Explicações?



Cap 14: Explicações?



Depois de passar alguns segundos limpando a roupa, Harry começou a observar o lugar. Olhando ao seu redor, Harry notou os móveis rústicos e confor¬táveis, os quadros nas paredes, a pequena varanda que dava para o mar. E num canto próximo à lareira, uma estante repleta de li¬vros sobre os mais variados assuntos.

- É, vejo que você continua apaixonada por livros. – afirmou Harry, virando-se para Hermione novamente, depois de um giro completo observando a casa.

- É, eu continuo - respondeu Hermione, ainda de pé, perplexa.

Foi então que Harry fixou o olhar nela, observando-a. Há pele um pouco mais morena do que ele se recordava, ainda longos cabelos castanho cacheados, um pouco mais arrumado. Sua silhueta esguia, as pernas longas e bem torneadas, reveladas pelo tamanho do vestido, e a pele com um bronzeado acetinado, mesmo estando no meio do inverno.

– Finalmente achei você, Hermione? – disse ainda de pé.

O susto de ver Harry ali foi tão grande, que ela sem perceber continuava apontando a varinha pra ele. A perplexidade estampada no rosto.

- Harry como me descobriu? – perguntou assim que conseguiu falar.

Depois de tanto tempo, ninguém nunca tinha descoberto onde ela morava! Como Harry tinha encontrado? Não era possível, ela não queria mais contato com ninguém muito menos com Harry. Seus pensamentos foram interrompidos com a voz de Harry.

- Será que posso sentar Hermione? – perguntou olhando dela para Gina... – Acho que temos muito que conversar!

Gina mantinha-se em pé, a varinha, ela já tinha devolvido ao bolso. Não sabia exatamente o que pensar. Não sabia se ficava feliz ou triste. Feliz por que com Harry ali, talvez Hermione tomasse alguma atitude. Triste por perceber que Harry lhe lançava um olhar de desprezo. Foi até um canto da sala e sentou-se um pouco afastada de Harry e Hermione.

- Sente-se. - respondeu Hermione... – Mas primeiro responda como chegou aqui? Como conseguiu entrar pela lareira? A casa está protegida... eu usei os mais poderosos feitiços, você não poderia entrar sem minha autorização e...

- Sente-se Hermione. – interrompeu Harry... – Talvez você não concorde comigo, mas, acho que sou eu que tenho que fazer umas perguntas... e quero todas as respostas!

Fazendo o mesmo que Harry, ela sentou-se no sofá de frente para ele, apoiando os braços sobre o corpo.

-Por que você veio? - Hermione perguntou direta. – Deveria estar em Londres trabalhando certo?

- Estou de férias. – respondeu, devolvendo a ela, o mesmo olhar intimidador.

- Como me descobriu? – perguntou de novo

- É uma bela casa Hermione. – disse evitando responder a pergunta... – Realmente a sua cara!

- Como chegou até aqui? – ela insistiu... – Alguém te ajudou? Alguém além de você sabe como me encontrar?


- Lin. – ele disse simplesmente... – Ela me ajudou um pouco, mas não se preocupe ninguém mais sabe.

- Ótimo. – disse ela... – Agora como me descobriu?

Existia uma brecha na segurança de sua casa. Não seria possível, tinha supervisionado tudo pessoalmente, com os melhores aurores. Seu cérebro funcionava velozmente, tentando descobrir como Harry tinha conseguido entrar!

- Por que sumiu? – ele perguntou, evitando responde-la novamente.

- Não importa.

- Por que saiu de Londres sem dizer e se despedir de ninguém?

- Por que eu quis! – ela disse grossa

- Por que você quis!Simplesmente decidiu sumir, sem se despedir de mim, seu irmão, sem se despedir dos Weasley’s, sem se despedir do Rony.

- Não meta o Ronald nisso, você não sabe de nada! – disse grosseiramente.

- Por que você não me contou!- ele rebateu... - O que houve?

- Não é da sua conta!

-Ah, não é da minha conta, certo! - disse Harry levantando-se do sofá, já impaciente com a formalidade e grosseria de Hermione com ele... – Pensei que fossemos amigos, irmãos, que soubéssemos tudo o que acontece um na vida do outro!

-Parece que não sabemos mais! – respondeu ela levantando-se também impaciente, então cruzou os braços antes de virar pra ele e falar novamente... – E eu não vou responder a mais nenhuma pergunta sua, antes que você me diga como me descobriu? Como foi que você chegou aqui? – terminou com há voz um pouco elevada.

