E agora, o que fazer?



Capitulo 13: E agora, o que fazer?




Harry levara algum tempo para se recuperar do choque de descobrir onde Hermione estava por James. A principio tentava organizar dentro de si todos os sentimentos que viam com aquela informação. Só se desligou dos pensamentos e voltou a se lembrar onde estava quando escutou a voz do afilhado.

- Eu também quero ir na casa da tia Mione. – falou Sirius

- Ok, vamos tomar café. – disse Lin, voltando a se sentar na sua cadeira... – Harry fez isso tudo para nós. – continuou mostrando a mesa... – Depois resolvemos quem vai à casa da tia Mione.

- Mas...

- Mas nada Harry. – ela fez sinal para ele se sentar... – Vamos tomar café, por que hoje vamos brincar o dia todo. – terminou olhando para as crianças que sorriram.

Eles voltaram a tomar o café, enquanto Lin fazia brincadeiras para divertir James e Sirius.

Harry permanecia calado. Tantos anos, tantas buscas, tinha tentado de todas as formas encontrar Hermione, e, no entanto James o levaria até ela.Era inacreditável. Sua cabeça doía com o bombardeio de pensamentos. Como chegaria ate Hermione agora?O que faria? Não sabia exatamente o que fazer ainda, mas dessa vez Hermione não escaparia.

Lin percebeu a euforia de Harry. Sabia que ele estava calado por ainda não saber o que fazer... estava buscando uma forma de reencontrar Hermione.

- Agora que vocês comeram tudo. – falou Lin... – Podem ir brincar!

- Eba. – disse James... – Você não vem madrinha?

- Eu vou sim meu querido, mas primeiro vou ajudar seu pai aqui.

- Vamos jogar quadribol lá fora James. – falou Sirius

- Vamos.

- Sem as vassouras. – Harry teve que gritar para ser ouvido

- James sabia esse tempo todo. – falou Lin se jogando contra a cadeira... – Como nunca desconfiamos?

- Gina sabia esse tempo todo. – rebateu Harry levantando-se e começando a andar de um lado para o outro... – E não disse nada... eu desconfiei, mas ela negou todas as vezes.

Gina não poderia ter feito isso. Harry não sabia mais o que pensar, seu coração pulsava intensamente no peito a procura de uma resposta positiva. Pensar em Gina agindo de uma maneira tão indiferente com a família era revoltante.

Todas as vezes que tinha lamentado por não saber de Hermione. Todas as vezes que viram Rony triste em um canto, por ela ter desaparecido sem explicações. Gina não disse nada. Todas as idiotices que viram Rony cometer, por não saber o que fazer. E mesmo assim Gina não disse nada.Toda vez que tinha uma nova pista sobre Hermione, contava a Gina. Talvez fosse por isso, que sempre dava em nada... Talvez Gina contasse a Hermione...


- E agora o que você vai fazer? – quis saber Lin

- Eu não sei. Vou atrás da Mione!

- Como? – Lin perguntou... – James só tem quatro anos, e só disse que já foi a casa da Hermione...

- Já é um começo. – disse ele

– Será que James já sabe disso há muito tempo? – perguntou Lin, que andava de um lado para o outro assim como Harry.

- É possível. – respondeu Harry, parando e olhando para ela... – Foi um descuido, parece inacreditável para uma criança de quatro anos, mas, James guarda segredos... Gina pediu para ele não contar. Ele só deixou escapar.

- Mesmo assim, James é só uma criança. Ele poderia se descuidar... e foi o que ele fez...

- Eu sei Lin, o que me importa agora é encontrar a Mione, e saber por que Gina escondeu isso esse tempo todo!

- Mas isso é fácil, vai e pergunte a Gina. – Lin respondeu rapidamente... – A coloque contra a parede, ela vai acabar contando...

- Não. – Harry rebateu... – Se Gina sabe e não contou nada esse tempo todo, é por um motivo muito forte. Ela conhece o Rony!Não faria isso se tivesse saída... não posso simplesmente chegar e perguntar...

Era no que verdadeiramente estava tentando acreditar. Era o motivo que encontrará para Gina ter feito aquilo.Ela não poder contar. Somente esse pensamento amenizava a raiva que estava sentindo pela ruiva. E ele não queria aquele sentimento com ele.Não queria se sentir assim em relação a Gina.

- O Rony... – Lin pareceu relembrar a gravidade do assunto... – Você vai contar a ele?

- Não. – Harry respondeu rápido... – quer dizer, agora não. Rony não quer saber da Mione, ele nem me escutaria. Primeiro preciso ver o que esta acontecendo. Preciso achar a Mione.

- Então o que você vai fazer. – perguntou Lin novamente, cruzando os braços... – Como vai descobrir se você não quer perguntar a Gina?

– Fácil. – respondeu ele, parecendo saber o que fazer a muito tempo... – Eu sou um bruxo... dessa vez Mione não tem como fugir.

O silêncio de Harry agora estava ficando insuportável, mas alguns segundo e Lin poderia, literalmente, escutar o cérebro de Harry trabalhando freneticamente, tentando descobrir uma forma de encontrar Hermione, sem deixá-la escapar. A falta de resposta já estava a deixando impaciente.

Harry sabia que não conseguiria desvendar nada ali parado, pensando. Tentar descobrir o motivo de Gina ter feito aquilo não ia ajudá-lo de imediato. No momento o que tinha que fazer era agir.

- Diz logo o que você vai fazer Harry.

- Você vai ver. – Harry sentiu o coração dar um salto ao abrir à porta da cozinha com um sorriso. – James vem aqui filho, eu quero falar com você...




...




Ainda que, as ultimas horas, Hermione tivesse passado no pequeno escritório que mantinha em casa relendo papéis do Ministério, não conseguia se concentrar. As perguntas repentinas das gêmeas a estava deixando inquieta, sem saber o que fazer.

