Cp15 O Preço da disponibilidad



Cp15 O Preço da disponibilidade.

Ela veio devagar quase sem som algum deslizando, e aparecendo com se estivesse se desiludindo, a luz os iluminou e parou em frente deles acelerando de leve. Uma grande moto negra com adornos cromados, parecia nova, brilhante, muito mais bonita de perto do que quando viu de longe.

-Essa moto era o maior xodó de Sirius.- disse Remo passando a mão no monstro que era a moto, de alguma forma, ela era muito real para Harry, como se já tivesse andando nela antes.

-É grande não?- perguntou Neville não resistindo em passar a mão também.

-Engraçado, sinto como se a conhecesse bem...-disse olhando-a.

-Conhece. Quantas vezes sua mãe quase esganou eu e o Sirius por sairmos com você quando era praticamente recém-nascido... éramos doidos.-Remo sorriu com a lembrança.

-Ela voa?- perguntou.

Ele o olhou, sorriu.

-Voa, voa sim...

-Nós vamos voar nisso?- perguntou Neville.

"Tá e você quer entrar pro time..."pensou Harry, mas se surpreendeu com o olhar de Neville.

-Seria legal.- disse ele com um sorriso.

"reveja a última afirmação..."

"Tá, mas vai dormir Hangorn, ainda é cedo."

-Será, mas parem de olhar e vamos.- disse Remo olhando o relógio.- Só poderemos entrar na hora certa, não são permitidas visitas nesse horário, e bem não vamos fazer uma visita.

Ele disse e passou a perna por cima da moto agilmente, pegou a varinha.

-Harry, é melhor tirar o óculos.

-Porquê?- disse tirando.

Lupin não precisou responder, apenas sorriu e Harry sentiu o peso na cabeça, capacetes... Neville ajeitou o seu e subiu na moto, ainda bem que era grande porque Harry teve que se espremer atrás do outro, enfiando o óculos na jaqueta.

-Vamos!- disse Lupin animado.- se segurem e não se assustem!

A moto acelerou e Harry percebeu que começaram a ficar transparentes, como se estivessem sob o feitiço de desilusão, muito esquisito, estava tendo a impressão que podia ver através de Neville... e de repente começaram a acelerar, a moto roncou e subiu, mas não via nada abaixo, agora sabia como Rony e as garotas se sentiram quando andaram nos testrálios antes de serem capazes de vê-los...

Escutou um Legal! abafado, vindo provavelmente de Neville.

Teria sido um ótimo vôo se não estivesse vendo tudo borrado, ou melhor não vendo nada e mesmo assim esse nada estava borrado... além dos roncos da moto e do frio por causa do vento.

Estavam descendo sobre um prédio, agora reparando bem, estavam acima da rua onde entrava-se no hospital, uma e outra vassoura passou por eles e de repente começaram a ficar visíveis

-É melhor ficar visível aqui porque estamos em terreno seguro, por causa das vassouras, sabe como é, as emergências...-gritou Lupin.

desceram na parte de cima do prédio, Lupin estacionou a moto num pequeno abrigo onde estavam muitas vassouras e um pégaso, um bruxo com cara amassada, que fez Harry lembrar de Mundungus, apenas acenou para eles e empurrou a moto mais para dentro, e deu um papelzinho brilhante a Lupin que o guardou na jaqueta.

-Bem rapazes, vamos?- disse ele tirando o capacete e acenado com a varinha fazendo os deles sumirem.

Ele e Neville o olharam e riram, Lupin disse ainda rindo:

-Harry esse penteado ficou muito bom...

-Ah, que gracinha Remo.- disse tentando abaixar os fios espetados por causa do capacete.

Entraram por portas de vidro que davam para o salão de chá, havia uma boa quantidade de gente, e Harry se perguntou como Moody não estava com eles, porque se estivesse os acompanhado estaria tendo um ataque agora.

-Bastante gente aqui não?- comentou.

-Isso aqui sempre fica cheio.- disse Neville.- Nesse horário também, sempre tem gente.

