Cp14 O que se tem que fazer...



Cp14 O que se tem que fazer...

Relances dos acontecimentos ainda estavam marcados em sua mente, tanta coisa em pouco tempo, lembrava bem do olhar de Dumbledore quando mandou Hermione o levar para cima e voltar a Grifinólia, Hermione torcia as mãos quando lhe contou que os professores estavam discutindo o problema do ataque a Grifinólia quando ela lhes deu a notícia, ela ainda o censurava enquanto corria as mãos no seu rosto e braços talvez tentando se certificar que ele ainda estava inteiro...

-Calma...- sorriu para ela enquanto entravam na escada do escritório de Dumbledore.- Estamos todos inteiros...

-Você é louco!- ela disse indignada.- E burro! E não me olhe assim Harry! Você sabe que fez besteira! Sabe que não precisava fazer o que fez!

-Você não viu o que fizeram com Neville.- disse soturnamente.- Na verdade nem quero imaginar o que fizeram com o coitado... e querem que a gente haja com calma? Mione, isso não está certo, não está dando certo, não devíamos estar bem? nessa altura das coisas não deviam ser eles a estar com medo?

-Harry... as coisas não são assim.-ela disse olhando para fora pela janela.- Você está começando levar essa história de herói a sério...

-Não é isso.- ele disse sério.- Não confunda as coisas, isso não tem nada com a profecia!

-Não?!- ela se virou parecendo furiosa.- Não mesmo Harry? Então porque não esperar pelos professores? Por Dumbledore?

-Talvez porque eu não esteja gostando do rumo das coisas!- disse alto.- Talvez porque eu não aprove a calma com que eles estão tratando isso, talvez porque eu ache que isso esteja errado, talvez porque...

-Talvez você prefira entrar logo em uma batalha...- disse Dumbledore da porta.- Não se importando com quantos inocentes se firam...

-Não disse isso.- se virou encarando o bruxo.

Da última vez que Harry tinha visto Dumbledore quase tão furioso foi quando Bartô Crouch fingira ser Moody... mas a voz dele não revelava o que os olhos mostravam, a voz era calma.

-Senhorita Granger... creio que deveria estar na torre da Grifinólia agora.- ele disse com um sorriso.

Hermione saiu sem questionar e sem olhar para trás, até porque Harry duvidasse que alguém falasse com os dois se olhando daquele jeito.

A porta se fechou, no escritório de Dumbledore, o qual Harry já conhecia o suficiente para ter alguma intimidade, estavam faltando alguns bruxos em seus retratos e Fawkes também não estava lá.

-Sente-se Harry.- disse Dumbledore se encaminhando para a escrivaninha.

-Não. Prefiro ficar de pé, creio que essa conversa não será longa.- disse sem se mover.

-Você realmente acha Harry?- Dumbledore perguntou ainda de pé.

-Não estou com paciência para brincadeiras, e vejo que o senhor também não.- continuou encarando o bruxo.

Dumbledore o olhou com aqueles olhos azuis firmemente e Harry pode sentir o que Dumbledore fazia a vida toda, coisa que aprendeu a odiar.

-Não posso considera-lo disposto a falar, se lê minha mente desde os onze anos Dumbledore.-disse com um tom de voz deliberadamente baixo.

-Não pense que faço isso para controlá-lo Harry.-disse em tom de desculpa.

-Não... imagino que o faça por me subestimar como pessoa.- respondeu secamente.

-Isso não é verdade.- Disse Dumbledore se sentando.- Isso não é verdade e você sabe disso.- falou francamente.

-Então me dê uma razão verdadeira para não me contar tudo que está acontecendo.- continuou seco.

-Digamos que você soubesse da verdade Harry, digamos que eu lhe contasse quem são os comensais, e eu não gosto de pensar neles assim, o que você faria?- perguntou sinceramente olhando uma das várias penas sobre um maço de papéis.

-Sei que o senhor quer acreditar que eles ainda podem mudar...- disse Harry desviando o olhar para a janela.- mas eles podem fazer muito mal, pra pessoas inocentes.

-Acha realmente que eles pretendiam ferir Neville Longbottom fatalmente?-perguntou Dumbledore olhando pela janela.

