Cp16 Traição.



Cp16 Traição.

Estava mesmo sozinho, mas agora estava desperto, sabia muito bem, não sabia o que o alertara, mas sabia muito bem que devia procurar Morgan, sem se importar se alguém o deteria ou não, pulou da cama, descalço mesmo e sem casaco, andou o mais rápido que seu corpo cansado permitiu...

O corredor estava vazio. Abriu a porta com força.

Lá estava ela, incrível como parecia que a vira daquele jeito a tão pouco tempo, se aproximou devagar... ainda parecia uma escultura de mármore... branca. Os cabelos antes longos, por alguma razão tinham sido cortados, ele não gostou, gostava dos cabelos longos e extremamente vermelhos de Morgan, o lençol continuava cobrindo a maior parte do corpo, mas não podia esconder que algo estava terrivelmente errado com a pessoa que ali estava, agora os olhos dela estavam fechados totalmente, parecia menos mal, um pouco mais viva, chegou mais perto, porque sentia essa familiaridade com Morgan? Ela ás vezes parecia mais real que as outras pessoas... mesmo ali.

-Oi Morgan.- disse baixo.

Conjuraria uma cadeira se não tivesse deixado a varinha no casaco... ficou de pé, olhando.

-Foi você que me chamou, não foi? Antes... Droga Morgan, eu sinto muita falta de falar com você.- chegou mais perto e se ajoelhou no chão, assim podia sentir-se mais próximo, como se ela pudesse ouvir.- Eu sinto falta de você brincando com a gente lá em Hogwarts... não é a mesma coisa sem você... não é mesmo.

Apoiou a cabeça na lateral da cama, estava um pouco cansado ainda.

-O que você dizia fazia sentido pra mim... sabe, você tinha razão em muita coisa... muita mesmo.

Ficou um bom tempo em silêncio antes de ficar de pé de novo, não sabia se podia traze-la de volta... era óbvio que o caso dela era diferente, tinha medo também de se aproximar demais... ela parecia tão frágil, tão fácil de ferir... como ele ferira.

-Você disse que não doía... não doeu mesmo?

Estendeu a mão onde podia ver muitos curativos, Morgan não estava mergulhada num sono insano, estava com o corpo adormecido, semi-morto...

Escutou...

Como se batesse nele também...

A batida de um coração.

-Morgan? É você?

Era, ele podia sentir, era a hora certa, apesar de não saber o porque de ser a hora certa, mas era.

-Hangorn... acorda.- disse puxando o pingente de dentro da blusa.

O pingente estava frio, pesado.

-Não seja teimoso, acorde... por favor.

Nada.

-Ótimo, faça o que quiser... me puna, ando merecendo mesmo.-disse soltando o pingente contrariado.

Olhou a amiga caída naquela cama, era quem queria ter ajudado primeiro, mas não de certa forma se sentira na obrigação de trazer os pais de Neville antes, porquê? Não concordava com Lupin, não tinha feito por ser uma família, não fazia mais tanta diferença se eram famílias ou não, talvez porque tinha visto bondade em Neville, ou uma tristeza maior que a sua... não sabia o motivo, mas agora, talvez se sentisse um pouco... arrependido.

-Não é bem isso.-sussurrou.

E quantas vezes já tinha dito aquela frase...

Esticou a mão para o rosto de Morgan, sentiu o frio, pele fria, respirou fundo, um suspiro triste, fechou os olhos.

Era como se estivesse esperando por aquilo, há muito tempo.

Podia ver coisas, como se ela quisesse mostrar...

família...

Ela anda até a mulher tentando não pensar que em menos de dois meses ela fora reduzida de uma bela mulher saudável a aquele cadáver a sua frente...

-Isso é um tesouro, abra.

Sentada na cama ela abre o baú devagar.

-Surpresa!-diz a mulher baixinho.

A mãe...

-Minha mãe antes de morrer...- ela sussurra.

-Eu conheço essas cartas...- ele sorri.

Mas não há ninguém com ele... apenas o vazio, algo acontece ás suas costas...

-Como?!- se virou para a pequena no seu colo.- Eu tenho dentes grandes?

A outra afirmou com a cabeça e começou a gargalhar.

-Eu tenho dentes grandes? Vou transformar vocês em castores!!! Como ousam falar assim da irmã mais velha de vocês!!!

-Minhas irmãzinhas... eram tão, especiais... tão gentis e alegres.

