Uma ajuda de Harry
Já havia se passado uma semana desde que Draco e Gina haviam se reconciliado. Rony estava cada vez mais animado, devido ao fato do Chudley Cannons estar indo muito bem na Copa de Verão. Os jogos aconteciam dia sim, dia não, e durariam dois meses, até o casamento de Harry e Cho.
Draco havia se hospedado também em um hotel, mas não o mesmo de Gina. Assim, ninguém ficou sabendo que o rapaz estava na cidade, ninguém exceto Harry, para quem Gina contou sobre a noite que eles passaram trancados no vestiário. Gina explicou como pôde tudo o que Draco havia dito a ela, o por quê de ele ter passado a noite com Pansy... mas sabia que seria difícil de Harry entender, sem realmente conhecer os sentimentos visíveis na voz do próprio Draco Malfoy dizendo.
Gina e Draco se encontravam todo final de tarde, Harry ajudava Gina, mesmo contrariado, a explicar para os demais sobre as saídas da garota.
Era uma noite de quinta-feira, Draco caminhava com Gina num parque da cidade, agora vazio.
- Desculpa a demora. Rony me atrasou, ficou perguntando para onde eu ia... mas Harry me ajudou.
- Ainda não engoli essa história do Potter ficar nos ajudando.
- Larga de ser bobo. Ele está sendo legal.
- Virginia, não comece. Eu nunca gostarei do Potter perfeito. Isso você não conseguirá...
- Eu sei que não. Não consigo imaginá-los amiguinhos. – ela zombou. – Se bem que se não me engano, Rony me disse que você já tentou fazer amizade com Harry na primeira vez em que se viram...
- Nem me lembre. Potter já era um metido. Acredita que eu estendi a minha mão e ele nem ao menos a apertou? – ele disse, em tom de indignação. Gina riu.
- Harry nunca foi metido, Draco... – ela disse, sorrindo.
- Você acha que não... Mas não vamos falar do Cicatriz. – ele parou de andar e ficou frente-a-frente com Gina.
- Ok... Até porque se formos falar das pessoas ao nosso redor, discordaremos em tudo.
- Eu estava pensando... você pretende mesmo ficar até o final da Copa de Verão?
Gina franziu o cenho, curiosa.
- Como assim?
- Eu não queria depender dos outros para te ver. Eu queria te ter o dia inteiro... Então, eu pensei... por quê não passar o fim dessa temporada de férias juntos? Só eu e você. – ele perguntou dando um meio-sorriso.
- Você está propondo... uma outra viagem?
- Sim. Vamos lá, não tem outro lugar que você queira conhecer?
Gina se calou. Revirou as lembranças, pensativa.
- Na verdade... tem uma cidade que eu gostaria de conhecer...
- Eu a levo! – ele disse animado. - Paris, Nova Iorque, Roma...?
- Verona. – ela disse, abrindo um sorriso, os olhos brilhando.
- Verona?!
- É, Draco! Verona... a cidade de Romeu e Julieta! Ta lembrado?
- Ah, é... mas... Verona, Virginia? Pensei que tivesse maiores ambições, francamente... Verona...
- Ora, Draco! Você perguntou se tinha algum lugar que eu gostaria de conhecer... Verona parece ser um belo lugar...
- Tem certeza que quer conhecer Verona mesmo? Você não imagina como Paris é...
- Tenho. Mas peraí, nem decidimos nada...
- Ah, vamos lá... Você não vai querer ficar aqui segurando vela do Potter com a Chang e do seu irmão com a Sang... – ele se calou, com o olhar repreendedor de Gina. – Hum, com a Granger.
- É tão feio falar Sangue-Ruim, sabia?
- Sim. – ele ignorou o começo de um sermão. – Mas então, o que você decide? Quer ficar e fingir que está alegre ou ir e podermos passar os dias juntos sem ninguém para atrapalhar?
Ela sorriu. Ele realmente sabia ser perspicaz.
- Não vou mentir que não quero ir...
- Então vamos! Amanhã mesmo! Que horas? Vou providenciar uma chave do Portal ainda hoje e...
- Ei, ei! Você tem alguma idéia do que eu posso dizer para meu irmão, pra Mione...? Ou você quer que eu simplesmente jogue tudo para o alto?
- Jogue tudo para o alto. – ele zombou.
- Muito engraçado. Vem cá. – ela o levou para um banco na praça escura. – Vamos pensar. Humm, deixe-me ver... o que faria Rony engolir a história de eu viajar sozinha por aí...
- O desgosto de ver o Chudley Cannons jogar, quem sabe...
Gina continuou concentrada nos pensamentos, fazendo pouco caso para a ironia de Malfoy.
