Lagrimas... Parte II



Cap.16: Lágrimas não são argumentos. Parte II



...


Ele inspirou aliviado quando desaparatou nos jardins da Toca. Precisava ficar um pouco sozinho, precisava pensar um pouco, por em ordem todas aquelas informações novas. Andou devagar fazendo o mesmo caminho que Harry tinha feito mais cedo para chegar à cozinha da Toca. O braço com o machucado curado, ainda o incomodava e ardia insistentemente. A tontura tinha piorado depois da aparatação, mas se Gina estivesse certa, e ele sabia que estava, a tontura passaria em uma hora mais ou menos.

Desfez o feitiço que fechava a porta da cozinha sem pronunciar uma única palavra. Entrou e depois de alguns passos se jogou no sofá que ficava em frente à lareira, era madrugada todos deveriam estar dormindo. Ficaria ali deitado até a tontura passar, depois pensaria melhor no que fazer.

Ficou horas ali, repensando em tudo o que tinha acontecido aquele dia, a adrenalina que ainda corria pelo sangue não o deixou dormir nem um minuto, mas , mesmo acordado estava alheio ao mundo, a casa poderia desabar que ele não perceberia.Então ele reviveu tudo, o ataque ao ministro, um auror do seu grupo inconsciente no Sts.Mungus, o chamado pela pulseira e o medo que sentiu em pensar que os amigos estavam em perigo, a chegada ao hospital, ver Mel lá pálida e doente, descobrir que ela era sua filha e rever Hermione. Coisas demais pra um dia só. Coisas demais para ele assimilar no meio da noite.

Resolveu levantar, depois de se certificar que não sentia mais tontura, e perceber com alivio que o braço não doía mais. Olhou pela janela da sala e percebeu que o dia começava a amanhecer. Tinha passado à noite em claro. Levantou-se e foi em direção as escadas que levava aos andares de cima e ao seu antigo quarto. Tomaria um banho rápido, e sairia antes que sua mãe acordasse, não queria ver nem conversar com ninguém. Aquele dia seria longo, ainda tinha que ir ao ministério, ver como andavam as investigações. Com Harry de férias, ele era o chefe. Harry. Não queria pensar em Harry.

Abriu a porta de seu quarto devagar, tentando fazer o mínimo de barulho. Continuava tudo igualzinho como era na sua adolescência. Foi até o pequeno armário e abriu a procura de uma roupa, olhou tudo decepcionado, fazia algum tempo que não trazia roupas para a Toca, certamente nada ali caberia nele. Bufou contrariado e passou a mão em uma toalha, tomaria um banho para relaxar, colocaria a mesma roupa e depois iria até a sua casa em busca de algo para vestir.

Saiu do quarto ainda andando devagar tentando não fazer barulho, entrou no banheiro, jogou a roupa que vestia de qualquer jeito no chão entrou embaixo do chuveiro, e deixou cair pelo corpo à água gelada. Com o frio que fazia, tomar um banho gelado não era nada recomendado, mas somente uma ducha fria aliviaria a angustia que estava sentindo.

Saiu do banho sem se preocupar muito em secar o corpo ou o cabelo, andou novamente até o quarto para calçar os sapatos que tinha largado por lá. Só depois então voltou a descer as escadas, sua mãe já deveria esta acordando.

Agora sim o dia estava visível lá fora, a claridade entrava por todas as janelas da casa, o que significava que sua mãe poderia descer a qualquer momento. Na sala ele apalpou o bolso a procura da varinha, que não estava lá. Foi até o sofá, em que ficara a noite toda acordado e achou a varinha embaixo de uma almofada e a colocou dentro do bolso.

Estava pronto, agora iria até sua casa, mudar de roupa, depois passaria no ministério para ver como andavam as investigações, ficaria lá um pouco mais de uma hora, depois talvez voltasse para tomar café na Toca, iria ao Beco Diagonal comprar alguma coisa pra Mel e iria para o hospital, e ficaria lá o resto do dia paparicando sua filha. Sua ruivinha.

Virou-se e caminhou até a cozinha, por onde sairia para o quintal. Assim que cruzou a porta que ligava a sala a cozinha seu coração parou de bater por um segundo e voltou a bater novamente, acelerado demais, quase saindo pela boca.

Piscou varias vezes e constatou que seus olhos não o estavam enganando. A janela que ficava na cozinha estava aberta, e uma criança, uma menina estava sentada no parapeito olhando para o lado de fora. Rony se aproximou devagar, reconheceria aquele cabelo, em qualquer lugar, mesmo de costa ele sabia quem era ela. Mas não podia ser, ela estava doente, no hospital. Talvez seus olhos lhe tivessem pregando uma peça. Aproximou-se cautelosamente, e conseguiu ver o rosto dela, as mesmas sardas, os mesmos olhos. Ela olhava distraída para um gnomo no jardim da casa, mas, ele percebeu com uma pontada no coração que uma lágrima solitária escorria pelo rosto dela.

- Mel? – ele perguntou quase inaudível.

A menina instintivamente virou-se para ele. Os olhos vermelhos e marejados, as bochechas rosadas pelo frio. Rony a olhava abobalhado, “Ela dever ter melhorado”. Ele pensava. Não conseguia pronunciar uma palavra. Então ele sentiu um calor invadir seu corpo quando sem cerimônias ela o abraçou.

- Papai.

Ele sorriu e apertou o abraço, ouvi-lá o chamando de pai era absolutamente encantador. Contudo alguma coisa estava errada, a menina tinha se encolhido no peito dele e ainda chorava silenciosamente. Sem esforços ele a pegou no colo e fechou a janela por onde entrava um vento frio. Voltou caminhando com ela até o sofá da sala, e se sentou com ela nos braços. Ela não parava de chorar, ele a apertou ainda mais em seus braços, enquanto fazia carinhos e depositava beijos em seu cabelo. Passaram-se longos minutos até ela se acalmar, Rony não sabia o que fazer, ela poderia estar se sentindo mal.Talvez fosse melhor chamar Gina. A menina levantou a cabeça, voltando a olhar para ele.

- Você esta se sentindo mal? – ele perguntou, olhando minuciosamente para ela... – Tem alguma coisa doendo?

Ela negou com a cabeça.

- Quem te trouxe até aqui Mel? Foi a tia Gina? – começou a perguntar atordoado, sem perceber que um pequeno sorriso começava a se formar nos lábios dela... – Ela me disse que você passaria a noite no hospital... onde ela esta? – Rony ameaçou se levantar para procurar Gina, mas foi empurrado pelas pequenas mãozinhas dela.

- Papai. – disse com um sorriso... – Eu não sou a Mel.

- Como não, que brincadeira é essa filha? – perguntou confuso.

- Não é brincadeira. – ela respondeu agora um pouco receosa, mais ainda com um sorriso... – Eu não sou a Mel. Sou a irmã dela... gêmea!

Rony sentiu o coração vir até a boca e tentar saltar de qualquer maneira.

- Gêmea! – repetiu mais para si mesmo, a verdade se formando em sua cabeça, era outra criança. Outra filha. Então toda a raiva, tristeza e magoa que estava nutrindo por Hermione, Gina e Harry se multiplicaram.

- Nós somos gêmeas. – Milly voltou a repetir... – Meu nome é...

- Emilly. – Rony a completou, rezando para estar certo. E um sorriso se formou em seus lábios quando a viu confirmar confusa com a cabeça.

- Emilly. – ele repetiu enquanto passava os dedos pelo rosto dela carinhosamente, incapaz de dizer mais alguma coisa ele a abraçou novamente, a apertando em seus braços, enquanto uma lágrima escorria pelo seu rosto... – Emilly... Minha filha!

-Papai ta apertando muito. – Milly reclamou com uma risada.

- Desculpa. – Ele desfez o abraço e continuou olhando para ela encantado, com um sorriso bobo nos lábios...

- Você não ta bravo? – perguntou Milly abaixando a cabeça.

- Não. – ele respondeu confuso... – Por que eu estaria bravo?

- Por que eu e Mel mentimos pra você. – ela respondeu rápido... – Mas foi só uma brincadeira. Nós gostamos de confundir as pessoas.

Agora ele começava a entender. Ele tinha convivido com as duas esse tempo todo e não sabia? Rony tinha centenas de perguntas que gostaria de fazer a ela e a Mel. Resolveu fazer a primeira que veio a sua cabeça.

- Eram vocês duas esse tempo todo? – perguntou olhando para a ruivinha, tendo uma boa idéia sobre a resposta.

- Sim. – ela respondeu marota... – Às vezes eu, às vezes a Mel. Nós trocavamos quando você estava distraído. Ninguém nunca descobre quem sou eu e quem é ela, além da mamãe.

Rony resolveu fazer outra pergunta. Não queria falar de Hermione.

- Então quer dizer que vocês duas andaram me enrolando por todos esses meses? – disse enquanto fazia cosquinhas nela.

Milly gargalhava, enquanto se contorcia no colo dele... – Sim... nós... queríamos ver... se você descobriria. – falava entre gargalhadas enquanto tentava fazer Rony parar... – Para papai... para.

Rony ergueu as mãos pro alto em sinal de trégua. Ainda com um sorriso abobalhado no rosto. Rony respirou fundo e baixou o olhar para a filha, prestando mais atenção em suas feições. “Ela tem os meus cabelos, minhas sardas. Mas o olhar é igual o da Hermione, e não só a cor. Ela tem um olhar profundo, decidido e... curioso. Assim como Hermione e a Mel. Gêmeas... Elas são idênticas...” – Rony se perdeu nos pensamentos quando viu que ela o analisava com um sorriso encantador... – “ Ela tem o meu sorriso”.

Mas então Rony se lembrou de como tinha encontrado a menina e sentiu seu estomago despencar antes de perguntar...

- Por que você estava chorando ruivinha?

- Por que eu quero ver a Mel e a mamãe. – falou triste com os olhos vermelhos... – A Sra.Weasley é muito legal, mas eu quero a mamãe. – então voltou a chorar.

Rony novamente a abraçou afagando seus cabelos. Milly não sabia de toda a verdade, então era compreensível que ela não quisesse ficar muito tempo na Toca. Muito tempo longe de Hermione. Foi então que outra pergunta escapou de sua boca.

- Filha, quem te trouxe até aqui? – perguntou erguendo o rosto dela.

- Tio Harry. – ela respondeu

- Harry?

- Sim. – ela voltou a falar... – James também esta aqui. Você conhece ele?

Rony começou a ficar pálido, conforme a pergunta dela era digerida. O que ele diria? O que deveria responder? Afinal ela era só uma criança. Sentiu a tristeza lhe invadir novamente quando se deu conta que de uma forma ou de outra teria que conversar com Hermione. Ficou triste por perceber que não poderia dizer a sua filha que era de verdade o pai dela sem antes falar com Hermione. Porém, ele não faria isso agora. Não conseguia falar com ela.

- Eu conheço o James sim, ruivinha. – ele respondeu, escolhendo cuidadosamente as palavras... – Ele é meu sobrinho. E a sua tia Gina é minha irmã. Essa casa é dos meus pais. Por isso Harry deve ter trazido você pra cá. – então outra pergunta começou a se formular em sua cabeça, e ele não gostava nada da resposta que já imaginava saber... – Há quanto tempo que você conhece o James e o Tio Harry?

- O James eu sempre conheci, a tia Gina sempre levou ele lá em casa. O tio Harry eu conheci ontem, ele nunca tinha ido lá em casa. – ela começou a explicar detalhadamente... – Então a tia Gina disse que ele era o pai do James...

- Espera um pouco. – Rony interrompeu confuso... – Você só conheceu o Harry ontem? Ele nunca foi à sua casa antes?

- Nunca. Só ontem. – ela respondeu sem dar importância.

Rony sentiu um sentimento de culpa, tomar conta dele, e então lembranças do dia anterior começaram a pipocar em sua cabeça...

...O que aconteceu Harry? Por que ta com essa cara?

- Nada... já falei Rony... – Não é importante, quando você chegar conversamos.

- Tudo bem. – disse o ruivo... – Eu tenho que ir mesmo...

...O que aconteceu Harry? – ele acrescentou rápido... – Você ta falando muito baixo!

- Não aconteceu nada Rony... – Quando você voltar conversamos, e pode deixar que eu aviso a ela....

Rony acertou um soco certeiro no rosto do moreno.

Harry cambaleou, se desequilibrou e caiu no chão apoiado no braço direito enquanto o esquerdo alisava o lado do rosto que Rony tinha batido... Ouviu uns gritos, e pode identificá-los sendo de Gina e Hermione.

- Eu disse para não se meter. – Rony sibilou cada palavra, os olhos semi-cerrados pela fúria que estava sentindo.


Rony sentiu o arrependimento invadir cada parte do seu corpo. Harry tinha tentado falar, mas ele... “ Eu banquei o idiota novamente” - pensou querendo socar o próprio rosto.

- Papai? – Milly insistiu novamente... – Hei papai?

