O inevitável imprevisto



Gina sentiu suas pálpebras pesarem demasiadamente quando abriu os olhos. Sua cabeça doía e ela tentava se localizar, estranhando não acordar n’A Toca, como todas as manhãs.
Lembrou-se rapidamente da viagem que fizera e logo se localizou. Lutava contra a dor de cabeça que insistia em atrapalhá-la com todos seus pensamentos e lembranças.

Virou os olhos. O quarto estava iluminado por um pequeno feixe de luz não tapado pelas pesadas cortinas das grandes janelas. Ela virou lentamente a cabeça, só então percebeu que sua cabeça estava pousada no peito nu de Draco Malfoy.
Rápidos flashes da noite passada passaram por sua cabeça... Lembrou-se da bebida, das risadas, dos beijos... Mirou a cabeleira loura de Draco e observou-o dormir.

Ele parecia tão... inocente. Era de fato estranho observá-lo daquele jeito, totalmente diferente do Draco acordado e impertinente. Parecia mais indefeso, Gina arriscaria até dizer que ele possuía algum aspecto angelical.
E por mais estranho que soasse, ela não sentia arrependimento... não, era algo muito contrário a isso.
Acariciou os cabelos do rapaz. O quê ela havia feito? Sem dúvidas, ter a primeira noite de amor com alguém sob efeito da bebida não era algo para se vangloriar. No entanto... a noite fora com Draco. Gostava dele... de verdade...

Levantou-se. Vestiu um roupão que encontrou dentro do armário. Tinha um gostoso aroma. Sorrindo, Gina arriscou abrir uma fresta de claridade e Draco se mexeu na cama sem abrir os olhos e voltando a dormir.

Um panfleto aparentemente enfeitiçado brilhou rapidamente na parede.

“Bom dia, Sr. e Sra. Malfoy!
O café da manhã estará servido até as 11:00 hrs. Caso prefira, levamos a refeição até seu quarto. Basta apontar a varinha para este panfleto e dizer ‘Prefiro’.

Hotel Torri de La’Aquila”


Franzindo o cenho, Gina localizou sua varinha e apontou-a para o papel. Sussurrou “Prefiro!” e um segundo depois, um banquete surgia na mesa ao seu lado.

- Adoro mousse de chocolate. – disse uma voz atrás de Gina, que a fez arrepiar. E sorrir.
- Bom dia... – murmurou, virando-se para Draco que vestia um pesado roupão e tinha os cabelos despenteados.
- Bom dia. – respondeu ele, a boca curvada em um pequeno sorriso que denunciava um bom humor. – Sua cabeça também está rodando?
- Bastante. Para você ver a gravidade, estou até te vendo de bom humor. Só pode ser coisa da minha cabeça...
Ele sorriu de leve e sentou-se na mesa, seguido por Gina que o acompanhou. Ficaram um minuto em silêncio entreolhando-se, até que Draco pareceu não agüentar mais calar-se.

- Sobre a noite passada...
- Foi a melhor noite que eu pude ter. – respondeu subitamente, servindo-se de um pedaço de bolo.
- A melhor... a melhor noite? – perguntou, supreso.
- Bem... – ela corou. – Eu não estava sóbria, eu sei... Mas...
- Não está arrependida?
- Não estou, Draco.
Ficara surpreso. Mas pareceu animar-se. Tentou disfarçar servindo-se de uma xícara de chá, mas não pôde esconder um sorriso.
- Não poderia ser diferente. Sempre quis que acontecesse com alguém que eu gostasse de verdade. – ela disse.
Draco baixou o olhar e mastigou devagar um pedaço de pão com tomate grelhado. Sua alegria pareceu ofuscar-se por alguns segundos. Por fim engoliu e olhou para Gina.
- Desculpe. – balbuciou.
- Pelo quê?
Draco não respondeu. Contraiu os lábios e pareceu buscar palavras. Parecia que algo o incomodava fortemente e Gina percebeu.
- Não precisa se culpar, Draco. Não foi sua culpa por ficarmos bêbados ontem. E foi com você, isso é o que realmente importa.
“Sim, foi.” – ele pensou, balançando afirmativamente a cabeça para Gina.