Harry então olhou para ela, com uma expressão indefinida, cruzou o braço ameaçador também antes de dizer com simplicidade.

- Gina!

Gina que até agora, observava a conversa deles de um canto da sala, como simples expectadora, levantou-se assustada com o olhar de fúria que recebia de Hermione, e o desaprovador que vinha de Harry.

- Espera ai. – disse vacilante... – Eu não disse nada! Eu não contei ao Harry.

Hermione olhou de Harry para Gina. Incapaz de se decidir em quem acreditar. Tentando descobrir como Harry estava ali. Tentando descobrir onde tinha falhado.

- Eu não me expliquei direito. – disse Harry por fim, conseguindo a atenção delas... – James, que me contou, porém se Gina não o tivesse trazido aqui eu...

- James! – repetiu Gina com um ar maroto.


- Mas não é possível. – contestou Hermione... – James vem aqui há muito tempo... nunca disse nada, além do mais ele...

- Guarda segredos. – Harry completou sarcástico... – Eu sei disso Hermione! Ele só deixou escapar hoje pela manhã. Foi sem querer, um descuido. Afinal ele é apenas uma criança!Ele queria saber por que a Gina não esperou ele pra ver a tia Mione. – terminou olhando de lado para a ruiva.


Hermione ficou calada, e andou novamente para perto da janela. Harry podia jurar que pela expressão em seu rosto ela começava a encaixar os fatos. Começava a entender!

- Mas se você esta aqui. – Gina falava preocupada... – Com quem está o James e o Sirius?

- Com a Lin, na minha casa.

- Eu não consigo entender. – Gina se pronunciou mais uma vez... – Mesmo que James tenha falado que eu o trouxe aqui, ele não saberia te explicar como chegar aqui. Hermione tomou todos os cuidados. Você não conseguiria chegar e...

- Por que não deixamos a Hermione falar. – interrompeu Harry, virando-se para olhar Hermione... – Por que você não explica a ela como cheguei aqui Hermione!


Hermione continuou parada no mesmo lugar, olhando a paisagem do lado de fora. Sabia exatamente como Harry tinha conseguido chegar ali, como essa possibilidade nunca tinha passado pela sua cabeça.

- Então Hermione? – insistiu Harry

Ela virou-se antes de começar a falar... – Foi simples Gina. Alias simples demais. Eu deveria ter imaginado isso, quando James veio aqui à primeira vez. Eu deveria ter imaginado!

- Imaginado o que Mione? – perguntou Gina curiosa

- Você não vê Gina? – perguntou ela com um ar de entendimento... – O Fiel do segredo... o feitiço permitiu que Harry entrasse.

- Como? – quis saber Gina... – Harry teria que ler o endereço no papel entregue por você, não é?

- Em tese sim. – começou a explicar Hermione, com o mesmo brilho no olhar que tinha ao responder qualquer pergunta na escola... – Mas a partir do momento que James entrou aqui, demos ao Harry a possibilidade de entrar também. – Hermione tentou explicar mais detalhadamente quando percebeu que Gina não entendia... – Gina, pense! James é menor de idade, e não sabe nem ler ainda. Eu sou o fiel do segredo e o revelei a você. A partir do momento que você começou a trazer James, mesmo ele não sabendo o endereço, ele também possui a essência do segredo dentro dele.

- Eu sei disso. – interrompeu Gina... – Mas...

- Mas. – completou Hermione... – James continua sendo menor, e os responsáveis por ele podem realizar um feitiço que dar a eles o conhecimento do segredo, sem que o fiel diga. – ela terminou sentando-se no sofá novamente e abaixando a cabeça.

- E que feitiço é esse? – perguntou Gina

- Segredo Revélius. – Harry que respondeu... – James é uma criança, qualquer tipo de magia que ele tiver contato, nós poderemos saber! Depois fui por intuição, sei que não gosta de aparatar com James. – continuou olhando para Gina... – E imaginei que você não usaria a lareira da Toca. Então resolvi ir ao hospital e tentar a da sua sala, e eu estava certo!

Gina que agora tinha entendido perfeitamente sentou-se novamente no canto da sala, com um olhar perdido, ainda recebendo o mesmo olhar de desprezo de Harry.

- Agora que vocês sabem como eu cheguei aqui. – continuou ele , sentando-se também... – Eu quero saber por que você saiu de Londres Hermione?

- Não é da sua conta, já disse! – respondeu mal-humorada.