Rony voltou a olhar para ela. Milly balançava as mãos na frente dele, aparentemente, tentando lhe chamar a atenção, com um sorriso lindo nos lábios, que formava covinhas em suas bochechas. Rony balançou a cabeça e voltou a sorrir, depois conversaria com Harry.

- Oi meu amor. – ele disse sorrindo para ela.

- Eu estava perguntando, enquanto você estava ai viajando. – disse Milly cruzando os braços na frente do corpo, tentando se fazer de séria, mas com um sorriso no rosto que a denunciava... – Você disse que seus pais moram aqui. Então o Sr. e a Sra. Weasley são seus pais e da tia Gina?

- Sim. – ele respondeu.

- Avós do James?

- Sim.

- Então se você é meu pai e a tia Gina é minha tia... eu posso chamar eles de avós também! – afirmou com a sobrancelha erguida, visivelmente feliz por ter constatado aquilo sozinha.

Rony sorriu pelo canto da boca, não conseguindo evitar pensar que aquela atitude era típica de Hermione, que sempre tinha respostas para tudo. Então assim como surgiu seu sorriso desapareceu: “ O quanto será que ela tem de mim e da Hermione? “ – se pegou pensando, triste com a certeza que ainda demoraria um tempo para descobrir. Então quando a garotinha cruzou os braços novamente ele se apressou em dizer.

- Sim senhorita Emilly sabe tudo. – falou antes de conseguir frear as palavras... – Eles são seus avós. Mas só se você quiser chamá-los assim.

Então Rony lembrou-se que estava correndo para não encontrar com a mãe, que já deveria estar descendo. Ainda não queria conversar.

- Hei ruivinha, eu tenho que sair para resolver uns assuntos. Você não quer vir comigo? – perguntou sorrindo para ela... – Depois eu vou ao hospital ver a Mel e levo você.

Milly pulou no colo dele feliz com a possibilidade de poder ver a mãe e Mel novamente.

- Eu quero. Eu quero. – ela respondeu saltitante... – Eu só vou lá em cima pegar o Ted, no quarto da tia Gina. Como nós vamos? Mamãe não gosta de aparatar comigo e a Mel... diz que pode nos fazer mal.

Rony levantou-se e a colocou no chão... – Okay, sem aparatação. – ele parou um pouco para pensar... – Já sei! – disse sorrindo... – Suba pegue o Ted, seja lá o que for , coloque um casaco, luvas e touca. – terminou olhando para ela que vestia uma calça comprida rosa, botas infantis e uma blusa branca de meia manga.

- Mas eu não tenho roupa aqui. – ela apressou-se em responder.

Rony tinha se esquecido desse detalhe. Franziu a testa novamente pensando, tentando achar uma solução. Então uma idéia lhe passou pela cabeça.

- Suba pegue luvas, touca casaco e... cachecol da tia Gina. Os que você mais gostar. – disse sorrindo para ela e a empurrando para a escada... – Eu vou te esperar ali fora. – e apontou para o quintal dos fundos da Toca, enquanto ela corria para a escada.

Já no primeiro degrau, a menina virou-se para ele novamente... – Papai pode me chamar de Milly. – e com um sorriso ela continuou subindo as escadas.

Rony secou uma lágrima que caia pelo seu rosto, mas, esta era de felicidade. Pois, apesar de tudo ele sentia-se muito feliz. “ Filhas. Eu tenho filhas!” Andou novamente até a cozinha , pegou uma pena e um pedaço de pergaminho que encontrou por lá e escreveu um bilhete:

“ Mamãe, Milly está comigo. Voltamos para o almoço. Rony”

Deixou o bilhete sobre a mesa da cozinha e foi para o quintal, andou até o armário de vassouras e tirou sua antiga vassoura de lá. Ele tinha uma, ultimo modelo. Mas esta estava na sua casa. Voltou para a porta da cozinha exatamente na hora que Milly saia por ela.


Rony a olhou com um sorriso de canto de boca, poderia jurar que ela lhe lançava um sorriso maroto: “ O mesmo que Fred e Jorge dão, antes de aprontar alguma.” – pensou divertido. E os olhos dela brilhavam de excitação.

- Nós vamos de vassoura? – perguntou com os olhos vidrados na vassoura, enquanto entregava a ele as roupas de Gina.

- Vamos. Por quê?

Rony sorriu ao ver que as peças que ela lhe entregará combinavam com a roupa que ela vestia. “Garotas”, pensou sorrindo novamente. Ele colocou a vassoura no chão e tirou a varinha do bolso, e com um feitiço encolheu as roupas para que ficassem do tamanho dela. Luvas e toucas brancas, o cachecol era em um tom de rosa mais claro que a calça dela. E o casaco, ele sorriu satisfeito ao perceber que era um dos antigos que a mãe tricotava para todos eles no natal, também rosa com um “W” de Weasley bordado em branco no meio. Os de Gina eram sempre os mais bonitos.

Ele a ajudou a vestir tudo e subiu na vassoura, esticando os braços para pegar ela.

- Mamãe diz que é perigoso andar de vassoura. – disse ela sem conseguir tirar os olhos da vassoura.

Rony bufou contrariado e a pegou no colo, sentando ela na frente dele, com a varinha ele executou um feitiço de desilusão sobre eles e depois um feitiço sobre ela, que a protegeria ao maximo do vento frio.

- Sua mãe só disse isso, por que tem medo de altura. – falou olhando para ela... – Hermione sempre teve medo de vassouras e nunca aprendeu a voar.

- Você conhece a mamãe? – ela perguntou espantada.

- Sim eu conheço. – ele respondeu levantando voou... – Você tem medo de voar?

- Não. – ela respondeu, sorrindo e fechando os olhos enquanto sentia o vento bater em seu rosto... – Eu sempre quis voar, mas mamãe não deixa. Ela pode brigar com você.

- Você sempre quis voar, então é o que vamos fazer... – falou enquanto colocava velocidade na vassoura... – E sua mãe, pode deixar, eu me resolvo com ela. – terminou sorrindo para a filha.

Então voando pelo céu de Londres Rony foi com Milly até seu apartamento, para trocar de roupa, a menina olhava tudo ao redor, perguntando sobre cada coisa que desconhecia e ele respondia tudo. Ela olhou todos os cômodos, curiosa. Depois de se trocar, ele foi com ela pro Ministério, se sentindo feliz com cada sorriso que ela dava enquanto voavam, a felicidade e excitação dela eram contagiantes.

Ele desceu em uma rua deserta, perto da cabine de telefone que levava ao ministério, encolheu a vassoura e a colocou dentro do bolso. Então dando a mão a ela ele desceu pela cabine e entrou no ministério. Passou pelo átrio, com a cabeça erguida, orgulhoso pela ruivinha que estava ao seu lado, prestando a atenção em tudo.

Então ele começou uma conversa com ela, respondia tudo o que ela perguntava. O que significava as estatuas na fonte, o que eram aqueles aviõezinhos que sobrevoavam a cabeça deles, e por que pela janela podia-se ver o sol brilhando se na rua estava frio.

Chegou ao corredor do andar dos Aurores, satisfeito por ter conseguido responder todas as perguntas dela satisfatoriamente. E agora ele explicava a ela no que ele trabalhava, quando abriu a porta do QG dos Aurores deixando que ela entrasse na frente.

Muitos Aurores estavam ali para aquele horário, e ele era o responsável por isso, tinha convocado uma reunião às pressas, assim que tinha aparatado com o ministro de volta no ministério, em segurança.

No meio de todos os Aurores, Tonks se destacava com sua cabeleira roxa. Ela vinha andando para perto dele assim que o tinha visto abrir a porta.

- Fala ai chefe. – disse com seu normal tom descontraído... – Trabalhamos a noite toda. As noticias não são agradáveis. – disse abaixando para ficar do tamanho de Milly... – Oi ruiva, beleza? Eu me chamo Tonks, trabalho com o cenoura ai. – estendeu a mão pra ela, enquanto sorria para Rony.

- Oi. – Milly respondeu curiosa com o cabelo dela... – Eu me chamo Emilly Granger, mas pode me chamar de Milly.

A cara de espanto que Tonks lançou a Rony era digna de Oscar. Ele sorriu, um pouco triste, e balançou a cabeça, afirmando, o que ele sabia, ela estava pensando.

- Oi Milly. – ela disse, e se recompôs rápido... – Você é filha da Hermione... fazem anos que não vejo a sua mãe.

Então antes que Tonks falasse demais Rony resolveu ocupar Milly.

- Filha. – falou enquanto também se abaixava para ficar do tamanho dela, enquanto Tonks quase caia no chão perplexa... – Minha sala é ali atrás daquela porta. Você pode ir pra lá, na minha mesa tem uns pergaminhos em branco... Você pode fazer um desenho pra nós levarmos pra sua irmã.

Agora Tonks tinha mesmo caído no chão. Milly correu e foi pra sala que Rony tinha apontado. O ruivo se levantou e esticou o braço ajudando Tonks a se levantar.

- O que foi que eu perdi? – ela perguntou visivelmente espantada... – Filha... Granger... Irmã?

- É uma longa história Tonks, que eu te conto depois... – ele disse enquanto andava para perto dos outros aurores... – Mas a Milly não sabe de tudo. Cuidado ao falar com ela. Agora vamos ao trabalho. Tenho outros problemas pra resolver hoje.

- Ao trabalho então chefe. – respondeu ela, rapidamente assumindo um tom profissional também já conhecido.

Há meia hora seguinte Tonks passou explicando a Rony, tudo o que eles tinham descoberto durante a noite. E as noticias, eram mesmo nada agradáveis. Depois de um tempo Rony começou a sentir o estomago reclamar de fome.

- Então prendemos um suspeito? – ele perguntou vendo os outros Aurores confirmarem com a cabeça... – Vocês podem ir tomar café. Voltem em meia hora e continuaremos discutindo... – ordenou a todos, que iam saindo aos poucos, então ele virou-se para um estagiário... - Oliver, você pode me trazer do refeitório, uma bandeja com tudo o que tiver, para mim, Milly e Tonks.

- Claro Sr. Weasley. – respondeu o estagiário, enquanto saia pela porta.

Tonks sentou-se na mesa e cruzou os braços esperando uma explicação de Rony, depois que todos saíram, ele olhou para a porta de seu escritório e lançou um feitiço.

- Só para ela não escutar o que vamos falar. – respondeu ao olhar questionador de Tonks, e passou os dez minutos seguintes resumindo tudo para ela.

- Hermione e Gina fizeram isso? – ela perguntou arregalando os olhos.

- Sim. – ele respondeu triste.

Então Oliver entrou pela porta levitando uma bandeja. E depois de Rony pegar e agradecer ele saiu.

- Eu não quero mais falar sobre isso Tonks. – falou abrindo a porta de sua sala... – Vamos tomar café. – e entrou com Tonks atrás dele.

- Olha papai, o desenho que eu fiz. – disse Milly, mostrando o pergaminho a ele... – Só falta colorir... mas aqui não tem nada.

Rony viu que no desenho tinha uma casa, um oceano e duas bonequinhas iguais, e sorriu.

- Isso não é problema pra mim ruiva. – Tonks respondeu, girando a varinha, fazendo surgir tinteiros coloridos na frente dela, enquanto mudava a cor do cabelo pro mesmo tom de rosa da roupa dela.

- Legal. – disse Milly com os olhos brilhando... – Como você consegue fazer isso? Eu também posso papai?

Rony gargalhou com a pergunta dela. E os minutos que se seguiram passaram com eles ali tomando café e se divertindo, enquanto Tonks mudava as formas do rosto e do cabelo para divertir Milly. Rony sorria bobo, entrando na brincadeira, fazendo caretas, cada vez que Tonks mudava a forma do nariz.


A hora de descanso que Rony deu para os Aurores se esgotou sem que ele notasse, ficar ali paparicando a filha era extremamente prazeroso, ele não via o tempo passar. A bandeja de café estava quase vazia, e Rony sorriu ao perceber que Milly não rejeitava uma boa refeição.


-Você come hein ruiva! – disse Tonks espantada com o quanto ela tinha comido.

- A tia Gina sempre diz que só conhece uma pessoa que come tanto quanto eu e a Mel. – ela respondeu indiferente, devorando mais uma torrada.

- E quem é essa pessoa? – perguntou Tonks, já sabendo a resposta.

- Eu não sei o nome! – respondeu olhando para Tonks... – Mamãe nunca deixa a tia Gina falar.

Tonks desviou os olhos para olhar para Rony e viu o sorriso desaparecer do rosto dele com tanta rapidez quanto aparatar.

- Mas a tia Gina sempre diz assim: “ É o ruivo mais importante da minha vida, depois do James!” – continuou ela, sem perceber a troca de olhares dos mais velhos e se endireitando na cadeira tentando imitar a tia... – E a mamãe sempre responde dizendo que ela é uma irmã coruja. Você sabe o que isso significa papai?