Sabia que cedo ou tarde, uma conversa daquelas surgiria com as filhas, mas não esperava que fosse tão rápido, mantinha uma frágil esperança de adiar aquilo mais alguns anos.

A campaninha tocou. Hermione deu um pulo da cadeira, como se o barulho emitido pela campainha a desperta-se de um sonho distante. Começou a andar até a porta da casa, prendendo o cabelo distraidamente com um rabo de cavalo frouxo. Ao abrir viu Vitor encostado na soleira, com um ar completamente descontraído, em nada lembrava o Vitor carrancudo da adolescência.

- Bom dia Hermione. – disse dando um beijo nela, e entrando pela porta.

- Bom dia Vitor. – respondeu Hermione... – Eu não esperava você aqui?

- Desculpe vir sem avisar Hermione. – disse com simplicidade... – Mas, hoje vou levar Claire para assistir os treinos comigo. Vim pegar a Mel e a Milly. Se você permitir!

Vitor Krum agora era o respeitável Chefe do Departamento dos Desportos Mágicos do Ministério. Seu talento com quadribol, suas influências, e seu ar autoritário, o faziam ser respeitado, já que era jovem demais pra posição que ocupava.

- Hoje Gina vem aqui Vitor, eu lamento. – informou Hermione... – Mas como estão Ana e Claire?

- Muito bem. – disse Vitor... – Gina virá aqui... Claire vai ficar decepcionada...

Vitor era casado com Ana Prado, uma famosa jornalista, de renome internacional. Era morena, o corpo com formas delicadas, a pela alva e os olhos verdes lhe davam a aparência de uma linda boneca de porcelana, frágil e que ameaçava quebrar com um único toque mais intenso. O rosto de boneca ficava só na aparência. Ana era decidida, inteligente e carismática. Com seu jeitinho doce conseguia o que queria. Fazia o que era preciso para conseguir o que queria, sem medir as conseqüências, mas possuía princípios, tinha um bom coração e era sempre adorada por todos.

Da união de Vitor com Ana, nasceu Claire, uma linda garotinha com os traços da mãe e o temperamento do pai. Com apenas quatro anos Claire adorava quadribol e era dona de uma inteligência assustadora.

Hermione pareceu analisar as palavras e o pedido de Vitor. Mas antes que pudesse lhe dar uma resposta, se viu distraída com a bagunça que as filhas faziam ao descer as escadas. Elas vinham cantando a musica de um dos filmes que adoravam assistir.

Hermione reparou sorrindo que elas vestiam roupas iguais, um macacão branco que ia até os pés, uma blusa de manga rosa por baixo, botas da mesma cor, um par de luvas claras cada uma e até a touca de onde desprendiam pompons de corações eram iguais. Isso significava apenas uma coisa, elas queriam confundir os outros, detestavam se vestir igual e só o vaziam quando queriam brincar com as pessoas.

Ao verem Vitor, elas saíram correndo para abraçá-lo.

- Padrinho. - Gritaram ao mesmo tempo, dando um beijo uma cada bochecha de Vitor.

- Bom dia, niñas. – disse com sotaque para elas.

- Padrinho você veio passar o dia com agente? – perguntou Mel

- Não Mel...

- Eu não sou a Mel... Sou a Milly. – disse travessa.

- Desculpa Milly. – pediu Vitor, envergonhado.

- A Tia Gina, vem aqui hoje. – dessa Vez Milly quem tinha falado... – Fica também!

- Eu não posso Mel. – respondeu Vitor, pensando estar certo.

- Mas eu sou a Milly. – falou com ar bravo.

- Mas ela acabou de me dizer que era a Milly. – ele apontava de Mel para Milly... – Então...[i] niñas?[/i]. – disse por fim, vendo as duas rirem.

- Buenos días mamá. – disseram juntas se virando para Hermione.

- Bom dia Mel, - Hermione se abaixou para dar um beijo em cada uma... – Bom dia Milly.

- Mamãe, eu sou a Mel.

- E eu...

- Nem continuem. – falou séria... – Sou mãe de vocês, acham que me enganam?

- Deixa pra lá Milly. – disse Mel... – Com a mamãe não da pra brincar... ela sempre acerta.

Hermione piscou para as filhas e levantou-se... – Vitor, você pode levá-las, mas terá que traze-las até o almoço... Gina deve chegar mais ou menos nesse horário.

- Tudo bem. – respondeu o moreno

- Aonde nós vamos? – quis saber Milly

- Assistir um treino de quadribol.

Hermione e Vitor puseram rapidamente a mão no ouvido com o grito que elas deram. Hemione não conseguia entender a fascinação que elas tinham por quadribol, tinham um time, assistiam a jogo, sabiam o nome de vários jogadores. Talvez fosse pelas histórias que Gina contava, do tempo de jogadora.

- Tudo bem... tudo bem – Hermione falou alto para sobrepor a voz delas... – Primeiro vamos tomar café. - Toma café conosco Vitor?

Depois do sinal positivo de Vitor, eles foram até a cozinha, onde a mesa já estava posta. Enquanto as meninas comiam demais para idade e pro peso que tinham, ela conversava com Vitor. Coisas habituais, do dia-a-dia. Fazia alguns dias que não conversavam.


...



James veio correndo do fundo do quintal, vez ou outra afundava um pouco na neve, caia e levantava. Chegou rapidinho na porta da cozinha e entrou correndo.

- Sim papai! – disse pulando no colo de Harry.

Harry pensou varias vezes no que falar para o filho. James não falaria se percebesse que Gina poderia brigar com ele. Sentou James na bancada perto da pia e começou a amarrar os sapatos do filho lentamente, assim ganhava mais tempo, pensava melhor no que falar.

- Filho. – começou ele calmamente... – Você sabe que o papai te ama... e a mamãe também?

James rapidamente balançou a cabeça em um sinal positivo para Harry.

- Então você sabe que nós não brigaríamos com você... nem eu e nem a mamãe?

