Sucessos Particulares
Almoçamos calmamente, conversando. Às vezes ele dava umas tiradinhas que me deixavam vexada, mas logo eu me acostumaria a isso. Ele falou um pouco sobre a Mata-Cão e concordou em me deixar vê-lo preparar, contanto que eu ficasse quieta. Claro que eu concordei. A poção me interessava, o preparador da poção me interessava também...
Terminamos de comer e Snape fez as louças desaparecerem (para irem para a cozinha, imagino). Ele logo começou a preparar sua bancada e me pediu para pegar o caldeirão em questão. Voltei sem conseguir esconder o sorriso.
- O que eu vou ganhar se der tudo certo? – perguntei com um sorrisinho tranqüilo.
- O meu respeito – disse ele em tom de pilhéria. – Parece bom pra você?
- Especialmente bom – respondi.
Ele começou a cortar os ingredientes. Alguns ele já tinha cortados. O fogo foi aceso. Ele começou a fazer. Acho que ele tinha consciência da minha atenção total nele, mas pareceu não se importar. Enquanto fazia, arrumava tudo. Ia limpando para não deixar bagunça nenhuma. Era organizado.
Eu o amava. Céus, como amava! Mas agora... um belo de um impasse surgiu na minha cabeça. Ele já tinha investido em mim. Duas vezes no mesmo dia, na verdade. Isso porque passara os cinco meses anteriores até o dia anterior me humilhando tanto quanto possível. O impasse era o seguinte: o que ele queria comigo além de sexo?
Sim, porque a Mariazinha era muito mais bonita e mais gostosa. E ela o queria. Então por que raios ele estava investindo em mim e não nela? Porque quando um homem está a fim de uma coisa só, ele não se importa se ela é inteligente, ou simpática. Mas, ao contrário disso, meus pensamentos iam para outro lado. A Mariazinha era sua colega de trabalho; talvez fosse falta de ética ter alguma relação com ela além da profissional. E ele provavelmente sabia que eu era apaixonada por ele, então ele sabia que podia chegar que eu não iria gritar. Tal pensamento me deixou um pouco irritada, com uma sensação de estar sendo usada, mas ele quebrou a linha do meu raciocínio quando ouvi a voz dele, baixa, letal, me dizendo:
- Não vai mesmo prestar atenção? – ele levantou-se e lavou as mãos na pia. – A primeira etapa já está concluída. Tenho que esperar aquecer por duas horas... E não posso parar de vigiar, porque o caldeirão é diferente, então pode dar algum problema e eu gosto muito do meu laboratório particular. O que você sugere que nós façamos nessas duas horas de espera?
Ele tinha um sorrisinho malicioso, que eu fiquei feliz em fazer desaparecer dizendo muito calmamente:
- Bom, eu acho que posso ir até o meu laboratório e começar a preparar algumas poções antioxidantes... Que eu inventei para limpar caldeirões de materiais não tão oxidáveis como a prata mas não tão nobres quanto o ouro... Aí o senhor pode testar e ver o que acha...
Snape suspirou.
- Está bem. Mas você já testou? Funciona? Se eu estragar algum caldeirão o Dumbledore me faz comprar mais três para repor.
- Calma, professor... – eu disse, indo para a porta de ligação. Eu já usei várias vezes. Juro que funciona. Num tenho dinheiro sobrando para comprar caldeirões novos o tempo inteiro...
Adentrei meu laboratório com a estranha sensação de que Snape ainda estava me olhando. Silêncio mortal na sala ao lado. Comecei a separar meus ingredientes, meu caldeirão. Acendi o fogo, cortei alguns ingredientes, seguindo minhas anotações. Mas logo parei e olhei para a porta. E lá estava ele, de braços cruzados, olhando para mim.
- Que foi? – perguntei com descaso.
- Nada. Só queria ver você preparando uma poção que você mesma inventou. Deve estar cheia de si.
Por um momento eu o olhei, tentando entender se ele queria voltar a ser desagradável ou se estava apenas falando algo normal e sem intenção de me ferir. Por via das dúvidas, eu disse:
- É verdade. Inventar uma poção dá muito mais trabalho do que eu previ, mas é recompensador.