-Suas irmãs...- ele repetiu.

Outro lugar, outra época, e uma pessoa que ele nunca viu ser gentil.

-Você me daria uma chance um dia?- ela diz antes dele ir embora.

-Você é minha amiga Morgan... acima de tudo... uma amiga... eu gosto muito de você... amo... mas não assim...- ele disse tristemente.

-Eu nunca imaginei que você e Snape fossem realmente tão... próximos.

-Éramos... de um jeito estranho... criaturas diferentes dos outros... E havia... uma outra pessoa...

Que Harry reconheceu na hora...

-Você me daria uma chance um dia?- ele diz antes dela ir embora.

-Se eu achar a cura Black... se você virar uma pessoa decente... e se os porcos criarem asas...- ela disse dando-lhe um beijo leve.

-Ele foi o único que se despediu de mim...- ela sorriu.- Sua mãe contou para ele que ia embora...- ela disse olhando a lembrança.

-Eu conheço um modo de por asas em porcos!!!- ele sorriu quando ela levantou vôo.

-Então só falta cada um de nós fazer a sua parte!!!

-Eu não cumpri com minha parte...

-Não mesmo?- disse Harry.- Tem certeza Morgan?

Mas ela olhava além, outra imagem se formou, uma chocou-o...

As duas continuam por uma das portas, Morgan arremedando a outra.

-Pare com isso Morgan...

-Isso o quê? Mas essa é a sala da morte...

-E esse é meu objeto de estudo.- sorriu Lílian.- O véu...

-Ah... poxa... nossa...

-Pode fechar a boca Morgan...

-É que bem... uau... o véu...

-Algum problema?- ri a ruiva de olhos verdes.

-Uf... pombas... achei que ia me livrar da morte e agora na verdade vamos estudá-la...

-Eu a estudo... você minha assistente... pode servir café, anotar coisas...

-Engraçadinha...

-Sim, fomos muito amigas... apesar de tudo.

Ele concordou com a cabeça.

-Nunca deixei de lembrar dela, e por isso nunca esqueci totalmente de você...

Escutou passos distantes, pessoas correndo.

Estava num lugar imenso, num jardim imenso ensolarado... nunca vira um lugar como esse.

-Não me faça lhes dar uma advertência.- escutou a voz.

-Ah! Fêssora!- ele não entendeu direito o que significava a frase.

Mas conhecia a voz, deu a volta pelo murinho de cedros podados, deu de cara com um lugar estranho mais familiar.

Parecia Hogwarts... mas não era Hogwarts.

Um grupo de estudantes estavam sentados no chão, a frente, Graveheart, cabelo mais curto, roupa mais leve.

-Três anos atrás... Outro colégio de magia.- disse a voz a suas costas.

Morgan!- disse sorrindo ao se virar.

-Escute.- disse a voz.

Ele perdeu o sorriso, pois se virara para o nada, a frente, professora e alunos, muito á vontade, parecia uma turma de terceiro, quarto ano, comentavam um jornal, uma garota estranha lia uma revista estranha em inglês.

-Manobra arriscada, que custou-lhe pontos, já o mais jovem dos campeões, utilizando de grande raciocínio e de seu dom natural para o vôo conseguiu com um único feitiço convocatório conseguir uma vassoura com a qual conseguiu se apossar do prêmio, o talento dele será visto em campo no futuro com certeza...

-Legal!- exclamou um dos jovens.

-Talento?- disse o outro.- Ele passou por um dragão com uma vassoura?- onde está o desafio...

O que acabara de falar levara uma pesada na cabeça da garota atrás.

-O desafio é aturar você jogando...- ela retrucou.

-Bem.- disse Morgan se levantando, tudo muito bom,muito bonito, obrigado Perséphone.- agradeceu para a garota que tinha lido a revista.- Mas o momento cultural acabou, e temos uma revisão de geomancia para fazer...

A turma soltou gemidos.

-Professora...- disse Harry.

-Professora de adivinhação, em outro país... e sim estávamos falando de você.

Era Morgan agora, ao seu lado, a paisagem foi mudando.

-Era um bom lugar, mas não era como aqui, aqui é meu lar afinal.- ela disse triste.

-Morgan... fale comigo.

Ela ergue as mãos sujas de sangue.

-Essa sou eu...