Harry percebeu que Neville parecia ter muita intimidade com o lugar, bem os pais dele moravam ali... pelo menos isso ia acabar agora.

Passaram pelo outro lado e entraram no corredor, reconheceu imediatamente Emelina Vance que deu um aceno para eles.

-Olá.- ela sorriu.- Prontos?

-Claro.- respondeu tentando não tropeçar nas palavras, porque agora, agora estava ficando bem nervoso.

-Então tudo pronto?- perguntou Lupin.

Andavam descendo para o quarto andar, percebeu que quanto mais nervoso ficava, mais calmo Neville parecia...

-Sim, os mudamos para quartos individuais, não ia dar pra fazer com gente olhando não é?- ela disse olhando Harry.

-É melhor mesmo.- disse ele.

-Então estão na ala reservada do quarto andar.- ela disse apontando o fim do corredor.- Acho que Neville vai querer ver a sua avó enquanto isso.

-Não!- exclamaram os dois.

Se olharam.

-É que eu queria ficar...e ver.- disse Neville.

-Nem se preocupe.- disse Harry.- Vou precisar de você.

Agora Emelina e Lupin os olhavam, Ela deu de ombros.

-Está certo então...-ela sorriu.- Quem primeiro? Alice ou Frank?

Eram três o olhando, ele pensou um pouco, e Neville parecia querer pular nele e arrancar a resposta...

"Quem estiver melhor antes..."

-Sua mãe... ela te reconhece ás vezes não?- perguntou para ele.

-É... mais ou menos.- disse Neville timidamente.

Harry se virou mais confiante.

-Alice antes.

Emelina fez um gesto para que a seguissem, passaram pela porta de vidro e Harry reconheceu imediatamente o corredor em que entravam, era pra onde tinha sido levado no fim do ano anterior, onde passara quatro dias completamente desligado do mundo... reconheceu o quarto onde ficara, reconheceu o quarto de Morgan, passaram por eles.

"Lembranças sombrias..."

"Isso, só lembranças..."

-Chegamos.- ela disse abrindo a porta.-Acho que...

-Melhor ficarem aqui.- disse olhando o quarto.

Neville estava entrando, Harry olhou os dois e sorriu.

-Não se preocupem... chamamos se precisarmos.

Disse e fechou a porta, se virou e sentiu um súbito frio na barriga ao perceber que os dois o olhavam, Neville com uma cara dolorida e ansiosa, a mulher apenas com curiosidade infantil.

Tinha a visto a mais de um ano... se aproximou devagar, ainda magra, cabelos brancos... olhando-o, mas na verdade agora Harry percebera, ela olhava além dele, totalmente desligada, olhou Neville, porque o rapaz fungara, ele tinha olhos brilhantes.

-Pronto?-perguntou.

Neville concordou com a cabeça.

"O que eu faço?"

"O que o instinto manda... como antes."

Procurou o vidrinho e pegou, ainda parecia cheio como se nunca tivesse usado, abriu e o cheiro se espalhou, a mulher pareceu focalizá-los pela primeira vez.

-Sente na cama Neville... do lado dela, de frente para ela.- disse.

-O que você...

-Shhii...

Espalhou na mão, sentou do lado de Neville, um de cada lado da cama de frente para ela, ela os olhou.

-Oi Alice... Neville veio vê-la...fale com ela Neville.

-O...Oi mãe...- começou Neville com a voz embargada.

"Me ajude..."

"Faça a conexão..."

Então foi como se sempre soubesse fazer, como sempre tivesse feito, mãos a altura do peito viu a luz do amuleto aumentar, e devagar foi afastando as mãos, uma tocou a fronte de Neville a outra tocou a fronte de Alice.

E não estavam mais ali...

Era um lugar tão bonito...

-Neville? É você... NEVILLE!!!

-Fale com ela...

-Onde estamos?

-Não importa... fale com ela!