- Já registrou? – perguntou ele, ainda parado à porta, de braços cruzados.
- Ainda não... Sabe, eu não entendo muito de leis e o pessoal do Ministério pode não admitir, mas detesta trouxas completos... Então eu nem me atrevo.
- Você vai acabar com os fabricantes de caldeirões, sabia? – perguntou ele.
- Se eu lançasse a poção, sim, eu bem posso imaginar, mas só com aqueles safados que põe mais alumínio do que deveriam. Mas não vou lançar sem registrar, e não me atrevo a entrar sozinha nessa. Por mais que o senhor me julgue uma prepotente, eu não sou. Sei que não posso contra bruxos poderosos sendo só uma estudante...
- Eu posso ajudar você – ele disse, ainda na mesma posição. – Tenho certo renome como Mestre de Poções... E ainda por cima todos me temem por eu ter sido um comensal da morte.
Eu ri; ele deu um sorrisinho no canto dos lábios.
- E o que você vai querer em troca? – perguntei, olhando para ele.
- Hum... – ele entrou no meu laboratório. – Acho que vou pensar a respeito...
- Não estou à venda – eu disse, séria.
- Eu não disse que estava – retrucou ele, muito seguro de si.
Ele olhou para dentro do meu caldeirão, onde eu ainda acrescentava ingredientes e me disse:
- Parece estável. Considere isso um elogio de primeira grandeza...
- Claro – eu disse, e voltei minha atenção para meu caldeirão.
- Já enjoou de mim? – ele perguntou, sentando-se num banco que ficava à frente do meu lugar na bancada, de modo que o caldeirão estava entre nós.
Eu parei com o que estava fazendo e olhei para ele.
- Do que o senhor está falando?
- Bom, antes era uma novidade ver um Snape sociável. Uma novidade ver um Snape homem, e não apenas professor. Agora que a novidade já passou, você já enjoou de mim?
Eu suspirei e fiz que não com a cabeça, voltando a olhar meu caldeirão.
- O senhor faz uma idéia muito errada de mim, professor... Eu vejo diferente... Achei que... Bom, eu estou meio confusa com essa história, sabe...
- Confusa? – perguntou ele. Pela expressão no rosto dele, achei que ele não esperava ouvir aquilo.
- É... – eu disse enquanto continuava cuidando da minha poção. – Muito confusa. Porque de repente, de uma hora para outra, a visão que eu tinha do professor Snape desabou. Eu gostava da outra, mas estou adorando a nova...
Ele deu um sorrisinho no canto dos lábios ao ouvir isso, mas eu ignorei isso e continuei:
- Agora, quando parei pra pensar...
- Algo mudou?
- Não, não... É que... Sabe, eu... eu não queria te dizer isso, mas... Acontece que não posso deixar de pensar o que você viu em mim, porque a Mariazinha é bem melhor que eu em muitos aspectos e...
- Mas que coisa, Hermione, você quer parar de falar nessa mulher? – ele perguntou. – Se eu achasse ela melhor que você, eu estaria atrás dela, não acha?
Arregalei os olhos com a abrupta interrupção dele e parei de falar de vez.
- Desculpe, continue.
- Então... – tentei reaver a linha de raciocínio. – Acontece que não pude deixar de pensar se...
Eu me interrompi. Meu Deus, eu ia dizer mesmo o que eu ia dizer pra ele?
- Continue.
- Não, melhor não – eu disse, e fiquei em pé a fim de continuar vendo as poções.
Mas ele deu a volta na bancada e me segurou firme pelos dois braços.
- Olhe para mim – ele mandou, seco.
Eu obedeci, hesitante.
- O que você ia dizer?
- Ahn, eu... – eu olhei para baixo, mas a mão dele me pressionou no meu queixo, me obrigando a encará-lo. Será que eu tinha estragado tudo? – Olha, professor... Eu acabei pensando, perguntando para mim mesma se... se o senhor queria alguma coisa comigo além de sexo...
Olhei para baixo, constrangida; senti os braços dele afrouxarem e me soltarem no instante seguinte.
- Você também faz uma idéia muito errada de mim, Hermione.
Eu ainda estava tonta. Desde quando ele me chamava pelo meu primeiro nome? E eu também queria consertar aquela merda que eu tinha falado.
