Cp17 Relação interrompida.
Cp17 Relação interrompida.
Ficou no quarto desanimado, estavam de volta ao Largo, agora silencioso, ele não quis ver ninguém desde que acordara á noitinha, queria pensar, e constatou que estava irritadamente infeliz consigo mesmo, só agora o cansaço monstruoso daquela semana insana finalmente o abateu, e teve uma curiosa visão de um ego grande demais.
"a maioria das pessoas não se julga tanto..."
-A maioria das pessoas não é louca.- repetiu pra si mesmo baixo no meio da escuridão do quarto.
"Você não é louco..."
-Vai dormir Hangorn e me deixa pensar. Sozinho!- disse irritado.
"Ótimo! preciso descansar!" retorquiu a ave em sua mente ao mesmo tempo em que ele sentiu o peito arder.
-Ai!- sentou-se assustado, sentiu como se tivesse sido queimado no peito.- Hangorn?
A ave não respondeu, mas intrigado acendeu a varinha e olhou onde ardera por baixo da camisa do pijama... levou um susto. O pingente sumira.
Havia uma marca, uma tatuagem negra, bem no peito sobre o coração, em forma de ave, nem um pouco discreta, tocou-a.
"Vou dormir, me chame se precisar." a ave disse irritadamente.
-Em mim? Não... pode sair!- sibilou olhando a marca.
"Preciso compartilhar de um corpo vivo, para recuperar minha força, um cristal não tem esse efeito." repetiu a ave.
-Você não disse nada de compartilhar o corpo! Sai! Já tem gente demais tentando compartilhar as coisas comigo! Sai!- repetiu irritado.
"Preciso recuperar minha força ou logo não terei mais utilidade... estou cansado."
Suspirou contrariado, legal, valeu! pensou socando o travesseiro, não era muito tumultuado dentro de seu corpo e sua mente, com ele cheio de coisas para pensar, com aquela mulher o enchendo as idéias e Voldmort...
-Faz tempo que o velho Tom não me enche o saco.- pensou alto.- Será que ele finalmente desistiu de me encher? Seria bom...
"Eu gostaria de dormir..."
-Ah! essa é boa, agora vai me mandar dormir! Se toca!- disse levantando.
Fazia tempo que não sentia aquela energia obsessiva que o faria ficar acordado por mais exausto que estivesse até arranjar algo pra fazer, sentia que ia explodir, desceu até a cozinha da casa agora silenciosa, nunca imaginaria que se sentiria tão em casa ali, olhou a cozinha entrou e abriu a geladeira, catou meia dúzia de coisas e fez aquele tipo de sanduíche que arrasa o estômago e produz pesadelos medonhos a meia-noite, não que ele precisasse, apenas por divertimento até porque a fome nem era tanta, a última coisa que queria era ficar uma baleia como seu primo, e com certeza estava bem mais cheio do que a um ano atrás. Se bem que para falar a verdade, não dava uma real encarada no espelho a um tempão... na verdade não encarava o espelho desde se ver detonado após quase matar a Morgan... só de pensar no caso sentia um frio percorrer na espinha, porquê?
Porquê afinal tinha feito aquilo? Que burrada idiota... o que lhe tinha dado na cabeça para beijar a Morgan daquele jeito? Talvez fosse mesmo a criatura sem caráter que Rony tinha dito daquela vez, não? Tentara com a Cho mesmo sabendo que ela gostava de outro... tinha ficado com Ana mesmo sabendo que gostava de Hermione, sentiu uma tristeza fria, ainda sentia falta de Ana... e ficara com Hermione assim mesmo, mesmo quando Rony ainda gostava dela... e agora, ela o evitava e ele tinha ido se enfiar com Morgan... justo Morgan, para ele ela era uma amiga, uma irmã mais velha... se sentiu muito imbecil, pra não dizer um pouco verme.
-No final eu não presto mesmo.- disse se sentando.
Estava pensando besteiras de novo, pensou cortando o sanduíche em dois e cotucando o recheio, pegou a faca, ficou a olhando, como a vida era irônica.
-Estou concordando com o Snape? Devo estar pirando mesmo... -disse ainda olhando a faca.