Era um campo, um jardim... havia uma fonte muito bonita, Alice Longbotton estava ali vindo devagar, ainda parecendo fraca, de cabelos brancos, mas falando, viva, consciente... Neville parecia receoso, talvez com medo... mas foi se aproximando, devia se aproximar?

-Não. Você tem outras coisas para fazer aqui.

Era Hangorn... a fênix de fogo da poção, apesar de ser uma coisa de fogo, não queimava seu ombro, na verdade era tão confortável quanto o peso morno de Fawkes...

-Certo, acho que os dois estão conversando...- disse olhando-os se abraçarem e sentarem na fonte.- Ou coisa melhor.

-Sim, as melhores coisas são ditas no silêncio de um abraço.

-O que eu tenho que fazer aqui?

-Olhe do outro lado da fonte...- Disse Hangorn

E voou até o topo da escultura de um dragão que cuspia água para o lado onde Neville e sua mãe estavam abraçados, continuou andando até ficar exatamente do outro lado da fonte, perdendo contato com os dois ficando a sombra, incrível como dali onde estava tudo parecia morto, frio, escuro e deprimente.

-O que é isso?- perguntou para a ave de fogo lá em cima.

-Olhe a fonte, olhe a água...

Harry se aproximou e olhou a água... estava límpida, mas revelava um fundo sujo, cheio de musgo... se aproximou mais... o reflexo da água feria seus olhos, mais... havia algo na água... mais um pouco, como se visse algo... mais perto, eram imagens sim... mais perto e o amuleto tocou na água...

Com se tivesse sido sugado por memórias numa penseira, mais muito pior, horrível... era muito rápido, muito doloroso.

Era um lugar escuro... luz... jatos de luz... e risadas... e dor... e gritos descontrolados... lembranças boas... seu bebê... e risos... pessoas encapuzadas... dor... mais dor... medo... e um homem gritando desesperado... e lembranças de família... comensais... comensais da morte apontando varinhas, na frente um deles ria histericamente.

-Mais! Mais! Então querida agüenta mais?

Harry conhecia muito bem a voz, quase sentiu na pele o que se seguiu.

-Crucio!

Era Belatriz Lestrange... Harry reconhecia aquela voz naquela maldição em qualquer época... ele mesmo tinha passado por aquilo...

Dor... dor lascinante, devoradora, insana.

-CHEGA! São só lembranças! Não podem mais ferir ninguém!!!

Se forçou a puxar o amuleto para fora d'água, um esforço tão grande que caiu para trás, cansado.

E o céu azul começou a mudar... desaparecer... era apenas um teto.

-Mãe! Mãe!

Havia o som de risos e choro, e alguém abriu a porta.

-O que está havendo?- era Lupin.

Mas havia mais risos e choro, pareciam de alegria, Mas Harry não conseguia se mover, estava cansado.

-Harry!

-Meu Deus Lupin é Alice!

Mas Lupin o estava erguendo, ele caíra da cama, estava no chão.

-Harry você está bem?

-De.. Deu certo?- perguntou.

-Meu menino! Neville... Neville...

Pode ver uma Alice ainda pálida, cansada e envelhecida, mas ouve uma mudança... sim, os olhos, ela tinha um olhar firme e claro e cheio de lágrimas agarrado a um Neville que soluçava abertamente.

Emelina olhava aquilo com lágrimas e então escutou um som de madeira batendo, por um segundo pensou que fosse a perna de pau de Moody e então viu a avó de Neville, ela continuava imponente, mas vinha devagar de muletas.

-A Alice...- ela sorriu brevemente.

Emelina se aproximou e ajudou a mulher a se aproximar, conjurou uma cadeira, só então Harry percebeu que estava apoiado em Lupin e tentou se aprumar.

-Tem certeza que está bem?- ele voltou a perguntar.

-Ah, sim... só foi... um pouquinho intenso... vai passar...

-Quer se sentar?

-Na verdade... quero sair do quarto.