-Não.- ele diz sorrindo.- Essa é parte de você.- Você também é uma pessoa que foi muito amada, Amada por sua mãe...

Ela sorriu...

-Por suas irmãs...

Ela concordou.

-Por Snape e Sirius...Por minha mãe...

Ela o olhou.

-Por mim... ele sorriu.- Só que se esqueceu disso.

-Isso é uma ilusão?-ela perguntou olhando a paisagem borrada a sua volta.

-Não... isso é perdão.- ele não conseguia parar de sorrir, de se sentir feliz.

-Eu estou sendo perdoada?- ela perguntou o olhando finalmente.

-Não... você pode me perdoar?- perguntou se aproximando.

-Mas você não me fez mal... foi um acidente.- ela respondeu com bondade.-Eu só queria protege-lo, não magoá-lo.

-Mas eu também não tinha intenção de ferí-la.- ele respondeu.

Ela esticou os braços e envolveu o rapaz, ele se sentiu tão feliz, tão alegre, tão bem, que podia ficar assim para sempre.

-Você cresceu Harry.- escutou em sua orelha.

-Você acordou Morgan...- disse com a voz embargada.

Ela abriu os olhos.

Estavam sentados na cama do hospital, ela com os braços em torno do rapaz a sua frente, ambos com lágrimas nos olhos.

-Eu achava que não sabia chorar...- ela sorriu.

-Eu também... senti saudades Morgan.-ele disse ainda chorando.

-Eu também Harry.- ela o abraçou de novo.-Eu também...

Houve um barulho de porta se abrindo, vozes, mas eles estava ali, ele estava tão cansado que sentia-se adormecer, mas agora adormecia feliz, aliviado, calmo, recompensado, finalmente satisfeito.

Quando abriu os olhos teve uma surpresa nem um pouco feliz para o tamanho da alegria que carregava no peito... estava no maldito corredor negro novamente, mas dessa vez, não estava disposto a encontrar sua costumeira anfitriã, deu meia volta tentando sair, pensando firmemente em sair desse “sonho’ o que é que fosse aquilo, mas por incrível que parecesse acabara chegando ao salão.

-Mas...- disse dando meia volta.

Andou... muito, acabou... no mesmo lugar...

-Mas que droga...

-Tomei providências para que você não pudesse fugir de mim tão fácil novamente.- disse ela.

Ele suspirou contrariado.

-Você não se cansa de mim? Eu cansei de você...

Ela riu, se aproximando como um felino.

-Me diz... o que quer de mim?

-Não é difícil de adivinhar é?

-Dizem que sou burro pra essas coisas, então me diz...

-Você é uma criatura fascinante...- ela se aproximou.

Ele foi andando para trás.

-Arisco... Ele está a sua frente... ele ficou mais forte...

-Voldmort?- parou de andar para trás.

-Ah... sim... você quer falar dele?...-ela continuou se aproximando.

-O que tem Voldmort?! O que você sabe sobre ele, você pode ajudar a detê-lo?

-Posso tentar...- ela ficou a frente dele, era mais alta, um pouco mais alta.- Depende de você...

-De mim?

-Se você for bonzinho.- ela segurou seu rosto.

"Ela não é confiável... eu sei que não é..."

-Não compreendo você...-disse tentando afastá-la.

-Não precisa...- ela deixou os braços caírem e se apoiarem nos ombros dele.- Não precisa...

-Pare de joguinhos... não gosto quando brincam comigo.

Então sentiu algo queimar em seu peito.

-O quê?-ela sibilou.

Era Hangorn, tinha se dignado a acordar.

-Não toque nele de novo.- a voz da ave encheu o aposento.

-Você!!! – ela disse irritadamente.- Você voltou a despertar!

A ave de fogo irrompeu do amuleto e pousou quente no ombro de Harry.

-Ele está além de suas garras Lilith...

-Espere sentado Hangorn!- ela sorriu. – Eu tenho parte de você comigo... então abaixe a crista...

-Temos que sair daqui agora Harry.- disse a ave.

-Uma coisa.- ela elevou a voz.- Ele me pertence... ele é um igual, você sabe.

-Ele é livre velha bruxa!- disse a ave.- Ande Harry se concentre em sair daqui!

-Do que ela está falando?- perguntou.

Ela sorriu, A ave interviu...

-Isso não é importante Harry, precisa sair daqui, está em perigo...

-O rapaz tem direito a respostas Hangorn... ele está despertando...que tal começarmos?