-Não. Não acredito pelo que eu vi.-disse sem desviar os olhos das corujas que iam e vinham.

-E eles iriam ferir os alunos na Grifinólia?

-Não, ninguém seria gravemente ferido.

-Acha que foi grave o ataque dos diabretes?

-Não, os gêmeos fizeram coisas piores ano retrasado.

-Então Harry? Ainda acha que você tem motivos para ficar tão alterado?

-Tenho.- falou firme.

Voltaram a se encarar.

-Posso saber porquê?- perguntou Dumbledore gravemente.

-Eles deram um passo a uma certa direção, e quantos mais vão dar? Pra convencer-se que estão errados, ou decidir que estão certos? O senhor pode dizer que eles vão se arrepender? Pode afirmar que se não se arrependerem serão detidos antes de fazer o pior?

-Não, não posso dizer o que eles vão fazer.

-Mas o senhor já viu isso antes! Isso tudo já aconteceu antes! Me diga como acabou!

-Mortos e feridos e poucos realmente arrependidos.- disse Dumbledore.- Harry eram outros tempos.

Harry se sentou, e olhou firmemente o bruxo a sua frente, Dumbledore era alguém que admirava, apesar de não entender, mas agora, só naquele ponto, Harry discordava... totalmente.

-Então me conte... me conte o porquê.

Dumbledore o fitou como se não o visse a dias, talvez porque era a primeira vez que Harry perguntava algo... mesmo não sendo uma pergunta.

Harry não era do tipo que perguntava, não que nunca tenha feito perguntas, sim foram muitas, mais uma vinha lhe martelando a cabeça a muito tempo, Porquê?

-Não entendi sua colocação Harry.

-Porquê? Porquê proteger pessoas que por bem ou mal compactuaram em matar, ferir, odiar? Só conheci uma pessoa assim que teria “Mudado” e nunca tive provas de que seja confiável...

Dumbledore esboçou uma reação ao qual Harry não deixou.

-O senhor está pedindo que eu confie... a dois anos eu confiei e nem tudo correu como devia, por bem ou mal, eu confio, mas não cegamente, não mais, preciso mais que isso, Desculpe.- disse sinceramente.- Mas não posso mais confiar apenas no que outra pessoa acha certo.

Dumbledore sorriu e suspirou, o que de certa forma irritou Harry.

-Realmente Harry, ás vezes eu me esqueço de algumas coisas, deve ser a idade.- disse no seu tom de voz habitual.

Não que a repentina mudança agradasse Harry, que estava muito chateado em ser tratado como criança.

-Há aqueles que não sabem o que estão fazendo e os que o estão fazendo por motivos particulares, duvido que mais de dois deles realmente estejam interessados em prosseguir.

-Nada de nomes, então.- disse se levantando chateado.

-Nada de nomes.- repetiu Dumbledore.- Não que você não saiba...

-Parkinson, Bullstrode, Crabbe, Goyle, Nott, são os Sonserinos do círculo...- disse friamente.- Você não vai me dizer os outros três... e não vai me explicar o motivo, então eu vou descobrir do pior jeito.

-Do que está falando Harry?

-Vou descobrir que eles são quando erguerem a varinha pra mim ou meus amigos... daí Dumbledore? Você vai salva-los?

-Porque eu precisaria salva-los?

-Eu não deixaria bem alguém que ficasse entre eu e meus amigos e você sabe disso!

Dumbledore suspirou contrariado.

-Não vou dizer que não entendo seus motivos Harry, mas não é como era com seus pais...

-Não, eles não tiveram chance, eles não sabiam que era o verdadeiro inimigo deles... eu pelo menos tenho idéia de alguns deles.

-Não foi isso que eu quis dizer, não se trata de fugir da morte e sim de salvar vidas.-ele disse sério.

-Nisso eu concordo, e quem vai escolher quais vidas devem ser salvas?

-Você.

Não... não... não... pensou Harry.

-Não. Não quero essa responsabilidade.- disse depois de um tempo em silêncio.

-Essa responsabilidade é sua e repousa nessa pedra em seu peito.- disse Dumbledore o olhando e apontando o cristal.