Então ele o ajudou a sair, havia cadeiras ali fora, provavelmente conjuradas por Lupin ou Emelina, sentou-se.

-Então o que aconteceu?

-Não sei... quer dizer, quem fez o trabalho foi o Neville.

Lupin fez cara de quem não tinha entendido nada.

-Eu só coloquei ele na cabeça dela... ele a trouxe de volta... só que isso cansa um pouco.

-Você está pálido.-disse Lupin o olhando.

-Não se preocupe, passa.- disse fazendo um gesto com a mão.

-Devia descansar então.

-Quanto tempo temos?-perguntou.

-Como assim?

-Não temos um tempo pra fazer isso?

-A madrugada inteira, não se preocupe, podemos voltar amanhã.

-Não acho boa idéia.- disse se levantando.

-Porquê?- ele estranhou.

-Amanhã vão saber que não estou em Hogwarts... não vai demorar...

-Entendo o que quer dizer, mas estamos um pouco mais seguros...

-Vocês sabem o que está acontecendo em Hogwarts?

-Dumbledore me disse que você está preocupado, Harry entenda, o golpe que foi dado nos comensais ano passado foi suficiente para a comunidade estar mais atenta, quer dizer eles não podem ficar saindo por aí agora...

-Não sei... não confio nessa calmaria...

Bateu na porta, abriu, Agora uma Senhora Longbotton conversava sonolenta com a avó de Neville, e o próprio ainda a olhava com um ar estranho, talvez amor... amor de filho. Emelina se levantou e foi até ele.

-Está melhor?

-Com certeza, e como eles estão?

-Muito bem...- ela sorriu.- Emocionados sem dúvida... Alice ainda está um pouco confusa, bem ela passou anos... mas esta bem com certeza.- emendou emocionada.

-Acha que Neville pode me acompanhar agora?

-Precisa? Eles estão tão bem... não pode ser depois?

Um toque, toque, chegou atrás de Emelina, Harry viu que Neville tinha voltado a abraçar a mãe.

-Os dois estão cansados, seja lá o que for que fizeram, tenho que lhe agradecer rapaz.-disse a bruxa.

-Eu não fiz nada, Neville é que a trouxe.

-Então, irá tentar com Franco agora?

Havia esperança nos olhos da mulher, claro, amor de mãe...

-Acho que vou esperar por Neville, um pouco.

-Não é melhor deixar aqueles dois um pouco a sós?

Harry sabia o que a Sra Longbotton iria pedir, mas não sabia se podia concordar...

-Bem, acho que podemos esperar.

-Podemos ir nós dois.

-Não sei se isso é seguro.- começou Emelina.

-Bobagem.- disse austeramente a senhora.- O rapaz aguenta mais uma vez, não?

Era óbvio que não era esse o problema, mas a Sra Longbottom não ia deixar a chance escapar, queria o filho de volta, nem que fosse buscar nas portas do inferno.

Ela abriu passagem até a porta e chamou por Harry, ele foi até ela.

-Sra Longbottom, isso pode ser um pouco...

-Creio que conheço muito sobre riscos rapaz, sei também que Neville é um bom garoto mas muito mais apegado a mãe que ao pai, e tem seus motivos...

Lupin olhava os dois sem entender, então Emelina sussurrou algo para ele que pareceu compreender e se assustar.

-Sra Longbottom...- Lupin começou.

"Não aceite."

-Sr Lupin, creio que podemos pular a parte em que aconselha nós- ela apontou Harry também.- a esperarmos meu neto.

-Mas eu...- começou Harry.

A velha bruxa abriu a porta do outro quarto.

-Eu gostaria muito de dar uma boa chance a meu filho.

"Não aceite."

Entraram no quarto, para alguém de muletas a mulher era bem rápida, sentou-se na cama ao lado do filho e lançou um olhar ansioso para Harry.

"Não faça isso..."

