Melanie Weasley Granger



Cap.15 – Melanie Weasley Granger


Harry saiu da lareira no consultório de Gina olhando para os lados a procura dela ou Hermione com as meninas, quando percebeu que o lugar estava vazio saiu correndo pela porta.

- Onde esta Gina? – perguntou a Nath.

- Segundo andar senhor Potter.

Harry não se deu ao trabalho de agradecer pela informação, saiu correndo, descendo os degraus do hospital, hora ou outra esbarrando em alguém, até chegar ao segundo andar.

Parou em frente à primeira porta dupla do corredor sinalizada com o letreiro: Enfermaria Cócegas e sorrisos, Medi-bruxo responsável: Ginerva Weasley. Medi-bruxo estagiário: Agatha Thomps.

Olhou para os lados agora a procura de Hermione, e não encontrou. Preparava-se para abrir a porta da enfermaria quando ouviu um barulho perto da escada que distraiu sua atenção. Hermione vinha correndo, e na pressa derrubará um funcionário no chão.

Harry a viu ajuda-lo a se levantar e pedir desculpas sinceras, depois continuou correndo só parando quando estava na frente dele.

- Cadê a Gina? – perguntou preocupada... – E a Mel? Você já sabe alguma coisa?

- Não Hermione, eu pensei que você já estivesse aqui. – respondeu ele... – Eu estava entrando.

Sem mais demoras eles abriram a porta dupla da enfermaria a procura de Gina. Pararam em um canto observando o lugar. Hermione segurava firmemente Milly pelas mãos. A garota soluçava baixinho.

Gina e Agatha estavam em volta da cama de Mel e movimentavam as varinhas com sincronismo e agilidade sobre a garota. Ao lado da cama em uma mesinha, tinha alguns frascos de poções que hora ou outra elas mexiam.

Do lugar onde estava Hermione percebeu, com um aperto no coração, que o sangue embora pouco agora, ainda escorria pelo nariz da filha e fazia um caminho lento, perdendo-se no meio da blusa agora manchada da menina. Aparentemente Milly também tinha notado isso, pois soluçava mais alto.

Gina distraiu-se com o inesperado barulho na enfermaria e olhou para eles. Harry ofegava e olhava temeroso para Gina e Hermione agora pegava Milly no colo.

- O que ela esta fazendo aqui Mione? – perguntou enquanto misturava umas poções... – Você deveria ter feito o de sempre.

- Não tinha ninguém na casa da Kat. Ela me avisou que ia viajar, eu esqueci. – Hermione respondia sem tirar os olhos de Mel... – Vitor também não estava quando eu cheguei!

- Ela não pode ficar aqui Mione, você sabe! – argumentou Gina... – Não pode!

- Mas eu não podia deixá-la sozinha. – rebateu Hermione.

- Tudo bem. – Gina acrescentou rapidamente... – Gregório leve a Milly para a brinquedoteca, com as outras crianças. – continuou virando-se para o funcionário do hospital que acabava de entrar pela porta... – Quem esta lá hoje?

- Hoje é dia do seu irmão Doutora Weasley. – ele respondeu... – Mas ele ainda não chegou.

- Milly não pode ir pra lá Gina. – retrucou Hermione... – Não hoje, não agora!

- Não tem problema. – interrompeu Harry, com um olhar duro para Hermione... – Rony esta a serviço do Ministério, não vem hoje. Ele me pediu para vir no lugar dele. Pode deixar que eu cuido da Milly.

Hermione pareceu pensar um pouco antes de colocar Milly no chão e abaixar-se para ficar do tamanho dela... – Princesa, você vai pra sala de brinquedos ficar com as outras crianças... tio Harry já vai lá ficar com você. – Milly ia começar a protestar, então Hermione acrescentou, em tom meigo... – Vai ficar tudo bem com a Mel. Eu prometo! Agora obedeça a mamãe e vai, e também obedeça ao tio Harry.

Sem dizer mais nada Milly saiu do quarto de mãos dada com Gregório. Harry continuava olhando para Mel na cama.

- O que ela tem Gina? – Hermione adiantou-se para perto da cama.

- Eu ainda não sei dizer exatamente Mione. O sangramento eu estou conseguindo controlar. Mas ainda não consegui descobrir o que o causou.

Gina e Agatha continuavam movimentando a varinha na direção de Mel. Alguns pontos coloridos que saiam da varinha de ambas, contornavam o corpo da menina. Enquanto na mesinha ao lado da cama, os vidros de poções de cores diferentes exalavam cheiros distintos.

- Mas vai ficar tudo bem? – perguntou Harry

- Vai sim. – respondeu Gina, após alguns segundos... – Ela agora só precisa tomar essas poções e vai ficar tudo bem. – continuou dirigindo-se para Hermione.

- Mione, a Mel terá que ficar aqui, até amanhã de manhã pelo menos. – falou ainda concentrada nos movimentos que fazia com a varinha... – O que você vai fazer se a Kat não esta? E a Milly?

- Eu fico com ela. – Harry respondeu antes de Hermione... – A levo pra minha casa, sem problemas.

- Tudo bem. – falou Hermione, sem escolhas... – Tudo bem. Hmm, obrigado Harry!

- Milly ficará bem. – acrescentou Gina... – James e Sirius estão lá também. – continuou dando a volta na cama... – Agora sente-se nesta cadeira Hermione, preciso de um pouco do seu sangue.