Harry se calou, o que ia falar? Tinha aceito mesmo, talvez culpa da própria vaidade... voltou a olhar a sala, iluminada pelo sol do meio-dia.

-Isso me lembra, que tenho que ir até o StMungus.- disse distante.

-Não acho que deva começar por Morgan...- disse Dumbledore também admirando a luz dourada que entrava no recinto..

-Não, quero começar pelos pais de Neville.- o rapaz disse prontamente.

Dumbledore acenou com a cabeça, O rapaz se virou para a porta.

-Posso fazer uma pergunta?-sorriu Harry.- Além dessa?

-Pode.

-O que está havendo com o Malfoy?

-Gostaria que não se envolvesse com isso Harry, seria melhor até para o Sr Malfoy.

-Perguntei porque sei que ele não está bem, mas nesse caso em particular vou confiar no senhor.-disse se dirigindo a porta.

-Harry não duvide de minha confiança em você.

-Eu sei.

-Creio que você deva descer e almoçar, seus amigos devem estar lhe esperando.

-O senhor imagina porque pegaram o Neville primeiro?- ele disse já na porta.

-Não, talvez tenha sido mais oportunidade que planejamento.

-Entendo.- disse se virando para sair.

-Uma coisa Harry.

Ele se virou.

-Não esqueça de você. Cuide-se.

-Eu sempre me cuidei.- ele sorriu antes de fechar a porta.

Encontrou com Rony e Hermione na ala hospitalar, Neville ficaria lá até a noite, Gina com ele, Harry apenas acenou para eles, e saiu com Rony e Hermione.

-Onde foram o Dino e o Simas?- perguntou.

-Se mandaram assim que puderam, nunca percebi que o Thomas era um medroso.- riu Rony.- Pareceu ficar aliviado quando saiu da enfermaria.

Hermione fez um muxoxo, Harry parou a olhou:

-Ainda está brava comigo?

-Estou.- ela disse secamente.

-Duvido.- disse na orelha da garota.

Ela o olhou com aquele jeito zangado, mas que se perdeu ao encontrar os olhos dele.

-Você...- ela sussurrou.- Você não presta... nem um pouquinho.

-Você sempre soube me elogiar minha vida.- ele a abraçou rápido.

-IH!!! Já não disse que não gosto da idéia de virar um candelabro?- disse Rony andando deixando o casal pra trás.

Não que não fosse uma semana tensa, e Harry pensou que pior que aquela semana só a primeira semana do quinto ano, mas na maravilhosa manhã de sexta ele se percebeu muito diferente, olhou em volta sentindo a brisa que agora esfriara um pouco e sentindo o ar, farejando? Não apenas sentindo perfume das últimas flores de verão do jardim, estava olhando Neville e Gina namorando mais a frente e Rony ainda mergulhado em esquemas táticos dos jogos de quadribol, pela primeira vez lamentou não ter escolhido estudar Runas, se bem que o motivo, não era estudar...

Estava olhando o céu sentindo o sol na pele, pensando na vida porque recentemente era só o que vinha fazendo, desde os pensamentos mais infelizes ao mais... interessantes.

Até porque estava inseguro com a próxima aula, poções, nas poucas vezes em que cruzara com Maya pelo castelo ela lhe reservara um olhar frio, de certa forma incômodo.

-Foda-se.-disse em alto e bom tom.

-Como?!- perguntou Rony boquiaberto.

Harry o olhou, Rony estava com um diagrama amassado na mão.

-Foi mal Rony, eu estava pensando...- não sabia se ria ou se corava de vergonha, já fazendo os dois.- Estava pensando na vida.

-E chegou a essa brilhante conclusão?- disse o amigo alisando o papel.- Ei, temos que marcar o dia para escolhermos os batedores e os artilheiros.

-Puxa, é mesmo, teve alguma idéia, porque somos... só eu você e a Gina... o Simas e o Dino?

-Não... se quiserem entrar aqueles dois vão ter que fazer o teste, e sabe da novidade?

Harry estranhou a cara de Rony.

-Pelo jeito é engraçado.

-Ah, é... se é... sabe quem me perguntou quando seriam os testes e disse com toda a certeza que vai entrar?

-Quem?

-Neville.