Estava na metade do plano. Sua missão estava dando certo e ele não se sentia realizado. O café da manhã de repente perdeu seu sabor e Draco sentiu-se amargurado.
Olhou para Gina à sua frente, que sorria graciosamente para ele. Ela parecia mais feliz do que nunca, embora sua primeira noite de amor tivesse sido à base do álcool e parte de uma grande mentira. Draco estava odiando aquele sentimento de culpa que se apossava de si. Dentro de algum tempo ela não exibiria mais aquele sorriso. Dentro de algum tempo ela choraria, isso sim, choraria por descobrir que fora usada. Descobriria que ele a enganara descaradamente e então o odiaria mortalmente para sempre. Para sempre...
Pousou sua xícara de chá na mesa e levantou-se subitamente sem pensar, como se seu corpo agisse por conta própria, congelando qualquer sanidade. Beijou Gina de tal modo que a garota assustou-se e teve de equilibrar-se para não cair da cadeira que sentava. Depois do intenso beijo, ele correu até o quarto e de lá gritou:

- Deixe esse café da manhã para lá. Vamos logo visitar a casa de Julieta!
Gina levantou-se e caminhou até ele, que se trocava.
- Ei, ei. – sorriu. – Da onde veio todo esse ânimo?
- Estamos perdendo tempo de viagem juntos, não é?
- Hum, de certo modo é. Mas acho que deveríamos aproveitar o café da manhã...
- Uns gelattos não são mais atraentes para uma manhã quente?
Ela abriu um sorriso e beijou o rosto de Draco.
- Ok, senhor animado. Mas antes vamos tomar uma poção pra essa dor de cabeça passar.
Ela encaminhou-se até o banheiro, mas parou no meio do caminho. Voltou até Draco e sussurrou.
- Se Merlim quiser... um dia não precisaremos nos preocupar com o tempo que temos juntos.
Então se virou e entrou no banheiro enquanto Draco se perdia intensamente nos pensamentos e ouvia de longe o barulho do chuveiro...


Andaram por uma boa parte da cidade para chegar até a famosa Casa de Julieta. Passaram antes pelo anfiteatro romano e a arena, tiraram algumas fotos e finalmente chegaram aonde queriam.
O famoso lugar tinha um aspecto meio sombrio, mas fascinante. Tijolos com aparência encardida davam um toque antigo na construção, que convencia o grande número de turistas que ali passavam. Em meio à excitação de apreciar todo o encanto do lugar, Gina não percebeu que Draco já não olhava mais torto para todos os trouxas à volta deles. O rapaz possuía uma expressão quase indecifrável, talvez uma perturbação, enquanto Gina exibia uma felicidade quase palpável.
As paredes da entrada estavam cobertas de mensagens amorosas: algumas em pequenos papéis, outras rabiscadas nos tijolos. Gina abriu a pequena bolsa e tirou um pedaço de pergaminho.

- Que tal? – perguntou sorrindo para Draco, que pareceu despertar de seus devaneios e forjou um sorriso surpreso.
- Ah... vá em frente.
- Olhe... os trouxas usam aquele negócio pra escrever... Como é o nome mesmo? – Gina virou-se para um homem ao seu lado e apontou para a caneta em suas mãos. – Olá... Poderia me emprestar...?
Embora a língua falada em Verona fosse italiana, o homem pareceu compreender bem o que ela havia dito. Sorriu e estendeu a pequena caneta para ela.
- Obrigada!
Escreveu animadamente alguma coisa. Pareceu caprichar. Devolveu então a caneta ao trouxa, agradecendo, depois mostrou o pequeno pergaminho a Draco.

“DM e GW” em uma bonita letra ilustrava o papel. Até mesmo Draco não conseguiu conter seus lábios curvando-se em um pequeno sorriso.

- Oh, está ótimo. Cole-o aqui. – e apontou para um espaço na parede.

Feito isso, foram até a estátua que mais chamava a atenção dos turistas: a famosa estátua de Julieta. Com muita dificuldade abriram caminho entre a multidão e conseguiram chegar mais perto.