- Eu sei papai.

- Diz pro papai. – perguntou Harry calmo, escondendo toda a euforia... – Há quanto tempo à mamãe te leva na casa da tia Mione?

- Há muito tempo. – respondeu James distraído, comendo um biscoito que sobrará do café.

- E onde é a casa da tia Mione?

Desde que James deixará escapar que Gina o levava a casa de Hermione que Harry queria fazer essa pergunta. Se tudo desse certo, e se realmente o que ele estava pensando estivesse certo, ele encontraria Hermione naquele mesmo dia.

- A tia Mione mora perto da praia. – respondeu James, já esquecido da promessa que fizera a Gina... – A casa da tia Mione é grande e...

- A Mione tem vizinhos, igual ao papai? – perguntou Harry, antes que pudesse se controlar.

- Não. – respondeu James pensativo... – Lá só tem a casa da tia Mione, assim como a vovó... só tem a Toca.

Era como Harry imaginará, se só tinha a casa de Hermione, era por que ela queria se esconder. Sem vizinhos, provavelmente a casa estaria protegida por vários feitiços. Ele conhecia Hermione perfeitamente bem para saber que ela protegeria a casa com todos os feitiços que ela conhecia, e provavelmente o ministério também deveria ter protegido a casa. Mas ele, se tudo saísse como planejava, entraria e com a permissão de Hermione!

Em um canto da cozinha Lin observava calada, e não conseguia entender onde Harry queria chegar.

- James. – voltou a falar Harry... – Papai vai fazer um feitiço, você vai sentir um formigamento, mas não vai doer, ok?

- Feitiço. – repetiu James com os olhos brilhantes... – Eu adoro, quando você e a mamãe fazem feitiços... tio Jorge prometeu me dar uma varinha. – James parou de falar abruptamente. Tinha falado demais, outra vez.

Harry sorriu. Se Gina imaginasse que Jorge iria dar uma varinha, mesmo que de brinquedo a James, o ruivo estaria encrencado.

- Papai, não conta pra mamãe, por favor? – implorou James

- Não James, eu não conto. – respondeu Harry rindo... – É um segredo nosso. Agora fica quietinho que papai vai começar.

James ficou imóvel, sentado na bancada, enquanto Harry tirava a varinha do bolso. Ele respirou fundo, tinha que estar certo! Apontou a varinha para James, e olhou dentro de seus olhos...

- Segredo Revélius. – Harry pronunciou com um floreio da varinha.

Uma fina linha prateada saiu da varinha e envolveu-o junto com James, fazendo um circulo em volta deles, e antes que Harry pudesse controlar, começou a sentir o corpo formigar, fechou os olhos e visualizou, como se já estivesse gravado em sua retina a muito tempo, uma casa beira mar.
Uma casa grande, com um jardim a frente, em uma praia. A única casa que conseguia ver. Olhou de um lado para o outro e antes que pudesse controlar estava de volta na cozinha de casa.

E ainda tomado pela emoção e euforia, abraçou James o tirando de cima da bancada e rodando com ele pela cozinha, dando beijo e abraços apertados no menino.

- James. – gritou Sirius do lado de fora... – Vem aqui, ver o boneco que eu fiz.

- Vai lá filho. – disse Harry, colocando James no chão... – Vai brincar. Mais tarde Lin vai levar vocês na loja dos tios Fred e Jorge.

Harry então se voltou para Lin, a agarrou pela cintura e a tirou do chão, também rodando com ela pela cozinha.

- Eu descobri Lin... eu descobri onde a Mione está. – falou colocando ela no chão.

- Agora me explica o que aconteceu aqui Potter! – falou Lin confusa, com as mãos na cintura... – Por que eu não entendi nada.

Ela sentou-se em uma cadeira, indicando a outra para Harry sentar, o que o moreno fez prontamente.

- Agora começa Potter.

Harry jogou-se mais confortável na cadeira, bebeu um pouco de suco que estava sobre a mesa e então começou a contar.

- É simples...

- Tem alguém ai?

Harry se engasgou com o suco que estava bebendo, enquanto Lin levantou com o susto.

- Ta vindo da sala. – disse Lin.

- Eu sei.

- É o Rony? – perguntou ela.

Harry levantou correndo e foi em direção à sala com Lin logo atrás dele. Vasculhou o ambiente com olhos, e não encontrou ninguém. Sentiu Lin cutucá-lo e apontar para a lareira. O rosto de Rony flutuava entre as chamas.

- Harry, eu não posso demorar, vim só comunicar... o que aconteceu Harry? – perguntou Rony preocupado... – Você está pálido e...

- Nada. Não aconteceu nada. – respondeu Harry, sem deixar Rony continuar.

- Tem certeza? – perguntou outra vez desconfiado... – Lin também, parece assustada...

- Não foi nada Rony. – interrompeu Harry outra vez... – O que você veio comunicar?

- A sim. – Rony voltou ao assunto... – Eu estou saindo em comitiva com o ministro, vamos para o interior de Londres, voltaremos em três dias ou mais. Até lá estaremos incomunicáveis, sem lareira, aparatar e desaparatar será proibido perto do ministro. Medidas de segurança! Faço parte da guarda, com mais dois Aurores. Ainda irá o segurança particular do ministro e Lilá. Tinha que informá-lo chefe. – terminou zombateiro.

- Quais são os outros Aurores? – perguntou Harry distraído

- Gregório e Marta, os melhores. – respondeu Rony

- Por que você vai? – perguntou Harry, mais interessado... – Está me substituindo, não deveria sair do ministério.

- Pedido do Ministro. - respondeu Rony... – Temos informações de que talvez tentem atacá-lo... nada de importante! O que aconteceu Harry? Por que ta com essa cara?

- Nada... já falei Rony... – respondeu Harry sem olhar para ele... – Não é importante, quando você chegar conversamos.