Mas a vida era mesmo irônica, não devia estar agora, deitado, descansando, tendo o sono dos justos? Hangorn agradeceria... não tinha feito sua parte louvavelmente bem apesar de tudo? Não tinha conseguido acordar Hangorn? Salvar o Snape, tinha ajeitado o salão, catado uns diabretes, ajudado Neville, pra caramba e trazido Morgan?
-É.- disse sozinho ainda brincando com a faca arranhando a garrafa de cerveja amanteigada que abrira.
Mas não... estava ali encucado. Pensando nos motivos de Dumbledore não lhe confiar os nomes dos comensais, do real motivo de ter levado uns choques na barreira que ele mesmo erguera...e muito mais coisas que...
-Hangorn!
Sentiu o peito arder por que a ave se irritou.
-Anda! Temos muito que conversar!
"Depois!", o peito voltou a queimar.
-Agora!
"Depois!", ele sentiu a marca arder mesmo.
-Agora! Caramba, preciso de respostas!!!
"Uma, só uma pergunta, o resto espera."
Era uma visão estranha, "não admira eu estar ficando doido..." uma luz brotou de seu peito e então a ave de fogo se fez presente, pousou na mesa o encarando, era óbvio que estava cansada, seu fogo era pálido e fraco.
-Fale.- disse a ave.
-Preciso de algumas respostas... agora, sobre aquele dia, dos diabretes certo?
-Continue.
-Malfoy foi afetado... você me alertou que ele estava mal, porque?
-Porque o que? porque ele foi afetado ou porque ele está doente?
-Os dois!- disse irritado.
-Ele foi afetado, você deve saber, você ergueu a barreira!
-Mas a barreira era para barrar criaturas...
-Você respondeu sua própria pergunta, quanto a ele...
-Malfoy é uma criatura? Seja específico!
-Sua amiga mesmo disse, há uma imensa probabilidade dele ser um mestiço.
-Mes...mestiço...- repetiu.
-Óbvio! Quanto a doença dele, não é exatamente uma doença e sim uma maldição. Satisfeito? Boa noite.
-Espera!- disse cruzando os braços sobre o peito quando a ave abriu as asas.
-Já respondi mais de uma pergunta...
-Ergui aquela barreira, porque fui afetado? Porque estava carregando você?
-Não estávamos compartilhando o corpo naquela hora, e não posso ser afetada, não sou uma criatura, sou um espírito.
-Então...- disse sério.
A ave se agitou.
-Você é um mestiço.- disse sonsamente.
-Seja específico!- sibilou estreitando os olhos.- Tem haver com o que aquela, bruxa, Lilith...
-Não fale o nome dela!-disse a ave irritada.
-Porquê? Ela é esposa do Voldmort?
-Ele não teve a sorte e você não vai querer a honra.- disse a ave.- Você devia perguntar a seus amigos... sobre seus olhos.
-Meus olhos?
Mas a ave se arrepiou e brilhou.
"Mais tarde, estou com sono...pergunte a ele, Dumbledore."
-Não... ei! Ai!- disse quando sentiu o peito queimar.- Mas que droga!
Tinha saído dali com mais perguntas que respostas.
Olhou a faca em sua mão, atirou-a irritadamente na coluna de madeira a frente, ela ficou fincada, balançando. Harry bateu a cabeça na mesa.
-Eu queria desligar agora... esvaziar o cérebro inteiro numa penseira.
Mas o vai e vem da faca na madeira lhe enfeitiçou, logo estava com a gaveta aberta e com algumas facas na mão, mais três fincadas na madeira e duas no chão, mais três na mão direita, uma na esquerda, era definitivamente melhor com a esquerda...
-Isso não é uma brincadeira saudável.- disse ela da porta.
Que maravilha, Morgan, pensou desanimado, tudo que precisava era dela o vendo bancar o maluco com tendências homicidas...
-Não, não é... mas relaxa.-disse a olhando.
Ela puxou uma cadeira, sentou-se, não deixava de ser a coisa mais vermelha que já tinha visto, mesmo de cabelo curto...
Ele ainda estava com a mão erguida, pronto para arremessar a faca, mas quando ela entrou se distraiu, então quando ela sentou ele acabou relaxando.
-Que m!- disse soltando a faca.
Ela tinha escorregado, aberto um corte nos dedos, ardia um pouco, deixou as outras na gaveta e se virou para lavar o corte na pia.