Rony sentiu um calor e sabia que suas bochechas assim como suas orelhas estavam vermelhas. Olhou para Tonks e a viu sorrir olhando dele para Milly. Mas antes que ele ou Tonks pudessem falar alguma coisa, a porta da sala se abriu depois de algumas batidas.

- Sr. Weasley, já estamos todos aqui. Esperando pelo senhor. – disse Oliver, somente com a cabeça aparecendo pela pequena abertura da porta.

- Nós já vamos Oliver. – respondeu levantando-se da cadeira... – Ruivinha você fica aqui, termina de colorir o desenho que eu já volto ta! – ele depositou um beijo na testa dela e saiu da sala seguido por Tonks.

- Se comporta Milly. – falou Tonks em um falso tom sério, depois piscando para a menina.

- Quer enganar quem Ninfadora? – perguntou Rony, virando para ela de braços cruzados sorrindo... – Você falando pra minha filha se comportar!

- Eu tenho um filho, se esqueceu Weasley? – ela rebateu divertida... – Às vezes é preciso mostrar... seriedade!

Rony não segurou a gargalhada voltando a andar com ela ao seu lado, assumindo um tom sério, ao chegar perto da mesa onde estavam os outros Aurores... – Vamos ao trabalho então. – concluiu ele.

- Sim senhor, chefe. – respondeu ela, voltando aos relatos da armadilha contra o ministro.

Mas uma hora daquela manhã de inverno tinha se passado enquanto eles discutiam táticas e planos a seguir. Pela sua experiência como Auror, Rony conseguiu entender, que aquela armadilha estava sendo preparada há meses. Então ele teria que agir rápido, para conseguir pegar os culpados.

- Chega de conversas e vamos à ação pessoal. – ele falou olhando sério para o grupo... – Vocês dois, vão até o vilarejo em que fomos atacados, tentam achar mais alguma prova, tentem detectar magia negra por lá, e levem Oliver com vocês. – ele disse apontando dois de seus melhores Aurores e o estagiário, que saíram depois de concordar com a cabeça...

– Vocês quatro. – disse apontando dois homens e duas mulheres... – Vão vigiar a casa do ministro e a casa do Willian, a família dele é trouxa não é? – Tonks confirmou com a cabeça. – Então são alvos fáceis. Enquanto ele estiver internado quero que vigiem a casa da família dele. – então mais quatro dos Aurores, saíram para cumprir as ordens... – Você Steve, vai interrogar o suspeito. – ele falou com um sorriso de canto de boca.

Steve era o Auror mais corpulento que ele tinha, com seus 2 metros, Steve tinha músculos definidos, mãos e pés proporcionais ao tamanho, usava calças rasgadas e camisas pretas, um típico “bad boy”. Steve intimidava qualquer um com sua aparência e seu olhar severo, mas Rony que era amigo dele sabia que aquela aparência era uma grande farsa.

- Você quer que ele morra antes de nos contar alguma coisa chefe. – falou Tonks debochada para Rony, olhando para o Auror que também era seu amigo.

- Steve vai conseguir arrancar dele o que queremos saber Tonks. – concluiu Rony, deixando Steve sair.

Então a expressão dele mudou, e ele pareceu preocupado ao olhar para a porta de sua sala.

- O que ta pegando? – perguntou Tonks, olhando atentamente para ele.

- É a Milly, eu não achei que fosse passar tanto tempo aqui... eu não posso dar atenção a ela...

- Então vai embora e deixa que eu cuido das coisas! – Tonks disse interrompendo ele.

- Não posso. – ele devolveu olhando para ela... – Eu sou ”o chefe” quando Harry esta de férias, tenho que coordenar as operações e ainda tenho que falar com o ministro...

- Com o ministro você pode ir falar agora. – ela insistiu voltando a interromper ele... – A coordenação deixa comigo... eu já fiz isso tantas vezes, quando você e o Harry não podiam ficar, ou estavam em combate. – ela acrescentou rápido, quando viu que ele ia contestar.

Rony a observou atentamente, pensando no que fazer, era verdade que Tonks era estabanada, distraída e atrapalhada, mas quando se tratava de trabalho ela era profissional e competente.

- Tudo bem. – ele concordou por fim... – Mas só se você jurar que vai me chamar se qualquer coisa aqui sair do controle.

- Prometido chefe! – ela disse, batendo continência para ele.

- Então, eu vou falar com o ministro, mas vai demorar. – ele disse olhando novamente para a porta.

- Pode deixar Rony, eu fico com a ruiva enquanto você estiver por lá. – ela falou com um sorriso... – A levo pra fazer um “tour” aqui pelo ministério. Pelo que você me disse, a ruiva deve ta com a cabecinha cheia... eu consigo distrair ela.

Rony se aproximou e deu um abraço esmagador em Tonks, que fez os pés dela saírem do chão... – Obrigado Ninfadora. – falou debochado a colocando no chão novamente e chamando Milly.

- Filha. – ele se abaixou pra ficar do tamanho dela... – Eu tenho que resolver umas coisas aqui, mas Tonks vai ficar com você. Quando eu voltar nós vamos embora, compramos alguma coisa pra Mel e vamos pro hospital okay.

- Okay. – respondeu Milly parecendo um pouco triste... – Eu espero papai.

Rony deu um beijo e um abraço nela e levantou-se pra sair com o coração apertado.

- Agora nós vamos nos divertir ruiva. – falou Tonks, pegando ela pelos braços, deixando os cabelos tão ruivos quantos os dela.


Então Rony conseguiu dar um sorriso e sair, depois de ver os olhos da filha brilharem novamente.


Rony perdeu o restante da manhã na reunião com o ministro e Lilá. Ele era responsável e adorava o trabalho, mas ficou aliviado quando o ministro, depois de bem mais que duas horas o liberou. Agora era só sair dali, encontrar Milly e ir para o hospital.

- Ministro o Senhor pode ficar despreocupado, estamos trabalhando e vamos capturar os responsáveis pelo ataque.

- Eu confio em vocês Weasley. – respondeu o ministro confiante... – Mas não acha que diante disso tudo o Potter deva adiar as férias?

- Não sei ministro. – Rony respondeu depois de pensar um pouco... – Eu vou informar ao Harry tudo o que esta acontecendo e vejo o que ele resolve.

- Tudo bem. – disse o ministro... – Então um bom dia meu rapaz.

-Bom dia ministro. – devolveu Rony saindo da sala.

Já estava quase no corredor quando escutou o chamado insistente de Lilá.

- Won – won. – ela falava alto... – Espera won-won!

- “Por que ela teima em me chamar por esse apelido ridículo.” – pensou ele virando-se com um sorriso forçado... – Oi Lilá.

- Won - won. – ela repetiu manhosa... – A noite de ontem foi horrível. E o machucado no seu braço?

- A Gina deu um jeito. – ele respondeu.

- Que bom gatinho. – disse com uma voz sexy... – E se nós sairmos hoje à noite, pra relaxar um pouco?

- Hoje não dá Lilá. – respondeu, imaginando quantos apelidos ridículos ela ainda arrumaria pra ele... – Tenho uns assuntos pra resolver e uma pessoa me esperando.

- Que pessoa? – ela perguntou incapaz de segurar a pergunta.

- Isso é uma cobrança Lilá? – ele perguntou, com um pouco de irritação na voz... – Pensei que já tivesse ficado claro, que o que temos é sem cobranças... sem ciúmes.

- Não é cobrança won-won. – respondeu, voltando ao tom meloso... – Só queria saber quem é mais importante que a sua Lilá?

Antes que Rony pudesse responder Milly veio correndo com Tonks do fundo do corredor.

- Papai. – ela gritou enquanto corria e pulava no colo dele... – Tonks me levou em um monte de lugares maneiros.

- E você se divertiu filha? – perguntou carinhoso com ela no colo.

- Muitão papai.

- Filha? Como assim filha? – perguntou Lilá espantada

- É uma longa história Lilá, que depois eu te conto. – respondeu Rony, colocando a filha no chão... – Vai lá se despedir da Tonks que nós já vamos ruivinha.

Milly correu e deu um abraço em Tonks, que tinha se agachado para ficar do tamanho da ruiva, e as duas ficaram ali, entre brincadeiras e gargalhadas indiferentes ao que acontecia ao redor.

- Filha? – Lilá questionou novamente.

- É uma longa história Lilá. – Rony repetiu a resposta impaciente... – Nós podemos marcar alguma coisa esses dias e eu te conto.

- Podemos jantar hoje? – ela perguntou com um sorriso.

- Hoje não dá Lilá. – ele respondeu dando um selinho nela... – Ainda essa semana. Nós combinamos, ta bom.

Antes que Lilá pudesse questionar, Milly voltava para perto deles.

- Vamos papai. To com fome. – disse alisando a barriga.

- Eu também estou. – ele respondeu dando a mão a ela, pensativo... – Já que estamos com fome, e já é hora do almoço, vamos voltar pra Toca e almoçar, depois vamos ao hospital!

A menina concordou feliz. E Tonks riu de onde estava, não se poderia negar, que ela era filha de Rony.

- Ruivinha essa é a Lavander, uma amiga do papai! – ele disse apresentando Lilá a criança.

- Oi Milly. – disse Lilá com um sorriso simpático... – Você pode me chamar de Lilá, todos me chamam assim!

- Oi Lavander, eu me chamo Emilly Granger. – respondeu a menina educadamente, porém séria... – E você pode me chamar de Emilly. Mamãe sempre disse que apelidos são só para os amigos.

Lilá sentiu o rosto corar de raiva, mas manteve o sorriso estampado no rosto... – “A pirralha disse Granger”

Rony olhou para Tonks, envergonhado e sem saber o que fazer, ela apenas balançou os ombros e movimentou os lábios silenciosamente dizendo: “ Crianças!”

- Então vamos filha. – ele disse desconcertado... – Ainda temos um grande dia pela frente. – e saiu andando com ela pelo corredor, se distanciando de Lilá e Tonks... – Hei Tonks, qualquer coisa me avise.

- Pode deixar chefe. – ela respondeu com um sorriso discreto... – Até mais Milly, manda um beijo pra Hermione!

- Tchau Tonks. – a ruiva gritou já no final do corredor... – Eu digo pra mamãe!

Antes de sair Tonks olhou pra Lilá, a loira lançou um olhar ameaçador a ela e entrou na sala batendo a porta. Tonks saiu dali sorridente... – “Bem feito pra essa loira aguada, nunca fui com a cara dela mesmo!Se essa ruiva tiver metade da personalidade da Mione e da teimosia do Rony, essa Lavander ta ferrada.” - pensou ela, e voltou para o trabalho mais feliz e muito mais disposta.


Rony refez todo o caminho de volta com Milly ao seu lado, falando sem parar, contando tudo o que ela e Tonks tinham feito naquelas horas. Eles passaram pelo átrio e saíram novamente pela cabine de visitantes para as ruas de Londres que continuavam desertas e frias.

- A Tonks é muito legal papai. – ela falava sem para pra respirar... – Disse que posso vir aqui mais vezes, e que vai me levar para conhecer a casa dela, ela disse que lá tem um campo de Quadribol pequeno que o tio Harry construiu. – falou com os olhos brilhando... – Mas eu acho que não vai dar pra conhecer a casa dela. – terminou triste.

- E por que não? – perguntou Rony, atento a tudo o que ela falava, enquanto lançava os mesmos feitiços protetores nela.

- Por que assim que a Mel melhorar, nós vamos voltar pra casa. – disse triste... – É sempre assim que acontece.

Rony olhou para ela chateado, por uns momentos tinha esquecido que ela morava em outro país, tinha esquecido da situação dele e de Hermione. Mas não pensaria nisso agora, uma coisa tinha certeza, Hermione não iria separá-lo das filhas novamente.

- Eu resolvo isso com a sua mãe, ruivinha. – disse com um sorriso e piscando pra ela... – Mas alguma coisa me diz que você ainda vai ficar muito tempo em Londres.

Ele subiu na vassoura e estendeu os braços pra ela, que sorriu feliz, quando ela se aconchegou entre ele, e novamente levantou vôo radiante por estar com a filha do lado. Em todo o caminho para a Toca eles conversavam e se divertiam.




...





- Hei bonitão, acorda! – falou Lin entrando no quarto de Harry e abrindo as cortinas... – Já passou da hora de levantar. – continuou falando alto.

Ela abriu todas as cortinas, falou alto de propósito, mas Harry nem se mexeu na cama. Ela teria que apelar. Andou para perto da cama agarrou as cobertas e puxou com tudo.

- Hora de acordar cara pálida. – falou feliz, vendo ele finalmente se mexer na cama.

- Você é sempre tão carinhosa Lin. – ele disse irônico, ainda com sono.

- Eu sou o máximo Potter. – ela rebateu se divertindo... – Eu já tinha lhe dito isso!

- O maximo Lindsay. – disse irônico novamente... – O maximo. Tudo de bom. Insubstituível!

