No vestiário do Chudley Cannon
- Eu sabia! Chudley Cannons vai vencer esse campeonato, eu sei que vai! Seremos campeões! Não tem para ninguém!
- Rony, é a oitava vez que você fala isso desde que voltamos do jogo...
- Você não entende, Gina! 450 a 80! Massacramos o Wigtown Wanderers! – disse Rony, ainda vibrando e entrando no quarto de hotel onde ele dividia com Hermione.
Gina olhou para Hermione, que retribuiu seu olhar de “fazer o quê”, parecendo já estar acostumada com os ataques de Rony de devoção ao time de Quadribol.
- Ah, Gina – disse Hermione. – Esqueci de lhe contar. Eddy mandou-nos uma coruja hoje de manhã.
- Ah é?
- Ele disse que havia falado com Fudge e pedido permissão para vir para a Copa, mas Fudge estava estranho... Não deixou, disse que já tinha muita gente viajando... Até gritou com Eddy, pelo que ele escreveu.
- Que estranho – respondeu Gina, franzindo a testa. – Ele devia estar realmente estressado. Fudge não é homem que grita com os outros...
- Foi o que pensei. Em todo caso, Eddy me pediu para te contar... E disse que vai sentir saudades e desejou que ficasse bem.
Gina assentiu, tentando fingir interesse.
- Bom, eu vou pro meu quarto tomar um banho então. Nos vemos no jantar do hotel? – perguntou Gina.
- Na verdade nós temos outra idéia. Pensamos em ir jantar em algum restaurante legal, o quê acha? – disse Hermione, animada.
- Ah... – disse Gina pensativa. – Um jantar de casais, compreendo.
- Larga de ser boba, Gina, é pra você ir também.
- Não, valeu Mione, mas vou ficar no hotel. Não precisa se preocupar comigo, estou mesmo um pouco cansada pra sair...
- Gina, não tem nada a ver o quê você está fazendo!
- Eu prefiro ficar, de verdade. Bom, vou indo, então. Bom jantar pra vocês!
Hermione suspirou. Sabia que não convenceria Gina a ir.
- Ta, Gina, a gente se vê...
Já era de noite quando Hermione foi até o quarto de hotel de Gina e disse que eles estavam saindo. Gina fez voz de cansada quando Harry perguntou incrédulo o por quê de Gina não ir com eles. No fim, todos acreditaram que Gina estava cansada e que preferia ficar e comer a comida do hotel, ou fingiram acreditar.
Gina rapidamente jantou no hotel e decidiu sair para tomar um ar e conhecer a cidade. Era uma cidade grande, com muitos bruxos, embora habitada também por trouxas. Os campos de quadribol naturalmente eram cobertos por feitiços para despistar os trouxas.
Quando saiu do hotel, Gina sentiu a brisa do vento. Embora estivessem no verão, a noite ainda trazia uma gelada brisa consigo. Ajeitando o cachecol em seu pescoço, ela saiu pelas ruas razoavelmente movimentadas.
Draco Malfoy alisava a gola alta de seu casaco quando ele a viu finalmente sair do hotel que entrara há horas. Estivera distraído com as pessoas que se divertiam nos bares da cidade e se perguntou por quê se dera ao trabalho de esperá-la tanto. Mas não tinha importância, ele precisava reencontrá-la, falar com ela, ter o seu perdão. Estava realmente disposto a tudo.
Ele ainda a seguia de longe quando a viu entrar no campo do Chudley Cannons. O que ela faria lá, afinal? “Isso me dá uma idéia”. – ele pensou, enfiando a mão no bolso das vestes, tirando sua varinha e indo ao encontro dos guardas do estádio. Nada atrapalharia os objetivos de Draco Malfoy. Nada.
Conhecer o campo de quadribol do Chudley Cannons era um sonho antigo dela. Um sonho que estivera encostado, e de alguma maneira fora afastado da mente de Gina. Mas ela não podia negar que tinha um prazer enorme andando pelo memorial do seu time de Quadribol. Olhou para o relógio: ainda tinha dez minutos para passear conhecer o local. O segurança lhe permitiu que entrasse para uma breve visita, porque já estava quase fechando. Também pudera, eram 19:50 e ela era a última visitante do dia... Aparentemente.