-Avisei...
-Entendi! Certo!- disse irritado.
Catou o pano para enxugar o ferimento, a olhou.
Morgan o inquiria com os olhos, aqueles olhos violeta que vira na face de um Dragão...
-Desculpe.- disse por fim olhando o corte.- Estou irritado.
-Não consegue dormir ainda? Pesadelos, Voldmort?
Ele a olhou, novamente, fazia tempo afinal, como sentira saudade daquela voz...
-O que aconteceu depois que você acordou? O que te contaram Morgan?
Ela juntou as sobrancelhas.
-Quase nada, não deu tempo não é? Moody tinha ido me ver quando chegou o almoço, eu ia ficar em observação, então... estávamos com alguns comensais nos corredores... pelo que Moody me deu a entender, estão se multiplicando, principalmente alguns estrangeiros... é tudo... mas... e você? Como esteve? Como foi... depois daquele dia?
Parou pra pensar... olhando as facas cravadas na madeira.
-Foi difícil, no começo...- disse ainda olhando a madeira.- Mas acho que fui superando.- sorriu brevemente.- As coisas meio que correram depois, tem sido tudo meio que corrido demais.
Ela suspirou, olhou a mesa, só então ele percebeu que não tinha comido nada.
-Posso?- ela apontou o sanduíche.
-Se quiser arriscar.-sorriu.
Ela pegou uma das metades mordendo-a pensativa, ele abriu mais duas cervejas deixou uma aberta na frente dela.
-Bebendo mais do que eu?- ela riu.
-É... você me estragou.
Acabou contando a Morgan tudo que acontecera no tempo em que ela ficara afastada do mundo...ela ficou realmente chocada com algumas coisas... o que ele achou engraçado foi a reação a algumas afirmações, embaladas pela sexta rodada de cerveja...
-Di/lua Lovegood?- ela riu.- Que fofinhos! Vão nascer um monte de piradinhos ruivos...
-Morgan, que maldade...- disse rindo também.
Ela o olhou e fez sinal para ele se aproximar:
-Que nem esses dois aqui.- ela apontou para o segundo andar.- Vão ser bonitinhos... pequenos lobinhos furta-cor... camaleões peludinhos...
-Morgan... isso foi horrível.- disse, mas continuou rindo.
-Não, verdade, eles fazem um belo casal, eu sempre soube.
-Foi você que me chamou a atenção lembra?
-É foi.- Ela riu.-E você... quem diria... tentando por chifres na namorada...
Ele parou de rir.
-Isso não teve graça Morgan.- disse se endireitando na cadeira.
-Ei... relaxa, não queria te irritar... mas o que houve? Você falou da Hermione com uma voz magoada.
-Não aconteceu nada.- disse se levantando.- Vou dormir, boa noite.
Ela segurou-o.
-Não aconteceu nada.- ela disse séria.- Talvez seja esse o problema não?
Ele definitivamente queria ir dormir, pensar naquilo lhe dava agulhadas na consciência.
-Olha Morgan,não sei o que aconteceu, e sim, eu não estou indo bem com a Mione, mas não é o que você está pensando.
Ela ainda o olhava séria, definitivamente encarando-o, ele sentiu uma péssima sensação de estar sendo analizado.
-Hermione vai perder você... -disse Morgan soltando-o.- Ela devia saber como iria ser... mas... como dizem...
-Do que você está falando?- ele a olhou.
Morgan riu.
-Eu não vou ser a primeira, nem a última, Hermione devia ter percebido...
-Pare de brincar com isso.- disse irritado.- Não gosto desse tipo de insinuação.- disse saindo.
-Dizem que o ciúme é um demônio de olhos verdes.- ela falou.
Ele parou na porta.
-Como?
-Dizem: O ciúme é um demônio de olhos verdes...- ela se virou para olhá-lo.- Você não percebeu.
-Como assim, Morgan isso não tem graça.- deu uns passos de volta.
-Eu percebi, eles são igualzinhos aos da sua mãe...
-Pare de fazer brincadeira Morgan!- disse de mau-humor.- Fala o que quer falar.