-Ele não será de ninguém se for morto, ele será morto se não despertar.- disse a ave.

O sorriso dela sumiu, ela pareceu desaparecer, desiludir por alguns instantes, mas voltou nítida como antes, disse entre os dentes.

-Desta vez... desta vez eu deixo ele ir... mas você sabe, ele despertou, agora, é questão de tempo.

-Anda Harry!- disse a ave.- ACORDE!!!

-ACORDE!!!

Harry abriu os olhos sobressaltado em tempo, o que viu foi suficiente para despertar totalmente.

Belatriz Lestrange lhe apontava a varinha com a maior expressão de felicidade.

-Reducto!

Ele se jogou para o lado, rolando para o chão em tempo de escutar a cama explodir...

-Mas o quê?- disse Belatriz vendo o rapaz rolar para fora da cama.- Bom dia Potter!!!- ela riu.

-Bom dia Belatriz.- gemeu se erguendo.- O que devo a honra dessa visitinha?-disse pensando em como sair dali e procurando com os olhos seu casaco...

-Procurando isso?- ela sorriu mostrando o casaco.- Ela está no bolso... verifiquei.

-Bondade sua.- sorriu.- ACCIO VARINHA!!!

-Estupefaça!!!

Mas ele tinha se enfiado por baixo da cama, a varinha foi pelo outro lado, ele revidou.

-SPHINX!!!

-CRUCIO!!!

-POTERE!

Ele correu e saiu pela porta, usou o feitiço do escudo contra um novo estuporante por parte de Belatriz, e escutou que por sorte rebateu outros dois feitiços... estava cercado.

-Pegamos você...- disse um comensal encapuzado.

-MELLIUS!- atacou.

Tinha que se controlar... estava num hospital, podia acertar gente inocente... o escudo de fogo bloqueou um lado do corredor, mas Belatriz o atingiu no ombro com algum feitiço, enquanto ele revidava o ataque do comensal que restara no corredor, quando sentiu a dor e bateu contra a porta do outro lado, se perguntou onde estava o resto da Ordem, se estavam bem ou feridos...

"Não é hora, pense em você...” ·

Correto,entrou pela porta, um quarto vazio, haviam portas laterais, estava correndo, apenas para manter a maior distância de si para Belatriz, mas também em procura de outra alma viva.

-Onde está todo mundo?- perguntou a esmo.

Não era possível que o tivessem abandonado... não fariam isso... não estava sonhando... não estava?

Entrou num corredor por trás de três comensais para ver a cara preocupada de Lupin, estuporou os comensais pelas costas.

-Harry!- ele gritou chamando-o.

-O que está havendo?- perguntou ao se reunir com o grupo.

-Está ferido!- exclamou Thonks.

-Não temos tempo!- disse Lupin.-Temos...

Ele foi interrompido por uma magia particularmente forte, que abriu um rombo no chão jogando cada um dos três para longe no meio do corredor.

-Peguem o Potter!- sibilou Belatriz.-Matem os dois!

Harry se ergueu para ver cinco comensais erguerem as varinhas.

-NÂO!!!-gritou.

Uma parede de luz avermelhada se ergueu entre eles e os feitiços, Harry ergueu a varinha... Belatriz o olhava com fúria.

-Esqueçam os dois... Peguem o Potter!!!

Ele olhou os dois que pareciam surpresos com a barreira vermelha que se erguera entre eles e o mundo, e então disse encarando a bruxa.

-Vão ter que correr pra me pegar!

Correu... correu o máximo que pode, subindo as escadas a cada três degraus, apenas para manter aquele grupo o mais longe de... seus amigos...

Correndo... correndo, cada vez mais alto, mais rápido, impulso, queda...

Gemeu.

Tinha que se erguer, levantar, mas a perna fora ferida, haviam risos vindo da escada,tinha que se levantar, correr, mais... forçou-se a levantar e rilhou os dentes se concentrando em andar rápido, arrastando a perna ferida, tendo a certeza que não poderia lutar com os cinco de uma só vez... sabia porque se sentira exaurido desde que rolara naquela cama, seu coração parecia querer saltar para fora do peito.

-AERUS!- alguém gritou.

Sentiu seu corpo ser erguido novamente, caiu no meio do corredor, a perna latejou horrorosamente, voltou a se erguer.

-Desista Potter! Pegamos você!

