Capítulo 2



Capítulo II

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Dois dias depois, lá estava Ginny, parada em uma sala enorme, com duas poltronas, uma mesinha de centro e uma lareira. Por que não sentava? Porque ainda sabia ser educada e esperar alguém oferecer. Grande equívoco era pensar que, só por ser pobre, a família Weasley não era bem educada. E também tinha a parte de que ela não tinha a mínima idéia de como se comportar na Mansão Malfoy.

Ouviu uns ruídos vindos do corredor de fora da sala, uma voz fria e arrastada dizendo algo ao empregado que a recebera. Logo, a enorme e majestosa porta abriu-se e por ela passou um Deus grego. Draco Malfoy, com sua cara mais ensonada já vista, coçando os olhos; seu humor parecia estar realmente negro. Quando finalmente notou quem estava em sua sala, piscou duas vezes para ver se era verdade.

- Weasley? – perguntou confuso.

- Em pessoa. Sim, eu o entrevistarei, Sr. Malfoy.

- Desde quando você trabalha no Profeta Diário? Já ouvi boatos de que a caçula Weasley seria da equipe do St. Mungus – comentou com descaso, bocejando.

- Desde sempre, senhor. E eu acho que a minha vida pessoal não é o assunto desse encontro. Nós do Profeta Diário temos uma proposta a lhe fazer: uma série de entrevistas contanto sobre a sua vida, feitos, etc. Sairá em destaque no jornal.

- Hmm. – Malfoy pareceu hesitar. – E quanto tempo durará?

- Dependendo do andamento... Umas duas semanas.

- Duas semanas? – Coçou o queixo. Olhou novamente a mulher parada a sua frente e finalmente notou que ela ainda estava em pé. – Oh, sente-se, Weasley. – Apontou um dos sofás. Ela o fez prontamente; estava cansada de ficar em pé. – Bem, se eu estou sendo tão requisitado assim, eu aceito.

- A primeira entrevista pode ser ainda hoje ou você prefere que seja em outro dia? – perguntou, notando o estado de cansaço de Draco.

- Eu preferiria que fosse em outro dia, Weasley, afinal, eu tinha esquecido que você viria e dormi tarde. – Fez uma pausa. – Bem, isso não importa. Sexta-feira, às duas horas?

- Ah, claro. – Ginny fez uma anotação mental. – Acho que é só, Sr. Malfoy. Até sexta. – Saiu rapidamente, sem esperar a resposta de Draco.
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- Não acredito que você vai ter que encontrar Draco Malfoy por duas semanas! – Harry exclamou, quando estavam no carro. Ginny estava com a cabeça encostada no vidro da janela, suspirando a cada dez minutos. – Ele continua chato?

- Eu não sei... – Bufou. – Quero dizer, nós falamos de um modo bastante profissional, nada de brincadeirinhas da parte dele. Acho que esses anos o fizeram amadurecer um pouco.

- Espero que sim, senão ai dele! – brincou, pegando a mão de Ginny.

- Calma, eu sei me cuidar, mas agradeço. Qualquer coisa que ele fizer de errado você estará sabendo.

- Hmm. – Ficou um tempo em silêncio, concentrado no caminho. – Você é linda, Gin, e eu tenho medo de que ele tente algo contra você.

- Ei, Harry! Em que mundo você está? – brincou. – Fique calmo... Eu ainda sou uma Weasley e ele um Malfoy. Lembra? Acho que a última coisa que ele quer é “tentar algo”, como você diz – tranqüilizou-o, dando um beijo em sua bochecha.

Harry não falou nada, mas duvidou um pouco. Levantara a ficha de Malfoy e percebera que ele havia mudado muito. Tinha ficado um tanto quanto mulherengo demais. E ele tinha medo que Draco não poupasse Ginny também.
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Ginny estava começando a acreditar na lei de Murphy, como os trouxas. Ela desejou intensamente que sexta-feira jamais chegasse, mas, ao contrário, foi numa velocidade relâmpago que ela veio. Choramingou ao perceber que já estava sentada na sala de Malfoy, começando a entrevistá-lo.