- Tudo bem. – disse o ruivo... – Eu tenho que ir mesmo. Avise mamãe pra mim, e da um beijo em James. Tchau Lin.

E antes que Harry pudesse esboçar alguma reação Rony já tinha desaparecido entre as chamas.

- Agora vai me contar o que houve na cozinha? – perguntou Lin impaciente.

- Desculpe Lin, mas eu não posso mais esperar. – disse olhando para o relógio... – Já está quase na hora do almoço, leve James e Sirius para comer fora e se eu não voltar até a noite, ligue para Jorge ou Fred e peça para eles levarem os dois para a Toca.

- Mas Harry...

- Você faz isso Lin? – perguntou Harry... – Tenho que ir antes que Gina perceba.

- Faço.

- Quando voltar te conto tudo. – falou Harry... – Obrigado.

Depois disso ele desaparatou dali mesmo, sem mais nenhuma palavra.A viagem de Rony tinha vindo em boa hora, quando o amigo voltasse ele já teria resolvido tudo e poderia contar a Rony.

Lin bufou contrariada, o jeito era esperar ele voltar, pra saber o que aconteceu. Enquanto isso ficaria torcendo para dar tudo certo.


...



Com um meio giro Harry desaparatou na frente da grande loja de departamentos chamada Purga & Sonda Ltda, que servia de fachada para o St. Mungus.

O lugar ainda mantinha o mesmo aspecto malcuidado, as vitrines ainda exibiam meia dúzia de manequins lascados com perucas tortas, dispostos aleatoriamente, vestindo roupas antigas e os grandes letreiros em todas as portas empoeiradas ainda diziam: “Fechado para Reforma”.

Harry olhou para os lados, com o frio que fazia poucas eram as pessoas que se aventuravam a andar pela rua. O lugar estava deserto. Andou até ficar de frente para o manequim do outro lado do vidro.

- Oi. – cumprimentou Harry... – Vim falar com Nathália... , a pedido da Doutora Ginerva Weasley.

Passado alguns segundos, o manequim fez um leve aceno com a cabeça e um sinal com o indicador, Harry deu mais alguns passos e atravessou o vidro, desaparecendo do outro lado.

Depois da desagradável sensação de atravessar uma cortina de água fria, Harry se viu na movimentada recepção do hospital. Andou o mais rápido que conseguiu, a sala de Gina ficava no 5° andar.

- Nath. – disse quando chegou a sala.

- Oi, Sr. Potter. – falou a secretaria.

- Harry. Pode me chamar de Harry. – ele disse calmo... – Nath, a Doutora Weasley me pediu para pegar uns papéis na sala dela. Eu posso entrar?

- Gina, não me disse nada. – disse ela, desconfiada.

- Ela esta fazendo um atendimento de emergência. – acrescentou rápido... – Me pediu para pegar uns papéis e levar pra Toca. Não vou demorar muito, eu me responsabilizo se acontecer algo.

- Ta bom. – falou por fim... – O Sr. Pode entrar!

Andando o mais devagar que sua ansiedade permitia, ele foi até a sala da ruiva. Antes de entrar voltou-se mais uma vez para a secretaria.

- Obrigado Nath. – disse gentil... – Não se preocupe comigo, vou pegar tudo e daqui mesmo vou embora. Até breve.

- Até breve, Sr. Potter.

Harry fechou a porta atrás de si, e deu uma olhada geral pela sala, continuava igual, Gina nunca quis mudar muita coisa. A diferença era sem duvida as fotos de James espalhadas pela sala.

A ansiedade que o consumia há horas, inesperadamente desapareceu , sentia-se feliz. De todas as conclusões que ele tinha tirado em poucas horas e no meio de tantas incertezas, o que o deixava feliz era a absoluta certeza de que de um jeito ou de outro traria Hermione de volta.


...







Depois que Vitor saiu levando as gêmeas, Hermione voltou a trabalhar no escritório, só saiu para ir ao ministério após receber um memorando urgente pela lareira.Colocou um vestido azul social de meia manga um pouco acima dos joelhos, que marcava discretamente as curvas do seu corpo, e uma maquiagem leve, só para realçar os traços do rosto.Precisava se vestir bem pelo cargo de chefia no ministério, e ainda levava adiante o F.A.L.E seu projeto de adolescente.Tinha conseguido validar algumas leis, poucas ainda!Seus objetivos eram bem maiores, e estava como sempre se dedicando ao máximo para alcançá-lo.

Voltou para casa depois de resolver todos os problemas pendentes no ministério e foi direto para o escritório.

A manhã passou despercebida por ela e quando começou a sentir o estomago reclamar e a cabeça doer pela fome e pelas horas na frente de pergaminhos e o computador, resolveu parar um pouco para descansar e foi até a sala. Não trocou de roupa, pois provavelmente teria que voltar ao Ministério no fim da tarde.

Passou longos minutos deitada no sofá, pensando na vida. O silencio era total e absoluto.

Foi então que ela ouviu um estalo abafado que vinha do lado de fora da casa. Levantou-se com um pulo e chegou até a porta antes mesmo da sineta anunciar a chegada do visitante.

Abriu a porta sem cerimônias, com a certeza de que do outro lado estaria Gina ou as filhas. Assim que abriu a porta sua feição mudou, seu sorriso foi rapidamente substituído por um ar de surpresa.

- Eu pensei que você fosse ficar feliz em me ver. – Gina disse ainda parada do lado de fora, com ar de riso... – Mas pela cara que você fez!

Hermione voltou a sorrir novamente, e saiu do caminho para Gina poder entrar.

- Não é isso, é que eu pensei que James fosse vir. – falou andando para a sala... – Só fiquei surpresa. Onde ele está?

- Com o Harry. – respondeu Gina, sentando-se no sofá... – Sirius esta lá também... Harry pediu para o James ficar.

- Com Sirius por lá, James não ia querer vir mesmo. – disse Hermione sentando de frente para ela.