Hermione sentou-se e esticou o braço. Diferente do método trouxa, Gina apontou a varinha para o braço de Hermione e murmurou um feitiço baixinho. Gina colocou um frasco parecido com os das poções que estavam em cima da mesa, embaixo do pequeno corte que o feitiço fizera no braço de Hermione. O sangue escorria devagar dali pra dentro do recipiente.

- Então eu vou embora. – Harry informou olhando para elas... – Milly precisa descansar. Volto amanhã de manhã.

Eles foram distraídos, o mesmo funcionário que levara Milly, agora entrava pela porta com alguns frascos na mão.

- Aqui está à poção Doutora Weasley. Mais alguma coisa? Perguntou a Gina

- Sim Gregório. – pediu Gina... – Me traga um frasco com o sangue de Ronald Weasley que esta no laboratório.

- Lamento Doutora, mas, eu lhe trouxe o ultimo frasco assim que a senhora chegou.

Gina estremeceu. Precisava do sangue de Rony. Harry percebeu o desconforto dela, e voltou para dentro da sala novamente.

- Rony me disse que viria aqui hoje, antes de ir para o Ministério. – falou Gina em um tom mais alto do que o normal... – Eu conversei com ele essa manhã.

- Ele teve que sair às pressas. Serviço do Ministério. – repetiu Harry... – Rony esta no interior de Londres. Incomunicável!

Gina ficou sem ação. Precisava do sangue de Rony para o tratamento de Mel. E agora o que faria?

- Como assim incomunicável? – perguntou perplexa... – Nem você tem como falar com ele?

- Não. – Harry afirmou... – Rony me informou que iria hoje pela manhã Gina, e me pediu que te avisa-se que quando voltasse viria aqui.

- E quando ele volta? – ela perguntou

- Em três dias!

- Três dias é muito. Preciso dele aqui, agora. – Gina parecia muito preocupada, enquanto voltava para perto de Mel... – Eu preciso dele aqui!

- Eu posso tentar dar um jeito. – Respondeu Harry, andando de um lado para o outro... – Eu posso tentar dar um jeito.

A tensão ficava evidente a cada segundo no quarto. Harry continuava andando, pensando no que fazer, enquanto Gina continuava tratando Mel.

Hermione deu uma fungada quase que inaudível da cadeira. Tinha ficado quieta enquanto Harry e Gina discutiam sobre como trazer Rony de volta ao centro de Londres.


- ... eu posso descobrir onde ele está no Ministério. – ela ouviu Harry dizer.

- ... isso demoraria muito Harry, preciso do Rony aqui o mais rápido possível. – Gina falou.

- ... mas é tão importante assim? – Hermione ouviu Harry perguntar

-... é de extrema importância. – Ela ouviu Gina responder.



Foi o suficiente para ela. Levantou-se de um pulo. Assustando os amigos.

- Eu sei como trazer Ronald aqui. – disse séria... – Se é realmente necessário. Se é pelo bem da minha filha. – continuou olhando para Mel... – Eu sei como traze-lo rápido.

- Como? – perguntaram Harry e Gina ao mesmo tempo.

- Simples. – respondeu Hermione, erguendo o braço em que Gina fizera o corte, agora cicatrizado... – As pulseiras!

Harry deu um sorriso, não deixando de lembrar que mesmo sobre pressão Hermione conseguia raciocinar rápido. Olhou para Gina que também estava boquiaberta. Então tirou a varinha do bolso, sendo acompanhado por elas.

- No três então. – ele falou... – Ao mesmo tempo. Só assim faremos Rony vir. – recebendo um gesto afirmativo delas ele continuou... – Um... Dois... Três.

Ao mesmo tempo eles tocaram as pulseiras com a varinha, sentiram o pulso esquentar um pouco, e em alguns segundos viram automaticamente surgir em cima das pulseiras de cada um deles a mensagem:

Perigo.Precisamos de você. Sts.Mungus. Harry, Hermione, Gina.




...



Depois de tocar a pulseira com a varinha, Harry saiu do quarto atrás de Milly, teria pelo menos uns 10 minutos até Rony aparecer, seria tempo o suficiente para levar Milly a um lugar seguro e confortável, onde ela poderia descansar.

Harry aparatou com Milly no colo nos arredores da Toca. Depois de colocar a menina no chão ele se aproximou da porta dos fundos da casa, cercada pela mesma tralha habitual de botas velhas e caldeirões enferrujados. Dali conseguia escutar a musica que vinha do lado de dentro da Toca, tocada pelo radio, que era acompanhada animadamente pela Sra. Weasley que àquela hora deveria esta preparando o jantar.

Suspirou alto, pegou Milly pelas mãos e andou calmamente com ela até a porta.Deu uma leve batida antes de girar a maçaneta e entrar. Milly continuava estranhamente calada e com o olhar triste.

A Sra. Weasley virou-se assim que ouviu a batida, e sorriu ao ver Harry do outro lado da porta. Os passos alegres que ela dava na direção dele, morreram quando ela percebeu que ele não estava sozinho. Olhou para Milly analisando-a. Com um olhar astuto e com ar de entendimento.

Harry ficou observando sem falar nada. Viu a Sra.Weasley se recostar na mesa da cozinha, olhar espantada para Milly e depois levantar os olhos para ele.

Harry confirmou as suspeitas da Sra. Weasley com um aceno de cabeça e um sorriso de canto de boca. Sabia que a velha senhora, reconheceria Milly, uma Weasley, sem prévias explicações. Continuou observando, viu a senhora andar e se ajoelhar na frente da garota.

- Você é igual ao...

Harry pigarreou alto, e depois de olhá-lo a Sra.Weasley continuou... – O mesmo cabelo, as mãos, a cor da pele, as sardas... é exatamente igual. – terminou não conseguindo conter as lágrimas.