Harry pode compreender porque Neville reagira tão bem com a mãe, nunca tinha visto o pai de Neville depois do que acontecera com ele, só o tinha visto naquela foto que Moody lhe mostrara, um homem alto com um porte elegante, austero como a avó de Neville, mas ali, deitado naquela cama, ele parecia muito um cadáver... pele macilenta, cabelos totalmente brancos, os olhos fixos no vazio, não havia sinal de vida nele, nenhum sinal de vida... então seus olhos cruzaram com a avó de Neville.

-Por favor...- ela o olhou.

-Saiam do quarto.- disse para Emelina e Lupin.

-Harry, pense melhor.- começou Lupin.

-Não quero que Neville veja o que vai ver se entrar aqui.- disse.

A avó de Neville concordou bondosamente com a cabeça.

-Mas pensem bem vocês dois, é melhor esperar até amanhã...- começou Emelina.

-Saiam por favor.- pediu a Sra Longbotton.

-Saiam.- confirmou Harry.

Os dois saíram relutantes, ainda achando que talvez devesse se recusar Harry se virou, mas perdeu a coragem ao ver o sorriso na face da bruxa.

-Obrigada.

-Melhor se sentar num lugar mais confortável.- disse puxando a varinha.

Conseguiu conjurar uma pequena poltroninha, "estou melhorando nisso.", que arrastou até o lado da cama, de modo de ambos podiam ficar perto do homem, sentados no mesmo lado da cama.

-Converse com ele está bem?- disse abrindo o frasco de Athelas e voltando a sentir o cheiro adocicado.

Ambos fecharam os olhos e Harry tocou-lhes as faces...

-Não foi uma boa idéia.-disse Hangorn em seu ombro.

-Você é um raiozinho de esperança, Hangorn.- reclamou olhando em volta.

-FRANCO!!! FRANCO!!!- começou a chamar a bruxa.

A Sra Longbotton avançou com passos decididos, andando como se fosse dez anos mais jovem, mas como temia, Franco não estava tão disponível quanto Alice, a volta deles haviam corredores e mais corredores com aspecto abandonado, com um papel de parede velho, sujo e descascando... as lâmpadas do corredor piscavam morbidamente, a Sra Longbotton continuava a chamar o filho já dobrando o corredor. Harry a foi seguindo.

-Ela é corajosa Hangorn... antes ela do que Neville.-disse olhando a desolação.-Isso é estranho...- disse observando a poeira no ar.

-Então corra rapaz, porque isso foi um erro.-foi a resposta da ave.

-Como assim?-parou.

-Corra até ela idiota, corra!- disse Hangorn voando a frente.

Com o coração se apertando começou a correr até começar a escutar gritos.

Franco Longbotton, não afogara as más lembranças na insanidade como Alice... Ele ainda estava vivendo-as.

Na sala em que Harry entrou sentiu todo o impacto do que estava a sua frente, pouco a frente a Sra Longbotton apertava o peito com olhos arregalados, a frente ainda, havia uma Alice Longbottom, se contorcendo sem parar, ainda sangrando, mesmo inconsciente.

Os comensais riam do esforço do homem para se desvencilhar de cordas conjuradas, ele gritava furioso, mas muito fraco, com certeza já tinha sido torturado também...

-Inúteis!!!- berrava Belatriz.- Dois inúteis!!!

Ela apontou a varinha para Franco, lançou a maldição, outros dois se adiantaram, mais duas maldições foram lançadas contra ele. Três varinhas erguidas. os gritos dele partiam as costelas, Harry podia sentir... um dos comensais era Bartô Crouch.

-Segure-a Harry! Segure-a!- Estrilou Hangorn.

Só então percebeu que a Sra Longbottom caía... mas não era um desmaio, ela apertava o peito e tentava respirar com a boca aberta.

-Não! Não Morra! Franco!!! FRANCO LONGBOTTOM!!! AJUDE!!! AJUDE NOS!!!-Harry berrou ao compreender o que estava acontecendo.

Mas os berros recomeçavam.

-Isso foi um erro!- Hangorn voou sobre sua cabeça.