Gina retirava o cachecol, e o casaco enquanto observava Hermione, que mantinha a cabeça baixa pensativa, enquanto balançava levemente a perna.Alguma coisa deveria esta acontecendo, por que Hermione parecia ter esquecido que ela estava ali.

- Mione?

-Hãm... Oi... - Respondeu meio aérea, olhando para a ruiva
.
- Mione, eu to te chamando faz um tempão e você parecia que nem me ouvia. - disse Gina olhando preocupada para a amiga... – Aconteceu alguma coisa... com as meninas?

- Não... quer dizer, sim. – respondeu Hermione confusa... – Eu não sei o que fazer agora!

- Mas... Mione elas estão bem? – perguntou Gina preocupada

- Sim, elas estão ótimas! - apresou-se em responder

- Então o que...

- Elas ontem, me perguntaram sobre o Rony. – Hermione emendou rápido, antes de Gina completar a pergunta

- O que... Como? – perguntou Gina, manifestando sua curiosidade

- E agora, eu não sei como agir. – disse Hermione

- O que elas perguntaram? – Gina insistiu... – E o que você disse?

Hermione lançou um olhar de angustia a Gina que parecia ansiosa pela resposta que ela daria. Depois de um longo suspiro, ela resolveu começar a contar.

- Foi ontem à noite. – disse calmamente... – Eu tinha acabado de chegar do ministério e...



¨ A noite do dia anterior ¨

Hermione cumprindo o mesmo ritual de todos os dias, acabava de fechar a porta e atirar a chave junto com a bolsa na mesinha ao lado. Toda a noite fazia à mesma coisa quando chegava em casa, depois do trabalho. Só que essa noite tinha uma diferença, não estava sendo esmagada, sufocada e abraçada pelas filhas, que sempre a recebia com abraços apertados e beijos estalados. Era raro o dia que chegava em casa, e as filhas não estavam esperando por ela.

Andou até a cozinha, elas deveriam esta lá, com Kat, perturbando Evie enquanto a elfa preparava o jantar. Abriu a porta da cozinha e viu Evie perto do fogão mexendo nas panelas, enquanto Kat, pelo o que ela percebeu, preparava um lanche para duas pessoas.

- Boa noite, Evie, Kat. – disse olhando de relance para a bandeja enquanto pegava água na geladeira... – Pra quem é o lanche Kat... pras meninas?

- Sim, Hermione. – respondeu Kat, depois de encher a segunda caneca de suco.

- Mas elas vão jantar Kat. Não deveriam esta lanchando esse horário. – disse com uma sobrancelha erguida... – Aconteceu alguma coisa?

- Aconteceu sim. Eu não sei bem o que houve. – disse Kat, visivelmente nervosa... – Mas fui buscá-las na escola, e elas vieram caladas... tristes. – constatou a babá... - Estão no quarto desde que chegamos, não comeram quase nada o dia todo... eu tentei mas não consegui descobrir o que aconteceu.

- Mas elas estão bem? – perguntou Hermione preocupada

- Sim, estão. Fique tranqüila! – Kat apressou-se em responder... – Por isso não chamei à senhora, elas só me parecem chateadas.

- E você imagina por quê? – quis saber Hermione

- Não senhora, a professora só me disse que teve uma festinha lá hoje... aniversário de uma criança, e que de repente elas ficaram anormalmente caladas.

- Ok. – disse Hermione, chegando perto de Kat e pegando a bandeja... – Eu vou subir e ver o que aconteceu. Evie você pode ir, depois que terminar o jantar. Não precisa por a mesa.

- Tudo bem senhora. – disse fazendo uma reverência

- Kat, obrigada por tudo. – disse com um sorriso, levantando a bandeja... Você pode tirar o fim de semana de folga... até segunda. – disse por fim, saindo da cozinha com a bandeja na mão.

Subiu as escadas o mais rápido que a bandeja em sua mão permitiu. Hermione conhecia muito bem as filhas e pra elas ficarem caladas, o dia inteiro no quarto, alguma coisa grave deveria ter acontecido. Cruzou rápido o corredor e abriu a porta do quarto que estaria na penumbra se não fosse pela luz vinda do corredor.

Colocou a bandeja por cima do primeiro móvel que viu, e acendeu a luz. Elas estavam deitadas na cama, que ficava uma ao lado da outra, fingindo dormir. Hermione sentiu o coração falhar, quando conseguiu perceber de longe que elas choravam silenciosamente.

Atravessou rápido o pouco espaço entre a porta e as camas, ajoelhou-se no chão entre elas , e acariciando o cabelo das filhas falou...

- Vão me contar o que aconteceu hoje, pra deixar vocês duas assim? – perguntou lançando um sorriso fraco a elas... – Negando comida!

Elas então tiraram as mãozinhas do rosto, que até agora mantinham escondidos e Hermione pode ver o rosto todo sarapintado das filhas manchado por lagrimas. Os olhos vermelhos delas denunciavam que estavam chorando há muito tempo, e bem mais que isso, pela primeira vez eles transmitiam tristeza. Hermione sentiu o coração falhar mais uma vez, nunca tinha visto elas assim.

Hermione já tinha visto as filhas irritadas, desanimadas, varias vezes. Vez ou outra elas caiam no choro, às vezes de raiva por não conseguirem o que queriam, outras por pura pirraça e na maioria das vezes para conseguirem o que queriam. Principalmente de Gina e Vitor, era só derramar uma única lagrima e eles faziam qualquer coisa que elas pedissem.

Mas dessa vez era diferente, elas tinham um olhar extremamente triste, um olhar que Hermione nunca tinha visto. E isso a perturbava, a angustiava, fazia sua respiração acelerar e o nó na garganta se intensificar. O que, ou quem poderia ter deixado elas daquela maneira?

Hermione sentou-se no chão, encostando o corpo em uma cama, esticando as pernas.