- Não me chama assim. – ela disse brava se jogando na cama e deitando no peito dele... – Você só me chama assim quando “o bicho ta pegando pro meu lado”.

Harry gargalhou e beijou o topo da cabeça dela... – Que horas são Lin?

- Quase hora do almoço.

- Eu dormi muito mesmo. – ele falou arregalando os olhos... – Tenho que buscar o James na Toca. Ele já deve ta impaciente.

-Antes de ir você tem que me contar tudo o que aconteceu ontem. Como foi com a Mione? – perguntou se entregando aos carinhos que ele fazia nos cabelos dela.

- É uma longa história Lin. – respondeu preguiçoso... – É melhor levantar-mos, ou vamos acabar dormindo novamente. – terminou levantando-se e dando um selinho nela... – Eu vou tomar um banho. – ele falou catando uma toalha no armário e andando pro banheiro... – E você vai fazer o que?

- Isso é um convite Potter? – ela perguntou com um lindo sorriso, ainda deitada na cama.

Harry limitou-se a encostar-se ao batente da porta e sorrir maroto pra ela.

Lin sentiu as bochechas corarem envergonhada, deu um pulo da cama ainda sorrindo pra ele... – Vou fazer um café, te espero lá embaixo. – disse divertida... – Não demora, você tem que ir pra Toca e eu voltar pro trabalho. – e saiu piscando pra ele.

Harry gargalhou com a atitude dela e finalmente entrou no banheiro perdido em pensamentos. Harry tinha certeza que se ele conseguisse se permitir a amar outra mulher além de Gina. Se apaixonaria perdidamente por Lin.

Lin chegou à cozinha e colocou uma chaleira com água no fogo para preparar um café, enquanto tirava um pacote de biscoito do armário e colocava sobre a mesa. Deixou sua mente vagar pelas lembranças que tinha com Harry e um sorriso bobo nasceu em seus lábios. Era um amor que teria dado certo se Gina e Peter não existissem. Foi por causa dos amores não correspondidos que ela e Harry tinham se tornado amigos. A dor que sentiam , os aproximou, os tornou amigos, namorados, companheiros, irmãos.

Todo o sofrimento deles tinha gerado ao menos um bom fruto: a verdadeira amizade que nutriam um pelo outro. E ela poderia afirmar pra quem quisesse ouvir que amava Harry Potter, e tinha absoluta certeza que o sentimento era correspondido.

Era um amor puro e leal, em que o simples fato de ver o outro feliz, os deixava contentes.O namoro tinha acabado, mais a amizade seria eterna.

“ Ta certo que ainda nos pegamos de vez em quando” – ela pensou divertida... – “Mas é algo físico, paixão e nós sabemos disso.”

Ela já estava colocando o café em duas canecas quando Harry entrou pela porta, arrumado e agasalhado, sentando-se na mesa.

Lin colocou uma caneca na frente dele, enquanto se sentava em outra cadeira, pegando um biscoito... – Começa logo Harry. – pediu impaciente... – Então como foi?

Harry começou a narrar detalhadamente o que tinha acontecido no dia anterior na casa de Hermione. Lin escutava tudo calada, absorvendo cada palavra, soltando algumas exclamações de vem em quando e fazendo umas caras espantadas.

- Então a Mione tem duas filhas com o Rony , a Gina sabia o tempo todo e não disse nada? – perguntou perplexa.

- Exatamente. – respondeu triste... – Mas ela não podia contar, o voto perpetuo não permitia. Eu te expliquei como é. A Hermione fez tudo direitinho, pensou nos mínimos detalhes... Eu só não consigo entender, ainda, por que a Hermione escondeu as filhas esse tempo todo.

- Mas pela sua cara, você não descansa, enquanto não descobrir? – perguntou Lin, vendo a ruga formada na testa dele.

- Não mesmo. – ele respondeu decidido... – A Mione deve ter tido um bom motivo pra fazer isso, quer dizer. – ele tentou concertar o que dizia... – É a Hermione , a mais sensata, a mais racional. Se ela não queria mais nada com o Rony ela teria ido embora, mas não esconderia as filhas dele. Isso não é uma atitude da Hermione. E eu vou descobrir, o que esta por trás disso!

- Mas e o Rony? – Lin perguntou preocupada... – Ele já sabe? Já sabe das filhas?

- Sabe.Ele sabe da Mel. A Milly esta na Toca, talvez a essa altura ele saiba dela também... –ele respondeu sem emoção e voltou a contar tudo a Lin.

O sangramento e desmaio de Mel, a idéia das pulseiras, Rony chegando ao hospital, descobrindo a verdade, a briga com Gina e o soco nele.

- Nossa! – exclamou Lin... – Isso tudo em um dia só.

- E não foi só isso. – ele falou envergonhado, e ao olhar de interrogação dela, ele voltou a explicar.

Contou tudo o que Gina tinha revelado a ele e da quase transa que tiveram na sala dela. E que ele tinha, enfim, colocado ela contra a parede.

Lin olhava pra ele com os olhos arregalados e a boca aberta, incapaz de dizer alguma coisa.

- Uaau! – ela falou, incapaz de dizer outra coisa... – Vocês deram o maior amasso e não chegaram ao “finalmente”?

Harry apenas confirmou com a cabeça.

- E tudo por que você não quis?

Ele confirmou novamente.

Lin levantou-se um pouco da cadeira para colocar a mão na testa dele... – Com febre você não esta. – concluiu , voltando a se sentar... – Mas esta doente com certeza! Você resistindo a ruiva! – terminou risonha.

- Isso não é brincadeira Lin. – ele disse em um tom muito sério.

- Tudo bem. – ela rebateu parando de rir com o olhar dele... – Mas fala sério Harry, todos esses anos e você nunca resistiu a ela. O que mudou dessa vez?

- Quem ouve você falando assim, pensa que nós sempre dormimos junto! – Harry contrapôs triste.

- Sempre eu não diria. – rebateu Lin pensativa... – Mas teve aquela vez depois do aniversario de dois anos do James, depois quando os pais dela foram passar a semana na França e ela teve que passar uns dias aqui, tem também aquela vez que vocês beberam todas e também aquela...

- Chega. – Harry exasperou-se... – Eu entendi!

- O que mudou dessa vez? – ela voltou a perguntar muito séria olhando para ele.

Harry pensou um pouco antes de responder, e devolvendo a ele o mesmo olhar profundo ele começou a falar... – Mudou que eu não quero mais que ela me veja como o homem que pode satisfazer os desejos dela, quando ela quiser. Não quero ser somente o grande amigo, ou o pai do filho dela. Não quero fazer amor com ela e depois ouvir que foi apenas sexo. Não quero mais ir ao céu em uma noite e descer ao inferno assim que o dia amanhece. Lin eu não quero mais te-la pela metade, eu sei que ela me ama, mas, ou ela se entrega completamente a mim, ou eu serei mesmo apenas o pai do filho dela, e vou buscar a felicidade de outro jeito, com outra pessoa. Foi isso que mudou. – disse por fim.

- Você esta mesmo decidido? – perguntou Lin, ainda olhando fundo pra ele.

- Estou. – ele respondeu com firmeza.

- Conte comigo. – disse colocando as mãos sobre as dele... – Sempre. No que precisar, no que você decidir. Conte sempre comigo.

- Eu amo você! – Harry disse dando um beijo nas mãos dela.

- Eu amo muito mais. – ela rebateu sorrindo e levantando-se... – Agora vamos, por que você tem que buscar o meu príncipe na Toca, e eu vou almoçar com meu namorado antes do trabalho.

Já na sala, Lin pegou a bolsa, o celular e as chaves. Já tinha se despedido de Harry e estava quase na porta quando lembrou-se de uma coisa.

-Harry.

Harry virou-se para olhar pra ela, antes de entrar na lareira.

- Diga a Mione que estou com saudades, que ela continua sendo minha amiga, e que ela tem uma semana pra vir me ver , e trazer a filha. Ou ela vai se ver comigo. – terminou abrindo a porta.

- Eu digo. – ele respondeu, entrando na lareira... – Bom trabalho pequena. A Toca. – ele disse por fim, desaparecendo entre as chamas, deixando um Lin risonha para trás.


Harry saiu da lareira da Toca e a primeira coisa que viu foi James de costa para a lareira, desenhando na mesa. Ele se aproximou devagar e se sentou ao lado do filho.

- E ai campeão, ta fazendo o que? – perguntou dando um beijo no filho.

- Papai. – James pulou no pescoço dele... – Eu to fazendo um desenho, pra Mel. A vovó disse que ela ta dodói de novo.

- E onde ta a vovó?

- Na cozinha terminando o almoço. – James respondeu, entretido no desenho.

- Então eu vou lá falar com ela, e depois vamos pra casa campeão.

- Ta papai.

Harry deixou o filho desenhando e foi para a cozinha, encontrar a Sra.Weasley.

- Boa tarde Sra.Weasley. – disse com um sorriso.

- Harry, meu filho, boa tarde. – respondeu a Sra. Com um dos seus famosos abraços... – Alguma novidade meu filho? Eu quero ir ao hospital, mas tem o James, a Milly.

- Quando eu sai ontem a noite, estava tudo bem Sra. Weasley. – respondeu ele rapidamente... – Gina tinha medicado a Mel. Noticias novas só com ela, eu vou ao hospital mais tarde, depois passo aqui pra avisar a senhora. E a Milly onde esta?

- Com o Rony. – ela disse apreensiva... – Quando eu acordei eles não estavam mais, só tinha um bilhete. Eu já estou me preocupando.

- Não precisa se preocupar Sra.Weasley, daqui...

Harry foi interrompido por risadas e pela porta da cozinha se abrindo, eram Rony e Milly que continuavam rindo e se divertindo.

- Ronald Weasley. – exclamou a Sra. Weasley... – Nunca mais faça isso, sair e só deixar um bilhete, sem nem dizer onde estava, nunca mais faça isso!

- Calma mamãe. – ele respondeu, com as bochechas vermelhas de vergonha... – Eu estava no ministério, e disse que voltava pro almoço.

- Você estava trabalhando e levou sua filha com você? – perguntou furiosa... – Quem deu atenção a ela? O que ela ficou fazendo, enquanto você caçava bruxos das trevas? Lá é lugar para você levar sua filha?

Eram tantas perguntas que Rony nem sabia qual responder primeiro. Harry estava parado no canto com vergonha pelo amigo, com a gritaria James tinha corrido para a cozinha para saber o que estava acontecendo.

- Mamãe. – Rony começou a falar.

Milly discretamente começou a puxar a barra do avental que a velha senhora usava, até que conseguiu chamar a atenção pra si.

- O que foi querida? – perguntou a Sra.Weasley em um tom bondoso.

- O Almoço já ta pronto? Eu to com fome vovó. – disse com um sorriso.

A Sra.Weasley se derreteu, em lágrimas e sorrisos, e abraçou Milly, quase a esmagando.

- Vovó? – repetiu Molly feliz... - você me chamou de avó?

- Papai disse que podia. – ela respondeu marota, piscando pra Rony... – Eu posso não é?

- Claro, minha querida claro. – respondeu ela, esquecendo-se que estava brigando com o filho.

Então eles foram distraídos novamente com a porta se abrindo. Gina entrava, ainda com a roupa de Medibruxa e com uma aparência muito cansada. Só percebeu o quanto a cozinha estava cheia quando fechou a porta atrás de si. Milly e James correram pra cima dela, quando a viram fechar a porta. Gina só teve tempo de se abaixar para abraça-los.

- Meus amores. – ela disse enquanto jogava a bolsa no chão e esmagava eles em um abraço... – Como vocês estão?

- Eu to bem mamãe. – James apressou-se em responder... – O papai veio me buscar.

Gina olhou pra Harry envergonhada e deu um sorriso que foi correspondido pelo moreno.

- Eu também tia. – disse Mel, mais apressada ainda... – E a mamãe? E a Mel como ela está?

Gina passou os olhos pela cozinha e conseguiu ver o quanto todos estavam ansiosos pela resposta. Ela voltou a olhar Milly para responder.

- Princesa. – ela começou pegando a mão dela... – A Mel ta bem. Ainda ta dormindo, mas esta bem.Você não precisa se preocupar, vai ser igual as outras vezes, logo, logo vocês vão poder voltar pra casa.

- Então eu posso ver a Mel? – ela perguntou com urgência... – A senhora me leva lá tia?

- Claro. – Gina respondeu, com um sorriso forçado... – Mas antes a senhorita tem que almoçar, e eu tomar um banho.

- Eu levo ela, pode deixar. – Rony disse seco.

Gina levantou-se para olhar pra ele... – Tudo bem. – ela disse por fim.

- James você também tem que comer tudo. – disse Gina, repetindo um discurso que era da Sra. Weasley... – Eu vou subir e tomar um banho, antes de ir pro hospital venho te dar um beijo.