-Só estou dizendo que você tem os mesmos olhos verdes de sua mãe... seus olhos... não sou a primeira que cai por eles... Como você acha que ela fisgou o mulherengo do seu pai? Sabe, é melhor controlar esse seu CHARME... ou ela vai te tratar ainda pior...
-Morgan... você só está me confundindo.- disse irritado com a brincadeira.
A outra deu de ombros. Ele saiu da cozinha com sono e irritado, não precisava de Morgan dizendo que era cafajeste. Já tinha sido muito ruim ter sido acusado daquilo no ano anterior, aquele tipo de acusação fizera ele perder Ana... pra sempre. E aquilo tudo era confuso.
Caiu na cama já dormindo.
Acordou naquela manhã de domingo quase sem lembrança alguma de estar irritado, apenas com a sensação de que estava na hora de voltar, sabendo que tinha certa coisa pra fazer, o que lhe dava arrepios. Se vestiu desanimadamente, e se olhou no espelho, fazer as pazes consigo mesmo era difícil, pelo menos parecia saudável, Morgan só podia estar brincando... Charme? Não, com certeza não era um cara bonito, nem atraente, era um baixinho magrela, meio esquisito e cheio de cicatrizes e cabelos brancos, constatou com desagrado, aqueles fios que tinham aparecido graças aquela noite maldita, tinham ganho amiguinhos, puxou a franja pra frente... talvez fosse isso, talvez Hermione gostasse dele, só não queria tocá-lo... embora não parecer se importar com isso antes, talvez algo que tinha feito, mas tinha que esperar, teria que chegar em Hogwarts para falar com tivesse que entender o lado dela, algo que ainda não tinha visto...
-E aí Harry?- perguntou Thonks animada.- Pronto para partir?
-É pronto.- disse sorrindo, acabou lembrando do que Morgan dissera... maldade... Remo e Thonks combinavam muito bem...
-Vou como?- perguntou para Remo que entrava.
-Lareira.-sorriu ele.- É mais rápido fácil e seguro.
-E o Neville?- só lembrara do rapaz agora.
-Vai voltar á noite.- disse Thonks animada.- Sabe como é, está matando a saudade da família, mas volta a noitinha.
Harry não quis dizer nada, mas pensou amargamente com sua xícara de chá que não, não sabia como era.
-E Morgan?- perguntou para Remo.
-Está de volta ao ministério, partiu com Moody agora de manhã. Um reforço bem vindo.
-Ela deixou um recado esquisito.- riu Thonks.- Era... não ligue pra pouco... disse que você entenderia.
-Ah... tá.- disse sem pensar nas palavras.
-Ficou combinado que você voltaria no horário de almoço.- interrompeu Lupin.- Você gostaria de fazer alguma coisa nesse tempo?
-Algumas horas? Não consigo imaginar nada para fazer, porquê?
-Gostaria de lhe mostrar uma coisa.- ele sorriu.
Seguiu Remo sem ânimo, até entrar no quarto que uma vez servira a Bicuço.
-Ah!- exclamou surpreso.- Tá inteira!
-Não.- respondeu Remo.- Mas vou dar um jeitinho.
Harry se aproximou e tocou a moto, realmente, inteira não era uma boa definição, estava completamente arranhada, lixada seria o termo, mas lembrando do acidente, era incrível que estivesse daquele jeito, bom, era incrível ele ter saído vivo também...
-Poxa, Sirius iria me matar se me visse enfiando ela na frente de um caminhão não?- disse para Lupin.
-Com certeza.- disse o outro acenando para o rapaz pegar uma caixa ali perto.
Ficaram a manhã inteira desmontando a moto e falando de o quanto Sirius, ele e seu pai, gostavam de motos...
-É que eu nunca tive dinheiro pra isso.- riu Remo.- E seu pai... bem, com certeza sua mãe odiava a idéia.
-Remo, - tentou parecer displicente.- O que você sabe da minha mãe?
O outro o olhou.
-Como assim?- disse retirando parte da roda.
-Como ela era, em Hogwarts? Ela era boa, com as matérias, não era?
-Era sim, menos herbologia...- ele sorriu.- Ela dizia que se gostasse de flores se chamaria Petûnia... bom, agora entendo o que ela queria dizer...
Harry riu, sua tia gostava de flores, quantas vezes fora obrigado a limpar o jardim perfeito de sua tia...