- Vocês não querem sentar aqui comigo. – perguntou num sussurro... – Hoje eu to me sentindo sozinha... to precisando de carinho! – terminou baixando os olhos.

O efeito sobre as filhas, foi quase que instantâneo, elas desceram da cama enxugando o rosto com a manga da blusa e sentaram-se uma de cada lado de Hermione, que rapidamente abriu os braços e envolveu as duas em um abraço.

- Então, agora posso saber o que aconteceu? – perguntou enquanto fazia carinho no cabelo delas... – Por que vocês estão aqui trancadas o dia todo?

Elas se olharam rapidamente e como se pudessem se comunicar sem palavras abaixaram a cabeça ao mesmo tempo e voltaram a chorar, sem dar nenhuma resposta a Hermione.

No começo Hermione achou que resolveria as coisas bem rápido, e que na verdade não teria acontecido nada demais. Mas estava começando a ficar verdadeiramente angustiada. Agindo por impulso, ela apertou mais o abraço, enquanto a choro das filhas ficava a cada segundo mais desesperado.

Sem saber exatamente o que fazer, mas agindo com o coração, levantou-se e colocou as duas sentadas em uma das camas, uma ao lado da outra. Depois ajoelhou-s para poder assim, conseguir olhar diretamente nos olhos delas!

- Hei, assim vocês estão deixando a mamãe muito preocupada. – falou nervosa, com o coração apertado... – Vocês não querem me contar o que aconteceu?

Elas se encolheram mais, e juntaram as mãos, as lagrimas agora começavam a cessar, mais os soluços roucos ainda angustiavam Hermione.

- Se vocês não me contarem, eu não vou poder ajudar. – disse tentando caprichar um sorriso... – E a mamãe quer ajudar... vocês não acham que eu posso ajudar?

Elas se olharam novamente, e antes que Hermione pudesse dizer mais alguma coisa, Milly virou-se para ela.

- Você pode ajudar mamãe. – respondeu baixinho

- E como é que eu posso ajudar? – Hermione perguntou novamente, tentando incentiva-lás a contar.

- Nós não queremos mais ir pra escola. – respondeu Mel... – Por favor, mamãe tira agente de lá. – terminou suplicando, as lágrimas voltando aos olhos.

- Mas por quê? – perguntou intrigada... – Vocês sempre gostaram de ir à escola...

- Não gostamos mais mamãe... você disse que ia nos ajudar! – Mel falou novamente triste, enquanto Milly dava um soluço alto ao seu lado.

- Ta bom, a mamãe vai tentar fazer o possível... – Hermione ponderou antes de continuar... – Mas preciso saber exatamente o que aconteceu. Vocês podem me contar?

Elas acenaram com a cabeça, e começaram a falar ao mesmo tempo, impossibilitando que Hermione entendesse qualquer palavra que fosse.

- Uma de cada vez! – falou elevando a voz sobre as das filhas.

Elas calaram-se e então Mel recomeçou a falar... – É que hoje foi aniversário do Juan, e fizeram uma festa pra comemorar lá na escola.

- O Juan, é o amiguinho de vocês... o ruivo, que parece com o James? – Hermione perguntou

- Isso. – respondeu Milly, depois continuou... – Levaram bolo, refrigerantes, e os pais deles foram pra lá também, até levaram o irmão dele e a prima pra comemorar...

- Então vocês deveriam está felizes. – disse Hermione, cada vez mais confusa... – Vocês adoram festa!

- Nós estávamos, até que...

- Até o que? – perguntou Hermione incentivando elas novamente... – Seja o que for vocês podem contar pra mamãe!

- Até que... – continuou Mel... – Juan nos apresentou pra prima dele, ai ela perguntou a ele, se nós éramos “as meninas sem pai... que tinham uma mãe solteirona esquisita”, que os pais deles diziam que não gostavam em casa.

Hermione olhou de uma para a outra confusa, enquanto elas começavam a chorar novamente, e antes que Hermione conseguisse processar o que elas estavam dizendo, Milly continuou...

- Nós dissemos a ela, que você não era esquisita mamãe, e que nós temos pai... só não conhecemos! – Milly falava tudo muito rápido, entre os soluços que não conseguia controlar... – Então ela começou a puxar o Juan, dizendo que ele não poderia falar com agente, e quando ele se recusou a ir com elas, e ficou do nosso lado, ela disse que ele não podia falar com agente, que os pais do Juan iam brigar com ele, por que em casa, eles viviam dizendo, que não era bom falar com agente, por que você era má influência, e que não ter um pai era ruim...

- Calma. – interrompeu Hermione, não conseguindo acreditar no que escutava... – Ela disse isso tudo a vocês?

- Sim mamãe. – agora Milly que respondia, com dificuldade por causa do choro... – E ainda disse que Juan ia levar outra bronca em casa por insistir em falar com nós duas.

Hermione levantou com um movimento brusco, assustando as filhas, e começou a andar de um lado para o outro, atordoada, a raiva crescendo no peito, os olhos estreitos de indignação. Como ainda poderia existir gente assim, preconceituosa? Como ela ainda conseguia atrair essas pessoas que faziam um conceito errado e precipitado sobre ela? E por que essas pessoas tinham que demonstrar esse tipo de preconceito na frente de crianças? E por que, por Merlin, tinham que dizer todas essas besteira para as filhas dela, que não tinham nada a ver com isso, e não mereciam ser tratadas daquela forma!

O instinto protetor falando mais alto a cada segundo e mais uma vez agindo com o coração, por impulso, ela correu e abraçou as filhas, enquanto uma lagrima solitária descia pelo rosto corado pela raiva.

- Olha aqui vocês duas, - dizia ainda abraçada a elas... – Eu não quero que vocês acreditem em nada do que essa menina disse, não levem a sério, - continuou ajoelhando-se novamente na frente delas... – Na segunda-feira a mamãe vai até a escola falar com a professora de vocês, resolver tudo. E se eu não conseguir, prometo que tiro vocês de lá. – acrescentou ao perceber que elas iriam reclamar.