- Chudley Cannons está muito bem, se quer saber... Mas, bem, Harry ainda pode nos ajudar... Oh... Harry! – ela concluiu, parecendo achar uma solução. Mas seu tom não era de triunfo.
- É tão chato ouvi-la falar “Harry”, sabia?
- Draco... – ela ainda estava perdida em seus devaneios.
- Ah sim, Draco é muito melhor. Sem comparações, “Harry” é um nome tão... tão sem sal. Draco. Isso sim é um nome forte, de signi...
- Quer me escutar? Olha, não faço a mínima idéia se você vai concordar... mas é o único motivo realmente convincente que vejo, por enquanto. Ah, Rony sabe o quanto eu gosto de Quadribol, só isso mesmo o fará acreditar que desisti de ver os jogos...
- Seja clara.
- Olha... O Harry pode me ajudar falando pro Rony que eu estou... hum... mal por vê-lo com Cho...
- Como ass...
- Eles, Ron e Mione, não sabem que eu esqueci o Harry, Draco. Não se passou tanto tempo assim desde que eu soube que eles iriam se casar, e que fiquei triste por isso. Eles devem estar estranhando meu comportamento, sem motivos eu saí daquela fossa... Devem estar achando que foi por causa do emprego, ou por Eddy...
Draco fez uma cara de puro desprezo ao ouvir o nome de Eddy. Ficou pensativo por alguns segundos, pareceu analisar o que Gina havia dito.
- Quer dizer que a tirei da fossa...
Ela sorriu. Como era difícil admitir para si mesma. Mas era evidente... além do mais, ela não seria a primeira a não compreender os sentimentos quando eles realmente resolvem “brincar” conosco.
- Grande novidade. – ela ironizou. - Ei... você concorda com o plano, então?
- E tenho escolha? É o preço que devo pagar para te ter por alguns dias, não é?
- Hum... como assim o preço que você deve pagar? Quem sairá prejudicada nessa história sou eu... Já estou até vendo os olhares de compaixão de Rony e Hermione...
- Mas quando eles souberem de nós... Vão achar que você ficou comigo gostando do Potter.
Gina pareceu se surpreender com o que Draco havia dito. Sua mente demorou alguns poucos segundos para entender o que realmente havia ouvido.
- Quando souberem de nós?
- É. – ele disse com simplicidade.
- E quando você acha que será?
- Por quê a surpresa, Virginia? Medo da reprovação?
- Não... não é medo...
- Você achou que não seria nada de mais e que acabaria antes de pensarmos na possibilidade de contar aos outros. – disse Draco, como se já estivesse pensado em tudo aquilo.
- Bom... na verdade... já pensei, mas tinha esquecido...
Alguns segundos em silêncio, onde o olhar de Gina se fixou num ponto qualquer no chão. Mergulhada em pensamentos, onde ela analisava como seria quando resolvessem revelar a todos sobre eles dois – porque sim, ela estava gostando de Draco, gostando verdadeiramente – e como reagiriam.
- Draco. – ela disse, ainda olhando para o chão, abraçada ao braço de Draco. – Valerá a pena tudo isso, não valerá?
- O quê? Contrariar os ideais de todos os outros?
- Hum... é. – ela disse com a voz fraca.
“Valerá, Virginia... tudo isso é parte de um plano. Você está caindo no plano.” ele pensou, no momento em que uma amargura se apossava de todo o seu corpo. Por quê ela tinha de perguntar aquilo?
- O quê você acha? – ele perguntou. – Pensei que estivesse claro. Se formos pensar em tudo o que nos disseram, ficaremos velhos e morreremos antes de pudermos contar à todos.
Ele sabia realmente se safar de um discurso melancólico. Ela o encarou e ele também o fez. Mordendo o lábio inferior, parecendo pensar e lembrar de cada cena que passaram juntos, ela começou a dizer olhando nos olhos cinzentos à sua frente.
- Você tem razão. Acho que tudo o que eu sou, ou tudo o que eu já fui, estão aqui. – ela apontou para os olhos dele. – Eles são tudo o que eu posso ver, no momento.
E Draco se sentiu estúpido. Ela não vê problema em revelar os sentimentos ou dizer coisas melosas ele pensou, enquanto ainda analisava cada sentido da frase de Gina. Que afinal, fazia todo o sentido do mundo... E ele se sentia estúpido por não ter uma resposta à altura. Não saberia o que dizer, talvez dissesse alguma besteira se abrisse a boca. Talvez dissesse algo que o fizesse parecer frio demais aos olhos dela, porque nunca deixava suas emoções à mostra. Então ele fez o que devia ter feito. Colou seus lábios nos dela, e deixou que a resposta saísse muda e o silêncio se misturasse com os cantos das cigarras do parque.
- Amanhã... então...
Gina olhou rapidamente para baixo, procurando analisar os fatos. Mas logo voltou os olhos para Draco e sorriu, dizendo:
- Amanhã.