- Não adianta me tratar assim Hermione. – completou ele, severo... – Eu não vou embora, antes de obter todas as respostas que eu quero!

- Eu não tenho o que responder Harry. – disse sem olhar pra ele... – Só não queria mais viver em Londres!

- Ótimo você tinha todo o direito. – falou começando a se irritar... – Só não tinha por que sair sem se despedir de ninguém. Como uma fugitiva no meio da noite!E eu quero saber o porquê de você ter feito isso!

- E se eu não quiser responder?

- Caramba Hermione. – disse alto demais, levantando-se... – Você tem noção de como eu fiquei, quando você sumiu? Depois de ter encontrado você daquele jeito, desmaiada? No dia seguinte fui a sua casa e ela estava fazia? Você tem a mínima noção do medo que eu senti, por não saber onde você estava?

- Harry. – tentou ela num sussurro.

- Hermione, eu procurei por você quase o dia inteiro? – continuou quase gritando... – Fui a todos os lugares possíveis pra te encontrar, Hogwarts, a casa dos seus pais, a casa do Rony e a Toca... você por acaso sabe como o Rony ficou, quando a Gina nos contou que você tinha vindo morar aqui, na Espanha?

- Não meta o Ronald nisso. – respondeu levantando-se também... – Eu já disse!

- Não coloca-lo nisso! – disse incrédulo... – Ele esta metido nisso, ele foi quem mais sofreu...

- Sofreu? – gritou ela... – Sofreu? Eu já falei que você não sabe de nada, não defenda seu amigo!

Harry arfava e sentia o coração bater descontroladamente, saiu de perto de Hermione e começou a dar voltas perto da Janela. Enquanto Hermione continuava parada no mesmo lugar, sentindo a respiração pesar mais a cada segundo.

- Então por que você não começa a me contar. – disse impaciente... – Quem sabe essa coisa ruim que to sentindo por você agora, não desaparece!


Hermione olhou para ele, tentando avalia-lo, tentando descobrir a melhor forma de dizer o mínimo ao amigo. Quem sabe assim, ele não iria embora e com sorte, não diria nada a ninguém. Seria o tempo suficiente para ela mudar de casa!


- Eu recebi a proposta para trabalhar aqui. – começou a falar calmamente... – Era irrecusável, fiquei com medo de contar a vocês, medo de que me fizessem desistir, quer dizer, fiquei com medo de não ter coragem de vir! Por isso optei por sair no meio da noite, sem dizer a ninguém!Por isso todos esses anos eu preferi me manter longe e...

- Hermione. – Harry interrompeu com raiva... – Não queira me fazer de bobo, nós sabemos que isso tudo é mentira! Eu repito, só saio daqui depois da verdade. – terminou vendo que a amiga o observava cansada.

- Essa é a verdade. – continuou encarando ele... – Não posso fazer nada, se você não quer acreditar!

- Hermione. – agora gritou sem conseguir se conter... – Por todos os anos que passamos juntos, por todas as coisas que passamos juntos... e pelo amor que eu sei, você sente por mim. Diga-me a verdade!

Hermione congelou no lugar onde estava, sentindo o coração pulsar cada vez mais rápido, e as lagrimas que ela tentava segurar desde que viu Harry entrar pela lareira encontrarem com mais rapidez o caminho dos seus olhos! Virou-se a tempo de limpar a lagrima solitária que descia pela bochecha antes de virar-se pra Harry novamente!

- Não importa o por que de eu ter vindo morar na Espanha. – dizia andando pra perto dele furiosamente... – Não importa por que sai no meio da noite sem me despedir! Não importa por que não mantive contato todos esses anos!

- Você não entende Mione. – disse num sussurro pra ela... – Que pra mim importa. Sempre importou! Me importou quando fui promovido, e você não estava lá comigo pra comemorar! Me importou quando James nasceu, e você não estava lá comigo, pra dividir a minha felicidade, e me importou todos os dias dos últimos seis anos em que não deixei de pensar em você... não deixei de pensar na minha irmã!

Hermione agora não conseguia segurar as lagrimas que corriam livres por seu rosto.A verdade era que todos esses anos também tinha sentido muita falta de Harry, e também vontade de dividir com ele, todas as suas vitórias e descobertas. Mas tinha escolhido um caminho: manter-se longe. Agora não poderia voltar atrás, ou talvez tivesse que voltar atrás! O problema era voltar, ainda não estava pronta!Tentava segurar as lagrimas, e não percebeu quando Harry a abraçou!