-NUNCA!- berrou com fúria ao se jogar além das portas da cafeteria, sabendo que chegaria ao telhado, sair era a única coisa que importava, mesmo que dali não houvesse saída... não houvesse mais nada.

Dois passos vagos e ele sentiu o vento nos cabelos, um pouco frio, mas ele também não estava exatamente agasalhado... apenas de calça e camisa, além de que também estava descalço... fechou os olhos e se virou, as risadas o despertaram.

Belatriz saiu, os cabelos negros se espalharam no vento.

-Potter, Potter... então? Pra onde vai correr agora?- ela ergueu a varinha.

Ele deu mais dois passos para trás, ergueu a varinha também, nervosamente passando os olhos de inimigo a inimigo.

-Desista Potter, não iremos feri-lo, muito.

Riram.

-Que foi Belatriz...- disse maldosamente.- desistiu de me matar?-disse olhando-a e andando para trás.

O sorriso dela desapareceu, seu olhar tremeu.

-O mestre lhe quer vivo, mas não especificou em que grau...

-Então seria uma desgraça se eu morresse não?

-Não se movam!- ela ordenou aos outros.- Potter é meu! Minha presa!-ela disse quando os outros fizeram menção de usar as varinhas.-Agora pare de andar para trás como um covarde e me enfrenta Potter!

Mas ele sorriu, riu quando subiu um degrau, riu ainda mais da cara de Belatriz.

-Eu realmente não sei desaparatar direito Bela... nem voar sem vassoura.

-Vai se matar Potter? Me daria esse gosto?- ela riu nervosamente.

-Não... vou dar esse desgosto a Voldmort.- riu ainda mais.

Deixou o corpo cair para trás, escutou um grito agudo e vários estalos de desaparatação...

Podia se deixar cair, mas não era sua intenção, apontou para as próprias costas e berrou:

-AERUS!

O vento o elevou novamente como uma pluma, embora a queda no telhado tenha sido desajeitada, estava ali, inteiro e bem... apesar de ter corrido um risco sério, sentia a perna boa bambear também, se arrastou até a entrada.

-Cretino! FlamaeCrucio!

Se não tivesse se jogado no chão e rolado para o lado não teria escapado do ataque, se ergueu olhando uma Beatriz que exibia aquele olhar insano que tanto odiava.

-Que foi Belatriz? Não está feliz por me ver... vivo?- disse se levantando.

-Desgraçado!!! AVADA...-ela tremeu convulsivamente ao parar a maldição.

Tempo suficiente para ele se jogar para perto da moto de Sirius, estacionada no abrigo ao lado.

-Estupefaça!- ela atacou.

-Potere!- ele se defendeu correndo até a moto esticando a mão para ela.

-Funcione... por favor... funcione!-disse ao se jogar em cima da moto.-Funciona Cara!!!

Belatriz ainda estava estendida no chão, mas outros estavam aparatando.

Finalmente a moto acelerou, chamando mais atenção do que queria, ele tirou o pé do chão e a moto avançou sob uma chuva de feitiços, meio sem controle ele tentou fazer a moto voar sem sucesso...

-Voa!!! Voa!!!- gritou irritado enquanto mantinha o corpo achatado á moto, até perder o controle quando desviou de um feitiço feito por uma Belatriz que se erguia mais furiosa ainda. A moto bateu no degrau que separava o telhado do vazio...

Sentiu um calafrio quando foi caindo... ainda tentando descobrir como pilotar aquela coisa.

-Anda! ANDA!!!! POR FAVOR!!! ACELERA E VOA!!!

A moto finalmente deu um sinal de vida e quase voou, apenas acelerou o suficiente para enroscar em dois carros, sentiu os solavancos.

“Isso vai dar um problemão com o ministério!!!” Pensou.

Caiu em frente, num espaço vago entre os carros, a moto acelerando, cada vez mais, dificultando o controle, estava desviando das coisas por reflexo.

-Isso vai acabar mal! Muito mal!- disse tentando controlar a moto que parecia ter uma insana vontade de participar de um Rally... segurando com toda a força que podia, mesmo estando exaurido, ferido.

Escutou algo passar por cima de sua cabeça, sentiu o cheiro do cabelo queimado,a frente o asfalto se rompeu, mas conseguiu desviar a tempo de percerber-se entrando em ruas mais desertas, três vassouras o acompanhando, lançando feitiços para desvia-lo da rota.