-Sua mãe era especial, Harry.- disse Remo ainda distraído tentando retirar uma peça especialmente torta.- Ela parecia ver coisas que os outros não viam...
-Como assim?-disse interessado.
-Ah, por exemplo.- ele parou como se lembrasse de algo.- Nunca precisamos contar que eu era lobisomem, ela parecia já saber... engraçado, eu nunca havia pensado nisso...- balançou a cabeça.- Só sei que quando seu pai a viu...
-Ele se apaixonou por ela, mesmo.-disse passando-lhe um pano.
-Nunca duvide disso.- disse Remo o olhando limpando a mão no pano.- Seu pai amava muito a Lily. Até parou de azarar as pessoas.- disse Lupin o olhando sorrindo.
-É... tentou... só um pouquinho.- disse lembrando do que vira na penseira no quinto ano.
-Ainda incomodado com isso?
-Não, nem tanto... agora me diz como ela era?
Lupin o olhou fixamente.
-Diferente. Engraçado, ela era mesmo diferente das outras...
Mas Thonks os interrompeu, lá embaixo a professora Minerva o chamava via lareira, voltou a por as vestes e se despediu.
Meia hora depois estava de volta a sala da Profa McGonagall, bem na hora do almoço.
-Espero que tudo esteja melhor agora.- disse Minerva fechando a porta.- Seus amigos estão almoçando.
-Claro.- disse acenando com a cabeça.- O que foi dito de minha saída?E do Neville?
-Bem, sobre o Neville, ele foi ver os pais, não precisamos inventar nada, quanto a você, você foi resolver problemas com as heranças... só isso.- ela lhe deu um aceno grave.- Agora, é melhor se reunir aos outros.
Ela fechou a porta da sala e ele saiu em direção ao salão, agora pensando firmemente em falar com Hermione, antes que perdesse a coragem, tinha que falar com ela, era importante.
Eles estavam na mesa, Rony ao lado de Luna, falando com Gina e Hermione, na mesa sonserina uma Emília cotucou Goyle, e pode perceber que Simas falava alegremente com Lilá e Parvati, ambas o olharam quando entrou, lhe acenaram.
Sorriu quando Hermione ergueu os olhos, teve uma recepção fria. Gina começou a enchê-lo de perguntas e Rony também, Luna pareceu entender quando ele ficou quieto, lhe deu um sorriso e olhou para Hermione. Ele decidiu:
-Mione, podemos conversar, agora?- disse pondo a mão no braço dela.
Ela se levantou sem falar nada. Gina e Rony trocaram um olhar com ele, já que ele não abrira a boca, ele e Hermione foram saindo pelo salão, felizmente não estavam sendo olhados, muitos alunos iam e vinham preocupados com suas vidas, então ela parou um pouco antes da porta e virou para ele:
-Tá me fala o que quer falar.
-Aqui?- ele soltou sem querer.
-É, aqui.- ela disse séria.- Não dou mais nenhum passo sem deixar algumas coisas bem claras.
Ela realmente parecia brava, ele suspirou contrariado, ali não era o melhor lugar, mas na pior da hipóteses, talvez ela evitasse brigar com ele um público, começou a falar, na verdade a pedir desculpas mesmo sem saber exatamente o que tinha feito de errado, até finalmente citar o que sabia ter feito de errado.
-Foi muita idiotice minha, Mione, mas eu prefiro falar pra você, espero...
-O quê?- ela balbuciou o encarando.- O QUÊ?!- gritou.
Tinha certeza que aquilo não era bom sinal, e aquele grito tinha chamado muita atenção.
-Foi um erro, nem eu sei porque...a Morgan...- tentou falar.
Foi pior.
-Cala a boca Harry!- ela disse com os olhos brilhando furiosa.- Seu... Seu... IDIOTA!
Doeu. Doeu, porque não esperava a reação, e porque não esperava levar um tabefe daqueles tão cedo novamente, não na frente de todo mundo, ela girou os calcanhares e saiu imperiosa do salão.
Ele ficou um tempo sem reação, até sair atrás dela, até porque não teria coragem de olhar para dentro do salão tão cedo.
