ter dado certo – disse Gina. – Você acha mesmo que é uma média com o Dumbledore ou ele se interessou mesmo nas suas idéias malucas?
- Gina, eu juro que ele passou três horas e meia lendo minhas teorias sem nem levantar a cabeça. Isso não parece média com ninguém – eu sussurrei para ela, que pôs umas das mãos na boca.
- Esse seu amor exagerado por ele me assusta às vezes, mas se eu vou ver você sorrindo desse jeito a partir de agora acho que sou capaz até de cumprimentar o professor Snape com beijinho...
Eu respirei fundo e sorri. Essa versão de Hermione adolescente aparecia raras vezes, e Gina ficava muito feliz de ser a única que a via. Ninguém pensaria que faço fofocas ou que falo de sexo e meninos, como todas as meninas. A diferença é que não era o meu assunto preferido e que eu não falava só disso, o tempo todo.
- Bom... você tá saltitante demais pra quem só bateu papo com um chato a tarde inteira – Gina disse. – Pode ir me dizendo que foi que aconteceu...
Eu olhei em volta.
- Tá muito na cara que aconteceu alguma coisa? – perguntei, baixinho, horrorizada.
- Não, Mione, sua tonta, é que eu sou sua melhor amiga.
Fomos pra um canto mais reservado no castelo, as masmorras. O único risco era encontrar Snape, mas achei que ele provavelmente estaria falando com o professor Dumbledore.
Entramos numa sala abandonada e Gina fechou a porta.
- E então, dona Mione? – ela perguntou, virando-se para mim.
Eu me apoiei na porta fechada e sorri.
- Ele beija tão bem... – murmurei com um suspiro.
Ela fez cara de nojo, que logo deu lugar a um espanto. Ela levou as mãos à boca, estarrecida.
- Deus do céu... Até sexta a sua vida tava um inferno por causa dele... Agora vocês já tão se agarrando?
- Gina, foi só por causa desses meses insuportáveis que não aconteceu nada demais – eu sussurrei com veemência.
Ela sorriu em meio ao espanto todo expresso no rosto.
- Mione! Como foi isso?
- Bom... nós tínhamos conversado... Bom, não, não foi isso direito. Quando nos encontramos na loja de poções, nós conversamos, e foi quando ele ofereceu o laboratório. Pra resumir muito, decidimos nos encontrar na loja, porque eu tinha mais o que fazer e ele tinha que comprar um casaco ou sei lá. Mas eu fui à loja de roupas de gala pra comprar um vestido pra festa de comemoração da morte do Voldemort e encontrei ele lá, dá pra acreditar?
- Nossa... que coincidência absurda...
- E o pior é que foi coincidência mesmo... Eu tinha que experimentar um vestido, e ele ficou me esperando, porque a vendedora lá mandou ele ficar, porque uma opinião masculina é importante...
- Meu, justo do Snape...
- É, odiei isso, mas experimentei. O Snape ficou babando lá, mas o vestido era caro. Aí eu ia experimentar outro, mas ele mandou embrulhar e ficou insistindo dez anos que ele podia pagar e bla bla bla... Eu preferia a morte a deixar isso, mas quando voltei, ele já tinha pagado...
- O Snape comprou um vestido pra você? – Gina parecia muito incrédula.
- Comprou... Então agora vem o que eu vinha te contar... Nós estávamos voltando juntos... Ele carregou a maior parte das coisas, inclusiva as minhas...
- Olha, Snape cavalheiro... Calma, que ainda to tentando imaginar...
Nós duas rimos e eu continuei:
- Ele disse que eu tinha ficado muito atraente com o vestido...
Gina levou as mãos à boca, em espanto.
- Deus do céu! Não tem jeito de imaginar o Snape dizendo isso!
- Imagina como foi ouvir isso!
- Você deve ter ido às nuvens!
- É, né... Mas aí nós chegamos ao laboratório e ele me deu o contíguo ao dele. eu tinha que passar pelo dele, porque a porta do meu tava emperrada. Passamos a tarde inteira assim. Aí eu fiquei limpando as minhas coisas, eu tinha que ir buscar umas coisas minhas no meu quarto. Mas enquanto eu tava limpando, eu comecei a cantar aquela música lá que eu adoro, sabe?
- Qual?