Gina percebeu que ele parecia realmente satisfeito.
- Te mando uma coruja de manhã falando onde estará a Chave do Portal. – disse, animado.
- Estarei esperando.
- Vou reservar o melhor hotel de Verona...
- Não precisa ser necessariamente o melhor...
- Será a melhor viagem que você já sonhou em fazer, Virginia. Confie em mim. – ele disse, se levantando do banco junto com Gina.
- Confio – ela disse, sorrindo.
No dia seguinte, a primeira coisa que fez foi falar com Harry. Teve que fazê-lo desvencilhar de Cho, que insistia em aparecer para dar beijinhos em Harry a todo instante. Felizmente Cho e Hermione foram responder a algumas corujas de parentes no momento em que Rony se trocava para o café da manhã.
- Harry... ei, Harry!
- Oi, Gina. Já respondeu as corujas de sua mãe?
- Ainda não, responderei daqui a pouco. Preciso falar com você, é sobre o Draco... – ela sussurrou, enquanto olhava ao redor no corredor vazio do hotel.
Harry suspirou. Ainda não engolia a história.
- Aconteceu alguma coisa?
- Ele propôs que viajássemos... Hoje.
- Quê? Como assim, Gina? – perguntou Harry, confuso.
- Ele perguntou qual o lugar que eu gostaria de conhecer, sabe... eu sempre quis conhecer Verona... E eu realmente quero viajar com ele, Harry...
- Mas... Rony, Hermione...
- Olha – ela disse, contraindo os lábios e procurando as palavras. – Eu vou dizer que não estou bem aqui. Vou dizer que não estou gostando de te ver com a Cho e que ainda gosto de você.
Gina achou que Harry iria subitamente discordar, ou comentar algo impróprio. Mas ele pareceu não saber o que dizer e apenas a olhou com uma expressão indecifrável.
- Harry?
- É de impressionar.
- Quê? – ela franziu o cenho.
- Você percebeu tudo o quê está fazendo pelo Malfoy? Será que ele realmente merece, Gina? Será que vale a pena?
- Ah, Harry! – ela pareceu ofendida. – Eu já te disse que eu gosto do Malfoy, não pedi para gostar, mas gosto!
- Você está disposta a mentir para toda a sua família, está disposta a se passar por um papel ridículo!
- Acho que não tem problema em eu querer um momento só pra mim! – ela ralhou.
- E vale a pena tudo isso?
- Eu estarei com ele! Sim, valerá a pena, obrigado!
- Viu só? É de Draco Malfoy que estamos falando, Gina. Um imbecil que...
- Pára, Harry! Por quê vocês não tentam vê-lo com outros olhos, como eu fiz? Se Malfoy fosse todo esse demônio que o descrevem, teria matado Dumbledore e ido para Azkaban. Mas não chegou a fazer isso... Não chegou a ir para Azkaban...
- Mas o pai dele foi para Azkaban. E saiu, se está lembrada... Está mais perto do que pretendíamos ter deixado.
- Eu não namoro o Lúcio, Harry.
- Por falar em Lúcio – Harry não conseguia conter a reprovação. – Como você acha que ele vai reagir quando souber que você está namorando o filho dele?
Gina paralisou. Havia pensado em toda a sua família, todos os seus amigos. Mas não havia pensado na família Malfoy. O quê Lúcio faria? Lúcio sempre fora uma figura assustadora para Gina. E o odiava por ter jogado aquele maldito diário em seu caldeirão na Floreios e Borrões, muitos anos atrás.
Em questão de segundos, um milhão de pensamentos passaram pela mente de Gina. Pensou até na idéia de Lúcio tentar matá-la quando descobrisse.
- Não me diga que não havia pensado nisso. – disse Harry, enquanto Gina ainda mergulhava em profundos devaneios. – Ou então que irão se esconder para sempre.
- Não! Não vamos nos esconder para sempre... E já pensei nisso – mentiu.
- Chegou a alguma conclusão do que acontecerá? – perguntou Harry em tom desafiador.
- Já chega. O pai dele foi um comensal, eu sei, mas ele pode...
- Pode o quê? – perguntou Harry, incrédulo. – Ter ficado bom, de repente?! É isso que quer dizer?!
- Não! Não foi isso que eu quis dizer! – ela exclamou.
- Gina, pelo amor de Deus! Estou revoltado até hoje por Malfoy ter saído de Azkaban... E você, logo você, que estava no Ministério aquela vez, que viu Lúcio Malfoy comandar os Comensais da Morte, nos atacar...
- Você está entendendo tudo errado, Harry! Eu não acho que Lúcio Malfoy ficou bom!
- Então pare de agir como se estivesse achando! – ele levantou um pouco a voz. Nesse instante, a porta do quarto de Rony e Hermione se abriu e revelou Rony com uma cara surpresa.