- Mamãe disse que sou igual ao papai. – disse Milly num sussurro.

- Sua mãe disse? – perguntou a Sra.Weasley agora com um sorriso... – E como se chama sua mãe? Como você se chama minha querida?

- Meu nome é Emily Granger. Mas pode me chamar de Milly. – ela respondeu, inesperadamente dando um beijo no rosto da Senhora... – E minha mãe se chama Hermione Granger.

Ela olhou para a menina com um sorriso bem maior do que a boca. Um sorriso de pura felicidade. O coração palpitava apressado dentro do peito, sem conseguir se conter ela abraçou a garota, um abraço de esmagar costelas, tipicamente Weasley. Uma neta. Ela tinha uma neta. Milly retribuía o abraço com igual carinho, reconhecendo, mesmo sem saber o abraço da avó.

- Mas eu pensei... – começou a Sra. Weasley desfazendo o abraço, um pouco desapontada... – Que você fosse se chamar Melanie!

- Esse é o nome da minha irmã. – respondeu Milly naturalmente... – Ela se chama Melanie... Mel.

Automaticamente o sorriso voltou a brotar no rosto da matriarca dos Weasley’s... – E onde esta a sua irmã?

- No hospital, com a mamãe e a tia Gina... – respondeu o olhar triste se intensificando... – Ela ta machucada.

A velha senhora levantou-se ligeiro demais para alguém com sua idade e olhou para Harry preocupada... – O que aconteceu?

Antes que respondesse, Harry escutou um barulho vindo da sala, um segundo depois James apareceu com Sirius gritando na porta da cozinha... – Vovó já ta pronto? Papai! – ele pulou no colo de Harry quando o viu na cozinha.

- Oi James. Sirius. – falou vendo o afilhado correr para ele também... – Quem os trouxe? – perguntou para a Senhora Weasley.

- Fred. – ela respondeu... – Lin precisava ir trabalhar! – continuou atordoada, vendo James abraçar Milly carinhosamente... – Bolinhos e chocolate, quem quer? – perguntou, erguendo a varinha e fazendo voar uma travessa cheia de bolinhos e canecas de chocolate para cima da mesa. James e Sirius correram na hora. Milly continuou parada no mesmo lugar.

- Você não quer minha querida? – ela perguntou olhando para Milly.

A menina olhou para Harry, que sorriu, dando a ela permissão para aceitar. Então assim como James e Sirius ela correu pra a Mesa. Esquecendo-se dos adultos.

- O que aconteceu? – a Sra.Weasley insistiu... – O que significa isso?

Tentando ser breve, Harry começou a explicar resumidamente a Sra.Weasley tudo o que tinha acontecido. Passado alguns minutos ele terminou.

- Eles podem ficar aqui. – ela disse por fim... – Afinal são meus netos. Agora vá. – pediu a Harry... – Rony não vai gostar nada quando entender o que aconteceu.

Dizendo um “Comportem-se com a vovó crianças” ele saiu pro jardim e aparatou.

A Sra.Weasley voltou à mesa, muito feliz ainda, mas agora com um aperto no coração.



...



Harry voltou à enfermaria no segundo andar. Entrou novamente sem pedir permissão... – Onde esta Hermione? – perguntou vendo que a amiga não estava lá.

- Foi buscar alguma coisa pra Mel beber na cantina. – respondeu Gina apontando a varinha para Mel... – Enervate. . – falou trazendo a menina de volta a consciência... – Oi princesa, como esta se sentindo, ainda ta tonta?

Mel apenas balançou a cabeça afirmando.

- Tudo bem. – Gina falou erguendo um pouco a cabeça dela... – Eu preciso que você tome um pouco disso, é ruim, mas você precisa beber. E aos poucos ela foi derramando um liquido na boca da menina.

Harry se calou, observando Gina fazer Mel beber todo o conteúdo do frasco e deita-la na cama novamente. Depois de um beijo na testa da garota. Gina foi na direção de Harry.

As portas da enfermaria se escancararam, sobressaltando Harry e Gina.

Rony entrou segurando a varinha na mão direita, seu braço esquerdo dobrado sobre o peito estava com um grande ferimento, a camisa antes branca, agora estava encharcada de sangue. Rony caminhou na direção deles, seus passos deixando o chão com um rastro do sangue que pingava de seu braço.

- O que aconteceu com vocês? – ele apontou o pulso, onde em cima da pulseira a mensagem ainda brilhava... – Por que me mandaram isso? O que diabos esta acontecendo? Esta pulseira esta com defeito, diz que Hermione também esta aqui e em perigo!

- O que aconteceu com você Rony? – perguntou Harry que gelava só de pensar no que poderia ter acontecido para ele esta com aquele ferimento... – Onde estão os outros?

- Isso não importa Harry! – ele respondeu impaciente... – Estão todos bem no Ministério. Era uma armadilha. Mas o que aconteceu com vocês? Por que usaram as pulseiras? Não tem nada acontecendo aqui.

Então pela primeira vez desde que entrara no quarto, ele girou para poder olhar ao redor. Foi ai que viu Mel deitada na cama, aparentemente dormindo. Mas ainda com a blusa suja.

- Mel... Filha. – Rony se precipitou para perto da cama... – O que aconteceu com ela?

Ele perguntou sem perceber que Harry e Gina lhe lançavam olhares aturdidos e expressões chocadas, enquanto ele alisava o cabelo dela carinhosamente.