-Fique aqui Sra Longbottom! São só memórias! Só memórias! Não morra!Franco!!! É sua Mãe!!! AJUDE-A!!!

O homem caído no chão esvaía-se em sangue pelo nariz e boca, mas os olhava fixamente.

-Isso é uma lembrança!!! Uma memória!!!Já acabou!!!-berrou para o homem.

-Ela! Cuide dela!- voltou Hangorn.

A Sra Longbottom estremeceu, o olhava com... angústia.

-O ESTRAGO FOI FEITO!!! Salve-a, ou salve-o, só poderá salvar um deles...- disse a ave.

-Não!!! Senhora Longbottom respire!!! Franco!!! Nos ajude!!! Sua mulher o está esperando!!! Seu filho Neville o está esperando!!!- disse nervosamente.

-Você não pode salvar todo mundo!- Hangorn falou mais alto.

-Cale a boca!-gritou para a ave.- Franco! se levante! LEVANTE!!!- berrou.

O homem esboçou a primeira reação, sussurrou um "mãe..."

-É sua mãe! Ela queria vê-lo, mas agora precisa de sua ajuda!!! Sra Longbottom ele está voltando!!!- disse chacoalhando-a.

Mas ela começou a fechar os olhos.

-NÃO!!! Não se atreva a morrer na minha frente!!! Não agora! Não com seu filho aqui!!!- berrou revoltado.

-Mãe...

Havia um homem com olhos escuros os olhando,caído no chão sujo, o resto era vazio.

-Sua mãe...-disse para o homem.

-Ela está morta...- Franco colocou as mãos no rosto.

-Não! Não está!- disse Harry a olhando, mãos sobre o peito dela.- Acorde! Sra Longbottom!!! Hangorn!!!

-Ela se foi!- disse o pássaro.

-Não! Me ajude sua ave estúpida!- disse já com ódio.

-Mãe.- disse o homem se arrastando até o lado deles.

-Você não pode interferir com a vida e a morte.- sentenciou a ave.

-Não estou pedindo!- encarou a ave.- Acorde a senhora Longbottom!!!

-Tolo.- disse Hangorn.- Você é um grande tolo!

-Senhora Longbottom!!! VOLTE!!!

Franco Longbottom abraçou a mãe, no instante que algo como uma sombra se desprendeu dela.

-Pare!- disse Hangorn quando Harry esticou a mão para ela.

-Sra Longbottom!!!- disse com todo o desejo que ela reabrisse os olhos.

A mulher deu um soluço dolorido, Franco deu um sorriso pequeno, mas nesse instante, a sombra envolveu Harry, um frio sem limites o envolveu.

Tudo escuro, então tudo se iluminou.

-Meu filho.- sussurrou a velha bruxa...

-Mãe...- disse o homem agarrado a ela de joelhos na cama...

Então houve o grito.

-O... Franco! Ajude-o!

-Alguém! Ajuda!-berrou uma voz grave.

Houve um som da porta, e gritos, Lupin e Emelina.

-Sra Longbottom! O que houve... Harry!!!

Harry podia ver, ouvir, mas não podia se mover, era uma estranha sensação de dor no peito, um formigamento que se espelhava pelo seu corpo...

-Enervate.- tentou Lupin.

Mas não sentiu nada, pelo contrário, uma insensibilidade começou a se espalhar...

-Algo deu errado...- sussurrou o homem...- minha mãe...

-Enervate!- Lupin tentou novamente.

Sentiu o formigamento atingir seu rosto, não sentia mais as próprias pernas...

-Eu passei mal... eu.- começou a senhora Longbottom.

-ENERVATE!- disse Lupin nervoso.

Frio... um frio estranho parecia embalá-lo.

-Lupin me deixe vê-lo.- disse Emelina.

Mas Lupin não escutava, havia pego o braço dele pelo pulso, então agarrou Harry e enfiou a cabeça contra o peito.

-Parou.- disse consternado.- O coração dele parou!