Harry começou a rir, riu, riu de se acabar, não porque não gostasse de Neville, mas lembrava muito bem como ele tinha se saído na primeira aula de vôo e que ele nunca mais tinha montado numa vassoura, pelo menos não em Hogwarts.

-Sem chance Rony, mesmo que ele tenha aprendido a voar decentemente.

-Foi o que a Gina falou...

-Ela tá certa.- disse enxugando as lágrimas.- Acho que você quer a taça de quadribol como capitão do time, eu quero mais uma.

Rony o olhou com aquela cara, “Tá metido, você tem mais campeonatos mas eu sou o capitão!”

-Ótimo! Amanhã a tarde tem treino!

-NÃO!!!- disse.

-Ei, sou eu que marco...

-É que eu tenho uma coisa pra fazer no fim de semana.

-O quê?

-Aquela coisa.- apontou o peito.

-Já?

-Acho justo não? Acho até que demorei...

-Mas o treino é de manhã!

-Rony, é melhor de manhã!

-Mas vocês não podem fazer isso de noite?

Harry juntou as sobrancelhas no esforço de entender o amigo.

-O StMungus não vai me deixar entrar de noite...

-Ah!- disse Rony rindo .- Esse isso...

-De que isso...

-Ah.- Rony riu ainda mais.- Achei que você tava falando, sabe? Da Mione... e você... sabe como é...

-Rony!

O amigo riu ainda mais.

-Mas não é má idéia.- disse Harry.- Talvez ela volte a falar normalmente comigo.

-Era brincadeira.- atalhou a amigo.

-Mas não deixa de ser uma boa idéia. E você e a Luna?

-Não pergunte que eu acabo falando...

-Sério?

-Hermione tem razão, você não presta.

-Convivência.

O almoço foi como sempre, ele conseguiu arrancar um sorriso de Hermione, que agora começara a trata-lo melhor, ele percebeu que ela era tão linha dura quanto aparentava, ainda ficava o tempo todo mandando-o estudar, Rony ainda dissera baixo:

-Eu disse que tinha pena de você...

Entraram na mesma sala que no ano anterior Harry e os outros tiveram Poções com Snape... Maya estava sentada na mesa os encarando morbidamente, "não adianta, pensou Harry na mesma hora, eu não consigo tirar da cabeça a imagem de um corvo gigante..."

-Todos sentados? Ridículo!- ela se pôs de pé os olhando- Uma turma de último ano e demoraram mais de dois minutos para entrar e se acomodar! Que espécie de turma avançada de poções é essa? Soube que seu antigo professor era muito bom, mas pelo jeito era condescendente demais!

Metade da turma se olhou, dava para saber o que todos pensaram “esperem o Snape saber disso...”, Harry quase sorriu ao ver a cara de Hermione, ela balançava a cabeça.

-Estou aqui para verificar e terminar o conteúdo de poções de vocês, andei lendo alguns apontamentos do antigo professor de vocês, devo dizer que esta turma é deveras irregular, alguns bons alunos.- ela teve o desplante de sorrir para o Malfoy!- Outros muito fracos.

“Se ela me encarar, eu juro... esquece...”Já tinha, o olhou, ele desviou o olhar, achava que se ficassem se encarando iria com certeza mandar algo voar e acerta-la no meio do nariz que parecia um bico...

-Vou tentar manter um nível decente, que demonstre todo o afinco com que iremos trabalhar.-ela disse se virando.- Estão esperando o quê para pegar as penas?

A turma inteira, correu para pegar as penas, Rony balbuciou.

-Cara... tenho a impressão que a gente vai sentir saudades do Snape...

Hermione concordou com a cabeça.

Foi uma aula, na verdade três horários seguidos, de explanação sobre a matéria, sobre a grade do último ano e a importância dos Niem´s, Mione ficou revoltada ao ver traços de arte das trevas... “acho que ela não devia ensinar isso...”, “Durmnstrang Mione...”, replicara Rony, o pior foi as vezes em que ela encarava-o por longos minutos, como se esperasse qualquer deslize.A sineta para o jantar já tinha batido, ela dera o maior carão na turma que se levantara ao ouvir a sineta, então uns quinze minutos depois ela disse séria.