- Senti sua falta Mione. – disse apertando o abraço

- Eu também Harry, muita. – respondeu entre soluços, correspondendo ao abraço.

Ficaram assim por um longo tempo, até Harry se afastar dizendo... – Agora me conta Mione, por favor!


- Ta bom. – ela respondeu andando novamente pra perto do sofá... –Eu vou contar!

Naquele momento Harry se viu com a atenção presa em um porta retrato que ficava em uma mesinha encostada a parede atrás de Hermione. Não tinha reparado nas fotos espalhadas pela sala antes. Talvez não estivesse enxergando bem. Piscou os olhos varias vezes, talvez seus olhos estivem lhe pregando uma peça.

Hermione voltou sua atenção a Harry, quando viu a expressão dura no rosto dele mudar gradativamente de felicidade para o incrédulo. Resolveu olhar na direção que ele olhava, seu coração começou a bater rápido demais embaixo do vestido, colocou a mão no bolso a procura da varinha. Contudo Harry foi mais rápido que ela.

- Accio porta-retrato. – ele gritou feroz.

Hermione viu o porta retrato voar ligeiro da mesinha para as mãos de Harry, como se um imã invisível os atraísse.

Talvez seus olhos o tivessem pregando uma peça. Tirou os óculos esfregando os olhos ainda incrédulo.Naquele momento queria verdadeiramente que seus olhos lhe tivessem pregando uma peça, ou que estivesse entendendo tudo errado, ou talvez Hermione tivesse uma ótima explicação para aquilo.

Gina e Hermione olhavam para ele apreensivas, esperando que ele fizesse alguma coisa, esperando que ele demonstrasse alguma reação. Enquanto Hermione olhava para ele apreensiva e com as mãos suando dentro do bolso, Gina que continuava no canto da sala com o mesmo olhar apreensivo conseguia esconder um pequeno sorriso de canto de boca.

- Me diz que isso não é o que eu to pensando? – perguntou Harry olhando estupefato para Hermione... – Diz que eu estou enganado!

Mesmo com toda sua inteligência, mesmo tendo sempre um raciocínio rápido, não conseguiu pensar em nada para dizer a Harry que não fosse a verdade. Mas não precisou responder com palavras, apenas continuou olhando para ele.

- Droga Hermione, diz que você não fez isso! - Continuou agora olhando para a foto novamente.

No porta-retrato de moldura colorida, tinha uma foto de Hermione entre duas crianças, duas meninas idênticas, ao fundo podia-se ver um grande oceano., enquanto elas davam beijos e abraços em Hermione que sorria encantada.
Harry agora andava pela sala e outros porta-retratos entravam no seu foco de visão. Cada um com uma foto diferente. Um com dois bebes, dormindo tranquilamente, duas meninas arriscando dar os primeiros passos, as mesmas meninas agora um pouco mais velhas tentavam apagar a vela em cima de um bolo todo colorido. Agora prestando mais atenção podia ver muitos retratos espalhados pela sala.

Quanto mais via, mais decepcionado ficava. Colocou o porta-retrato que ainda segurava na mão, sem perceber, em cima do sofá e pegou outro que mesmo não sendo nenhuma surpresa o impressionou mais: as mesmas meninas pintavam o rosto de Gina que gargalhava com a brincadeira!
Harry devolveu o retrato ao lugar e voltou a andar de um lado para o outro novamente, perdido em pensamentos. Não conseguia acreditar no que via. “ Elas não fizeram isso, é horrível demais.”

- Quem são elas? – ele perguntou, tendo uma idéia da resposta.

Vendo Hermione e Gina trocarem olhares cúmplices sem responder nada, ele perguntou novamente.

- Quem são elas, Hermione?

- São minhas filhas! – resmungou, olhando para ele.

- Suas filhas com quem? – perguntou mesmo já sabendo a resposta.

- E isso importa? – questionou ela.

- Claro que importa. – disse irritado... – Suas filhas com quem?

- Não lhe parece obvio? – perguntou erguendo uma sobrancelha... – Com o Ronald!

Harry sentou-se em uma cadeira sem conseguir se manter em pé. Os acontecimentos a seguir foram tão rápidos que o deixou completamente sem ação. Escutou uma porta bater com força, seguido de risadas. Então viu as mesmas menininhas das fotos entrarem correndo pela sala e pularem no colo da ruiva que ajoelhou-se no chão para ficar no mesmo tamanho que elas.

- Como estão as minhas princesinhas? – perguntou sorrindo enquanto abraçava elas.