- Mas mamãe, - começou Mel, com a cabeça baixa... – ela disse a verdade, nós não temos pai, e...

- Mas é claro que vocês têm pai. – retrucou Hermione, sem pensar.

Elas ofegaram e novamente limparam o rosto com as mãos, não acreditando no que Hermione dizia.

- Vocês ouviram! – disse ela em um sussurro, porém firme... – É claro que vocês têm pai.

- Se isso é mesmo verdade, - rebateu Mel astuta... – Por que ele nunca veio ver agente... Ele ta morto? Perguntou com um soluço.

Por alguns segundos Hermione considerou a possibilidade de mentir para as filhas, e confirmar que Rony estava morto. Contudo ao olhar de novo para elas, conseguiu ver novamente a tristeza que tanto a angustiava nos olhos das filhas. Ela reconsiderou antes de falar...

- Não, ele não está morto! – disse olhando profundamente para elas... – ele só não sabe ainda que tem duas filhas lindas.

Elas ergueram a sobrancelha ao mesmo tempo, em uma perfeita imitação de Hermione.

- Como assim? – quis saber Milly

- O papai não sabe que tem duas filhas maravilhosas. – continuou depois de um suspiro longo... – A mamãe nunca contou a ele.

- Por quê? – perguntaram ao mesmo tempo

- Isso não importa! O que importa é que se o papai soubesse de vocês, eu tenho certeza, ele ficaria orgulhoso. – disse isso muito rápido, para não ser interrompida... – Assim como a mamãe se orgulha todos os dias de ter duas princesinhas como filhas.

- Você está mentindo. – disse Mel cruzando os braços, sendo acompanhada por Milly... – É mentira, nós não temos pai!

Hermione lançou um olhar severo a elas antes de responder... – Alguma vez a mamãe mentiu pra vocês? – perguntou séria... – Me respondam alguma vez a mamãe já mentiu?

Mas elas continuaram caladas, olhando chateadas para Hermione que percebeu com alegria que elas não pareciam mais tão tristes.

- Não é mentira! – continuo Hermione séria... – E vocês sabem por quê? – sem obter nenhum sinal de resposta, ela continuou visivelmente cansada... – O cabelo ruivo de vocês, é igual ao da mamãe? – elas balançaram a cabeça negativamente... – E as sardas espalhadas pelo corpo, à mamãe têm? – continuou perguntando, recebendo respostas negativas delas... – E as mãozinhas de vocês, parecem com as minhas? - depois de vê-las negar com a cabeça novamente ela continuou... – Sabe por quê? Por que vocês se parecem com o papai... o rosto, as sardas e até o sorriso contagiante são iguais ao do papai.

Depois de dizer aquilo tudo Hermione viu com felicidade a feição no rosto delas mudar completamente, não pareciam mais tão tristes e Hermione sentiu o coração bater compassado novamente.

- Então, quando você vai contar a ele mamãe? – perguntou Mel, finalmente descruzando os braços, e parando de chorar completamente assim como Milly.

- Não sei! – Hermione respondeu depois de pensar um pouco.

- Mas...

- Olha, o papai mora muito longe. – continuou sobrepondo a voz, sobre a delas... – Isso é coisa de adultos. O importante é vocês saberem que tudo o que aquela menina disse era mentira.

- Mas nós queremos conhecer o papai. – elas recomeçaram a falar, impacientes... – Leva agente pra conhecer ele.

- A mamãe vai levar. – disse tentando falar mais alto novamente... – Quando achar que é a hora. Eu prometo!

- Jura? – elas perguntaram

- Eu juro. – respondeu Hermione... – Agora, vocês vão comer esse lanche que a Kat fez. – disse levitando a bandeja até a cama... – Enquanto a mamãe pega um presente pra vocês!

E saiu do quarto, enquanto as duas devoravam o lanche, completamente esquecidas da briga na escola.


Hermione voltou pouco tempo depois, e sentou-se na cama de uma delas, e observava elas comerem tudo que estava na bandeja. [í] “Até na fome eles se parecem!” [/i]pensava com um sorriso bobo.

Depois de vê-las beberem o ultimo gole do suco, Hermione sumiu com a bandeja com floreio da varinha, voltando então a falar com elas...

- Olhem isso. – disse entregando uma foto na mão das meninas... – É o papai, junto com a mamãe e o pai do James.

Elas olhavam a foto com um largo sorriso no rosto. Enquanto cochichavam uma com a outra.

- Olha Milly, o cabelo dele é ruivo. – disse Mel.

- E ele tem mesmo sardas no rosto. – concluiu Milly.

Era uma foto de Harry, Rony e Hermione no quarto ano da escola. Ela só tinha fotos em que os três estavam juntos, as deles sozinhos e as de Rony, ela tinha deixado para trás em Londres.

- Viu como eu estava dizendo a verdade. – disse Hermione

Mas as meninas pareciam não escutar, enquanto observavam a foto, e discutiam.

- A foto fica comigo Mel. – disse Milly pegando a foto da mão da irmã.

- Não, fica comigo. – rebateu Mel, puxando a foto novamente.

Antes que elas começarem a brigar de verdade, ou que rasgassem a foto naquele puxa pra cá, puxa pra lá, Hermione puxou a foto da mão delas, que olharam aborrecidas.

- Esperem. – disse Hermione, que com mais um floreio da varinha, duplicou a foto... – Agora sim, uma pra cada! – e levantou-se pra sair do quarto... – Agora vocês podem tomar banho e descer, que eu vou ficar esperando pra podermos ver o filme. – e andou até a porta.

- Mamãe...

Ela virou-se novamente para as filhas.

- Qual o nome dele? – perguntou Mel

- Ronald. – ela respondeu simplesmente, e depois voltou a andar para sair do quarto.