- Me desculpe, professor, mas... o que mais eu poderia pensar? Quero dizer... Não que o senhor passe a imagem de um cara que só quer uma coisa, mas... É assim: num dia o senhor me destrói tanto quanto possível. No dia seguinte, quando descobre que isso não é muito legal da sua parte, já vem me pedir desculpas. No outro dia, do nada, você chega em mim de uma vez só. Tipo, eu gostei, mas isso me faz pensar que o senhor queria só me seduzir. Tá, conseguiu, mas pela sua reação, parece que isso já era esperado... Eu só... Ah, me desculpe por fazer esse papel de idiota...
Suspirei e olhei para o chão. Senti ele se aproximar mais e pressionar meu queixo para cima outra vez, mas com mais delicadeza. Ele olhava para mim com um olhar tão diferente, tão... Não sei explicar. Mais sedutor do que antes. Mais envolvido que antes.
- Hermione... – ele sussurrou e estremeci. – Se eu quisesse só sexo, poderia procurar aquela vadiazinha que você adora citar. Ela me daria bem menos trabalho de conseguir o que eu quero.
- E o que o senhor quer além disso? – perguntei, hesitante.
- Em primeiro lugar, que você pare de me chamar de “senhor” – ele sussurrou no mesmo tom. – Em segundo lugar, que você possa ser mais que uma boa amiga, mesmo que eu não mereça.
Meu Deus do Céu, o que ele tava querendo dizer com aquilo?
- Mas eu não pretendia falar nisso tão cedo, para não assustar você – ele disse.
- Não queria me assustar e já chegou me agarrando na primeira oportunidade? – dessa vez meu tom tava mais zombeteiro que qualquer outra coisa. – O que foi que mudou de uma hora pra outra com você?
- Mudou que eu não era mais seu professor – ele respondeu calmamente. – Mas não pretendo esclarecer as coisas, por enquanto. Acho que ainda não alcançamos esse grau de abertura um com o outro. Por enquanto, você poderia parar de frescuras...
Eu ri, olhando-o de um jeito que provavelmente pareceu provocativo pra ele (bom, na verdade era). Ele me beijou. Um outro beijão daqueles de tirar o fôlego. Nossa, que beijo! Não sei o que o Harry ia achar quando imaginasse que aquilo estava acontecendo, mas o fato é que o Snape-morcegão-das-masmorras beijava melhor que qualquer outro que eu já tivesse beijado antes. E tinha uma pegada que não consigo transcrever em palavras. Para ter uma idéia vaga, meninas, imaginem a pegada que vocês sempre quiseram na vida, muito superior à melhor pegada que vocês já receberam. Pois bem, a do Snape não tá nem perto, de tão superior. Não, isso não é exagero. É a mais pura verdade.
As mãozinhas dele já começavam a ensaiar qualquer coisa outra vez, mas eu me afastei. Não ia ser tão fácil, por mais que eu quisesse.
- Tenho uma poção para preparar, professor. E o sen... Você também tem.
Snape fez que não com a cabeça.
- Acho que seria mais fácil se eu quisesse só sexo.
- Ouvi dizer que o mais difícil é mais gostoso – resmunguei, com os olhos fixos no meu caldeirão.
- É, é verdade – concordou Snape. – Mas o mais difícil, não o impossível.
Gargalhei.
- Que exagero, professor. Daqui a apenas quatrocentos e setenta anos você poderá me tocar o quanto quiser...
- Tempo demais, Hermione.
Ergui o olhar para ele. Era terrivelmente estranho ele me chamar por meu primeiro nome.
- Posso observar você preparar a sua poção?
Sacudiu os ombros.
- Como quiser...
E continuei, sem dar muita atenção a ele. Cortava ingredientes, adicionava no caldeirão, mexia, lavava as mãos na pia, pegava ingredientes no armário, fazia anotações, guardava os ingredientes já usados, lavava as mãos na pia, voltava e mexia o caldeirão algumas vezes no mesmo sentido, adicionava algum outro ingrediente, media a temperatura, consultava minhas anotações, lavava as mãos na pia.
- Meus parabéns.