- Muito bem tia Gina! – responderam juntas.

- Eu posso saber por que estão imundas? – perguntou, vendo a roupa delas antes branquíssimas, com manchas de lama.

- Nós estávamos jogando quadribol tia Gina. – respondeu Milly eufórica... – Subimos na vassoura e tudo.

- O que? – perguntou Hermione, esquecendo-se momentaneamente de Harry... – Subiram em vassouras? Quem deixou? Eu não gosto de vassouras!

- Foi o padrinho mamãe! – respondeu Mel... – Claire também subiu!

Harry ficou parado no mesmo lugar em um silencio profundo, sentia cada músculo do seu corpo tenso com a raiva, rapidamente substituída por sentimentos diferentes. Sentia-se estranhamente alegre por conhecer as filhas de Ron, e imensamente triste pelo amigo não ter a mínima noção de que elas existiam. Estava decepcionado com as atitudes de Hermione, não conseguia pensar em nada realmente forte para aprovar que ela escondesse as filhas por tantos anos, e sentia-se traído por Gina que sabia o tempo todo e não confiou nele para contar e principalmente por ela ter escondido as meninas esse tempo todo de Ron. Sacudiu a cabeça, esperando assim afastar aqueles pensamentos e voltou a prestar atenção ao que acontecia ao seu redor.

- Mel que manchinhas roxas são essas no seu pescoço e no seu braço? – perguntou Gina, assumindo rapidamente um tom profissional... – Você caiu ou bateu em algum lugar?

- Não tia. – respondeu vendo Hermione se aproximar... – Hoje quando eu acordei elas estavam no meu braço.

- Ontem de manhã ela não estava com essas manchas. – disse Hermione preocupada, olhando os bracinhos de Milly também... – Pode ser grave Gina?

- Não Mione. – respondeu calmamente... – Ela pode ter batido em algum lugar sem perceber, só isso.

- Quem é ele? – perguntou Milly apontando Harry

Hermione levantou-se lembrando de Harry novamente que parecia nervoso com a pergunta da menina, Gina, no entanto pareceu não se abalar antes de responder.

- Ele é o pai do James. – respondeu sorrindo, olhando para elas... – O Harry! Ele ficaria muito feliz se vocês fossem lá dar um beijo e um abraço nele!

Elas mais uma vez saíram correndo e abraçaram Harry como se conhecessem ele a muito tempo. Harry no impulso retribuiu o abraço com afeto, com o mesmo carinho que abraçava o filho. E quando cada uma delas depositou um beijo em sua bochecha ele perguntou com um sorriso sincero...
- Eu posso saber o nome de vocês?

- Eu me chamo Melanie Granger, mas pode me chamar de Mel!

- E eu sou Emily Granger, mas também pode me chamar de Milly.

- Prazer Mel e Milly. – respondeu abaixando-se também... – Eu me chamo Harry Potter, mas podem me chamar de Harry. – terminou piscando.

- Mas se você é o pai do James, podemos te chamar de tio Harry, como chamamos a tia Gina? – perguntou Mel, com um sorriso radiante.

- Claro. – Harry respondeu tentando conter as lágrimas... – Vocês podem me chamar de tio!

Hermione observava tudo de longe, incapaz de dizer uma única palavra. Então Gina que parecia adaptada à situação foi quem falou novamente... – Agora as duas princesas sujinhas vão subir e tomar um banho, enquanto eu e a mamãe conversamos com o tio Harry!
Depois de alguns protestos e um olhar severo de Hermione elas subiram as escadas fazendo escândalo. Enquanto o ambiente pesava novamente na sala.
A Chegada de Harry tão repentina e inesperada somada a tensão entre eles tinha sido o motivo de não perceberam que a hora do almoço tinha passado a muito tempo. Harry e Hermione não perceberam quando Evie entrou na sala para dizer que o almoço estava pronto, e muito menos viram Gina, pedindo que ela saísse o que a elfa obedeceu prontamente.

Quando o silêncio voltou a dominar a sala Gina se recusou a demonstrar algum interesse nos amigos e olhou pela janela que tinha do lado oposto da sala, como se não houvesse mais ninguém ali. Fechou-se no mais completo silêncio, tentando ignorar os olhares desafiadores que trocavam Harry e Hermione.

Hermione olhava para Harry com o mesmo olhar desafiador de minutos atrás. Não queria explicar a ele o porquê de ter escondido as filhas por tanto tempo, isso traria lembranças dolorosas que ela não queria reviver, contudo sabia que com essa decisão ele ficaria ainda mais decepcionado. Isso não importava no momento, já tinha feito escolhas mais difíceis antes, e aquele olhar decepcionado de Harry não a machucava muito no momento! O que realmente lhe importava era saber o que Harry faria de agora em diante.