- O que aconteceu com ela? – ele repetiu tremulo... – Por que ela esta aqui? E por que a blusa dela ta manchada?

Rony parecia um pouco desesperado. O corpo começava a tremer, talvez pelo frio que entrava pela janela, ou talvez por ver sua ruivinha ali, deitada com a blusa manchada de sangue, a mão ligeiramente fria, o rosto pálido. Desamparada, desprotegida. Ainda não conseguia compreender perfeitamente todos os sentimentos e emoções que o ligavam aquela menina. Mas, mesmo não sabendo explicar muito bem, sabia que amava aquela ruivinha. Sua ruivinha.

- Você co... conhece ela? – perguntou Gina espantada... – Você sabe quem é ela?

- É claro que conheço. – ele tirou a mão do cabelo da menina e levou ao braço machucado, as sardas se destacando ainda mais na pele agora muito pálida... – Melanie não é?

- Isso, é a Mel! – Gina balançou a cabeça, na tentativa de colocar os pensamentos em ordem... – Agatha saia e traga mais poções curativas, para repor o sangue, calmante, revigorante e essência de Ditamno. – ordenou para a estagiária, que saiu a passos largos.

Enquanto Agatha saia, Gina andou para perto de Rony e o sentou em uma cadeira perto da cama, lhe tirou a camisa com um feitiço e começou a mexer em seu curativo.

Harry continuava parado no mesmo lugar, chocado demais pra dizer alguma coisa. Esse tempo todo preocupado em como contar a Rony que ele tinha duas filhas, e, no entanto Rony sabia? Só podia ser brincadeira, que alias, era de muito mau gosto.

- O que aconteceu com ela? – ele repetiu a pergunta, se curvando diante dos toques de Gina... – Por que a blusa dela ta manchada?

- Eu ainda não sei direito Rony. – respondeu visivelmente atordoada... – Fiz uns exames, amanhã saberei o que ela tem, mas por enquanto esta tudo bem. – acrescentou rápido, vendo que Rony ia voltar a perguntar... – Ela só perdeu muito sangue.

- Agora me expliquem o que deu em vocês para me chamarem aqui assim? – perguntou preocupado... – Não ta acontecendo nada, ou esta? O James?

- Esta tudo bem com o James. – Harry respondeu.

- Então? – ele insistiu... – Vou pedir pro Lupin olhar as pulseiras, são antigas... disse que Hermione estava aqui!

- Rony? – Gina o viu voltar a prestar a atenção nela, e hesitou uns segundos antes de voltar a perguntar... – Co... Como você conhece a Mel? Por que a chamou de filha?

- Por que ela é minha filha. – continuou sentando-se na cama novamente e colocando umas mechas do cabelo ruivo da menina atrás da orelha... – Quer dizer... é só uma maneira de falar.– viu Harry e Gina olharem assustados pra ele... – Eu a conheci aqui no hospital há um tempo atrás. Ela disse que eu poderia chamá-la assim. Ela é linda não é? – perguntou, voltando a acariciar o rosto de Mel... – Se eu tivesse uma filha, me orgulharia se fosse assim, igual a ela.

- Então é só uma maneira de falar? – perguntou Gina um pouco mais aliviada. Viu Rony fazer um sinal afirmativo com a cabeça... – Mas você nunca permitiu que nenhuma criança daqui do hospital te chamasse de pai. Algumas delas tentaram isso, e você, com cuidado e carinho explicava que não era certo ser chamado de pai, que preferia ser chamado de tio. – mesmo não fazendo nenhuma pergunta Gina viu Rony afirmar novamente com a cabeça... – Então por que chama a Mel de filha? Qual é a diferença entre elas e as outras crianças? – perguntou, deixando o curativo dele de lado, o olhando nos olhos com a testa franzida.

- Eu não sei explicar. – foi tudo o que ele disse... – Não consegui dizer não pra ela.

Mas uma vez, mesmo eles não sabendo, o sentimento que os unia tinha falado mais alto.

- Desde quando você a conhece Rony? – perguntou Harry do seu canto.

- Mais ou menos oito meses. – respondeu Rony... – Algum tempo depois que comecei a vim aqui.

- E vocês ficaram amigos? – Harry questionou novamente... – Como?

Rony começou a explicar, esquecendo-se o motivo que o levara ali, e esquecendo-se do ferimento em seu braço e da dor que o atormentava.

- Era uma sexta-feira, eu estava vindo para o hospital na hora do meu almoço, como de costume.Passei em Hogsmead comprei uns doces na Dedosdemel e vim.Estava subindo as escadas desse andar, conferindo tudo o que eu tinha dentro da embalagem, feijãozinhos de todos os sabores, sapos de chocolates, caramelos cor de mel... seria um dia de festa na brinquedoteca. As crianças adoram quando eu trago doces.

- Não deveria. – interrompeu Gina voltando a fazer um curativo nele.

- Já conversamos sobre isso Gina. – respondeu se ajeitando na cama... – Continuando...

Quando eu estava quase chegando na brinquedoteca, eu escutei um choro fraquinho vindo da enfermaria aqui do lado. Pelo barulho eu percebi que não era um adulto. Resolvi entrar e ver quem era. Era a Mel. Estava sentada na janela, olhando para o lado de fora com um urso na mão, e chorava baixinho. Ela parecia um pouco angustiada, parecia sofrer. Então foi ai que eu comecei a conversar com ela...

Rony fechou a porta atrás de si e andou devagar para perto da menina. Não queria assustá-la. Sentou-se no parapeito da janela ao lado dela, mas não disse nada. Viu a menina virar o rosto em sua direção e depois voltar a olhar para a paisagem do outro lado do vidro. Ficou uns minutos em silencio esperando que ela dissesse alguma coisa.