- Que foi, Weasley? – ele perguntou, percebendo o choramingo da outra. – Finalmente percebeu o luxo onde você se encontra? – zombou, abrindo um sorriso de canto de boca. Ah, não, as ironias vão começar, ela pensou.

- Se eu percebi ou não, isso não te interessa.

- Ah, não? Então já sei o que é...

- O quê? – bufou impaciente. Queria terminar logo aquela matéria e ele não a estava permitindo.

- Você está pensando que agora poderia estar com o seu namoradinho Harry, mas está comigo, e, ao ver que eu sou mais lindo que ele, percebeu que nunca poderia me ter em sua vidinha, então lastimou-se.

Ginny suspirou resignada e revirou os olhos, falando:

- Olha, Malfoy, por favor, sem brincadeirinhas, certo? Vamos continuar a matéria, que aí eu me vejo livre de você e você de mim, pode ser?

- Certo, Weasley. A cor do seu cabelo faz jus ao seu temperamento esquentado – sorriu ironicamente ao ver que arrancou mais uma revirada de olhos dela.

Aquela tarde ainda seria mais longa do que já estava sendo. O celular de Ginny tocou, chamando a atenção dos dois. Ela tirou-o de sua bolsa e atendeu.

- Alô? – perguntou com expressão incomodada.

- Srta. Weasley? Aqui é do St. Mungus – uma voz estranha falou do outro lado da linha.

- St. Mungus? – exclamou, roendo as unhas recém-pintadas.

- Exato. A senhorita é a namorada de Harry Potter, não?

- Ah, sim. Por quê?

- Ele sofreu um acidente e está em observação, mas, enquanto lúcido, nos pediu para chamá-la.

- Acidente? Como? – Essa pergunta atraiu a atenção de Draco, que começou a ouvir atentamente a conversa, com uma sobrancelha levantada.

- Atingido por alguns feitiços fortes. Foi atacado em Little Whinging.

- Little Whinging? O bairro onde ele morava? – pensou alto. – Bem, eu estou indo até aí, obrigada pelo aviso. – Desligou o telefone, olhando para Malfoy. – Eu tenho que ir.

- Já? Sua companhia estava tão interessante – ironizou. Ginny o ignorou. – Não sabia que você tinha um celular. Poderia saber o que aconteceu?

- Não, Malfoy. Até mais ver. – Saiu da sala, novamente sem esperar uma resposta.

- Bem, eu vou acabar descobrindo, mesmo – murmurou para si mesmo, sorrindo maliciosamente.
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Ginny literalmente voou até o hospital, pedindo várias informações aos curandeiros de onde Harry Potter estaria. Somente uma senhora bastante simpática soube informá-la, indicando um corredorzinho vazio e uma ala discreta. Entrou sem cerimônia e viu o namorado deitado numa cama, com aquela mesma expressão serena de quando dormia.

Logo uma enfermeira entrou trazendo uns remédios, e Ginny não deixou de perguntar:

- O que exatamente aconteceu com ele?

- Parece que os aurores tiveram uma missão em Little Whinging e alguns foram atingidos. Eles estão em outras alas – completou, notando o semblante desconfiado da ruiva.

- Será que ele ainda acordará hoje?

- Sim, muito provavelmente. A senhorita gostaria de alguma coisa: chá, café? – ofereceu, fazendo aparecer uma bandeja com chá e alguns biscoitos.

- Só um café forte. E eu aceito os biscoitos. – A mulher entregou o que pediu. – Obrigada.

- De nada. Com licença. – E saiu do quarto.

Ginny sentou-se em uma poltrona que ficava ao lado da cama de Harry, tomando um gole do café forte.

- Ai, ai, Harry...

Depois de meia hora o observando, quando já estava quase dormindo, ele abriu os olhos, parecendo confuso.

- Onde... onde eu estou? – perguntou desnorteado, seus olhos ainda habituando-se à claridade.

- No St. Mungus, Harry, você sofreu um ataque.

- Hmm. – Tentou se sentar, mas sentiu uma intensa dor na coluna, soltando um gemido. Ginny ajeitou os travesseiros de modo que ele ficasse mais confortável. – E você é quem? – tentou reconhecê-la; sua mente não trazia nenhuma lembrança daquele rosto angelical.