Ergui o olhar para ele outra vez. Ouvira direito? Ele me parabenizara? Pelo que?
- Além de sua concentração ímpar...
Dei um sorrisinho contido; ele continuou:
- Você é organizada, pois guarda os ingredientes que já usou para não deixar bagunça, e também tem o hábito de lavar as mãos toda hora. Esse é um excelente hábito para quem prepara poções.
Corei violentamente.
- Ainda não me acostumei a ouvir a sua voz me elogiando. Sempre que a ouço parece que vou ouvir “esse insuportável sabe-tudo” ou qualquer coisa assim...
Snape apenas me olhou em silêncio.
- Parece que a mudança foi radical demais para os seus nervos... – murmurou ele.
Eu lhe sorri.
- Foi sim. Ainda não recuperei meu peso e tenho certeza de que anemia não é algo que possa passar de um dia para o outro.
Ele murchou os ombros. Parece que se tinha dado por vencido.
- Você precisa me torturar tanto? Tá certo que eu mereço, mas você não precisa fazer o mesmo que eu fazia com você...
- Olha, professor, eu não estou falando nada demais. É só a verdade. Pura e simplesmente a verdade. Se ela dói, a culpa é só sua.
Ele soltou um rosnado.
- Muito simplista de sua parte dizer isso.
- Simplista? Eu? Mas o que tem mais aí além disso?
- Eu já disse que não pretendia esclarecer nada por enquanto.
- Então até lá, professor, a verdade dói e a culpa é sua.
Ele suspirou; eu voltei à minha poção. Eu era idiota? Comecei a me xingar mentalmente. Eu o amava como não podia me imaginar amando ninguém. Por quase sete anos ele me odiara acima de todas as coisas e agora que ele estava sendo amigável eu fazia de tudo para que ele brigasse comigo. Só podia ser algum tipo de retardamento mental.
- Desculpe, professor.
Ele fez cara de desentendido.
- Pelo que, Hermione?
- Estou sendo infantil – respondi. – Analisando friamente minhas ações, parece que estou tentando fazer você me tratar mal de novo... E isso é uma imbecilidade sem tamanho. Me desculpe por estar agindo como uma cabeça oca.
Ele deu um sorrisinho no canto dos lábios.
- Quanto tempo demora para a sua poção ficar pronta?
- Mais alguns minutos. Quando ela ficar roxa...
Snape escorreu o olhar para o conteúdo de caldeirão. Ainda estava um lilás cândido. Deu uma risadinha a isso, mas nada disse.
- Será que no fim de semana que vem você aceita fazer um programa diferente?
Olhei-o, curiosa. O que ele tinha em mente?
- Depende do que é. Você pode propor.
- Tem um lugar no meio da floresta proibida onde fica uma cabana que Dumbledore me deu.
- Hum... vai me tirar das vistas do diretor?
- Minha cara – ele disse, pacientemente. – Não estou pretendendo fazer nada contra a sua vontade. É que nessa cabana tem algumas coisas minhas que eu guardei... dentre elas o modelo do requerimento de registros de poções. Uns velhos ingredientes que precisam ficar guardados por anos antes de servirem... E todas essas coisas que só se pode guardar num lugar inacessível. Se você quiser ir comigo buscar... não sei, podemos passar a tarde lá. É um lugar agradável.
Eu ainda o olhava com certa suspeita, mas ele parecia sincero. Além do mais, era verdade que ele não ia fazer nada contra a minha vontade. Já tinha tido oportunidades e não fizera nada além do que permiti...
- Parece uma boa – eu disse finalmente, e fiquei feliz ao ver um sorrisinho contido brotar dos lábios dele.
Snape assentiu.
- Mas por que você queria saber se eu ia demorar muito para preparar a poção?
- Estou cansado de ficar aqui e gostaria de aproveitar que estão todos em Hogsmeade para ir até os jardins de trás do castelo.
- Severo Snape gosta de ar puro? – perguntei, sorrindo.
- Ah, ele gosta muito – respondeu Snape calmamente. – Todos pensam que ele passa o tempo todo no castelo, mas eles não sabem que, na verdade, Snape sai quase todas as noites para andar em volta do castelo e se livrar da tensão do dia. Ninguém sabe também que ele só faz isso nas horas em que não existe possibilidade de encontrar estudante nenhum no caminho.