- O Senhor é medibruxo aqui no hospital? – Mel perguntou entre os soluços, enquanto limpava o rosto molhado... – Veio cuidar de mim?

- Não eu não sou medibruxo. – respondeu aliviado, por ela ter falado com ele... –Eu venho aqui às vezes brincar com as crianças, na sala de brinquedos... Você sabe onde é?

Ela respondeu afirmando com a cabeça e voltou a olhar pela janela. As lágrimas ainda escorriam pelo rosto, deixando Rony com a impressão de que as sardas no rosto da pequena começavam a manchar. Rony sentiu o coração dar uma batida mais forte. Não suportava ver uma criança chorando. Ele colocou o saco de doces meio aberto do lado deles, pegou um sapo de chocolate, encostou-se no vidro da janela e voltou a falar com ela.

- Eu estava indo pra lá agora. – falou enquanto comia o doce... – Você não quer vir comigo?

- Não posso. – disse ela... – Mamãe disse que não era pra sair do quarto.

- E onde esta sua mãe?

- Trabalhando. – respondeu olhando o saco de doces... – Mais tarde ela vem me buscar.

Rony percebeu que aos poucos ela ia parando de chorar. Percebeu-a olhando para o saco e ofereceu os doces a ela, que aceitou automaticamente.

- Então qual é seu nome? – perguntou a vendo pegar também um sapo de chocolate.

- Melanie. – ela parecia um pouco concentrada e pensava antes de responder... – Mel.

- E a senhorita Melanie Mel não tem sobrenome? – perguntou com um sorriso divertido.

- Tenho. – respondeu retribuindo o sorriso... – Mas mamãe disse que não posso dizer isso a estranhos... e o senhor é um estranho.

- Sabida a sua mãe. – disse dando uma gargalhada com a inocência da menina... – Ela ta certa... e também não te disse que não pode aceitar doces de estranhos? – perguntou a vendo pegar outro sapo de chocolate.

A menina ficou seria novamente, mas antes que ela pudesse dizer alguma coisa, ele gargalhou novamente, fazendo com que ela sorrisse também.

- Eu sou o Rony. – disse esticando a mão pra ela, que prontamente apertou... – Agora não sou mais um estranho, então pode comer o quanto quiser. – continuou, resolvendo entrar na brincadeira dela e não revelando ser um Weasley.

- O senhor ainda é um estranho. – disse entre sorrisos, lambendo os dedos sujos de chocolates... – Mas eu gostei de você... e o Senhor não precisa contar pra ninguém que me deu doces, nem pra tia Gina. – falou com os olhinhos brilhando...

Para Rony ainda era estranho ver as crianças o chamando de tio, assim como era estranho ver todas elas chamar Gina de tia.Gina sempre dizia pra ele que já estava acostumada, que ele também acostumaria!

Rony não pode deixar de sorrir, ao vê-la pegar mais um sapo de chocolate e começar a se lambuzar. Viu a tristeza evaporar dos olhos dela. E aquele olhar lhe lembrava alguém. Aquele brilho intenso nos olhos castanhos lhe trazia lembranças de um passado que ele tentava esquecer. Resolveu não se perturbar com aquilo.

- Eu não conto pra tia Gina, ruivinha! – falou bagunçando os fios ruivos dela... – Será um segredo nosso.

Nesse momento Rony olhou para o barulho que vinha da porta, uma mulher entrava distraidamente enquanto rabiscava na prancheta que trazia em frente ao rosto.

- Mel, meu amor, esta na hora de tomar outra poção! – falou abaixando a prancheta e olhando pra menina, paralisou ao ver que ela não estava sozinha.

- Oi Agatha. – cumprimentou Rony, enquanto pegava sua sacola de doces... – Tudo bem?

- Tudo ok Rony. – respondeu pegando Mel no colo e colocando na cama... – Me desculpe Rony, mas você não deveria esta aqui... se sua irmã descobre...

- Calma Agatha. – disse levantando-se da janela... – Por que esta nervosa?

- Não é nada demais. – respondeu controlando o tom de voz... – Só que Mel não pode receber visitas, são ordens da mãe dela. Você entende... se sua irmã descobrir!

Rony estranhou o comportamento da estagiária, e estranhou o fato da mãe da menina não deixa-la receber visitas. Resolveu não contestar, Gina era rigorosa com seus pacientes e se a menina realmente não poderia receber visitar Agatha estaria em apuros se Gina descobrisse.

- Ta bom Agatha. – disse andando pra perto dela e passando o olho rapidamente pela prancheta... – Eu não conto pra Gina, se você também não contar quando eu vier aqui novamente, combinado?

Agatha estava confusa, não conseguiu entender o que o ruivo queria. Vendo que ela não tinha conseguido entender ele continuou...

- Esta aqui nesse papel... – falou apontando para o papel na prancheta da estagiaria... – que a ruivinha volta aqui em quinze dias. Eu voltarei para visitá-la, e você continua guardando segredo?

Agatha retornou a mesma expressão serena de quando vinha entrando pela porta, olhou de Mel para Rony. Vendo que a menina, enfim tinha parado de chorar e até esboçava um sorriso, resolveu concordar, mesmo sabendo que isso lhe traria problemas futuramente.

- Tudo bem. Eu não conto. – respondeu com um sorriso... – Nem sobre os doces Rony. – terminou tentando manter-se séria, olhando para a pequena sacola que ele carregava.