Não gostou da idéia de estar sendo conduzido, detestou a idéia de pensar que não tinha o menor controle do que estava acontecendo, sabia apenas que aquilo estava perigoso demais, nem tanto por ele, por ele também, mas pelos trouxas que paravam embasbacados em ver uma enorme moto conduzida por um rapaz ferido seguido por três vassouras voadoras... em plena tarde de um fim de semana!

Mas não via solução... como se livrar daqueles três incômodos quando aconteceu, se enfiou numa rua, de frente com um caminhão... sua vida passou diante de seus olhos.

Não foi uma visão bonita.

Com certeza o motorista quase teve um ataque cardíaco, apenas sentiu que passara por cima de algo. Tinha visto o rapaz entrar na contramão, mas não pode evitar...

Dor... seu sistema nervoso foi invadido por dor, não que não fosse uma criatura maculada pela dor, mas dessa vez era diferente, uma dor crua, sangrenta, real, sentia o cheiro do próprio sangue, da própria carne...

Tinha tentado desviar, antes de trombar caiu, derrapou, aquela coisa enorme passou por cima dele prendendo na carcaça da moto, arrastando-o junto, perna boa presa por baixo da moto, arrastando no asfalto, o pneu da frente do caminhão passando por cima da roda da frente da moto, então parou, tudo parou, ficou ali parado, ainda olhando o eixo do caminhão a centímetros de sua outra perna, que estava presa pelo Guidão torto da moto, não sentia nada até piscar e respirar fundo, então sentiu a dor, não conseguia raciocinar direito. Apenas apertou a varinha na mão direita, estava ali, a ergueu devagar, estava inteira... um milagre, visto que sua mão sangrava esfolada, deixou a mão cair sobre o peito, sem coragem de se mover... apenas escutou os gritos e a batida da porta do caminhão, moveu levemente o rosto para perceber duas botas virem na direção do metal retorcido que era a moto, “Que bom Sirius não viu eu detonar ela...”, então viu o homem inteiro, caído, talvez morto de seis pés surgirem.

-Tsc, Tsc, se ela vir isso vai nos matar...- disse um homem.

-Belatriz vai ser o menor de nossos problemas se ele estiver mesmo morto.- respondeu outro.

-Levantem essa coisa!- disse o terceiro.

Dois bruxos usaram ao mesmo tempo o feitiço de levitação e ergueram o caminhão, Harry seria descoberto, ferido, talvez tivesse sido melhor se o acidente tivesse completado o serviço... não... não mesmo, não era assim, tinha que pensar, lutar, dar um jeito, não ia ficar ali caído, por mais quebrado que estivesse, apenas tinha que dar um jeito... que ilusão pensou francamente, sentia que a perna presa por baixo da moto estava irreparavelmente ferida, assim como com certeza os dois pés, algumas costelas provavelmente, ele nunca conseguiria fugir.

Mas tinha sua varinha... tinha sua vontade, e abrindo os olhos, tinha Hangorn... se ele estivesse disposto a ajudá-lo novamente.

Quando o caminhão ganhou altura é que seus olhos puderam ver a extensão de sua sorte, a pressão sobre a perna cedeu, e pode respirar melhor.

-Vamos ver o que restou... QUE m!- gritou o comensal.

Não, Não era um Harry quase morto, era um rapaz se pondo de pé, empurrando a moto.

Os três comensais foram estuporados, apesar de iniciamente ter desejado mata-los mesmo, pensou ainda olhando em volta, o lugar estava vazio apesar de tudo, apenas o homem caído e os comensais, mancou até o homem, estava vivo e bem, estava só estuporado, levitou-o até a cabine do caminhão que tinha sido colocado em cima da calçada na contra-mão.

Se apoiou no caminhão olhando-se, na verdade estava se acostumando,apesar de continuar não gostando do cheiro, estava se acostumando com o sangue, suspirou pensando em Hangorn, talvez...

“Não...”

“Imaginei que não teria jeito.” Pensou desanimado.

“É o trato, serve aos outros não a você.”

“Eu mereço...” pensou amargamente.

Mas era verdade, não podia curar a si mesmo, seria idiotice tentar...

-Estupefaça!

Um escudo bem colocado evitou o ataque de Belatriz, ela estava ali no meio da rua o encarando.

-Você é malditamente resistente Potter!