-Bem para aqueles que terminaram de copiar, estão dispensados, e relembro que não tolero atrasos em minhas aulas. Até a próxima sexta feira.

Não precisaram de incentivo para se mandar, mas mal tinham levantado escutou.

-Potter! Um instante.

Ele suspirou e ergueu os olhos, sentiu Mione apertar sua mão e dar um sorriso de conforto, se virou e encarou “è oficial Maya, você é meio-corvo e não vou com sua cara!!!”

-Sim professora?

-Não seja cínico.- ela disse ferinamente.-Algumas coisas para você,- ela ergueu a mão e mostrou nos dedos.- Primeiro: Não gosto de você, Segundo: não se meta a besta na minha frente,Terceiro: Não pense que é muito bom ao fazer o que fez.

-Perfeito.- ele respondeu.

-Pode ir.

-Obrigado.

Saiu com os punhos fechados, “não vou azará-la nas aulas... não devo azarar a professora nas aulas... nas aulas, porque deixa ela me virar as costas...”

-Harry.- disse Hermione no corredor.

Ele se virou, tinha passado por eles e nem tinha visto.

-Ah... desculpem.

-Então o que ela queria?- perguntou Rony olhando o relógio.- Vamos direto comer?

-Ela? Queria me dizer coisas simpáticas.E vamos comer estou morto de fome.

-Ela queria lhe dizer o quê?-peguntou Hermione.

-Que não vai com a minha cara, que me acha besta, que eu não devia fazer poções...

-Eu disse que a gente vai sentir falta do Snape.- disse Rony.

-Ela não disse isso disse?

-Mione. É claro que ela disse.-riu.

Estavam no meio do jantar quando seus olhos se cruzaram, não era comum Harry se perder daquele lado, mas foi inevitável, Rony tinha corrido até a mesa da Corvinal, era o segundo Weasley bem recebido lá... e Hermione estava revendo uma matéria de runas, o que sempre o deixava aborrecido, então estava olhando as outras mesas quando seu olhar cruzou com o grupo de Sonserinos, Pansy e Nott trocavam figurinhas e para seu total desgosto descobriu que Goyle e Bullstrode estava muito próximos também “eu vou ter pesadelos...” Crabbe estava muito ocupado comendo, e Malfoy, ele estava definitivamente doente... com certeza, haviam olheiras fundas e uma palidez estremada para um cara que já parecia um fantasma normalmente, mas não foi isso que lhe chamou atenção, Malfoy estava muito ocupado confabulando com dois alunos do quinto ano, e o tal de Zabini. Quando se olharam, o outro balançou a cabeça, cumprimentando? Tá bem, pensou, esse cara está definitivamente doente... do tipo doido para passar dessa para melhor... Dumbledore pediu para não se meter, não se meteria.

Estava voltando com Hermione para a sala comunal, Rony tinha sumido com Luna e ele é que não ia reclamar, estava muito animado em ter um tempo a dois quando ela começou a reclamar, que eram monitores e outras coisas, o que a um ponto do caminho o irritou.

-Se você continuar falando do Rony e da Luna vou ficar desconfiado...

-De que?-ela perguntou interessada.

-De que você não esqueceu ele não...- disse a olhando nos olhos.- Você ainda gosta dele Mione?

-Harry! Não tem nada a ver! –ela disse o puxando.- É que a gente é monitor, não pode ficar vagando por aí.

-Isso é importante? Não prefere mesmo que ele saia com a Luna pra gente ficar um pouco sozinho?Não sei Mione, ás vezes você me evita...

-Não evito não!

-Não?-não sabia porque, mas precisava saber, ciúme? Talvez...- Você me evita sim, é fria comigo...

Foi um cala boca, quando ela o beijou, desses que faz a pessoa esquecer o que estava falando, coisa que ela conseguia fazer, e provavelmente só ela conseguia... brincadeirinha perigosa, mas boa, no meio do caminho para a torre, num canto escuro do corredor, bom agora ela não estava evitando...

-Ei... ei ... ei!- ela se afastou.

-Que foi?

-Quem disse que podia...

-Mione... não seja...

-Ah, Harry, no corredor não...

-Estamos a dois passos da sala comunal, quer continuar lá, ou prefere outro lugar?