Mel triplicou o sorriso que tinha no rosto, enquanto Rony agradecia a mulher.

- Eu vou indo ruivinha. – ele falou depositando um beijo na bochecha dela e depois cochichando em seu ouvido... – Trago mais doce da próxima vez.

Sem que ele esperasse Mel o abraçou, agradecendo. Ele retribuiu o abraço, e sentiu alguma coisa dar cambalhotas no meio do seu estomago. Sentia-se estranhamente feliz, e enquanto Gina não descobrisse, ele continuaria vindo visitá-la sempre que ela estivesse no hospital...


- Então Agatha o ajudou esses meses todos? – perguntou Gina, passando um creme verde pastoso sobre o machucado dele, e o fazendo beber uma poção.

- Sim. – respondeu de cara feia, pelo gosto amargo do liquido... – Mas não brigue com ela, não tinha nada demais... eu só queria continuar vendo a Mel. Agatha passou a me dizer todas as vezes que ela vinha aqui.

- Então, se eu entendi... – começou Harry, andando para perto deles na cama... – Desde então você encontra a Mel, toda vez que ela vem ao hospital?

- Exatamente. – respondeu, olhando a menina que agora respirava tranqüilamente na cama e voltando a contar a historia...

- ... Oi ruivinha. – disse entrando na mesma enfermaria quinze dias depois... – Como você esta?

-Rony! – falou pulando na cama e dando um abraço nele... – Ta tudo bem. Só não gosto dessas coisas ruins que a tia Gina me faz tomar. – continuou fazendo uma careta... – Mas mamãe disse que é pra eu ficar boazinha logo.

- E sua mãe ta certa. – disse sentando-se ao lado dela na cama... – Você tem que tomar todos os remedinhos que a tia Gina pedir, pra poder sarar logo. Ta bom!

- Eu tomo tudinho Rony. – disse colocando a mão na cintura e erguendo uma sobrancelha... – Eu sou uma mocinha!

Rony gargalhou com vontade, como não fazia há algum tempo... – Ok então “mocinha”, por você ser boazinha com a tia Gina, eu lhe trouxe um monte de doces. – tirou do bolso uma pequena sacola e entregou na mão dela.

- Eba. – gritou Mel, comendo um sapo de chocolate... – É o que eu mais gosto... mas espera. – ela parou de comer e olhou pra ele erguendo a sobrancelha novamente... – Eu te falei agora que a tia Gina me das essas coisas ruins, então você trouxe o doce antes de saber?

- É. – respondeu Rony segurando uma risada. Vendo que a menina era esperta... – Mas eu só estou te dando por que você foi boazinha, do contrario eu ia levar tudo de volta.

- Você ia fazer isso comigo? – perguntou com um olhar questionador, fazendo biquinho.

Rony não conseguiu mais se controlar e começou a sorrir, fazendo cosquinhas nela, vendo a menina se contorcer pelo colchão. Sentia-se mais homem ajudando no hospital, sem pedir nada em troca. Sentia-se realizado com cada sorriso que recebia, e quando esse sorriso vinha de uma criança sua felicidade triplicava. Mas com Mel, não conseguia explicar, era uma variedade de sentimentos e emoções. Tinha passado os últimos quinze dias ansioso para vê-la novamente...

- Para Rony. – Mel pediu entre as gargalhadas, tentando afastar as mãos do ruivo... – Por favor, para.

Rony parou, afastou as mãos dela, que voltou a se endireitar na cama. Ele pegou um sapo de chocolate e começou a comer.

- Sabe que esse também é meu preferido. – disse ele, enquanto observava ela colocar as mechas ruivas pra trás da orelha... – Você tem bom gosto ruivinha! Do que mais você gosta?

- Gosto de chocolate, quadribol, livros, filme... – começou ela a enumerar uma lista interminável.

Rony prestou atenção em tudo o que ela disse, ou em quase tudo, algumas vezes pegava-se distraído reparando nela, nos cabelos ruivos, nas sardas espalhadas pelo corpo, no sorriso que lhe parecia familiar, a forma com que erguia a sobrancelha e o olhar. Aquele olhar definitivamente lhe lembrava Hermione. Mas assim como da outra vez, tentou não pensar sobre isso, e em todas as lembranças que vinham juntas.

- Hey Rony. – Mel balançava a mãozinha na frente do roso dele... – Rony ta dormindo?

Parecendo sair de um transe ele voltou a olhar pra ela, com um sorriso, e olhou para o relógio, seu horário de almoço estava quase terminando.

- Não, meu amor, eu estou acordado. – respondeu dando um beijo na testa dela... – Agora eu tenho que ir ruivinha, mas eu volto e da próxima vez trago uma surpresa pra você.

- Ma você já vai embora. Por quê? – perguntou fazendo biquinho novamente, o que fez Rony lembrar de James.

- Por que eu tenho que trabalhar, e antes ainda tenho que falar com a sua tia Gina. – respondeu ele... – Toda vez que eu venho aqui ela me machuca um pouquinho, e tira meu sangue... – terminou imitando o biquinho dela e apontando o braço.

- Francamente Rony. – disse ficando em pé na cama... – Com medo de um furinho? Eu não tenho medo... a tia Gina também faz furinho no meu braço!

- Você não tem medo por que é uma “mocinha” . – disse apertando ela em um abraço... – Mas eu, bom... eu não consigo evitar!

- Faz assim. – ela respondeu, fazendo um carinho com a ponta do polegar na bochecha dele... – Pensa em mim quando a tia Gina for fazer furinho em você também, assim você não fica com medo.