O tratou com grosseria e arrogância desde que ele chegara na esperança de faze-lo ir embora antes que ele visse suas filhas!Seu coração batia mais forte a cada minuto na esperança de que ele não as encontrasse ali. Mas como de costume o destino se metia nos seus planos e mudava tudo sem lhe pedir permissão. Sabia que agora as coisas seriam diferentes. Harry não guardaria seu segredo. Talvez a escolha de voltar não estivesse mais em suas mãos!

Harry agora lançava o mesmo olhar triunfante e intimidador de quando saiu da lareira para Hermione, mas agora naquele olhar ele tinha misturado alegria, decepção, euforia, tristeza e uma grande vontade de fazer justiça. Não entendia, não conseguia entender, por mais que pensasse e por mais que tentasse juntar todas as peças, não conseguia entender por que Hermione tinha feito aquilo. Esconder Mel e Milly do pai era desumano!

Sabia que Rony não perdoaria Hermione! Pensar que Rony explodiria, em mais ataque de fúria Weasley, o deixava demasiadamente feliz, Hermione escutaria poucas e boas e com certeza ela merecia! Mas acima de tudo estava feliz por saber que Rony ficaria encantado depois de conhecer as filhas, tão grande era o amor e carinho que dava a James.

Perdido em algumas lembranças boas de Rony e James, não escutou a pergunta que Hermione dirigia a ele.

- Hãm? – perguntou distraído.

- O que você vai fazer agora Harry? – ela perguntou novamente... – Eu quero saber o que vai fazer?

- Não lhe parece obvio? – ele devolveu a grosseria a Hermione... – Vou contar tudo pro Rony e pros Weasley’s! – terminou convicto olhando para Gina.

- Você não tem esse direito. – retrucou Hermione... – É a minha vida, você não tem o direito de se intrometer!

- Sua vida? – ele perguntou pasmo... - Não é a sua vida! É a vida das suas filhas, a vida do Rony, ele tem todo o direito de saber!

- Ele não tem direito algum! – rebateu furiosa... – São minhas filhas! Só minhas!

- Não! – Harry gritou... – Elas são do Rony também, e ele vai saber disso!Eu vou contar você querendo ao não! – continuou andando até ficar a um palmo de distância dela... – E não adianta tentar fugir novamente Mione, eu não vou permitir! Coloco os meus melhores aurores atrás de você. Coloco Rony atrás de você!

- E será que algum deles seria capaz de me encontrar? – perguntou desafiadora, não se intimidando com a pouca distância entre eles... - Consegui sumir por seis anos, não consegui?

- Então tenta sumir de novo Hermione! – disse com um pequeno sorriso, ainda olhando pra ela... – Faço você voltar, convenço Rony a abrir uma ação contra você no ministério, são as filhas dele! E todo o esforço que você faria pra fugir, seria em vão, pois teria que voltar obrigada!

Hermione pela primeira vez olhou amedrontada para ele. Se Harry conseguisse convencer Rony, o que não seria uma tarefa difícil, eles brigariam pelas gêmeas em um tribunal e isso seria doloroso demais para as filhas. Virou o rosto, não conseguindo mais encarar Harry, e jogou-se derrotada no sofá!

- Você não faria isso Harry? – perguntou receosa

- Vai pagar pra ver Hermione?

- Não! – ela respondeu por fim... – Faça o que você quiser!

Mas Harry sabia que no fundo nunca faria isso, não jogaria tão baixo, só queria amedrontar Hermione, e percebeu com gosto que tinha conseguido.

- Vamos para Londres hoje! – comunicou ele... – Contaremos tudo aos Weasley’s e...

- Não! – Hermione levantou-se... – Não podemos chegar lá assim, tenho que conversar com minhas filhas antes! Me de um tempo ok?

- Não! – rebateu Harry

- Harry, minha vida está aqui, a vida delas esta aqui. – continuou ela, tentando convence-lo... – Me deixe ir primeiro, me deixe falar com Ronald primeiro...

- Não! – ele continuou irredutível. – Não acredito em você...

Ele parou de falar, quando sentiu alguma coisa mexer dentro do seu bolso, colocou a mão e tirou de lá o celular. Não queria ser interrompido naquele momento, ia desligar o aparelho quando olhou pro visor e viu de quem era a chamada. Era Rony!