- James, Milly. – pronunciou-se a Sra. Weasley... – Vocês podem ir pra sala e desenhar que eu já levo o almoço de vocês. – as crianças saíram saltitantes, então ela voltou a falar séria... – Agora nos conte a verdade Gina. O que houve com a Mel? E não minta. Você não voltaria agora para o Hospital se estivesse tudo bem.

Gina pegou a bolsa no chão e jogou em cima da mesa, sentando-se em seguida com todos em volta dela. Cansada, ele tirou o jaleco de Medibruxa, e conjurou um copo com água para ela, e bebeu a metade antes de responder.

- Eu fiz uns exames na Mel ontem, mas ainda não tenho os resultados. – começou a falar preocupada... – Eu dei uma poção pra ela dormir a noite toda e uma para controlar o sangramento, mas não fez efeito, e ela ainda sangrou pelo nariz, algumas vezes enquanto dormia...

- Mas ela esta bem? – Molly perguntou preocupada.

- Por enquanto sim mamãe, eu preciso saber os resultados dos exames. – acrescentou rápido, quando viu que a mãe ia contestar... – Eu cuido da Mel e da Milly desde que elas nasceram. – falou envergonhada com o olhar de censura de Rony e Molly... – Vai dar tudo certo. – disse por fim, não querendo preocupa-los ainda mais.

- Mas eu posso levar a Milly? A Mel vai ta acordada? – perguntou Rony apreensivo.

- Pode. – ela respondeu rapidamente... – Ela não vai sossegar, enquanto não ver a Mel e a Mione. – disse levantando-se... – E a Mel também vai querer ver a irmã quando acordar.

- Espera ai. – disse Molly pegando Gina pelo braço, impedindo que ela saísse da cozinha... – Que manchas roxas são essas no seu braço?

Gina tinha esquecido das manchas, e não sabia o que responder. Harry olhou furioso para Rony, o que não passou despercebido por Molly, o ruivo apenas abaixou a cabeça.

- Foi só um paciente alterado mamãe. – disse Gina com um sorriso, soltando-se da mãe... – Agora deixa eu ir tomar banho, não posso ficar muito tempo fora do hospital. – e saiu depois de dar um beijo na bochecha da mãe.

Molly voltou a mexer nas panelas do almoço, e o único barulho que se escutava, eram os que viam das panelas. Com agilidade, ela preparou três pratos de comida, colocou em uma bandeja e ia sair da cozinha, antes parou perto de Rony e falou em tom que só dava para Harry e Rony escutarem.

- Se esse paciente resolver tocar na minha filhinha novamente, ele tendo razão ou não, alterado ou não, ele vai se entender comigo. – disse olhando para o ruivo, contendo a fúria... – E esse paciente, com certeza, não vai querer ser motivo de um ataque de fúria de Molly Weasley.

Rony engoliu em seco, ainda com a cabeça abaixada, e Molly voltou a falar em um tom normal.

- Eu vou deixar a comida das crianças na sala, e vou subir, pra fazer a Gina comer, e conversar, tentar entender o que esta acontecendo. Se quiserem comer é só se servirem. – disse começando a andar... – E nada de sair e deixar só um bilhete Ronald.

Molly saiu, deixando um Rony muito envergonhado para trás, e um Harry muito satisfeito com as palavras dela. Ele estava perdido em pensamentos, quando viu que o ruivo o olhava insistentemente.


- Harry, precisamos conversar. – disse Rony baixo um pouco envergonhado.

- Conversar o que? – Harry perguntou com amargura na voz olhando o amigo... – Acho que você já disse e fez tudo o que queria ontem.

- Eu sei que agi como um idiota ontem. – Rony continuou envergonhado... – Eu só quero conversar. Esclarecer as coisas.

- Dizer que agiu como um idiota, não apaga as coisas que você fez ontem. – Harry continuou ressentido... – Você nunca vai aprender a pensar antes de agir?

- Harry...

- Por que não adianta se arrepender depois que já fez a burrada. – Harry continuou falando duro... – Não adianta vir pedir desculpas se da próxima vez você vai agir da mesma forma.

- Harry...

- Já ta na hora de crescer Rony. Já ta na hora de escutar as pessoas antes de julgá-las ou agredi-las...

- HARRY. – Rony gritou dessa vez, fazendo Harry se calar e encará-lo... – Me deixa falar ok!?

Harry continuou a encará-lo sem dizer nada. Rony entendeu o silêncio do amigo como respostar para começar a falar, então ele tirou a varinha do bolso e lançou um feitiço silenciador na porta da sala, impedindo que as crianças escutassem alguma coisa.Então ele recomeçou a falar.

- Eu sei que eu fui um idiota, e que você tem razão de estar com raiva de mim, mas tente se colocar no meu lugar. Você não sabe como eu me senti ontem. – disse abaixando a cabeça derrotado... – Em poucas horas eu descubro que tenho uma filha, duas aliás, que a mulher que eu mais amava , a minha melhor amiga, além de ter me abandonado escondeu as minhas filhas por anos com a ajuda da minha irmã e aparentemente do meu melhor amigo.Você tem idéia de como eu me senti?

Harry não respondeu e Rony continuou.

- Quando eu vi a pulseira brilhando no meu pulso no meio de toda aquela confusão, no meio de uma armadilha, com o seu nome, da Gina e Hermione eu perdi a noção de onde eu estava, do perigo em volta... eu só queria sair dali e socorrer vocês, e por isso o machucado no meu ombro, eu me desliguei completamente, me lançaram a maldição da morte , e eu só me salvei por que a Lilá se jogou na minha frente e o Willian na frente dela, ele conseguiu empurrar ela e desviar a maldição, contudo ele não foi rápido o suficiente, eu me machuquei e ele esta internado no hospital.

Harry continuou calado, mas Rony percebeu que ele prestava mais atenção, então continuou falando.

- Então meu único objetivo era acabar com aquilo tudo rápido e sair dali pra encontrar vocês e saber o que estava acontecendo. – Rony sentia toda a dor da noite passada voltando, mas continuou sua história... – Então nós controlamos a situação e eu trouxe o ministro em segurança e o Willian, deixei ele com um medi-bruxo e corri pra enfermaria que o nome brilhava na pulseira. – Rony fechou os olhos antes de continuar... – Ai eu vejo você e a Gina aparentemente bem, e a Mel naquela cama, mais uma vez. Então como se não fosse o bastante tudo o que tinha me acontecido nas ultimas horas, eu descubro que ela é minha filha.

Rony não agüentou ficar sentado e levantou-se de um pulo da cadeira indo pra perto da pia e cruzando os braços. Voltou a olhar pra Harry, que não tinha parado de olhar pra ele nem um minuto.

- Minha filha com a Hermione, e eu não sabia. – continuou Rony ressentido... – Minha irmã sabia de tudo e eu não! Meu chão sumiu, e eu senti “o peso do mundo” nas minhas costas. Primeiro eu fiquei com raiva, depois triste, feliz e por fim decepcionado. Eu não sabia como agir, fiz tudo no impulso e acabei bancando o idiota. Me desculpa pelo soco? – disse por fim.

- Por que você ta me dizendo tudo isso agora? – Harry perguntou curioso... – Por que agora e não ontem? O que te fez mudar de idéia sobre mim? Como você tem certeza que eu não sabia das gêmeas há muito tempo?

Rony suspirou antes de responder.

- Milly me disse que nunca tinha visto você. – Rony disse envergonhado... – Ela falou que só conheceu o “tio Harry” ontem e que a Gina disse que você era o pai do James. Acho que desde o inicio você tentou me contar.

Harry sorriu sarcástico e se largou na cadeira cruzando também os braços antes de falar.

- Quer dizer que foi preciso uma criança pra te abrir os olhos! – disse ainda magoado... – Por isso essa conversa, se Milly não tivesse te dito que só me conheceu ontem, você ainda estaria me ignorando Rony. É isso que você tem que mudar, você precisa aprender a ver antes de ouvir, se fizesse isso, teria visto que tem muito mais coisas pro trás dessa história, coisas que toda essa sua raiva não ta deixando você ver. – ele terminou ainda falando duro.

- O que você quer dizer com isso? – Rony perguntou sem entender.

- Nada. – Harry apressou-se em responder... – Não adianta eu falar, você tem que ver sozinho. Eu não vou dizer nada, não quero que você duvide da minha amizade e lealdade novamente...

- Eu não duvidei da sua amizade Harry. – Rony apressou-se em dizer, interrompendo o amigo... – No fundo eu não duvidei, nunca duvidei. Eu só fui...

- Idiota. – Harry completou o amigo.

- Eu ia dizer cego. – Rony disse com um sorriso... – Mas idiota serve. Então você me desculpa pelo soco?

- Desculpo, com uma condição. – Harry disse muito sério... – Que você se comprometa que sobre nenhuma hipótese vai encostar de novo na Gina, nunca mais!

- Eu prometo. – Rony disse... – Eu me arrependi do que fiz ontem ela é minha irmã apesar de tudo.

- E a Hermione? – perguntou Harry

- Eu não quero falar dela. – Rony disse com raiva... – Pelo menos não por enquanto.

Harry concordou levantou e foi pra perto do amigo e entendeu-lhe a mão em sinal de paz. Rony apertou a mão do amigo e o puxou para um abraço. Assim que se construía e levava uma verdadeira amizade, com altos e baixos, brigas e reconciliações. Harry se afastou do amigo e olhou para ele aliviado e voltou a falar.

- Só escuta meu conselho. – Harry começou sabidamente... – Tente não estourar de agora em diante, tente ver tudo nessa história, tente ver o que não foi falado. Eu não vou dizer nada Rony. – ele disse rápido quando viu que o amigo ia perguntar... – Eu não tenho esse direito, só tente ver, antes de sair julgando as pessoas! Como é ter uma filha, quer dizer duas? – Harry perguntou sorrindo mudando de assunto e voltando a se sentar seguido por Rony.

- É maravilhoso. – respondeu com um grande sorriso olhando para a sala... – A Milly é tão encantadora, e a Mel também, e elas são espertas, me enganaram todo esse tempo.

Então eles voltaram a conversar como velhos amigos. Harry contou a Rony algumas coisas do dia anterior na casa de Hermione. Rony contou a ele a manhã com Milly no ministério e contou tudo sobre a investigação e deixou Harry decidir se adiava as férias ou não.

Harry ficou pensativo um tempo, tentando avaliar o que ia fazer, então tomou uma decisão.

- Eu vou adiar minhas férias Rony. – ele falou em um tom profissional pro amigo... – Se eu voltar, você fica com mais tempo livre pras suas filhas.

- São suas férias Harry. – Rony tentou argumentar... – Não precisa voltar, eu dou um jeito com as meninas.

- Ta decidido Rony. – Harry falou decidido... – Eu volto, e você fica uma semana em casa, assim você pode dar atenção as gêmeas...

- Mas eu já tirei minhas férias, mês passado. – Rony disse apressado... – Outra, só daqui a seis meses!

- Você fica uma semana em casa. Sem discussões. – Harry disse com um sorriso, ao ver a cara de espanto de Rony... – Eu sou o chefe, eu mando e você obedece Weasley!

- Sim senhor chefe. – Rony disse imitando Tonks.

- Eu vou sair com o James hoje. – Harry disse também olhando para a sala... – Vou mandar uma coruja a Tonks, explicando tudo a ela, e amanhã volto ao ministério.

_ Obrigado. – Rony disse verdadeiramente agradecido.

- Amigos são pra essas coisas. – Harry disse simplesmente.




...




Depois de deixar a comida para as crianças na sala e se certificar de que eles comeriam tudo, Molly subiu a escada em direção ao quarto de Gina. Abriu a porta do quarto e entrou sem bater, colocou a bandeja com a comida em uma mesinha ao lado da cama e sentou-se ali para esperar a filha que pelo barulho de água estava tomando banho.

Como agora os únicos habitantes da Toca eram Artur, Molly, Gina e James, a ruiva tinha espaço suficiente e fez uma reforma no seu quarto. Com alguns feitiços e a ajuda dos pais ela ampliou o quarto e agora ele se dividia em três cômodos suficientemente espaçosos: O quarto dela, que agora tinha móveis novos, uma cama de casal, uma estante com livros de medicina bruxa e trouxa, um imenso guarda roupa, mesas de cabeceira, cômodas e mais algumas coisas tudo em um tom claro de lilás e branco, o outro cômodo era o quarto de James e os dois quartos eram divididos por uma grande porta comunicante. O quarto do garoto era uma copia perfeita do quarto dela na casa de Harry. E entre os quartos ficava um banheiro que era usado por Gina e James.

Molly ficou ali relembrando tudo o que a sua família tinha vivido naquela casa, todas as emoções, todos os acontecimentos. Eles já tinham passado por tantas coisas, algumas vezes um ou outro Weasley ou agregados, se rebelavam, mas acabavam voltando por que o amor que os unia era mais forte.