- Você... Você não lembra de mim? – disse surpresa. Por essa ela não esperava.

- Não. Gostaria de me lembrar, senhorita...?

- Weasley. Ginny Weasley. Ao menos você sabe quem é? – Olhou em volta no quarto. Pelo menos em algum lugar devia ter um objeto para que ela pudesse chamar um curandeiro. Finalmente achou um pequeno botão, e apertou-o sem hesitar.

- Sei. Harry James Potter – respondeu, orgulhoso de si mesmo. – Fui atacado por quem?

Mas, antes que ela pudesse saciar a curiosidade do moreno, a mesma enfermeira de mais cedo entrou no quarto com uma expressão preocupada.

- O que foi, Srta. Weasley?

- Ele... – apontou Harry. – Diz que sabe quem é, mas não faz a mínima idéia de quem eu seja!

- Ah, isso é normal.

- Normal? Normal? Isso é tudo, menos normal! – exclamou exasperada.

- Isso é normal porque ele recebeu uma série de feitiços na cabeça. Não é de se estranhar que tenha uma amnésia temporária – disse como se fosse a coisa mais normal do mundo. E talvez fosse para os curandeiros.

- Amnésia? Ai, meu Merlin. – Suspirou irritada. - Só faltava me acontecer isso... Quanto tempo isso durará, a senhorita sabe me dizer?

- Talvez uma semana, talvez alguns dias. No máximo dois meses.

- Dois meses? Me segurem... – Ginny fechou os olhos e depois não soube mais o que aconteceu.

Acordou e viu que estava deitada em uma cama ao lado de onde Harry estava deitado, fitando-a curioso.

- O que é? – ela perguntou um tanto quanto desconfiada; conhecia aquela expressão do moreno e sabia que só era usada quando ele iria aprontar algo.

- Nada, não. Quantos anos você tem?

- Vinte e cinco – respondeu, prevendo o questionário. Revirou os olhos, perguntando a Merlin o que fizera para merecer aquilo. – E você vinte e seis.

- Exatamente. Como você sabe?

- Eu o conheço há mais tempo do que você imagina, Harry.

- Sério? Mas eu não lembro de você. Quero dizer, seu rosto me é só um pouco familiar. – Coçou a cabeça, naquele gesto típico dele. – Você trabalha onde?

- No Profeta Diário. Estava entrevistando uma pessoa, quando me ligaram e disseram sobre o seu acidente.

- Quem?

Essas perguntas não acabam nunca, não?, Ginny pensou mal-humorada.

- Draco Malfoy.

- Esse nome me é familiar... Algo me diz que eu não gosto nem um pouco dessa pessoa. – A ruiva alarmou-se. Será que ele estava se lembrando de alguma coisa? Isso era um bom sinal.

- E não gosta mesmo! Você estudou com ele.

- Espera aí! Acho que lembrei de algo. Ele é loiro dos olhos azuis? Irritante, prepotente e implicante? – perguntou sorrindo.

- Exatamente! Lembra-se de mais alguma coisa?

Ele pareceu esforçar-se por alguns segundos. Ficou naquela pose pensativa por alguns minutos, às vezes coçando o queixo.

- Acho que não – disse tristemente. – A única coisa que eu lembrei foi esse tal de Malfoy e... Ronald Weasley. Os dois estudaram comigo em... Hogwarts.

- Certo! Ronald Weasley é meu irmão, sabia? – disse, arrancando um olhar surpreso de Harry e um “sério?”. – Seriíssimo. E Malfoy era de nossa casa rival, a Sonserina.

- Isso quer dizer que você e eu estudamos juntos?

- Sim, mas eu era um ano mais nova que você. Éramos da mesma casa. – E começou a explicar alguns detalhes de Hogwarts e falar sobre os amigos mais próximos de Harry.

Ficaram a noite inteira conversando sobre a vida de Harry Potter.
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Postei logo dois capítulos... Aí já dá pra ter uma noção da história... Bem, até a próxima atualização. (Quem tiver boa visão pode até me ver no ff.net o/)

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