Pelo menos teve a dignidade de não gritar o nome dela pelos corredores, pelo jeito que ela corria devia estar furiosa mesmo, sabia perfeitamente para onde ela estava indo, ainda sentindo o rosto quente, ela tinha a mão bem mais pesada que a Ana e podia empatar com o Rony, "talvez esteja escrito na minha testa: Pode tacar a mão" pensou irritado.
-Hermione!- disse no corredor.- Mione, pára, vamos conversar!
Ela estava entrando pelo retrato, ele entrou logo atrás segurou-a pelo braço.
-Me larga Harry!- ela disse bufando.- Me larga!
-Mione, pelo menos fala comigo!- disse nervoso.
-Falar com você? E adianta? Você escuta?-ela estava vermelha.
-Claro que escuto...- se defendeu.
-Então porque não falou comigo antes?
-Você não está entendendo! Eu não...
-Então presta a atenção!- ela disse furiosa, mas chorando.- EU NÃO MERECIA ISSO!!!
-Eu... sei.- ele não queria que ela ficasse tão... alterada.
-EU... Eu tenho... AH! QUE ÓDIO!Eu desconfiava, sempre desconfiei.
-Não fale assim! Isso não tem o menor...- ele já tinha ouvido aquilo antes...
-Você não se importa! Você é um egoísta!
-Mione isso tá me ofendendo!
-É pra ofender! É pra doer! A verdade dói!- ela gritou.
Meia dúzia de calouros e secundanistas tinha parado tanto na ida como na vinda para olhar, e tinha gente no corredor escutando, já que o retrato estava aberto.
-Não fale isso! Na verdade você também não está ajudando!- era verdade, se ela falasse com ele seria tão mais fácil.
-Eu? Eu não estou ajudando? Sabe de uma coisa Harry?! EU NÃO QUERO SABER! NÃO QUERO TE VER! ACABOU!!! EU... AH!- ela saiu para o dormitório.
-EI!- disse indo atrás, parando na beira da escada vendo-a empurrar duas calouras que o olharam assustadas.- MIONE! DESCE!!! NÃO SE ESCONDE ASSIM! EI!
-PÁRA DE BERRAR AÍ EM BAIXO!- foi a resposta.- SEU CRETINO! NÃO QUERO ESCUTAR A SUA VOZ!!!
Ele perdeu a capacidade de protestar, se calou, olhou em volta, com a cara suficientemente feia pra todo mundo se mandar, e a sala voltou a ganhar vida, a maioria saindo rapidinho.
Sentou-se na poltrona em frente a lareira, mão no peito, correr daquele jeito o tinha cansado, estava sem fôlego, estava tão arrependido de ter aberto a boca que tremia, na verdade podia sentir, quando colocou as mãos na cabeça, podia sentir os braços amortecidos.
-Ih...- Rony sentou na poltrona ao lado.- O que foi isso?
-Nossa Harry, eu sabia que a Mione estava furiosa, mas esse tapa...- começou Gina.
-Não tem problema- disse infeliz ainda olhando para o chão.- Eu mereci.
-Mas você teve motivos para sair.- começou Rony.
-Ótimos motivos.- complementou Gina.
-Esse tapa não teve nada a ver com eu ter saído.- completou.- E eu realmente mereci.- suspirou os olhando.
Os dois se sentaram, estavam obviamente curiosos, mas ele não estava a fim de divagar sobre suas asnices, sorriu para Gina.
-Deu certo, Neville volta à noite, está matando a saudade dos pais.
Gina sorriu, olhos brilhantes, então não se conteve e o abraçou.
-Ah, Harry! Você é um anjo!
Rony fez uma careta, Harry deu uns tapinhas no braço da garota.
-Que é isso Gina, Não precisa exagerar, e... não repete isso, eu não gosto.
A garota se endireitou, meio constrangida.
-Ah. O Nel deve estar nas nuvens.- riu Rony.- Então como foi?
-Bem.- disse vagamente.
O outro lhe encarou.
-Não sei, não fiquei com eles...- disse se levantando.
-Porque não?- perguntou Gina.
-Por nada, reunião de família. E a avó de Neville passou mal...
-Mas ela está bem?- perguntou Gina.
-Está sim. Acho que foi emoção demais. Bem, vou trocar de roupa, dormir um pouco e... pensar.- disse indo para o dormitório.
-Falando em pensar.- começou Rony maldosamente.- Porque o tapa hein?