Rony sentiu o coração batucar descompassado por debaixo da sua camisa, e o estômago revirando tentando a todo custo saltar pela boca. Realmente não conseguia entender como aquela menininha conseguia provocar sensações tão intensas nele.

- Vou pensar ruivinha. – respondeu devolvendo o gesto, dando-lhe outro beijo e saindo do quarto feliz, ansiando pela próxima vez que veria a menina de novo...


...

Agatha Thomps entrou novamente pela porta, segurando um tipo de bandeja, em cima um amontoado de frascos coloridos. Trazia todas as poções que Gina tinha pedido.

Ao ver a estagiaria entrar Gina deu a volta na cama e pegou a bandeja da mão dela depositando sobre a mesinha com os outros fracos de poção.

- Obrigado Agatha. – falou séria... – Agora pode se retirar! Se precisar eu a chamo novamente.

Sem entender a estagiária virou o calcanhar e começou a andar novamente na direção da porta.

Harry, que conhecia muito bem os ataques de fúria dos Weasley’s , ficou com pena quando viu Agatha entrar no quarto, prendeu a respiração quando viu Gina andar decidida pra perto dela, no entanto ficou surpreso ao ver Gina falar em um tom baixo e calmo. Ficou mais surpreso ainda ao ver um pequeno sorriso brotar no rosto da ruiva, antes dela se virar e voltar a cuidar de Rony.

- Beba isso Rony. – ordenou a Rony... – Sem reclamar!

Rony começou a beber o liquido com cara de poucos amigos, mas finalmente sentindo a dor em seu braço esquerdo diminuir.

- Rony? – chamou Harry... – Eu ainda não entendi como foi que você passou a chamá-la de filha?

- Foi há pouco tempo atrás. – respondeu depois de beber a ultima gota do frasco... – A Agatha me ligou dizendo que ela tinha vindo pra cá, por que estava doente, e que pediu pra me ver, era um pouco tarde... eu vim correndo! Foi nesse dia que surgiu oficialmente a relação “Pai e Filha” . – terminou fazendo um sinal de aspas com os dedos, e começando a explicar novamente...


-... O que aconteceu com ela Agatha? – Rony perguntou já parado na frente da estagiária, estava com o peito arfando, era a conseqüência por ter subido os lances de escada correndo.

- Ela está com pneumonia.

- Hãm? – Rony não entendeu, nunca tinha escutado falar de uma doença com esse nome.

- É uma doença trouxa. – começou a explicar Agatha, olhando de relance para a escada atrás do ruivo... – Ela é filha de pais bruxo e trouxa. Gina já deve ter explicado alguma coisa sobre isso...

- Já sim. – completou Rony... – Mas o que é exatamente essa doença? E como afeta a Mel?

- Pneumonia é uma infecção nos pulmões. Ocorre normalmente quando há uma falha nos mecanismos de defesas do organismo. A Mel estava resfriada há pouco tempo, o que é comum na idade dela, mas como o organismo dela já estava fragilizado o resfriado agravou e agora ela esta com pneumonia. Você já teve gripe Rony?

- Sim. – ele respondeu alarmado.

- É mais ou menos isso, só que mais grave. Agora a Mel esta sendo tratada, não se preocupe. – Agatha respondia ainda com a atenção na escada... – Ela chegou aqui há algumas horas, ainda esta com muita febre, tossindo e respirando com dificuldade. Olha Rony. – ela deixou de vigiar a escada e voltou sua atenção pra ele... – Eu só te chamei por que a Mel insistiu muito, e com você aqui talvez ela fique mais calma e consiga dormir depois de tomar as poções. Mas você tem que ser breve, a mãe dela esta aqui, na sala com a Gina. Rony lembra que a Mel não pode receber visitas? Se a mãe dela e sua irmã descobrem que deixo você vê-la eu posso perder meu emprego.

- Mas, o que tem demais? – Rony perguntou curioso... – Eu gostaria de conhecer a mãe dela!

- Não. – Agatha apressou-se em dizer... – Você me prometeu que guardaria isso em segredo. Eu confiei meu emprego a você...

- Tudo bem Agatha, não se preocupe!Eu não falarei nada. – disse para acalmá-la.

- Obrigado Rony. – respondeu voltando a vigiar a escada... – Eu acho que você tem uns 20 minutos antes da mãe da Mel subir novamente. Eu vou vigiar a porta do consultório da sua irmã, quando elas acabarem eu venho te avisar. – disse enquanto caminhava pra perto da escada... – Faça Mel beber todas as poções que esta em cima da mesa. Com você quem sabe ela beba com mais facilidade.

Rony abriu a porta da enfermaria devagar. Já estava acostumado com aquele lugar. O quarto estava escuro, sendo mal iluminado somente pela luz que vinha de um poste que ficava na rua. Ele viu Mel deitada encolhida embaixo de uns dois cobertores. Caminho lentamente e sentou-se perto dela na cama. Com o movimento ele viu a menina virar e lançar um sorriso fraco pra ele.

- Oi ruivinha. – falou depositando um beijo na testa quente dela... – Como esta se sentindo?

- Eu to com dor. – falou ela com dificuldade... – E não to conseguindo respirar direito.

- Mas isso é por que você não quis tomar todos os remédios que a tia Agatha queria te dar. – falou olhando sério pra ela... – Mas como eu sei que você é uma mocinha, eu vou te dar e você vai tomar não vai?

- Vou. – respondeu meio contrariada sentando-se na cama... – Mas só por que é você que ta pedindo.