Ficou alguns segundos indeciso, sem saber o que fazer. Enquanto o celular continuava vibrando na sua mão. Olhou para Hermione e pelo olhar dela ele tinha certeza que ela imaginava que era Rony. Saiu rápido de perto dela, e se distanciou o suficiente para ela não escutar o que ele falaria.

- Oi Rony. – disse alto, só para dar a ela a certeza de que era Rony.

Depois disso começou a cochichar, enquanto Hermione andava apreensiva para perto de Gina.

- Como está às coisas ai? Alguma coisa fora do normal? – perguntou Harry o mais baixo que conseguiu.

- Até agora, ta correndo tudo bem... – respondeu Rony... – Tive que andar um pouco pra conseguir fazer essa coisa funcionar, e ligar pra você... quero pedir um favor.

- Fala ai Rony.

- Quero que você vá até o hospital pra mim. – pediu ele... – Prometi as crianças que eu iria lá hoje, mas como não dá, pensei que talvez você pudesse fazer isso!

- Claro eu vou. – respondeu Harry rápido.

- E avisa a Gina também. – pediu Rony... – Diga que passo lá assim que eu voltar! Agora tenho que ir, não posso mais me afastar do ministro. O que aconteceu Harry? – ele acrescentou rápido... – Você ta falando muito baixo!

- Não aconteceu nada Rony. – respondeu, percebendo que não poderia dizer nada ao amigo assim por telefone... – Quando você voltar conversamos, e pode deixar que eu aviso a ela. – continuou Harry virando-se ao escutar a porta da casa de Hermione bater novamente... – Qualquer coisa errada ai, de um jeito de me avisar!

- Pode deixar. Tchau! – disse Rony

- Tchau. – respondeu Harry desligando o telefone com uma sobrancelha erguida ao ver quem tinha acabado de entrar pela porta da sala... – Vitor Krum aqui? Eu devia imaginar! – disse voltando a olhar para Hermione.

- Harry Potter, é um prazer rever você! – falou Vitor, que compreendia o que estava acontecendo na sala.

Harry não respondeu apenas acenou com a cabeça, enquanto Vitor se virava na direção das garotas.

- Oi Gina, como está o James? – perguntou com simplicidade

- Oi Vitor. – Gina respondeu sem graça... – James esta ótimo!

- Mione só vim me despedir. – continuou se direcionando a morena... – Claire esta no carro dormindo.

- Ok, Vitor. – respondeu Hermione um pouco nervosa... – Como foi o treino? Hum, e por que deixou elas subirem em vassouras, eu já tinha dito que não gostava!

- Elas só subiram na vassoura. – respondeu rindo... – Não deixei que a vassoura subisse a mais que um palmo do chão. – ele esclareceu... – A sujeira na roupa foi por que o campo estava molhado e elas estavam correndo com os jogadores... a Claire não esta muito diferente.

- Entendo. – disse Hermione rindo também... – Obrigado por levar elas hoje! Elas estão tomando banho, quer subir para se despedir?

- Não. Tenho mesmo que ir. – ele disse... – Só entrei pra pedir desculpas pelo atraso e me despedir! Vou dar tchau a elas daqui de baixo mesmo! – terminou se despedindo... – Tchau Mione! Gina espero ver James em breve. Tchau Harry.

Vitor saiu da sala depois de se despedir, abriu a porta e antes de sair falou alto o suficiente pras afilhada ouvirem.

- Tchau niñas!

- Tchau padrinho. – elas gritaram em resposta.

Na sala Harry continuou olhando para o lugar onde Vitor desaparecera incapaz de falar qualquer coisa. Vitor Krum padrinho das filhas de Rony Weasley. Isso não daria certo ele pensou!

Harry continuou andando pisando forte pela sala, com os pensamentos trabalhando a todo vapor. A situação era mais séria do que imaginava. Quando saiu de casa pela manhã, tinha em mente como objetivo, convencer Hermione a voltar a Londres, convence - lá a novamente conviver com ele e com os Weasley’s. O objetivo era resgatar sua amizade. Estava feliz por ter encontrado Hermione.

Contudo tudo tinha acontecido totalmente diferente, agora tinha em mãos uma grande responsabilidade e um imenso problema. Não só tinha descoberto Hermione, como também as filhas dela com Rony. E era ai que começava seu dilema: Como contar a Rony? Devia confiar em Hermione ou não? Como contar aos Weasley’s? Como contar a Rony que Gina sabia o tempo todo e não tinha dito nada? Qual seria a reação de Rony e da família?