-Então deixe comigo.- ela disse eficiente.- se afastem. Pulsato!

Nada... apenas o frio e tudo estava ficando difuso.

-Pulsato!

-Anda Harry!!! Por favor!- começou Lupin.-Anda!!

-Pulsato!

-Isso não está adiantando...

-Vamos Harry, não deixa a gente na mão!!!

"Isso foi um erro..."

Um choque, Harry por um segundo achou que estava levando um enorme choque.

-De novo! Não vamos perdê-lo assim fácil não. Juntos!

-PULSATO ENERVATE!- disseram quatro vozes.

Uma sensação dolorida de que seu peito ia arrebentar.

-Vamos garoto! De novo!

-PULSATO ENERVATE!- bradaram novamente.

Sensação de estar sendo puxado de um buraco muito fundo...

-Ele se foi! Entendam...- repetiu uma voz ao longe.- Foi demais pra ele.

-Não!- gritou uma das vozes que insistiam.- Ele não é do tipo que desiste! De novo!

-PULSATO ENERVATE!

Abriu a boca, e os olhos cheios de lágrimas, tomou um enorme gole de ar, tossiu.

-ISSO! Respira Harry!

Tossiu de novo, inspirou fundo de novo, sentia como se uma manada de elefantes tivesse passado por seu peito.

-Isso Harry... continue respirando.

Tossiu mais um pouco, respirou fundo, mas também sentiu-se escorregar na exaustão.

-Deixe-o adormecer... ele vai precisar repor as forças...

-Que susto hein?

-Precisamos ficar de olho, ver se não pára de novo...

-Não repita isso.

-Mas vamos ver como ele se recupera, mas de dez minutos morto, não é para qualquer um...

-Não repita isso também...

-Ele voltou, tá bem, ele sempre se recupera.

-Calem a boca! ele precisa descansar!

"Isso foi um erro repito."

"Dorme Hangorn... dorme e me deixa em paz..."

-Então?- perguntou uma voz fraca.

-Ele está muito fraco, Sra Longbottom, mas ele já passou por coisas difíceis antes.

Lupin tinha uma voz magoada, voz de quem está controlando uma dor grande.

-Sinto muito... eu devia ter deixado, esperado...

-Ele aceitou.- disse uma outra voz.

-Ele sempre aceita.- repetiu Lupin ainda dolorosamente.

-Neville queria vir vê-lo, mas acho melhor não, melhor não incomodá-lo.

-Ele não se incomodaria.- falou Lupin seco.

-Vamos, Sra Longbottom, a Sra também devia estar descansando.- disse uma terceira voz.

-Não precisava ter sido grosseiro Lupin.- disse a outra voz.

-Foi por causa dessa... dessa... -ele respirou fundo.- teimosa.. velha teimosa! Que ele quase morreu!

-Harry aceitou.

-Lupin está certo.- era a voz de Thonks.- Ela podia ter esperado, exatamente porque ele aceitaria... ele ia fazer, pra que a pressa?

-Ela tem esperado o filho a mais de quinze anos... entendam...

-Entendam... agora me diz Arthur é justo? Olha pra ele! Ele não tem coisas suficientes pra pensar para ficarem jogando essas responsabilidades nos ombros dele?

-Isso não é justo.- disse Thonks.- Os Longbottons estavam comemorando seu reencontro enquanto a gente estava tentando salvar o Harry, ele merecia ter visto o que fez, não ter ficado daquele jeito, ele merecia ter ido comemorar, não estar caído nessa cama...

-É isso que estou tentando dizer... ele merecia um pouco de paz, e não essas coisas, que acontecem na vida dele... eu quero ter uma conversa com dumbledore.

-Lupin, eu entendo essa sua preocupação, mas Dumbledore me disse que foi idéia do próprio Harry.

-Mas claro que foi!- ele disse irritado.- Deram algo pra ele, o que? Acharam por um instante que ele iria guardar isso sem usar? Assim que ele começou a ver o que isso fazia ele ia achar uma utilidade! Parece que vocês não o conhecem! Como se ele não fosse pensar diretamente em salvar uma família! Isso é maldade! Maldade da parte de Dumbledore!