Depois de alguns minutos Gina saiu do banheiro vestindo uma calça e uma blusa de alça branca com os pés descalços e secando o cabelo com uma toalha com a expressão ainda cansada.
A ruiva não demorou a perceber a mãe sentada em sua cama, inconscientemente ela já esperava por isso. Então com um pequeno sorriso ela sentou-se ao lado da mãe.

- Trouxe um pouco de comida pra você comer antes de voltar ao hospital. – falou a Sra. Weasley levitando a bandeja até o colo da filha.

Gina não comia nada desde o café da manha do dia anterior, porém não estava com fome. Mas ficou tão emocionada com o carinho da mãe naquele momento que se forçou a comer.

A ruiva deu poucas garfadas na comida, bebeu um pouco do suco e voltou a olhar para a mãe. Como Molly parecia satisfeita ela colocou o bandeja ao seu lado na cama e então começou a falar.

- Me perdoe por nunca ter contado. Eu não podia. – ela falou com uma calma que estava longe de sentir, não suportaria outra conversa como a que teve com Rony... – Eu não posso explicar por que não podia contar, só preciso que a senhora me perdoe.

- Eu não tenho o que perdoar minha filha. – Molly contrapôs com um semblante triste... – Eu confio em você, nas suas atitudes. Sei que você não esconderia as filhas do seu irmão se tivesse escolha e...

Gina não deixou que Molly continuasse a falar, se agarrou à mãe e a abraçou. Agradecia mentalmente pela mãe ter ficado ao seu lado, sem querer saber o que tinha acontecido, sem julgá-la, mesmo que todas as evidencias estivessem contra ela.

- Obrigado mamãe, obrigado. – Gina dizia ainda agarrada ao pescoço da mãe... – A senhora não sabe o quanto é importante o seu apoio pra mim. Obrigado, obrigado, obrigado...

- Meu amor. – disse Molly com uma voz chorosa, acariciando os cabelos da filha... – Eu não concordo com o que você e a Hermione fizeram, mas eu sei que sempre existem os dois lados. Eu não vou julgá-la, não tenho esse direito.

Gina desfez o abraço e voltou a olhar a mãe triste.

- O que os outros vão dizer mamãe? – perguntou ela séria com um olhar distante... – Como vão reagir? O papai? Meus irmãos?

- Não se atormente com isso Gina. O que esta feito, esta feito! – exclamou a Sra.Weasley com sabedoria... – Seu pai ficou decepcionado quando soube, mas a alegria dele ao ver a Milly foi imensamente maior. É nisso que temos que pensar agora. Nas gêmeas. O resto Rony e Hermione que tem que resolver.

- Quem mais aqui sabe da Mel e da Milly? – perguntou Gina.

- Somente eu, seu pai e Rony. – respondeu Molly, e perguntou curiosa... – Por que você não ficou surpresa quando viu a Milly hoje com o Rony? Pelo o que Harry me explicou ontem a Toca seria o ultimo lugar para Milly estar não é?

- Ontem enquanto Harry trazia a Milly e nós esperávamos o Rony no hospital, eu recebi uma coruja do Fred com um bilhete da Lin. – Gina começou a explicar... – Ela se desculpava e explicava que tinha pedido ao Fred para trazer o James para a Toca, por que tinha recebido um telefonema e teria que ir trabalhar. Então eu imaginei que se Harry não pudesse deixar a Milly com a Lin ele a traria para a Toca. Durante a madrugada eu resolvi vim aqui ver a Milly, elas geralmente se abalam muito quando a outra esta doente. Quando eu sai da lareira vi o Rony deitado no sofá, alheio ao mundo, eu subi até o quarto do James e quando vi que tanto ele quanto a Milly dormiam tranqüilos aparatei de volta ao hospital. Por isso eu não me surpreendi ao chegar aqui hoje.

- Ela estava mesmo muito nervosa. – afirmou a Sra. Weasley... – Eu tive que dar um pouco de poção do sono pra ela dormir.

- Fez muito bem mamãe. – disse Gina sorrindo satisfeita... – Sem a poção era provável que ela não dormisse. Essas meninas têm um tipo de ligação incrível. Coisa de gêmeas elas dizem. – concluiu a ruiva com um sorriso.

- Essa é a parte triste de toda essa história. – falou Molly com um olhar vago e triste... – Não saber nada sobre elas. As netas que eu tanto queria. São anos da vida delas que sempre ficaram em branco pra mim. É triste não saber todas as preferências delas, para mimá-las, assim como eu faço com James e todos os outros. – terminou com um sorriso carinhoso.

Gina então percebeu o quanto à mãe estava abalada com tudo o que estava acontecendo, mesmo ela não dizendo, mesmo sempre se mostrando forte. A mãe que sempre quis tanto ter netas e que paparicava, mimava e amava todos os outros netos que por razões do destino eram todos homens.

Gina então imaginou o quanto deve ter sido importante para Molly ter Milly em casa aquela noite. Ela depositou um beijo na testa da mãe, pegou a varinha que tava jogada em cima da cama levantou-se e foi até o guarda roupa.

Molly não entendeu a atitude repentina da filha, que agora ela escutava estava murmurando uns feitiços e apontava a varinha para dentro do guarda roupa. Depois de alguns segundos ela viu Gina fechar a porta do guarda roupa e voltar para a cama com uma caixa na mão. Para Molly aquela caixa de tamanho médio lhe lembrava um baú.

Gina voltou a se sentar ao lado da mãe na cama, agora com o pequeno baú entre elas. Olhou para a mãe e viu o olhar de desentendimento e curiosidade da matriarca dos Weasley’s e resolveu explicar.

- Aqui neste baú tem todos os tipos de lembranças que eu consegui guardar todos esses anos da Mel e da Milly. – ela falou, enquanto passava carinhosamente os dedos pelo baú... – É um presente pro Rony. Foi a forma que eu encontrei para mostrar a ele, de algum jeito, tudo o que ele não viveu com elas ate agora.

Gina abriu o baú enquanto secava uma lágrima. Então voltou a falar.

- Rony não vai aceitar nenhum presente meu agora. – afirmou triste... – Então vou deixá-lo com a senhora e quando terminar de ver a senhora me devolve.

Molly estava visivelmente emocionada. Gina voltou a falar enquanto procurava uma foto dentro do baú.

- Esse baú tem um encantamento mamãe. – ela explicou a mãe... – Aqui dentro tem alguns brinquedos delas, desenhos, fotos, roupas, lembranças minhas e cartas que eu escrevi para o Rony. – ela olhou séria para a mãe e prosseguiu... – Mamãe as cartas e as lembranças, huum, eu gostaria de pedir que a senhora não olhasse é que são para o Rony.

- Por que não entrega a ele minha filha?

- Não mamãe. – ela exclamou convicta, tirando uma foto de dentro do baú... – Nesse momento esse baú só vai irritar o Rony. Vou esperar passar um tempo... ele vai valorizar mais. – então ela estendeu a foto para a mãe... – É a primeira foto da Melanie e da Emilly.

A senhora Weasley pegou a foto bruxa e viu as netas recém nascidas, ainda sujas de sangue sendo examinadas uma ao lado da outra por Gina que sorria feliz.

- Se você não quer mesmo entrega-lo ao Rony agora, eu guardo com carinho. – disse a Sra. Weasley com um sorriso enquanto passava os dedos pela foto.

- Agora eu preciso ir mamãe. Tenho que voltar para o hospital. – disse levantando-se colocando uma blusa de manga comprida branca, calçando os sapatos e pegando um jaleco limpo de medibruxa no armário... – Só vou colocar umas roupas de frio na mochila do James, tem poucas na casa do Harry.

Gina atravessou a porta para o quarto do filho e alguns minutos depois voltou com a mochila e algumas roupas de frio. Gina percebeu que a mãe ainda olhava para o baú com um olhar distante.

- O que foi mamãe? – ela perguntou

- Eu acho melhor seus irmãos não ficarem sabendo das gêmeas agora. – disse pensando alto.

- Como assim? – quis saber Gina.

- Imagina só, um monte de Weasley’s curiosos, atrás da Milly e consequentemente da Mel no hospital. – ela falou exasperada... – Não daria certo. Elas não entenderiam.

- Isso é verdade. – Gina concordou... – Elas são espertas demais. Estranhariam um monte de ruivos querendo conhecê-las. Mas é quase impossível deixa-las em segredo, amanhã é domingo estarão todos aqui.

- Eu posso dar um jeito nisso. – disse a velha senhora levantando-se decidida com a bandeja na mão... – Só tenho que conversar com o seu irmão. Quando você acha que a Mel sai do hospital?

- Depende dos exames mamãe. – Gina respondeu preocupada... – Eu lhe respondo isso hoje a noite.

- Tudo bem. Então eu vou descer para falar com o seu irmão. – falou a Sra. Weasley já saindo do quarto.

Gina ficou uns minutos colocando as roupas do filho dentro da mochila, penteou o cabelo, pegou a varinha, sua bolsa e a de James e saiu do quarto para o andar de baixo um pouco mais aliviada com a compreensão da mãe.



...




Molly voltou à cozinha com a mesma bandeja e os três pratos. Harry e Rony conversavam animadamente, o ruivo quando viu a mãe entrar pela porta parou de sorrir e abaixou a cabeça envergonhado. Molly colocou os pratos na pia que começaram a se lavar sozinhos. Então ela virou-se para os rapazes.

- Precisamos conversar Rony. – falou séria.

Rony engoliu em seco e continuou com a cabeça baixa esperando o sermão que certamente ganharia da mãe. Harry levantou-se.

- Eu vou ver as crianças. – disse sem jeito, saindo da cozinha.

- Fique Harry querido. – ela disse séria, mas com um tom carinhoso na voz... – Eu vou precisar da sua ajuda.

Então assim como Rony tinha feito um tempo antes, ela apontou a varinha para a porta que dividia a sala e a cozinha e lançou um feitiço de imperturbabilidade.

- Vamos direto ao assunto. – ela olhava decidida para o filho... – Seus irmãos não podem saber das gêmeas!

- O que? – exclamou Rony mais alto do que deveria... – Por que não? Elas são minhas filhas. Eu quero que todos saibam. Quero que meus irmãos saibam.

- Não grite Ronald Weasley! – repreendeu a mãe... – Elas sabem que são suas filhas? De verdade?

- Não! – respondeu Rony murchando... – Mas isso não impede que eu conte a verdade aos meus irmãos.

- Isso o impede sim. – ela foi categórica... – Imagine como seus irmãos vão agir quando souberem delas...

- Vão ficar felizes. – rebateu Rony, aborrecido com a atitude da mãe... – Assim como eu, a senhora, o Harry. Ou a senhora não quer que meus irmãos saibam o que a filhinha da mamãe fez? – perguntou irônico.

- Olha o respeito Weasley, eu sou sua mãe! – disse ela séria, mas contendo o tom de voz, conversaria sobre Gina outra hora... – Eu sei que seus irmãos vão ficar felizes...

- Exato. Então vamos contar. Amanhã! – Rony disse irritado

- Elas vão ficar felizes. – repetiu Molly, perdendo a paciência... – Mas também vão ficar eufóricos, vão querer conhecê-las, ir ao hospital...

Rony se acalmou e pensou no que a mãe dizia e viu que ela tinha razão. Os irmãos certamente iriam querer conhecer as sobrinhas, paparicar. Mel estava doente. Elas não entenderiam todo o interesse sobre elas, e infelizmente, antes de conversar com Hermione ele não poderia dizer a verdade as filhas. Ele se deu por vencido antes de responder a mãe que o olhava ansiosa.

- Tudo bem. – disse cabisbaixo... – Eu entendi.

- Ótimo! – exclamou aliviada a Sra. Weasley.

Harry que também tinha entendido onde ela queria chegar, percebeu um detalhe que acabaria com esse segredo em dois tempos.

- Mas amanhã é domingo. – ele relembrou aos dois... - Estarão todos aqui, inclusive Rony e Milly. Como vão explicar a presença dela?

Rony olhou do amigo para a mãe, sem saber o que responder. Tentando pensar em uma solução.

- Eu já pensei nisso. – respondeu Molly... – E tenho a solução.

Harry e Rony olhavam para ela curiosos.

- É simples. É só o Rony não vir amanhã. – falou naturalmente... – Eu digo aos seus irmãos que você esta em uma missão de trabalho urgente.

Certamente a mentira funcionaria, pensou Rony, ele já tinha faltado ao almoço de domingo varias vezes em função do trabalho.

- Mais ainda temos um problema. – continuou Molly vendo a expressão confusa dos rapazes... – James!

Rony não entendeu e foi Harry quem falou depois de pensar um pouco.

- James contaria aos primos da Milly. – ele disse prontamente... – Talvez contasse da Mione também. Todos iriam querer explicações.

- Exatamente Harry. – concordou Molly... – Por isso você também não pode vir amanhã. Eu direi que você esta com o Rony e que o James esta com a Lin. Eles entenderão.

Harry não se espantou ao perceber que não importava o quanto o tempo passasse a velha Sra. Weasley sempre o surpreenderia.