Ele tinha muitas perguntas, que a cada segundo se multiplicavam em sua cabeça. Mas e as respostas para elas? Ai estava o problema, ele não tinha nenhuma resposta.


Deixou de pensar temporariamente em tudo, quando ouviu um grito agudo que vinha de algum lugar da casa. E tomado pelo mesmo impulso que acometera Gina e Hermione, ele correu pro andar de cima, mesmo não conhecendo o caminho, logo atrás delas.


Se tivesse aparatado Gina não teria sido tão rápida, em poucos segundos estava abrindo a porta do quarto das gêmeas, e podia sentir que Hermione estava atrás de si, assim como Harry.

- O que houve? – perguntou desesperada, olhando de Mel para Milly... – O que é isso?

Mel estava com a blusa suja pelo sangue que escorria de seu nariz. Sem fazer mais nenhuma pergunta Gina tirou a varinha do bolso e apontou pra menina.

- Episkey. – falou ela, e viu o sangue estancar na mesma hora.

- Agora contem o que aconteceu! – falou Hermione, ajoelhando-se ao lado de Gina.

- Não sei mamãe. – respondeu Milly... – Nós estávamos aqui, colocando a roupa, e começou a sair sangue pelo nariz da Mel e...

- Não. – exclamou Gina, ao ver que o sangue recomeçava a sair pelo nariz da menina... – Episkey. – ela repetiu, vendo o sangue estancar novamente.

Harry estava parado a porta apreensivo, com a atenção nelas, porém ao entrar não deixou de reparar no quarto das garotas, todo decorado, com brinquedos espalhados e desenhos nas paredes. Com uma fisgada no coração lembrou: “ Rony perdeu tanta coisa!”

Mel estava pálida, com as mãos brancas, sentada em um banco. Estava assustada.

- O que você esta sentindo princesa? – perguntou Gina, com a mão em sua cabeça medindo a temperatura, e depois verificando a cor dos olhos... – Esta sentindo dor?

- Não. – Mel respondeu... – Dor não tia.

- Mas você ta sentindo alguma coisa? – insistiu Gina

- Sim, eu to tonta. – respondeu vendo o sangue voltar a sair do seu nariz.

- Episkey. – Gina quase gritou com um giro da varinha.

O sangue novamente estancou.

- O que esta acontecendo Gina? – perguntou Hermione preocupada

- Não tenho certeza Mione. – respondeu ainda examinando Mel... – Acho que vou ter que leva-la até o Hospital.

Assim que terminara de falar, Gina viu o sangue voltar a sair do nariz da menina... – Episkey! – falou agora muito preocupada.

O sangue parou de escorrer por uns segundos, até voltar a sair pelo nariz. Gina tentou o feitiço mais algumas vezes inutilmente. E sem ela esperar Mel desmaiou em seus braços.

- Mel. – gritaram Gina, Hermione e Milly ao mesmo tempo. Harry continuava parado a porta, atônito.

- Mel... Mel. – Milly tentava ir pra perto da irmã, e já começava a chorar... – Me larga mamãe... Mel. – Hermione segurava a filha pela cintura, e olhava atentamente para Gina.

- Mione, você já sabe o que fazer! – Gina falou muito rápido, aconchegando Mel melhor em seus braços... – Te encontro no Hospital!


- Madrinha, cuida bem dela. – pediu Milly.

- Eu vou cuidar princesa. –falou Gina, com um sorriso nervoso... – Pode deixar!


Gina apontou a varinha para a porta do quarto, falou o mais alto que conseguiu. – Accio vaso!

Era uma chave de portal e um segundo depois de tocá-la, Gina desapareceu com Mel.

Hermione levantou de um pulo. – Evie. – ela chamou e escutou um estalo ao seu lado, olhando para baixo viu a elfa... – Você sabe o que tem que fazer, não é? – vendo a afirmação da elfa ela continuou. – Espere Harry sair primeiro! – então ela virou-se para Harry, pegando Milly no colo... – Harry, você não pode aparatar, terá que sair pela lareira. Estamos no Hospital! – sem mais nenhuma palavra e com um giro rápido, ela também sumiu junto com Milly.

Harry, agindo por impulso, voltou correndo para a sala, e sem olhar para trás entrou na lareira e gritou St. Mungus!



...

N/A:
Pessoal, tenho mais um cap. escrito, então assim que der eu venho e posto!Comentem... beijos

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