-Vou fingir que você não disse isso.

-Porque?

Ela virou as costas e o deixou sozinho, “isso não tá acontecendo... não está... o que deu nela?”

-Mione! Espere!

Ela estava na outra ponta do corredor.

-Ô Mione espera!

Ela não esperou, ele correu.

-Ei! Não me vira as costas assim! O que foi que eu fiz?

-Você é um grosso!- ela disse.- Um grande idiota!

-Não, eu sou burro! Dá pra me explicar o motivo desse ataque?

-Ah, faça o favor Harry!- ela disse e se virou para o retrato.- Flores de Outono.

-Claro minha querida.- disse a mulher gorda.

-Como assim, o que eu fiz? Pode me...

O retrato bateu antes que ele pudesse entrar.

-Ei... porquê, até a senhora?

-Vou dizer uma coisinha rapaz... as garotas são assim mesmo, dê um tempo.

-Dar um tempo?

“Você está escutando um quadro?”

“Seu pássaro dorminhoco e bisbilhoteiro!!!”

-Ela está com medo de você.

-Medo de mim?

“Esse quadro é maluco, estou dizendo...”

“Cala a boca Hangorn... na verdade, continue dormindo!”

-É garotas são assim...quando os garotos são diferentes...

-Ótimo, agora me deixe entrar e “falar” com ela!

-A senha...

-Flores de Outono.

-Lembre-se, dê um tempo.-disse a mulher gorda abrindo a passagem.

Ele entrou, mas a sala estava vazia.

“Viu, quem mandou ficar escutando o retrato?”

“Hangorn, eu te odeio!”

“Mentira.”

Harry tirou o amuleto e guardou no bolso, falar com ele era confuso, escutar vozes era estranho, falar com retratos era estranho,a vida inteira era estranha.

-E eu posso não ter tanto tempo assim...- disse olhando para o dormitório feminino.

Sentou-se em frente a lareira, agora um ou outro grupo começou a aparecer, logo a sala voltou a ficar cheia de alunos que vinham do salão e se preparavam para fazer as lições. Foram e vieram, o tempo foi passando e nada de Hermione descer, já era bem tarde quando Rony apareceu com uma maldita cara de felicidade, é porque nesse ponto da noite o humor de Harry tinha ido para o inferno já que ela nem tinha descido, nem gritara lá de cima mesmo o que ele tinha feito de errado...

-Hum,- Rony sentou com uma cara de deboxe.- Algo errado?

-Não... imagina.

-Imagino que tem sim, porque você estudando poções nessa hora, sozinho é uma coisa estranha.

-Não é não.

-Não, você não devia estar... tipo, com sua namorada, num lugar mais discreto...- continuou provocando.

-Como você? Ah, não... pra isso precisa de uma namorada...

-Que foi? Brigaram?

-Não... nem deu tempo.

-Ih, vocês dois vão longe, ela ainda está chateada com aquela coisa da floresta?

-Eu nem sei mais o que chateia a Hermione, caramba de garota complicada, me adora, lá fora, me odeia aqui dentro! Vá entender!

-Mas sério Harry, o que aconteceu, deve ter um motivo...

-Sei lá a gente tava... sabe, numa boa, no corredor, aí ela endoidou! Ficou fula comigo!

-Você não avançou um pouco?

-Depende do que você define como avançar Rony, levando em consideração a visão de quem?

-A dela é claro, não foi ela que ficou puta contigo?

-Vou dizer que se ela achou que eu estava avançando é cinismo da parte dela, ela já fez muito mais...

-Vocês dois são um casal que eu não entendo, por isso eu gosto da Luna ela nunca complica.

Aquela cara de felicidade realmente estava deixando o Harry pra lá de irritado, além do mais tinha aquela coisa dela falar do Rony um monte, deles já terem... não, foi isso que aconteceu ano passado, pensou colocando a mão na cabeça, aquele rolo todo...

-Que essa coruja está fazendo aqui?- disse Rony se levantando.

Antes que Harry protestasse Rony abriu a janela e a coruja entrou, soltou o pergaminho em sua cabeça.

-Não vai pegar?-disse Rony.

-Você reconheceu a coruja?