A conversa foi interrompida pelas crianças que entraram na cozinha.

- Vovó a mamãe deixou um beijo. Ela já foi pro hospital. – falou James entregando a mochila ao pai... – Eu quero ver a Mel no hospital. Podemos ir papai?

- Podemos. Primeiro vamos em casa deixar suas coisas. – Harry disse sorrindo... – Depois vamos ao hospital. Então vamos campeão. Vai lá da um beijo na vovó.

Enquanto James ia feliz se despedir da avó, Harry conseguiu sussurrar para Rony... – “ Vou em casa conversar com a Tonks, pela lareira, depois vou ao hospital.”

- Valeu cara. – agradeceu Rony.

Harry se abaixou para dar um beijo em Milly, enquanto James se despedia do tio. Alguns segundos depois Rony viu Harry desaparecer com James pela lareira.

- Então vamos pro hospital ruivinha. – ele disse com um sorriso... – Só de um beijo na vovó que eu te espero lá fora.

Rony saiu pela porta da cozinha, depois de se despedir envergonhado da mãe. Molly deu um abraço apertado na neta e ficou na janela da cozinha a vendo levantar vôo com Rony na vassoura, com a estranha certeza que cedo ou tarde tudo acabaria se resolvendo.



...




Há pouco mais de meia hora Gina tinha chegado ao hospital. Agora ela estava na enfermaria de Mel preparando algumas poções pra ruiva beber quando acordasse.

Gina tentava fazer o mínimo de barulho possível, pois Hermione dormia sentada em uma poltrona que ficava na enfermaria. Hermione não tinha dormido quase nada desde a noite anterior, mesmo com todos os conselhos de Gina para que ela dormisse pelo menos algumas horas.

Gina tinha certeza que pela posição desconfortável que ela estava na poltrona, Hermione tinha, enfim, se entregado ao sono. Então Gina procurou não fazer muito barulho. Quando Agatha voltasse com o resultado dos exames, ela acordaria a amiga.

- Mamãaaaae! – Milly entrou correndo e falando alto no quarto.

Gina levou um susto por estar distraída e Hermione deu um pulo da poltrona com o grito, desnorteada. Mas acabou sorrindo quando viu Milly e abaixou-se para abraçar a filha.

- Não grite princesa, sua irmã ainda esta dormindo. – disse abraçando a filha enquanto olhava para a cama pra ter certeza que Mel ainda dormia.

- Desculpe mamãe. – ela se desculpou, falando baixinho, envergonhada.

Hermione pegou a filha no colo e se sentou novamente na poltrona. Sorriu pra Gina e voltou à atenção para a filha.

- Como foi na casa do tio Harry? – ela perguntou enquanto alisava os fios ruivos da filha... – Você gostou de ficar lá?

- Eu não fiquei com o tio Harry? – respondeu a menina enquanto retribuía o carinho da mãe.

- Não? – Hermione perguntou espantada... – Onde você estava? Quem trouxe você aqui?

- Eu estava com ele. – disse Mi-lly apontando para a porta por onde Rony entrava, conversando animadamente com Agatha... – E eu fiquei na casa da vovó Molly.

Hermione parou de alisar o cabelo da filha surpresa. Ela estava nervosa e sem ação. Ficou olhando Rony por uns segundos e quando ele retribuiu o olhar ela desviou sentindo o coração disparar descontroladamente.

- “Ela estava na Toca” - pensou nervosa... – “ Vovó Molly”

Hermione começou a se desesperar, pensando na possibilidade da filha já saber de toda a verdade. Olhou desesperada para Gina em busca de alguma confirmação. Mas tudo o que recebeu foi um olhar de volta. E depois de anos ela ainda tinha que sentir o coração acelerar descontroladamente quando via o ruivo. – “ Mas que droga Hermione” , continuou pensando,“ Ele não merece.”

- Mamãe!? – Milly cutucou a mãe no ombro... – Ta tudo bem?

- Ta sim meu amor. – respondeu voltando a olhar para a filha.

- Mamãe, o Rony me levou pra fazer um monte de coisas legais hoje. – ela começou a falar animada... – Me levou no trabalho dele de vassoura, lá eu conheci um monte de gente legal e ...

- Como assim vassoura? – ela perguntou irritada para a filha... – Você não tem permissão para andar de vassoura Emily.

- Mais mamãe...

- Não tem mais Emily. – disse autoritária... – Você não tem permissão, não deveria...

- Deixa disso Hermione. – Rony interveio... – Foi só um passeio de vassoura.

- A minha filha não tem permissão para andar de vassoura Ronald. É perigoso. – disse furiosa.

- A minha filha anda de vassoura quando quiser. – falou Rony irritado... – Você só diz que é perigoso, por que não sabe voar, e tem medo. – disse ele em um tom debochado.

- Não anule as minhas ordens com ela Ronald. – ela falou ainda mais furiosa... – Ela é minha filha.

- Qual é Hermione. Eu simplesmente proporcionei à minha filha. - frisou bem as últimas palavras... - um momento inesquecível!

Hermione levantou-se da poltrona e os dois se enfrentavam com olhares furiosos e carregados de ressentimentos. Gina quando viu que eles iam começar mais uma das antigas discussões, resolveu intervir.

- Você trouxe os exames Agatha? – perguntou ela alto, olhando significativamente de um para o outro.

- Sim doutora Weasley. – ela respondeu entregando os exames a Gina.

- Agatha termine de preparar aquelas poções, que eu vou dar a Mel quando ela acordar. – Gina apontou a mesinha e Agatha foi terminar as poções enquanto a ruiva examinava os papeis.

Milly correu e sentou-se ao lado da irmã na cama. Rony e Hermione ainda se encaravam duramente, mas ficaram calados.

Rony não queria admitir nem para ele mesmo, mas sabia que parte de toda aquela irritação e frustração que estava sentindo era por ainda sentir todo aquele turbilhão de emoções quando via Hermione.

- “ Ela esta ainda mais linda.” – pensou enquanto passava os olhos pelo corpo dela, que estava com o mesmo vestido da noite anterior... – “ As curvas mais perfeitas, a pele mais morena. Ser mãe fez bem a ela.” – continuou pensando e quando percebeu que ia esboçar um sorriso voltou a olhar nos olhos dela e lembrou que ela tinha escondido as filhas dele, voltou a fechar a cara, furioso. “ Não banque o idiota Ronald, ela escondeu suas filhas, escondeu suas filhas.” – ele repetia seguidamente pra ele mesmo enquanto se sentava na cama com a filha no colo.

Hermione que percebeu que ele a analisava, sentiu as bochechas corarem e foi para perto de Gina que tinha toda a sua atenção nos papeis que examinava.

Passaram-se alguns minutos em que, surpreendentemente, todos ficaram calados. Rony continuava sentado na beirada da cama com Milly no colo, que não tirava os olhos da irmã, Agatha continuava preparando as poções e Hermione estava ao lado de Gina esperando que ela dissesse alguma coisa.

- Ela ta acordando. – Milly falou animada, quando viu a irmã se mexer na cama... – A Mel ta acordando.

Gina largou os exames por cima da poltrona e foi para perto da cama. Rony levantou-se com Milly no colo, para deixar espaço para a irmã trabalhar. Hermione ficou um pouco atrás dele enquanto Gina sentava-se ao lado de Mel.

- Como esta se sentindo a minha princesa? – perguntou pra menina que abria os olhos... – Melhor?

- Sim madrinha. – disse com a voz manhosa... – Onde esta a mamãe e a Milly? E o papai?

- Estão aqui. – falou Gina levantando-se, permitindo que Mel visse os pais.

Ela sorriu ainda sonolenta ao ver a mãe se aproximar dela. Hermione deu um beijo na filha que se sentou ainda abraçada ao ursinho Ted. Milly sentou-se ao lado da irmã e cruzou os braços.

- Mel, você contou pra mamãe do Rony? – perguntou baixinho e emburrada, só pra irmã ouvir... – Nós combinamos que não íamos contar, ela vai ficar brava.

- E você contou pro papai que somos gêmeas. – Mel disse também emburrada, baixinho pra irmã... – Combinamos que íamos falar juntas, agora ele vai ficar bravo comigo.

Gina sorriu de onde estava, ajudando Agatha nas poções. As filhas eram cópias dos pais, ela pensava com um sorriso maroto.

Rony chegou devagar e colocou Milly no colo novamente. E fingiu uma cara de bravo.

- A Mel não contou nada Milly. – ele falou fingindo ficar sério... – A Hermione, viu eu e a sua irmã juntos ontem. E ela não ficou brava. – disse olhando pra Hermione que forçou um sorriso.

Milly sorriu também, e Hermione percebeu o quanto ela estava feliz.

- E a Milly só me disse por que eu estava preocupado Mel. - ele falou sério... – Alias vocês duas me enganaram direitinho esse tempo todo. – terminou fingindo-se de bravo.

- Desculpe. – as duas falaram ao mesmo tempo.

- Não precisa desculpar. – Rony falou sorrindo... – Uma ruiva já estava bom, duas ficou melhor ainda. Duas espertinhas trapaceiras, mas, minhas filhas. – terminou fazendo careta para elas que sorriram.

- A espertinha trapaceira ai, precisa de remédio. – falou Gina sorrindo apontando Mel.

Rony levantou-se com Milly novamente, deixando assim que Gina medicasse a filha.

Com alguma dificuldade, Gina conseguiu fazer com que Mel bebesse todas as poções, depois examinou ela cuidadosamente. Nesse meio tempo Harry chegou com James, o que deixou Mel feliz. Em todas as vezes que tinha ficado no hospital, nunca tinha recebido tantas visitas.

Depois de terminar de examinar a sobrinha Gina se afastou da cama e pegou os exames novamente.

- Agatha, o estagiário que te substitui já chegou? – perguntou ela, recebendo uma resposta afirmativa da estagiária... – Então você pode ir pra casa. – Gina completou andando até a porta do quarto... – Hermione, Rony venham comigo. Harry você pode ficar um tempo aqui?

- Claro. – Harry respondeu vendo Gina sair, seguida de Rony e Hermione.


Os três andaram em silêncio até o consultório da ruiva. Gina vinha a frente dos dois, ainda com a atenção nos exames e atrás dela vinha Hermione seguida pelo ruivo.

Gina abriu a porta de seu consultório e ficou segurando a maçaneta para que eles passassem enquanto falava com a secretaria.

- Nath, por favor, só interrompa se for urgente. – ela pediu a secretária, que concordou com a cabeça, e entrou no consultório. Rony e Hermione já estavam lá dentro. Hermione sentada em uma cadeira em frente à mesa dela e Rony no sofá um pouco mais afastado.

- Rony eu preciso de toda a sua atenção. – disse sentando em sua cadeira... – Por favor, sente-se aqui ao lado da Hermione. É importante o que eu tenho pra falar.

O ruivo levantou meio contrariado, mas, sentou-se ao lado de Hermione, como a irmã tinha pedido.

- Então, o que ela tem? – perguntou Hermione não se contendo mais, apreensiva... – O que é dessa vez?

- Fique calma Mione. – ela pediu tentando acalmar a amiga... – Não é nada grave. Eu só preciso que antes o Rony entenda exatamente o estado de saúde das gêmeas.

Rony sentiu o coração apertar com as palavras da irmã, convivia com ela no hospital há meses e aquele olhar dela tão profissional significava que deveria ser algo muito sério.

- Pode falar Gina, você tem toda a minha atenção. – falou ele, esquecendo o incomodo por estar tão próximo a Hermione.

- Primeiro eu preciso saber se você se lembra de todas aquelas explicações que eu dei, sobre os tratamentos que eu e o Théo desenvolvemos, quando eu voltei da Bulgária? – ela perguntou olhando pro irmão... – Eu as repeti algumas vezes pra você, esse tempo que você tem sido voluntário aqui no hospital. Você se lembra?

- Lembro.

- Ótimo. – ela falou e começou a explicar... – Então eu preciso que você relembre mais uma coisa. Os bruxos nascidos trouxas, só ficam sabendo que são bruxos quando atingem a idade de ir para uma escola de bruxaria, 11 anos, antes disso, eles são tratados como trouxas. E vão a médicos trouxas. – Gina percebeu que o irmão começava a se perder... – Quando Hermione ou Harry ficavam doentes quando eram crianças, os familiares deles os levavam a médicos trouxas para serem tratados. Mesmo bruxos, eles não tinham conhecimento do mundo mágico. Você esta entendendo Rony?

Ele balançou a cabeça afirmando e ela continuou.

- Eu e o Théo descobrimos com a nossa pesquisa que quanto mais essas crianças cresciam menos os remédios trouxas faziam efeito nelas, por que afinal de contas elas eram bruxas. Mas mesmo assim, até completar idade suficiente para ir a uma escola bruxa, ou até dar o primeiro sinal de magia, essas crianças não podiam ser tratadas com medicamentos “mágicos”.