- I don’t wanna miss a thing – respondi.
- Ah, aquela música é muito fofa.
- Então... eu fiquei cantando, mas eu tava normal, só tava cantando. Aí tinha um silêncio mortal no laboratório dele e morri de medo de ele ter ficado bravo de eu incomodar o silêncio dele. Aí eu perguntei se tava incomodando. Aí ele apareceu na porta e disse que dava pra suportar... Aí ele me perguntou por causa de quem eu estava tão romântica...
- E aí? – perguntou Gina quase pulando em cima de mim e me sacudindo pra eu falar logo.
- Aí que eu dei as costas para ele e disse alguma coisa que não lembro direito o que era... mas algo como “você não quer saber” e dei as costas pra ele, pra começar logo a fazer o que eu tava fazendo...
Gina murchou os ombros.
- Só isso?
- Aí eu senti ele me abraçar pelas costas e começou a beijar o meu pescoço e disse que ia me convencer a dizer pra ele...
Gina soltou um gritinho agudo e incrédulo de puro espanto.
- Snape? Ele mesmo? Nossa, sempre achei que ele fosse todo retraído.
- Imagina o que eu achei disso. quase voei no teto...
- Mas e aí...?
- Aí ele começou com graça – eu disse, ficando muito vermelha...
- Com graça como?
- As mãos dele começaram a pesar tanto que ele não conseguia mais deixar só na minha cintura – eu disse, sentindo minhas faces queimarem.
- Pesando pra onde? – perguntou ela.
- Aí mesmo – respondi. –Mas eu segurei a mão dele... Aí ele me pediu desculpas e perguntou se eu não queria.
- Uau... O Harry podia ser assim, né? – perguntou Gina, com um sorrisinho.
- Sei lá... Aí... meu... isso aconteceu o dia todo, pra falar a verdade. Mas num sei muito a ordem. Porque teve vezes que eu saía e voltava... aí ele vinha com graça...
- Como foi que vocês e beijaram primeiro? – disparou ela.
- Depois que ele leu a minha teoria... ele me disse que até as minhas falhas eram perfeitas...
- O Snape foi abduzido e eu não sabia! – exclamou Gina, espantada.
- Aí eu fiquei um pouco constrangida e ele perguntou se era por causa dos elogios ou das mãos abusadas dele... Eu disse que os dois... Aí ele se levantou... Eu só ouvi a porta se trancando...
- Nossa, que máximo! – exclamou Gina. – O Harry podia fazer isso!
- O Harry é criança ainda, ele tem que aprender umas coisas, viu – eu disse, rindo.
- Mas o que que aconteceu depois? - perguntou ela ansiosa.
- As mãos dele ganharam vida própria... E são mãos maravilhosas... de tirar o fôlego mesmo... Aí ele olhou pra baixo... pros meus seios... Aí eu disse que não era tão bonita quanto a Mariazinha...
- Ahn? Onde é que ela entra na história?
- Isso eu conto depois... Mas aí ele disse que discordava... E me beijou... Eu não tenho o que dizer... O melhor beijo da minha vida inteira... Nunca, nunca imaginei ser beijada daquele jeito... Nem o melhor beijo que eu já tinha imaginado chega perto do Snape...
- Caramba, Mi...
- Bom, teve uma hora que as mãos dele chegaram onde queriam... se é que você me entende... – eu fiquei mais vermelha que um pimentão.
Gina riu, mas tinha um aspecto incrédulo.
- Nossa... eu não achei que você fosse deixar as coisas serem tão rápidas...
- Ai... será que ele tá me achando uma vagabunda? – resmunguei, constrangida.
- Duvido... Ele é que foi pra cima de você... Mas agora conta o que que a professora Voltaire tem a ver com isso...
- Só falta ela se jogar em cima dele... Nossa, estou muito irritada com ela... Assim, Ontem à noite eu não tava conseguindo dormir.... aí o que eu fiz? Eu fui à biblioteca... Na hora que eu entrei lá, encontrei ela se esfregando no Snape, que tava encostado na parede...
- Nossa, tenho que rever os meus conceitos sobre o Snape...