- Ah, são vocês... Por quê estão discutindo? – perguntou sem-graça.
Harry olhou para Rony, também surpreso. Gina também o fez, mas matinha uma expressão mais preocupada. E se ele tivesse escutado algo comprometedor? Concluiu que não, pela cara de interrogação de seu irmão. Então disse, em tom frio.
- Não, Rony. Vou responder a carta da mamãe agora. Podem ir descendo. – ela disse e entrou em seu quarto, batendo a porta.
Rony olhou para Harry, sem entender nada.
- Agora me conta, Harry. Ela parecia realmente perturbada.
Harry pensou um pouco. Tinha total desaprovação no namoro de Gina com Draco, mas o momento era favorável para ajudá-la.
- Ela me viu com Cho e ficou assim. Ela não parece estar feliz, Rony. E se quer um conselho – ele completou, ao ver Rony pronto para responder. – Verona é uma cidade muito bonita. Ela podia passar o resto das férias lá, se não está gostando daqui. Ela já me disse que gostaria de visitar.
Saíram do corredor e desceram para o café da manhã. Rony passou o percurso inteiro perturbado e calado.
Uma coruja entrou no quarto de Gina. Ela já sabia do que se tratava. Largou a pena que estava usando para escrever à sua mãe e foi até o animal, tirando o pergaminho de sua pata.
“Hoje, 14:00. Me encontre na parte mais afastada do parque”.
D.
Ela sorriu perante a simplicidade da carta. Sem dúvida, o jeito Malfoy de ser.
Agora ela tinha até as 14:00 para convencer Rony e Hermione de que iria para Verona, sem mais nem menos... Quer dizer, por causa de Harry.
Desceu até o restaurante do hotel para tomar o café da manhã depois de responder às cartas da Sra Weasley e a de Draco. Percebeu que Rony e Hermione a olhavam perturbados, e já ia comentar a respeito quando Hermione tomou um último gole de café e disse:
- Gina, preciso conversar com você.
- Eu também! – Rony se apressou em dizer, e acabou dizendo com a boca cheia. Gina estranhou que Hermione não lançou a Rony nenhum olhar de reprovação.
- Ah... claro. Também quero falar com vocês...
Depois de terminar seu café da manhã, Hermione chamou Gina até seu quarto no hotel, seguida por Rony. Gina não fazia a mínima idéia do que se tratava.
- Gina, Rony me contou.
- Contou o quê?
- Sobre a conversa de você e do Harry aqui no corredor hoje. – interveio Rony.
Gina gelou. Seria algo sobre Draco?
- Ah é? – ela fingiu interesse e tentou não parecer preocupada.
- É. Você ainda gosta dele, não é?
Pronto. Agora Gina estava confusa. A intenção dela era exatamente essa: fazê-los pensar que ainda gostava de Harry. Mas como eles, de repente, chegaram a essa conclusão?
- Eu...
- Não precisa fingir, Gina – disse Rony, tentando parecer mais compreendedor. – Se você não estiver bem aqui, pode terminar as férias em outro lugar. Verona, por exemplo.
- Peraí... – disse Gina, tentando analisar os fatos – Como vocês... Ah, claro! – ela concluiu triunfante. – Harry, ele te contou isso, não foi?
- Bem, foi.
- Ah Gina, me desculpe por não ter passado muito tempo com você na viagem... – disse Hermione carinhosamente. – Estava mesmo preocupada que você ficasse assim por causa do Harry, e disse para mim mesma que a distrairia... Pelo jeito, falhei.
- Não... hum... se preocupe.
- Então, você vai mesmo viajar pra outro lugar? – pergunto Rony. – Nem vai ver o Chudley Cannons ganhar a Copa?
Gina sorriu.
- Um dia, quem sabe.
- Quando pretende ir, Gina? – perguntou Hermione.
- Hoje.
- Hoje? Mas... temos que providenciar uma Chave do Portal... Separar uns galeões...
- Quanto à isso, não se preocupe. Tenho tudo pronto. Agora, se me dão licença... Tenho de fazer as malas, mais uma vez...
E assim o fez, perante as expressões interrogatórias de Hermione e Rony. Gina fez uma anotação mental de agradecer a Harry antes de partir. Começou a arrumar a mala pensando em Verona, pensando em Draco, pensando nos lugares que conheceria... Estava ansiosa. Mas, acima de tudo, estava feliz.
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N/A: 02:38 e eu acabei de terminar o cap ._.
Demorei demais, eu sei. É que começaram as provas, as aulas a tarde... Droga :(
Mas eu NUNCA vou abandonar a fic, disso vocês podem ter certeza. Até porque eu já escrevi o final.
Comentem o que estão achando :D
;*
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