Mesmo com todas as complicações que aquela revelação poderia trazer, ela surpreendentemente não se arrependia de ter contado sobre Rony as filhas. Ver a felicidade no rosto delas, ao guardar as fotos com cuidado embaixo do travesseiro, valia qualquer sacrifício. Sabia que cedo ou tarde esse dia chegaria. Fechou a porta do quarto com um sorriso, ver a felicidade das filhas era o que importava, elas sempre viriam em primeiro lugar.

- Podemos mostrar pro James amanhã Mel. – disse Milly feliz... – Talvez ele conheça o papai!

Depois disso, elas foram pro banheiros realmente felizes, depois do dia trancadas no quarto.

¨ Voltando ao presente ¨



Gina escutou todo o relato de Hermione calada, sem pronunciar uma palavra. E agora que a morena tinha acabado ela não sabia exatamente o que dizer. Ficou quieta por alguns segundos, observando Hermione andar pela sala.

- Nossa. – foi à única coisa que conseguiu dizer... – Eu não esperava que você fosse contar a elas assim, na primeira vez que elas perguntassem.

- Eu também não. – afirmou Hermione... – Quando eu vi, já tinha contado... se você visse o rostinho delas, a tristeza em que estavam!

- Eu imagino. – falou Gina baixinho... – Crianças conseguem ser cruéis quando querem!

- A menina não teve tanta culpa assim. – replicou Hermione... – Ela só repetiu o que escutou em casa. Adultos como os pais dela e do Juan deveriam ser proibidos de educar crianças!

- E agora o que você vai fazer? – perguntou Hermione

- Eu vou à escola! – respondeu ela enfurecida... – Vou exigir uma atitude. Quero que a professora chame os pais do Juan, quero falar com eles! Quero que essa menina peça desculpa a Mel e a Milly...

- Não Mione, não é isso. – interrompeu Gina... – Quer dizer, concordo com você. Eu faria à mesma coisa! Mas quero saber o que você vai fazer em relação ao Rony e as gêmeas?

Hermione virou-se para ela mais uma vez, então se jogou no sofá antes de responder.

- Eu não sei! – disse passando as mãos pelos cabelos... – Eu ainda estou processando tudo o que aconteceu. Não consigo pensar em outra coisa desde ontem. – continuou com a voz sufocada pela cabeça que estava baixa... – Por que eu tenho certeza que elas não vão se contentar com uma foto!

- Talvez seja hora de voltar Mione! – falou com os olhos fixos em Hermione

- Não! – ela respondeu sem emoção... – Voltar... não é tão fácil assim!

- Mione, uma hora você terá que enfrentar o passado! – disse a ruiva sem se apiedar... – Talvez esse seja o momento.

Hermione inclinou a cabeça para olhar Gina. Depois se levantou e foi até a janela da sala. Espiou o mar um pouco mais a frente, as ondas fortes, por causa do inverno, quebravam impiedosas na areia e nas pedras. Será que chegara o momento de enfrentar o passado que tinha feito questão de deixar para trás?

Não ouvindo resposta de Hermione, a ruiva levantou-se com os olhos fixos em nela. Não saiu do lugar, apenas cruzou os braços antes de perguntar com a voz firme e decidida.

- Então Mione, será que não é hora de voltar? Não é hora de dar uma família de verdade as suas filhas? – falou sem piedade... – Hora de cumprir a promessa que me fez há seis anos, e que repetiu ontem para a Mel e a Milly... apresenta-las ao Rony? Ou será que vão se passar mais seis anos sem você falar nada?

Hermione então virou-se para encarar Gina muito séria... – Não diga que não dou uma família para as minhas filhas, olha só quem fala... grande família a do James!

Gina lançou um olhar triste e enfurecido a ela.

- Me desculpa. – falou sinceramente... – Desculpa, eu não devia ter falado assim! Mas é que...

- Tudo bem Mione. – rebateu Gina... – Só to falando que elas merecem saber que tem uma família enorme, e independente de qualquer coisa, Rony é o pai e tem que saber. Você tem que voltar, e acabar com isso logo Hermione!

- Não Gina. – ela disse olhando para fora novamente... – Ainda não é hora de voltar!

- Você tem certeza Mione? – Gina tentava argumentar... – Elas merecem saber... minha família merece saber!

- Gina, eu prometi ok. – respondeu Mione, com os olhos na amiga... – Os Weasley’s irão conhecer as gêmeas. – continuou ela levantando-se... – E você acreditando ou não, eu sinto que esse dia não esta muito longe!

- E onde elas estão que ainda não vieram falar comigo? – perguntou Gina, deixando o assunto “voltar a Londres” de lado.

- Com Vitor, no treino. Elas adoram aquilo. – respondeu Mione... – Quadribol, como podem?

- Genes Weasley Mione. – falou Gina... – Está no sangue delas. Imagina como elas não ficariam felizes se soubessem que o Rony, pai delas, joga super bem!

- Não é só o Rony. – rebateu Hermione, sentando-se novamente... – Você também joga muito bem, assim como Fred, Jorge...

Hermione parou no meio da frase, e lançou um olhar assustado a Gina, que retribuía o mesmo olhar.Elas levantaram-se ao mesmo tempo, pois as chamas da lareira começaram a esverdear, e isso só poderia significar uma coisa.

- Vitor vem de carro, Gina! – Falou rápido Hermione, percebendo que Gina tinha entendido o recado.

Ao mesmo tempo sacaram à varinha e apontaram em direção as chamas. Seja quem fosse, não tinha permissão para entrar ali pela lareira. A casa era muito protegida.

As chamas, agora altas, denunciavam a chegada de alguém. Depois do ultimo crepitar, as chamas verdes se apagaram e elas puderam ver com mais claridade o homem que saia da lareira.

- Harry! – elas disseram perplexas, enquanto ele limpava as fuligens da roupa, lançando a elas um olhar triunfante e intimidador!


...

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