Eu sorri muito mais sinceramente do que já sorrira para ele. Não sei explicar, ele falara num tom diferente, quase como em confissão. Não havia traço de escárnio na voz dele, embora se dirigir a si mesmo em terceira pessoa fosse meio zombaria. Mas é que me pareceu que ele não era habituado a usar um tom tão tranqüilo com outras pessoas.
- Mas acho que, se estou tentando conquistar você, seria um bom começo se eu resolvesse levá-la comigo para andar este fim de tarde...
Eu não sei descrever como estava me sentindo. Nunca, nunca em minha vida imaginara um Snape como aquele. Espontâneo, bem humorado. Apensar de fazer comentários maldosos, parecia outra pessoa. Será que o peso da guerra não era o único que estava sobre as costas dele? Será que ele tinha mais algum peso sobre os ombros, que o mantivera mal humorado durante tantos anos? Durante todos aqueles meses que se seguiram à guerra?
Mas... se esse peso agora tinha sumido... Dar aulas era um peso para ele? Mas como? Eu tenho certeza de que, apesar de todo aquele mau humor, ele adorava suas aulas, mesmo que tendo cabeças ocas por todos os lados. Eu queria saber o que ele pensava. Queria estar dentro dos pensamentos dele, apenas para saber.
Levantei-me e dei a volta na bancada, parando à frente dele. Ele me olhava.
- Você não parece estar com medo de mim. O medo que encontrei em seus olhos ainda anteontem.
Eu acariciei o rosto dele e senti um frio na barriga ao vê-lo fechar os olhos levemente. Como se ele quisesse aproveitar meu toque... como se quisesse esquecer o que estava à nossa volta. Mas ele logo abriu os olhos e olhou para mim, recuperando a compostura.
- Você parece outra pessoa...
- Sei disso, Hermione – ele disse. – Mas não se iluda. Isso faz parte do meu jogo de sedução. Eu ainda sou aquele monstro que destruiu a sua vida tanto quanto pôde.
- É, acho que é mesmo... – eu disse, ainda deixando minha mão acariciar o rosto dele. – Ao que parece, tem o mesmo nariz enorme...
Ele deu um sorrisinho no canto dos lábios.
- Vou te ensinar uma coisinha sobre a proporcionalidade entre as partes do corpo... – ele disse, puxando-me pela cintura e me fazendo sentar no colo dele, de lado.
Acho que eu ri muito. Ele apenas me olhava.
- Tá, tá bom, se saiu bem dessa, professor.
- Sabe, acho que não me sinto muito confortável com você no meu colo me chamando de “professor”. Parece que sou um velho pervertido que se aproveita de suas alunas, e Dumbledore é testemunha de que tenho nervos.
- Ah, o que é que aquele senhor sabe? – eu perguntei, tentando me levantar, mas ele me segurou onde eu estava com firmeza.
- Ah, ele sabe de tudo. Mas ele não vai contar nada a você. Eu disse que ele não podia contar nada.
- Ele sabe as suas verdadeiras intenções a meu respeito?
- Só as mais puras – disse Snape com uma risadinha contida. Que risada, céus! Parecia veludo voando para meus ouvidos. – Eu não poderia contar todas a ele e continuar inteiro, vivo e em Hogwarts.
- Céus, Snape... – ah, como era estranho! – O que é que você anda pensando?
- Se você não me deixa nem pôr as minhas mãos onde me dá vontade, você acha que eu vou te dizer alguma coisa que eu ando pensando?
Acho que fiquei mais vermelha que um tomate.
- Snape, você está me deixando envergonhada.
- Isso porque eu não te disse nem meia palavra.
Nós nos olhamos por um tempo ainda. Nossos rostos estavam próximos. Vi o olhar dele descer para meus lábios e senti as mãos dele pressionando mais a minha cintura.
Ele murmurou:
- Será que se eu te beijar agora você vai gritar?
- Você só vai saber se tentar – retruquei.
Ele me beijou outra vez. Acho melhor eu parar de tentar descrever como era o beijo dele. Qualquer coisa fica muito aquém da realidade.