- É... ela não ligou muito, queria reclamar que eu tava fora da cama... Eu disse que não ligava e que tinha muitos quartos em Hogwarts... eu queria sair logo de lá, porque eu tava quase chorando... Mas o Snape arrastou ela pra fora e ficou todo preocupado em me explicar o que aconteceu... Quando eu deixei ele explicar, ele falou que ele tava procurando um livro lá e que a Mariazinha entrou lá e o agarrou assim, do nada... Bom, eu fui pegar o meu livro e só então o ouvi mandar eu me cobrir... Eu nem tinha me tocado, mas eu tava com aquela minha camisola, sabe?
- Nossa, o Snape te viu daquele jeito?
- Viu... Aí eu fiquei muito vermelha... ele me deu uma secada que eu até acho que perdi uns cinco quilos, mas logo consegui pôr um casaco e só... ele começou a conversar comigo sobre poções e essas coisas... Foi quando eu disse pra ele por que eu tava estudando tanto...
- Você disse pra ele que as suas pesquisas eram só pra ele deixar de te detestar?
- Disse... Não sei com que coragem... Mas e você e o Harry?
- Bom... a gente ficou se amassando num canto lá em Hogsmeade, mas ele infelizmente é um bom moço e disse alguma coisa sobre não querer me comprometer e não querer que eu seja mal vista, o que quer que isso signifique...
Nós duas rimos juntas.
- Ah, ele é fofinho, né, Gina... Ele gosta pra caramba de você...
- Ele não precisava ser um cavalheiro... Podia ser igual o Snape nesse ponto... Cavalheiro só à vista das pessoas...
Rimos juntas outra vez.
- Ah... chega um momento na nossa vida em que crescemos, né... Sabe que é cientificamente comprovado que os homens demoram mais a madurecer?
- Da parte científica eu não sabia, mas isso é óbvio, mesmo sem estudos de trouxas especializados!
Rimos juntas outra vez e nos encaminhamos para o salão principal, ainda falando meio em códigos. O assunto, é claro, mudou quando alcançamos um lugar mais público. Encontramos o Harry e fomos nos sentar com ele. Ficamos conversando assuntos casuais, como há muito tempo eu não fazia. Estava tão mais leve, tão mais tranqüila. Acho que eu sorria à toa... eu queria a todo custo evitar olhar para a mesa dos professores, mas eu sentia o olhar de Snape em mim.
Chegou uma hora que não resisti mais. Olhei em volta como quem não quer nada e encontrei o olhar dele em mim. Eu dei um sorriso leve e fiz um aceno com a cabeça. Depois, olhei para Dumbledore, do lado dele, e sorri para ele. Meu sorriso devia estar radiante, porque ele sorriu também, parecendo até mais feliz.
Mas acho que eu via em volta tudo conforme o meu estado de espírito. Para mim, tudo estava mais bonito, por isso é que tudo estava mesmo mais bonito aos meus olhos.
Quando terminei de jantar, já ia para meu quarto, quando senti uma mão em meu ombro e vi um Dumbledore sério me chamar para o escritório dele, que ele queria conversar.
Quando chegamos juntos ao escritório, ele me mandou sentar e sentou-se em seguida. Nós nos olhamos.
- Ahn... o que foi, diretor?
- Bom... a professora Voltaire veio conversar comigo – começou ele, sério.
Revirei os olhos.
- Ela disse que estava indo colher uns ingredientes e encontrou você aos beijos com o professor Snape...
Arregalei os olhos.
- Isso é mentira deslavada!
- É? – os ombros dele murcharam e me pareceu que ele estava desapontado. Tive que me esforçar para esconder um sorriso, afinal podia ser só impressão minha.
- É! A gente não ia ficar se agarrando assim, num lugar de tão fácil acesso! A gente só tava voltando pro castelo de mãos dadas.
- Mesmo? – ele pareceu se interessar. – Mas o que efetivamente aconteceu entre vocês?
- Bom, nada demais... Ocorre que ele me cedeu um laboratório, lembra-se?
- Sim.
- E eu estava arrumando tudo. Ele leu as minhas teorias, gostou das minhas idéias e de uma em especial. Conversamos muito e... bom, sabe... – senti minhas faces queimando. – Conversa vai... conversa vem... Ele me beijou.
Olhei para minhas mãos, mas ouvi Dumbledore bater palmas, alegre.
- Esplêndido! Mas á pode parar de fazer de conta que foi assim, tão inocente. Severo é muito descarado de vez em quando...