-Suas palavras Belatriz.- disse apertando a varinha.

-Mais virão, só tenho que esperar.- ela sorriu.- Voldmort o espera.

-Diga-lhe que estou sem vontade de vê-lo.- retorquiu.-Estupefaça!

Ela desaparatou.

“Não ceda a raiva!”

-Cala a boca.- sibilou.

-Expelliarmus!

Sua varinha voou, Belatriz estava em cima do caminhão, a varinha caiu perto da moto caída.

-Desgraçada.- disse andando para vê-la melhor.

-Não seja mau perdedor Potter, vamos brincar um pouquinho...- ela sorriu.- CRUCIO.

-Potere!- disse cruzando os braços em frente ao rosto para se proteger.

Não estava a fim de sentir mais dor do que já estava sentindo, o feitiço rebatido acertou o poste atrás do caminhão, a lâmpada explodiu.

-Maldito Potter!- ela apareceu ao lado.-Sphinx!

Deu dois passos bambos para trás apertando o lugar onde uma das pequenas flechas mágicas penetrara em sua carne, gemeu. Belatriz riu, se aproximando.

-Eles estão vindo, acabou Potter!

“Agora... use sua raiva.”

A olhou, viu a bruxa parar de sorrir, estendeu a mão:

-RICTUS!!!

Belatrix desaparatou, ele pode ver toda a extensão do que escutar...O tremor disparou alarmes dos carros num raio de quatro quarteirões a volta... ao seu lado o rasgo no asfalto atingiu a tubulação de água, o buraco se encheu, ele olhou abobalhado para a própria mão, se ergueu, ainda alerta.

-Accio Varinha.

Alguns sons de aparatação foram suficientes para ele apontar a varinha até reconhecer os rostos, um deles particularmente querido.

-Harry!- ela correu para ele.

Morgan Graveheart parecia muito bem.

-Porquê demoraram?- ele perguntou sorrindo.

Mas os outros não estavam sorrindo.

-Vamos.- disse Olho-tonto.- Aqui não é seguro.

Foi Morgan que o amparou.

Acordou no anoitecer de sábado, tinha sido difícil, mas agora que as poções faziam efeito podia observar a pele nova na perna, ainda coçando, esticou a mão.

-Não coce.- disse Morgan.

-Tá bem, mas coça pra caramba!-disse sorrindo.

-Bela ralada essa não?

E que ralada, a roupa que usava ficara reduzida a trapos... jogaram fora, ele observou Morgan sorrir, sentada na cama ao seu lado, ele sentado, porque não podia apoiar as costas, tinham sido raladas também.

-Nas costas coça mais ainda!- disse se torcendo.- Isso irrita.

-Tá reclamando do que?- ela riu.- Isso coça ainda mais!- apontou para o pescoço.

Ele viu logo abaixo, pouco antes do ombro.

-Mas... isso.- falou e puxou de leve a gola da blusa dela.

Enorme, descendo do pescoço ao ombro, indo ao peito...

-Nunca imaginei que você fosse meio tarado Harry.- ela disse rindo.

Ele corou mais que o Rony e soltou a gola da blusa rápido, nem sabia porque tinha ficado tão chocado, balbuciou.

-Desculpe, é que eu... fui... vai ficar?

-Acho que... vai.- ela disse.

Harry não soube atinar porque estava sem respiração, só que era... ela, tão perto. Perto demais. O olhando. E... pararam por um segundo.

Quem disse que queria parar de olhar? E ele tomou a iniciativa, ela não se afastou.

Foi diferente, não foi amável, foi estranho, quente, familiar.

Quando os lábios se separaram ela suspirou, ele estava assustado.

-Isso não é um jogo para nós dois Harry.- ela disse séria.

-co..como?- ele sentiu ficar mais vermelho ainda, nem sabia porque tinha feito aquilo.

-Desejo não é amor.- ela disse passando a mão no rosto dele.- E você ainda não sabe a diferença.

-Eu... me desculpe... eu não sei... o que deu em mim...-disse se achando muito idiota.

Ela sorriu bondosamente, mas saiu do quarto, deixando-o só com seus pensamentos.

Sentiu-se mal. Só isso.

De alguma forma fizera algo errado, justamente com Morgan... ela ia acha-lo idiota... e Traíra, Hermione.

Apesar de lá no fundo, algo ficar terrivelmente satisfeito com a traição

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