-Calma Lupin, foi um acidente.- disse Arthur.- E Dumbledore nunca faria nada que pudesse por Harry em perigo!

Houve um silêncio incômodo, alguém fungou, uma cadeira foi empurrada...

-Arthur está certo Remo, foi um acidente...- disse Thonks.

-É, eu cometi um enorme erro.- disse rouco.

Lupin o olhou, pode apreciar totalmente a consideração que ele lhe tinha pelo fato de que ele não conseguiu conter-se, começou a chorar, e xingá-lo também...

-Seu cretino! Irresponsável! Insano! Eu devia te dar uma surra!

Mas Thonks acabara de abraçá-lo.

-Não liga não, o Remo estava muito preocupado.

-Eu sei...- disse fazendo menção de se sentar.

-Pode ficar deitado, você precisa ficar em repouso total.- disse Arthur.

-Faz muito tempo?

-Muito tempo o quê? perguntou Lupin que limpava os olhos desajeitadamente na manga do casaco.

-Que estou dormindo...- disse sonsamente.

-Não.- disse Thonks.- Por isso nem pense em levantar.

-O que houve Harry?- perguntou Arthur.- o que deu errado?

-Hã?- ele parou um pouco para pensar.- Acho que a Sra Longbottom, não estava preparada, acho que o choque a fez passar mal, acho que ela teve um ataque do coração... falando nisso ela está bem?

-Está, é está sim- disse Lupin aborrecido.- Nem precisa mais das muletas.

-Então estão os dois bem? Que bom, achei que não ia dar...-disse aliviado.

-Você quase morreu Harry... forçou demais.

-Não... acho que eu acabei passando o sintoma dela pra mim... quando insisti em acordá-la... -parou para pensar...- É, acho que foi isso.

-Acha?- falou Lupin duramente.- Seu coração parou de bater por aproximadamente nove minutos e meio... foi preciso quatro bruxos para acordar você!!!

-Eu já disse que foi um erro meu! Desculpe!

-Não se axalte.- disse Arthur gravemente.-Lupin, agora não é hora.

-Mas eles estão mesmo bem? o pai do Neville... ele não estava...

-Estão ótimos.- disse Lupin.- Neville está muito feliz, estão matando todas as saudades, agora descanse.- ele se levantou e saiu.

Arthur balançou a cabeça, Harry apertou a mão de Thonks.

-Acalme ele, eu estou bem.- sorriu.

Ela concordou e saiu também.

-É melhor que você durma Harry, vai precisar descansar.

-Vocês não me disseram que horas são...

-Nem amanheceu ainda, e não se preocupe com isso, apenas descanse.

-Certo.-fechou os olhos...- Ainda é madrugada...

Acordou zonzo... sem saber exatamente porque algo o fez levantar... de certa forma era como se outra vontade estivesse no comando de suas ações... se levantou devagar... colocou o tênis, enfiou-se no casaco, saiu do quarto... estava num corredor... um corredor sujo com o papel de parede descascado... conhecia o lugar... deveria ter saído dali... saído a alguns minutos...

-Hangorn?-chamou sonolento.

Esticou a mão para a parede, roçando os dedos pelo papel descascado.

-Hangorn...- repetiu baixo.

Havia uma opressão em seu peito, uma tristeza.

-O que esta havendo? Eu estou dormindo?

Ecos frouxos... continuou andando... como se nada importasse...

-Vá até ela...- uma voz falou ás suas costas...

Se virou para o vazio...

-Quem está...

-Procure-a... trague-a de volta...

-Olá?

Ao longe sentiu uma brisa leve, esticou os dedos a frente para senti-la... ela se tornou intensa, teve que proteger os olhos da poeira.

-VÁ ATÉ ELA!!!

Abriu os olhos de repente, sentando na cama, mão no peito.

-Morgan

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