- Por quê é que estão passando a mão no busto da estátua?! – perguntou Draco, curioso.
- Vai rir se eu te contar.
- Ah é? Você sabe?
- Dizem que dá sorte no amor. Sabe, passar a mão no seio direito dela... Tradição.
- Ah é... Onde você ficou sabendo disso?
- Oh, roteiro de Verona. Aquele papelzinho do hotel... Vem comigo, é a nossa vez.
- Ah, não Virginia...
- Deixa de ser bobo. Dê-me a sua mão.
Draco hesitou, mas deu a mão a Gina, que a segurou e com as mãos entrelaçadas, rapidamente as passaram sob o busto da estátua. Draco parecia envergonhado e Gina se divertia.

Depois de entrarem na casa e surpreenderem-se com a beleza do rústico ambiente interior e uma mistura com o aroma medieval, pararam para tomar um gelatto em um grande jardim. Gina finalmente pareceu perceber a pequena perturbação de Draco.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou sentando-se em um banco.
- Não, Virginia. Por quê?
- Você está estranho... Parece até um pouco confuso.
- Engano seu. Estou ótimo.
Ela o analisou, olhando-o nos olhos.
- Você não precisa mentir pra mim.
- Não estou mentindo, só...
- Tudo bem. Não estou lhe acusando. Mas acho que deveria confiar, porque eu confio em você...
Ele calou-se. Ela encostou sua cabeça no ombro de Draco e mirou o horizonte.
- É tão bom estar aqui com você. – disse ela, virando-se para beijar Draco, que correspondeu o apaixonado beijo.
Permaneceram em um abraço e Gina não pode ver quando Draco fechou os olhos.
- Eu não gosto de dizer isso em vão, sabe... acho que é uma coisa muito forte, mas... – ela sussurrou.
- Diga.
- Eu... eu acho que... que eu te amo, Draco.
Ele abriu os olhos claros e sua visão se perdeu nas árvores à sua frente... Queria tanto dar uma resposta à altura... Mas algumas palavras fugiam de sua boca, seu coração acelerado o atrapalhava e embaralhavam seus pensamentos.
- É mesmo? - perguntou sentindo que soara estúpido.

Mas antes que pudesse se arrepender ou dizer qualquer outra coisa, um brusco movimento de um mascarado os fez levantar... um legítimo Comensal da Morte dirigia-se para Draco.

- Bastardo... Você não me avisou sobre ele... Eu poderia ajudar também, mas você preferiu me entregar, não é? Eu vou te matar garoto! – berrou o comensal.
- O quê... - Draco não terminou a fala. Estava ainda possuído pelo efeito das palavras de Gina.
- Crucio! – berrou o homem.
Em uma fração de segundo, Gina se atirou contra o feitiço ao mesmo tempo empurrando Malfoy pro lado. Logo caiu no chão e começou a se contorcer de dor. O comensal lançou outro feitiço e a fez cair longe.
- Expelliarmus! – Draco finalmente grita, tirando a varinha de seu bolso. A varinha do comensal voou de sua mão e Draco o paralisou com outro feitiço. Correu atônito até onde Gina havia caído.
Ofegante, ajoelhou-se ao lado da garota que estava caída perto do tronco de uma árvore. Parecia ter batido a cabeça. Draco, desesperado, não viu quando aurores chegaram no local e levaram os comensais; alguns se preocupando em alterar a memória de alguns trouxas que presenciaram a cena.

- Virginia! Virginia, acorde! Por Merlim, acorde... – berrava.

O choque não havia se esvaído nem um pouco, mas ele conseguiu segurar fortemente Gina desacordada nos braços e desaparatar para o St Mungus. Que perguntassem qualquer coisa a respeito dele estar com Gina. Que descobrissem. Para o inferno o resto do mundo, pois Gina havia sido atingida. Jogara-se, inconseqüentemente, contra o feitiço para protegê-lo. Era apenas nisso que ele pensava, no ponto alto de seu desespero, quando corria pelos corredores do St Mungus: Gina precisava ser salva.

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N/A: Siim, eu estou aqui \o/
De novo desculpem-me pela demora!
O FeB saiu do ar esses dias e só ontem descobri que tinha voltado...
Mas é isso... muuuuuuito estudo, cursos, tarefas... x_x
Mas sempre dá tempo de escrever, né? Hehehe...
Comentem o que estão achando ^^
Beiijos!

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