- Diretor! – exclamei em tom de repreensão.
- É só a verdade. Ele se comportou?
- Bom... não muito – eu disse, e ri um pouco. O diretor riu também. – Mas se comportou sim, na medida do possível.
- Hum... e quando vocês saíram?
- Ah, ele queria sair pra andar... ele disse que sempre faz isso.
- Faz mesmo.
- Aí ele disse que dessa vez ele queria companhia... Aí eu fui com ele. Andamos assim, juntos... ele andou abraçado na minha cintura... Difícil imaginar que isso aconteceu mesmo, mas juro que é verdade... Depois andamos só de mãos dadas... foi quando encontramos a professora Voltaire... Ela fica se jogando em cima dele... Mas se ele quisesse... eu até aceitava... Mas...
- Ele não quer, não é? – perguntou Dumbledore com os olhinhos cintilando.
- Não... O que é que o senhor anda tramando?
- Nada... você deve ter pensado que eu convidei Marie Voltaire para dar aula aqui de propósito, e é verdade... Severo não quer nada com ela. Mas você percebeu que ela... digamos... tem uma certa... atração por ele.
- É, eu percebi sim.
- Eu fiz isso de propósito. Num primeiro momento, você ficaria irritada, mas eu só queria que você notasse que Severo quer ficar com você e com mais ninguém. Não sei se ela é mais bonita ou mais interessante, ele ama você, e somente você. Você conseguiu ver isso?
- Sim... – murmurei pensativa. – Não sei se é amor, mas ele se importa muito com o que eu vou pensar dele. Toda hora ele me pergunta... E quando ela chega perto, ele fica aflito, olha pra mim... Naquela hora que ela quase avançou ele... Eu a puxei pelos cabelos e quase a enchi de tapa...
Dumbledore riu.
- Bom, eu não tive essa reação que você viu, você me entendeu? Eu disse que você deve respeitar a professora.
- Tá bom, senhor – eu disse, rindo. – Mas a culpa é dela. Ele não quer... Eu estava com ele... ela veio dar em cima dele...
- Bom, bom... Só tenha cuidado para não serem vistos ainda... Uma mudança tão inusitada dificilmente seria aceita... Poderiam pensar que eu o tirei do corpo docente porque vocês já tinham um caso antigo, o que não é verdade. E isso traria muitos problemas. Você entende isso?
- Claro... e estou quase me formando... Acho que dá pra esconder qualquer coisa até lá...
- Não precisa tanto... Se vocês forem vistos conversando sobre assuntos profissionais sempre, aos poucos, cada vez mais juntos... Será muito estranho, mas as pessoas terão tempo para se acostumar.
- E então podemos aparecer juntos, nem que seja como amigos, na festa de comemoração de morte do Voldemort – completei.
- Linda idéia... Você não tem vergonha de aparecer com ele... Fico feliz... Ele achou que você teria – murmurou Dumbledore.
Arregalei os olhos.
- Achou? Mas por quê?
- Sabe, ele se acha velho demais e coisas assim... O professor mais carrancudo, mais cruel, mais detestado, não exatamente bonito... Ele achou que você teria vergonha de aparecer com ele em público, se por acaso algum “milagre”, como ele chamou, acontecesse e vocês começassem a... ter um romance. Mas ele disse que não se importaria de não poder ficar ao seu lado em locais públicos...
- Ele disse isso mesmo? – estranhei muito. Snape, um homem tão orgulhoso... Certamente aceitar a condição de amante escondido não combinava com ele.
- Juro pelo que você quiser que sim – disse ele. – Agora, srta. Granger, que estamos esclarecidos, vou chamá-lo para uma conversa parecida... Pode ir e amanhã você saberá no que deu, porque ele vai te contar...
Sorri para ele e deixei a sala, um pouco mais confiante, confortável, respirando fundo e cada vez me sentindo mais leve, mais feliz. Que saudades de saber como era ser feliz!



DESCULPEM A DEMORA EM POSTAR!!!

MEU PC TAVA COM PROBLEMAS DEMAIS E AINDA TÁ, MAS AGORA PELO MENOS DÁ PRA DIGITAR...

O CAP 6 VEM BEM RAPIDINHO, VIU, GENTE???

BJOKASSSSSS

ANNINHA SNAPE

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