Mas as mãos dele eram terrivelmente desobedientes. Elas teimavam em escorregar da minha cintura, apertar minhas nádegas sem nenhum pudor, me puxar para mais perto.
- Só porque você insiste em manter as pernas fechadas não significa que eu não possa dar uns amassos em você, significa? – perguntou ele com os lábios a centímetros do meu.
Eu corei. Ele só podia estar falando daquele jeito para me deixar constrangida.
- Não... – murmurei.
Ele sorriu. Bom, uns amassos fariam bem, né? Os lábios dele desceram pelo meu pescoço, meio abertos, mas sem deixar a língua passear livremente. Eu sentia a respiração dele no meu pescoço.
- Até onde posso ir? – perguntou ele com a voz mais rouca do que se pode imaginar.
Minha respiração estava acelerada; eu não sabia responder. Uma das mãos dele voltou para a minha cintura enquanto a outra começou a afastar a minha calça da minha pele, na altura do cós. Eu tentei segurar a mão dele, mas até parece que minha força reduzida seria o bastante para detê-lo. E, bom, verdade seja dita, eu não fiz muita força. Se ele percebesse que eu não queria mesmo, já teria parado.
A mão dele desceu e parou, mexendo em algum lugar tendo minha calcinha como obstáculo.
- Snape... – murmurei. – Eu não...
A respiração dele ainda estava em meu pescoço; os lábios dele roçavam minha pele apenas o suficiente para me provocar. Minha voz estava abafada. Nossas respirações, entrecortadas.
- Posso? – perguntou ele.
Não respondi; não conseguia controlar as palavras. Acho que ele tomava cada falta de resposta como um sim, porque logo a mão dele correu por dentro da minha calcinha. Ah... eu só não desmaiei porque não queria perder nem um segundo de Snape. Acho meio vulgar descrever o que os dedos dele começaram a fazer, até porque é bem possível ter uma boa idéia. Gemi alto e o vi sorrir um sorrisinho triunfante.
- Aha, eu sabia que você ia gostar disso – sussurrou ele com aquela voz que só ele tinha.
Ele continuou ali por um bom tempo, com aquela respiração quente no meu pescoço até eu chegar ao meu estremecimento final, quando eu o vi abrir um sorriso de verdade. Não faço idéia do que ele estava pensando, mas parecia satisfeito consigo mesmo e comigo também.
A mão dele recuou e foi passear pela minha cintura, enquanto a outra estava em repouso ali.
- Bom pra você? – ele perguntou.
Meu olhar encontrou o dele; eu estava envergonhada. Fui incapaz de responder, mas fiz que sim com a cabeça.
- Ah, não, não... Não quero ver você constrangida – disse ele, segurando meu queixo de modo a me fazer encará-lo.
- É... é difícil... Eu preciso de uma boa noite de sono pra assimilar isso tudo que aconteceu hoje... Foi demais pra um dia só... Eu... pode ter certeza de que amanhã estarei bem mais tranqüila.
- É, mas não estará comigo, aqui. Terei que esperar até o próximo sábado...
- Bom, não tenho aulas à tarde. E tenho os deveres de casa em ordem; será mesmo melhor vir fazê-los aqui do que ao alcance de todo mundo...
Snape estava com uma expressão apenas pensativa. Olhou para meu caldeirão e disse:
- Tá quase roxa a sua poção...
Olhei-a. Ainda sentia minhas faces queimarem – tenho certeza de que estava toda vermelha – e demorei a conseguir ver a poção. É, estava quase pronta. Baixei o fogo e fiquei esperando. Sim! Agora estava pronta. Pedi ajuda a ele para engarrafar ele aceitou na hora. Snape ajudando uma aluna a engarrafar sua poção. Isso é real? Se for um sonho, eu imploro: não quero acordar!
Quando terminamos e guardei tudo no armário, ele se virou para mim e perguntou:
- E então? Quer ir andar comigo?
- Por que não, né? – perguntei.
DESCULPEM PELA DEMORA, MEUS AMORES... ESTAVA SEM NET....
MAS AGORA ESTOU FIRME E FORTE, TRABALHANDO NAS MINHAS TUALIZAÇÕES....
BJOSSSSSSSSSSSSSSS
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