-Devia? Ah me dá isso aqui!

Rony lhe deu uma olhada, do tipo “paranóico”.

-Hum, é pra você...

-O que diz?

-Pra se arrumar e descer... engraçado tome.

No pergaminho estava escrito:

Se arrume, pegue Neville, desçam discretamente, a Prof Minerva estará esperando-os na sua sala, vocês irão por Flú, não precisam levar nada, venham com roupas trouxas por baixo das vestes. AD.

-O que isso significa Harry?- perguntou Rony.

-Trabalho...- disse se levantando.- Vamos passar o final de semana fora.- sorriu.-Eu avisei.- completou.

-Tem a ver com os pais do...

-É sim tem,-disse indo para o dormitório.- Avise a Mione, na verdade, pode deixar ela no escuro mesmo.

-Não seja vingativo...

-Ah, quero saber se ela ainda vai me achar um idiota... se eu sumir um pouquinho.

-Isso não é bonito.

-Quem disse que tem que ser bonito.- deu uma palmada nas costas do amigo.

Felizmente o dormitório estava praticamente vazio, Neville estava cuidando da Minbullus, ainda andava calado e meio deprimido, mas melhorava quando estava com Gina ou cuidando daquela coisa esquisita.

-Neville!- disse se sentando do lado do rapaz.-Preparado?

Rony continuava a cuidar da porta.

-Pra quê?- ele perguntou desanimado.

-Fazer uma visita de família?

O outro o olhou como se visse a primeira vez.

-Eu vou repetir Harry, se for brincadeira...

-Anda! Põe uma roupa comum por baixo da veste e vem, estão esperando a gente.

-Você tá falando sério? Mesmo?

-Anda Neville! Nunca falei tão sério na vida!

O outro pareceu se animar um pouco, se levantou e trocou de roupa, colocando um jeans, assim como Harry, ambos vestidos foram descendo.

-O que eu digo pra todo mundo amanhã?- perguntou Rony.

-Acho que logo, eles dão uma desculpa pra vocês, por enquanto só diga que a profa Minerva nos chamou, se alguém perguntar...

-Certo.- disse Rony.- Boa sorte, os dois, se cuida Nel.

-Valeu Rony, dá um abraço na Gina, ela disse que queria ir também, mas é melhor desse jeito.- disse Neville saindo pelo retrato.

-Até mais.- disse Harry saindo pelo retrato.

Jogou a capa por cima de Neville e foram andando, discretamente, até a sala da professora Minerva, deu dois toques na porta.

-Potter?- ela perguntou baixo ao abrir.

-Sim...

Ela se afastou e eles entraram, Neville parecia um pouco nervoso, Harry tinha que admitir que estava também.

-Tem certeza que está pronto?- perguntou Minerva.

A professora parecia tão nervosa quanto aquela vez em que ele enfrentara o dragão no Tribruxo.

-Acho que sim, e quanto mais cedo melhor não?- respondeu.- Vamos para onde?

-Em meia hora, direto para o Largo. Vão para o StMungus ainda essa noite.

-Está tudo acertado.- falou Neville baixinho.- Desse jeito?

-Bem, Neville.- ela disse bondosamente.- É uma tentativa, mas acho que Harry vai tentar fazer o melhor.

-Eu sei.- ele respondeu.

Neville o olhou e então se sentou, Harry percebeu que o outro tremia inteiro e o pior é que estava ficando nervoso também... catou o amuleto do bolso e colocou discretamente no pescoço.

A meia hora passou como se fosse dois minutos, Minerva pegou um pote de Flú e passou a Neville, que agora parecia muito pálido.

-Sabe o caminho Longbottom. – ela disse agora mais calma.

Neville passou pela lareira sem dificuldade.

-Harry.- ela o chamou quando ele se adiantou com a mão cheia de pó.

-Hã?

-Dumbledore pediu que fosse devagar...

-Não se preocupe.- sorriu.- Largo Grimmauld, número doze!

E mergulhou nas chamas esverdeadas.

Graças a todos os gnomos pernetas que Morgan o forçara a viajar de flú várias vezes no ano anterior, agora era capaz de sair decetemente de uma lareira.