-Porque eu beijei a Morgan.- disse saindo de fininho.
Estava no meio da escada quando Escutou.
-HARRY SEU ANIMAL!!! EU AVISEI!!!- Rony gritou.
As orelhas de Harry estavam definitivamente doídas depois que os dois irmãos terminaram... bem, Gina tinha sido incisiva, o xingara um monte e depois saiu indo consolar Hermione... "ela sim, merecia atenção..." segundo a ruiva.
"Mulheres..." pensou.
Se bem que com Rony não foi diferente, ele o xingou um monte, depois ficou impressionado... depois tirou muito sarro da sua cara... voltou a xingar... e depois... foi um repeteco de tudo até Simas e Dino chegarem e lhe darem a linda notícia que meia escola comentando e que Lilá tinha acabado de descobrir o motivo.
-E agora estão consolando a Hermione.- disse Simas rindo.-Ou deveriam estar, porque eu vi as duas correndo para falar com as amiguinhas da Corvinal...
-Harry você tá Fud!- disse Rony sem cerimônia alguma.
-E qual a novidade?-disse dando de ombros.
-Agora me fala Harry...- Dino começou a rir.- Pelo menos valeu a pena? A professora Morgan é bonita.
-Não.- disse incisivo.
Os três o olharam.
-Não vai dizer que a Morgan beija mal,- riu Rony.- Não é a primeira vez que vocês...
-Rony!-cortou-o indignado.
-EPA!-gritou maldosamente Simas.- Harry, quem diria... não foi o primeiro!
-Ei! Não é bem assim...- aquilo estava ficando ridículo.-E foi ela que...
-Então é sentimento correspondido... Harry, Duas?- começou Dino.- Como você consegue hein?
Estava se afundando ainda mais.
-Podemos mudar de assunto?- disse desanimado.
Os três rapazes se olharam e sorriram.
-NÃO!!!
Na hora em que finalmente largaram do seu pé e puderam voltar as conversas normais, e isso que eles não pararam de fazer piadas,era quase noite e ele nem teve coragem de ir jantar, ia encarar o mundo obrigatoriamente na manhã de segunda, preferia ficar quieto até digerir a encrenca toda, Hermione foi outra que não deu sinal de vida, Harry nem imaginava o tamanho do fã clube dela até ver quantos garotos o olharam torto na sala comunal.
-Eu acho que logo, logo alguém vai organizar meu linchamento.- disse baixo.
-Você não viu a reunião das garotas da Corvinal, bem você não é popular lá mesmo.- disse Rony.- Luna disse que foi engraçado.
-Imagino... que maravilha.- resmungou quando Lilá e Parvati passaram, para sair.
O engraçado é que Parvati voltou e chegou no lado dele:
-Ela tá uma fera, mais passa, não se preocupe.- ela sorriu e saiu junto com Lilá.
Harry não entendeu.
-Eu entendi direito?-perguntou para Rony.
-Sei lá.- disse ele.- Elas são doidas. Xadrez?
Aceitou.
Quase duas da manhã quando o retrato se abriu e ele entrou, nunca pareceu tão bem, Gina deu um enorme sorriso e correu para abraça-lo.
-NEL!!!
-E aí?- ele perguntou.- Sentiu minha falta?
Que inveja, pensou Harry, como gostaria de ter sido recebido assim. Mas a vida não era perfeita, felicidade de uns...
-E então como estão seus pais?- perguntou Rony.
-Muito bem,- ele sorriu.- Desorientados... as vezes acham que eu tenho dois anos... as vezes me reconhecem, mas melhoram mais hoje.
Neville parou em frente a Harry, estava repentinamente sério.
-Minha avó me fez prometer que ia lhe pedir desculpas, mas eu não vou pedir.
Harry achou estranho.
-Você não ia aceitar, eu sei, você é teimoso.-disse ele.
-Não mesmo.- sorriu.
Neville colocou a mão no seu ombro:
-Harry, eu lhe devo muito.
-Que é...
Neville o interrompeu.
-Eu lhe devo muito mesmo, você é mais que um irmão pra mim. Eu sempre vou estar do seu lado, no que seja, eu vou estar perto.
-Eu sei.- respondeu.
-Obrigado, mesmo.
Sorriu, porque não tinha palavras
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