- Eu to entendendo. – Rony interrompeu a irmã... – Mas o que isso tem a ver com as minhas filhas? Elas são bruxas, quer dizer, Hermione nasceu trouxa, mas é uma bruxa. Então elas também são, não são? Já deram sinal de magia?

- Sim. Elas já deram. – foi Hermione quem respondeu.

- Rony você lembra do que eu falei de filhos de bruxos puro sangue e bruxos nascidos trouxas? – Gina voltou a perguntar e Rony confirmou, então ela continuou... – Essas crianças podem desenvolver doenças e problemas que eram desconhecidos na medicina bruxa e ...

- Minhas filhas desenvolveram algumas dessas doenças? – Rony perguntou abruptamente.

- Não. – Gina respondeu aparentemente calma... – Não exatamente!

- Como assim? – quis saber Rony.

- Elas tem um distúrbio Rony. – Gina finalmente falou... – Elas têm imunodeficiência.

- Quem doença é essa? – ele perguntou sem entender... – Não é bruxa, é?

- Não Rony. É uma doença trouxa. – Gina respondeu... – Uma doença trouxa em uma criança bruxa. A imunodeficiência é a incapacidade de um sistema imunológico de produzir anticorpos para defender o organismo de uma doença ou corpo estranho presente nele. – Gina explicou... - As defesas do organismo de uma pessoa com a imunodeficiência não funcionam e o organismo fica vulnerável ao ataque de microorganismos.

Gina percebeu que Rony, não tinha entendido exatamente o que era aquela doença e tentou simplificar.

- Com esse distúrbio as gêmeas ficam mais vulneráveis as doenças. – ela foi mais direta... - Conseqüentemente, as infecções são mais comuns, mais freqüentes, tornam-se mais graves e duram mais do que o normal. E a também o fato de os medicamentos demorarem a fazer efeito. E o fato delas serem bruxas.

- Como assim? – Rony perguntou novamente.

- É uma doença trouxa, que deve ser combatida com medicamentos trouxas. – Gina falou em um tom profissional... – Mas esses medicamentos não fazem mais quase nenhum efeito nas meninas. Elas são bruxas. Por isso, os sintomas desse distúrbio nelas, é quase que totalmente diferente, do que se fosse em uma criança trouxa.

- É menos grave nelas?

- Não. – Gina respondeu... – O que eu quero dizer é que a medicina trouxa não pode explicar totalmente esse distúrbio em crianças bruxas, os medicamentos trouxas não têm o mesmo efeito nessas crianças. Por isso eu e o Théo desenvolvemos medicamentos pra esse tipo de crianças, lembra-se?

- Sim. – Rony respondeu angustiado... – O que isso quer dizer? Se tratando das minhas filhas?

- Quer dizer que elas sendo bruxas, esse distúrbio torna-se mais grave. – Gina explicou novamente... – Mel e Milly desenvolveram essa doença alguns meses depois de nascerem, provavelmente por serem filhas de puro sangue e trouxa, desde então, os cuidados com a saúde delas são redobrados, por que qualquer mínima infecção que elas desenvolvem torna-se mais grave. Elas tomam uma poção regularmente desde então, desenvolvida pelo Théo, que não permite que a doença se agrave. Contudo, elas não respondem rápido aos tratamentos, é necessário varias doses da mesma poção até que faça algum efeito nelas. Agora você entendeu Rony? Mesmo sendo uma doença trouxa, nelas os efeitos são diferentes, por serem bruxas.

- Entendi. – ele respondeu depois de pensar um pouco... – Você quer dizer que elas ficam doentes com mais facilidade do que outras crianças, e a doença fica mais grave nelas, por isso elas estão em constante tratamento.

- É basicamente isso. – disse Gina orgulhosa pelo irmão ter entendido.

- Mas não tem cura? – ele perguntou esperançoso.

- Com remédios não. – disse Gina... – Conforme elas vão crescendo, o nível de magia vai aumentando, e provavelmente a doença desaparecerá na vida adulta, ou antes. Até lá elas continuaram sendo tratadas, e receberam o máximo de cuidados, que eu vou te explicar depois. Por hora você precisa saber que, eu, o Théo, o doutor Fernandez, que é um médico trouxa, e a Kat, uma antiga enfermeira, que agora é a babá das gêmeas, cuidamos delas, desde que nasceram.

Gina viu Rony se recostar na cadeira pensativo, enquanto Hermione ficava a cada minuto mais nervosa, então, ela começou a falar o que tinha acontecido com Mel, na noite anterior.

- O sangramento pelo nariz da Mel, é devido ao rompimento dos vasos sanguíneos que nutrem a cavidade nasal dela.

- E como isso aconteceu? – perguntou Hermione.

- Eu não tenho certeza, mas provavelmente ela ganhou uma bolada ontem e não lembra. – Gina disse olhando para Hermione, lembrando-se que elas tinham saído com Vitor.

- Pode ser. – Hermione concordou, olhando a ruiva... – Elas, junto com a Claire e jogadores de quadribol. Eu deveria imaginar que não ia dar certo. Nunca dá. – terminou com um pequeno sorriso.

Rony, não entendeu, e resolveu perguntar quem era Claire.

Gina rapidamente mudou de assunto... – Os exames não acusaram nada, além do que nós já sabemos. Então esta tudo bem.

- Quer dizer que nós podemos voltar pra casa? – perguntou Hermione esperançosa, e viu Rony se mexer ao lado dela.

- Não Mione. – Gina interveio... – A Mel perdeu muito sangue, por que a poção que eu dei pra cicatrizar os vasos, não fizeram efeito imediato. A cicatrização total pode levar de 7 a 10 dias. Enquanto isso vou manter a Mel aqui. Os vasos podem se romper novamente. Durante esse tempo temos que monitora-la de perto, até a cicatrização total, ela fica aqui.

- Tudo bem. – disse Hermione passando as mãos pelo rosto, cansada... – Então eu vou avisar a mamãe que nós estamos em Londres por uns dias, vou em casa buscar umas roupas pras meninas , tomar um banho , avisar no ministério, a Kat, Evie, enfim as mesmas coisas de sempre. – terminou levantando-se.

E depois de Gina dizer para ela não se preocupar e dormir um pouco ela saiu da sala.

Gina ainda explicou algumas coisas ao irmão, sobre a saúde das sobrinhas. Ele mostrou-se interessado, e depois de muitas perguntas, ele também saiu, a deixando sozinha. Gina se aconchegou mais a cadeira, aliviada de que suas suspeitas estivessem erradas. O exame de Mel não tinha acusado nada.



...




Quatro longos dias tinham se passado desde que Mel chegara ao hospital.O inverno em Londres ficava cada vez mais rígido. Tatos anos longe dali, Hermione não recordava que pudesse fazer tanto frio. Os seus dias se resumiam a ficar no hospital. Evie trazia todos os dias alguns papeis do ministério para ela revisar e assinar, e nas duas vezes em que ela precisou ir até o trabalho, Kat a tinha substituído e ficado com Mel.

A presença de Rony era quase que constante no hospital, porém depois de uma briga feia sobre onde Milly ficaria, eles não se falavam mais., mal trocavam alguns olhares, eram cordiais um com o outro somente na frente das filhas.

Hermione queria levar Milly para a casa dos pais, onde ela sempre ficava. Rony queria a filha com ele em sua casa. Depois de uma discussão calorosa, em que eles gritavam um com o outro, Gina interveio novamente, lembrando que eles estavam em um hospital. Rony ameaçou contar a verdade as filhas e Hermione enfim cedeu deixando a filha ir com Rony.

Rony ia ao hospital todos os dias e levava Milly, as vezes ia pela manhã, as vezes a tarde, ou simplesmente passava o dia lá. Nessas horas, Hermione se isolava em um mundo particular e revisava uns papéis ou lia um livro.

Mel tinha sangrado pelo nariz mais algumas vezes, nada grave, Gina fazia questão de dizer.Como sempre, eram as poções, demorando a fazer efeito.

Todos os dias a mesma coisa.A mesma rotina. Quatro longos dias. Nunca tinha sido tão difícil ficar ali, Hermione pensava.

- Mamãe? – Mel chamou depois de terminar um desenho.

- Fala princesa. – Hermione fechou o livro e olhou para ela.

- Eu to com fome. Compra alguma coisa pra mim. – pediu alisando a barriga.

- O bichinho que mora dentro da sua barriga ainda não esta alimentado? – Hermione perguntou sentando-se ao lado da filha... – Depois de tudo o que você já comeu hoje?

- Não. – Mel respondeu travessa... – Ele só vai ficar satisfeito depois que comer torta de frango.... suco de abóbora e sobremesa. Já esta na hora do almoço?

- Quase princesa. – Hermione respondeu olhando o relógio... – O bichinho ai dentro, vai ter que esperar mais alguns minutos. – disse fazendo cosquinhas na filha, que ria com a brincadeira.

Hermione parou quando escutou batidas na porta.

- Pode entrar.

Mel sorriu feliz e entusiasmada quando viu quem entrava no quarto.

- Padriiinho! – ela gritou feliz.

- Niña. – Vitor se aproximou e depositou um beijo na bochecha da afilhada e outro na de Hermione, e sentou-se na cama ao lado delas.

- Hoje eu fui ver duas niñas lindas em casa. – ele disse com Mel no colo... – E a Evie me contou que vocês estavam aqui. O que aconteceu? – perguntou virando-se para Hermione

- Nada grave Vitor. – falou aliviada... – Só um machucado no nariz. Você não se lembra dela ter levado alguma bolada no sábado? Quando vocês foram ao campo de quadribol?

- Não. Eu não me lembro. – respondeu Vitor tentando se recordar... – Na verdade elas estavam correndo para todos os lados, jogando com as bolas, se atirando no chão. Claire esta com os joelhos e cotovelos arranhados, mas só percebeu quando a mãe foi dar banho e perguntou o que tinha acontecido. – respondeu ele risonho ao lembrar a cara de espanto da filha quando viu o machucado.

- Essas meninas. – Hermione riu também... – Milly não esta com nenhum machucado, em compensação a Mel machucou o nariz e estava com umas manchas rochas que já sumiram. – falou olhando para a filha que estava no colo de Vitor... – Quem olha assim pensa que são uns anjinhos.

- Só quando estão dormindo. – completou Vitor.

Hermione riu concordando. Então os três começaram uma conversa super animada. Só quando escutaram o barulho da porta da enfermaria se abrindo é que eles pararam de rir e falar, olhando os três na mesma direção.

Hermione viu Rony abrir a porta e ficar estático. O sorriso em seu rosto sumiu e ela olhou pra Vitor que lhe devolveu o olhar.

- O que ele esta fazendo aqui? – perguntou Rony com cara de poucos amigos.

Milly que entrava atrás do pai, brincando desligada com seu ursinho Ted, só então viu quem estava no quarto.

- Padrinho! – ela gritou e correu para Vitor que se abaixou para abraçá-la.

Rony soltou a porta que ainda prendia com a mão e olhou atônito de Hermione para Vitor.

- Só pode ser brincadeira. – ele disse passando as mãos pelo cabelo... – Não é possível. Eu devo ter colado chiclete na barba de Merlim, só pode. – ele virou-se ainda reclamando, ameaçando sair do quarto, então virou-se para a cama novamente.

Hermione olhava espantada para ele, e Vitor colocou Milly sentada na cama ao lado da irmã, e ficou sem ação também, olhando o ruivo.

- Padrinho? Eu escutei direito? – Perguntou fazendo uma careta... – Vitor Krum padrinho das minhas filhas?

Rony olhou de Hermione para Vitor que continuavam calados. Então ele viu Mel e Milly confirmarem com a cabeça, felizes.

- Só pode ser brincadeira. Só pode ser brincadeira. – ele disse enfim saindo da sala.

- O que houve com ele mamãe? – Mel perguntou confusa olhando para a mãe.

Hermione que sentia que o coração ia sair pela boca, não sabia o que responder. Mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, a porta da enfermaria se abriu novamente.

- Ta fazendo o que parada ai ainda Hermione? – Rony perguntou furioso segurando a porta... – Acho que já passou da hora de nós termos uma conversa séria. Vem logo.

- Eu acho melhor que não seja agora. – Hermione disse insegura.

- Agora Hermione. – ele exigiu, olhando duro pra ela... – Agora!

Hermione pensou em negar, mas quando viu o olhar homicida que Rony lhe lançava resolveu ir.

- Mamãe já volta. – disse dando um beijo nas filhas, e saindo, passando pela porta que Rony mantinha aberta.

Antes de sair Rony sorriu para as filhas e fez uma careta que arrancou sorrisos das meninas. Então ele deixou a porta fechar. O sorriso desapareceu do rosto dele.

- Vamos Hermione, hora da verdade. – disse andando pelo corredor com Hermione atrás dele.


...




N/A: O restante do cap. ai... espero que gostem! Cap. 17 até o meio da semana que vem! Obrigado pelos comentários! QUando eu vier postr o próximo respondo vcs, okay meninas! =)

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