-Chegaram os rapazes!- disse uma animada Thonks.

-Oi Thonks!- disse.

Neville continuava meio mudo.

-Ei, Remo! Remo! Anda! Eles chegaram!- ela gritou.

-Já vou, estou indo!- respondeu uma voz lá em cima.

Thonks os levou até a cozinha, estranho como nem parecia que saíra dali a apenas uma semana...

-Alguém quer alguma coisa? Vocês já jantaram, mas nessa hora sempre bate uma fominha,- ela disse puxando coisas e terminando de arrumar a mesa- A gente ia fazer um lanchinho mesmo.

Alguns pensamentos, do tipo, a gente, lanchinho... aqueles dois estavam mesmo se dando bem... foi quando Lupin entrou, vestindo roupas trouxas, que lhe caíram muito bem por sinal, parecia mais jovem, mais animado, cabelos molhados.

-Todos bem? Então Harry, foi uma boa semana? Soube que aconteceram coisas estranhas.

-Nem me lembre.- disse animado sentando.- Soltaram uns diabretes, foi um caos.

Falaram apenas amenamente do assunto, porque antes de chegar em fatos mais perturbadores percebeu que os olhos de Neville pareceram perder o foco, para evitar lembranças ruins acabou falando de amenidades, das aulas,acabou citando Snape e Maya.

-Ele ainda insiste que os Kappas são comuns na Mongólia?

-Isso já virou lenda...- riu Harry.- Ele nunca vai admitir que você dava aulas melhores.

-Nunca vou me esquecer daquela aula.- Neville sorriu pela primeira vez...- Aquele bicho-papão me lavou a alma...

Riram, Thonks que não conhecia a história foi brindada com uma versão quase animada do Snape-papão de vestido... quase morreram de rir.

-Eu queria ver!!!- ela ria.- Vamos buscar um bicho-papão!!! Eu quero ver isso!!!

-Sabe, a gente devia ter tirado uma foto...- disse Harry rindo.- Seria bom ter uma foto daquilo... assim ele teria parado de me encher as paciências...

-Mas ele não fez nada, não é? Não te encheu mais a paciência não é?

-Acho que levou uns puxões do Dumbledore, porque realmente ele não me encheu tanto assim ano passado, e duvido que vá me encher esse ano.

-Ele está ocupado, bem ocupado.- disse Thonks pensativa.

Mas ela se levantou assim que percebeu o que tinha dito e olhou para Lupin, disse a guisa de desculpa.

-Tenho que escrever uns bilhetes, licença, vocês não tem que ir andando?

-Vamos por lareira?- perguntou Neville.

-Não, vamos com um transporte alternativo.- sorriu Lupin.

-Carro?- perguntou Harry.

-Não... mas você, vai gostar!- disse se levantando.- Na verdade peguei emprestado de você.

-De mim?

-Andem, tirem essas vestes e ponham algo quente. Neville tem um casaco seu aqui.

-Eu esqueci.- disse o rapaz se levantando.

-Acho que minhas roupas velhas estão aqui... mas não vamos de vassouras vamos?

-Não.- Lupin sorriu.

Harry nunca tinha visto Lupin tão feliz. Desceram devidamente agasalhados e o seguiram para fora.

-Se cuidem.- disse Thonks.- Cuide-se.

-Vamos nos cuidar não se preocupe.- disse Lupin.

As meninas com certeza iriam ter adorado ver a cena, apesar de rápido, Lupin e Thonks trocaram um beijo, confirmando que estavam muito bem, juntos no Largo, nem Harry resistiu.

-Hum... que fofo! Cadê a maquina fotográfica?

Os dois o olharam, devidamente corados.

-Você realmente pior que seu pai e Sirius juntos.-disse Lupin.

Thonks é que parecia um tomatinho, apenas acenou e se enfiou pra dentro da casa.

-Hum, tá bem, agora como vamos?

Mas Lupin não escutou, enfiou os dois dedos na boca e soltou um assobio.

-Dá uma olhada.- disse sorrindo.

A meio metro deles surgiu, aparecendo devagar, como um camaleão mudando de cor, iluminando-os.

-Legal Remo, muito legal, andei mesmo me perguntando onde estava...- disse sorrindo

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