Rony não deixou de sorrir com o bico que ela fazia. Com James era a mesma coisa, vez ou outra Harry e Gina acabavam recorrendo a ele. Sentou-se mais perto dela, pegou um frasco de poção abriu e estendeu pra ela, que aos poucos foi bebendo todo o seu conteúdo.

- Rony você fica aqui comigo hoje? – pediu ela devolvendo a ele o frasco vazio.

- Eu não posso ruivinha. – respondeu com um nó na garganta... – Lembra que sua mãe esta aqui? Mas daqui a pouco o seu pai chega e ...

- Eu não tenho pai. – disse ela interrompendo ele.

Rony viu uma lagrima escorrer pelo rosto dela. Talvez pela febre ou pela dor no corpo causada pela gripe, ou por falar do pai, pensou ele.

- Por quê? Seu pai morreu? – ele perguntou receoso, enquanto enxugava a lágrima com o polegar e estendia outro frasco para que ela tomasse.

- Eu não sei. Mamãe nunca fala dele. – respondeu bebendo o liquido... – Ela não gosta de falar dele, sempre briga com a vovó por causa dele.

- A sua mãe deve ter motivos pra isso. – ele disse pensando que talvez o pai não quisesse a filha... – Você não tem raiva dela não é? – perguntou sério.

- Não. – respondeu com um sorriso... – Eu amo a mamãe!

Rony sorriu também e ao colocar a mão na testa dela viu que a febre estava diminuindo. As poções estavam fazendo efeito.

- Rony? – ela começou meio envergonhada

- Diga.

- Você poderia ser meu pai não é? – ela disse e Rony olhou pra ela assustado... – O meu cabelo é parecido com o seu, essas manchinhas que você tem no rosto eu também tenho... então você poderia não é?

Rony definitivamente estava assustado, realmente ele poderia ter uma filha da idade dela. Com o cabelo igual ao dela, e com sardas espalhadas pelo corpo. Mas ele também não se importaria se sua filha tivesse cabelos castanhos ao invés de ruivos, e cheios ao invés de lisos. Não se importaria se ela adorasse livros e...

- Rony?

Ele saiu de seus devaneios quando, escutou Mel o chamar... – Oi ruivinha. - respondeu com um sorriso bobo e nervoso.

- Eu sei que você poderia. – disse abaixando o rosto... – Mas você não precisa se não quiser. Pode continuar sendo só o Rony.

E ela continuou assim, com a cabeça baixa, o cabelo caindo escondendo um pouco o rosto.
Rony um pouco mais nervoso do que deveria estar esticou o braço pra perto dela, levantando seu rosto, fazendo a menina olhar pra ele novamente.

- Você quer que eu seja seu pai Mel? – perguntou a vendo afirmar com um sorriso... – Então eu posso ser seu pai! – terminou dando um abraço nela.

- Obrigado Rony. – respondeu se afastando dele... – Quer dizer... papai!

Rony abriu um sorriso carinhoso pra ela, mas depois voltou a ficar sério novamente... – Ok, como agora sou oficialmente seu pai, isso quer dizer que você mocinha tem que me obedecer. – disse levantando-se e ajeitando a coberta dela... – Então pode bebendo todo o conteúdo desse frasco, sem reclamar! – ele deu a ela o ultimo frasco da mesinha, e pela cor ele sabia ser uma poção do sono. Mel bebeu tudo estranhamente sem reclamar. Depois que ela lhe devolveu o frasco vazio, Rony a fez deitar na cama novamente.

- Papai, você pode contar aquela história de novo? – pediu a ruiva.

- Claro que posso. – respondeu ele... – Era uma vez três amigos inseparáveis, dois meninos e uma menina, um dia eles decidiram que seria legal enfrentar um xadrez bruxo vivo...


...



- E foi assim que eu virei o pai dela. – Rony virou-se para Harry e continuou falando... – Depois que eu sai do quarto Agatha me disse que ela ficaria ali por pelo menos mais uma semana, e toda vez que desse, ela ia me chamar para poder ver a Mel.

Rony espantou-se quando viu Gina sentar ao seu lado. Uma lágrima caindo pelo rosto da irmã que o abraçou com carinho.

- O que deu nela? – perguntou silenciosamente para Harry, e viu o amigo balançar os ombros indiferente... – Gina por que esta chorando?

- Não é nada Rony. – respondeu enxugando as lágrimas, com a manga do uniforme verde oliva de medibruxa... – Rony você nunca soube o sobrenome da Mel?

- Não. – ele respondeu com a testa franzida... – Agatha nunca quis me dizer. Por quê? Você sabe o sobrenome dela?

- Sim. – respondeu Gina voltando a cair no choro olhando de Harry para Rony.

- E qual é? – questionou o ruivo

- O sobrenome dela é...

- Granger. - Respondeu Hermione abrindo as portas duplas da enfermaria e caminhando com passos decididos segurando um copo com suco de abóbora... – O nome dela é Melanie Granger.

Rony derrubou a cadeira ao levantar rápido com o susto. Olhava aturdido de Hermione para Harry e Gina. Definitivamente aquilo era uma brincadeira.

- Não Hermione. – disse Harry corrigindo-a... – O nome dela é Melanie Weasley Granger!

Rony engoliu em seco varias vezes, continuava olhando os três a sua volta,olhou para Mel, voltando a alisar os cabelos ruivos dela, agora sim começando a compreender tudo. Rony começou a sentir o corpo tremer, seu rosto estava contorcido de raiva.

- Como é que é? – perguntou frisando cada palavra tentando a todo custo controlar o tom de voz.


...

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