Passou pelas taças, vitrine dos uniformes, nomes dos famosos jogadores... e sem perceber, entrou no corredor que dava para o vestiário. Curiosa ela sempre fora, e queria realmente ver como era o lugar. Olhou em volta, o máximo que aconteceria seria dizerem para ela sair. Quem sabe não encontraria uma lembrança de algum jogador? “Rony adoraria” – ela pensou, rindo. Entrando sorrateiramente e deixando a porta entreaberta, ela viu um grande vestiário, com grandes armários dividindo-o em partes. Estava distraída olhando o nome de cada jogador gravado nos armários, quando se lembrou que não poderia demorar. Mas antes que pudesse virar, ela ouviu passos.
- Virginia! – disse uma voz conhecida. Gina se virou instantaneamente, como se não acreditasse ter ouvido.
- Malfoy! O quê...
BLAM! Eles ouviram a porta principal bater com estrondo e o som ecoar pelo vestiário. Gina foi até ela e automaticamente tentou abri-la. Não conseguiu.
- Por quê... não está... abrindo... – ela forçava a porta a abrir, girando a maçaneta rapidamente.
- O quê houve? – disse Draco, saindo do meio dos armários do vestiário e indo até ela.
Gina não respondeu, aparentemente não querendo dirigir a palavra a Draco. Tirou a varinha do bolso e disse “Alohomora”, mas a porta continuou trancada.
- Alohomora! – ela repetiu, fazendo com que cada sílaba ficasse clara. Mas não funcionou. – Que droga, por quê não está abrindo?!
- É meio óbvio. As portas de um lugar público não abrem com um simples Alohomora...
- Fica quieto, não perguntei pra você! – ela falou em voz alta, sem se virar.
- Oh me desculpe, não sabia que falava sozinha. – ele ironizou em tom inocente.
- Cala a boca, Malfoy! Essa porcaria de porta não está abrindo, você percebeu?! Que tal fazer alguma coisa?! – ela disse, furiosa.
Draco se aproximou da porta. Tirou a varinha do bolso calmamente, pingarreou e disse “Alohomora” para a porta, mas nada aconteceu.
- É. Isso só comprova minha teoria de que o Alohomora não funciona nessa porta.
- Oh! Descobriu a pólvora! Achei que você seria mais esperto e lançaria outro feitiço... Ah, dá licença! – ela o empurrou e segurou a varinha firme contra a porta. – Bombarda!
O feitiço saiu da varinha de Gina e explodiu contra a porta. Gina tapou o rosto na explosão, mas quando tirou a mão dos olhos, ficou incrédula. A porta continuava intacta.
- Ah, não faça isso de novo. – disse Draco, ajeitando os cabelos platinados. Aparentemente também tinha recebido o impacto da explosão.
Mas Gina o ignorou, agora parecia realmente preocupada. Voltou a apontar a varinha para a porta.
- Carpe Retractum! Diffindo! – disse Gina, desesperada. Os feitiços, porém, apenas ricocheteavam na porta – Deve haver um jeito de sair daqui... Mas que droga, também não se pode aparatar em campos de quadribol... - Irritada, ela se virou para Draco, que ainda alisava os cabelos. - VOCÊ QUER ME AJUDAR, FAZENDO FAVOR?
- Que diabos você quer que eu faça, Virginia? Como você disse, não se pode aparatar, e com razão. Já imaginou a bagunça que seria nas arquibancadas? E a porta... hum, portas públicas costumam ser fechadas com magia muito poderosa, senão qualquer um poderia entrar em qualquer lugar...
- Você planejou isso, por acaso?! – ela perguntou de repente, os olhos se estreitando como se procurasse uma pista.
- Eu... Quê? Não! Estava apenas te seguindo e a vi entrando... Pois bem, não é minha culpa se eles fecham os vestiários sem consultar se tem alguém dentro.
- Mas... não pode ser... – ela se recusava a acreditar que teria que passar a noite ali, com a companhia justamente de quem ela menos queria ver no mundo. – O quê você faz aqui afinal, Malfoy?! Como ficou sabendo que eu viria para a Copa?!
- Ouvi você contando para o Humptirf. – ele disse, fazendo uma breve careta ao lembrar da cena do beijo de Gina e Eddy.
- Você O QUÊ? Andou me espiando, ouvindo minhas conversas?! Você não tem o direito... Por quê você simplesmente não some da minha vida? Por quê, ein, Malfoy? O quê você quer de mim?!
Malfoy contraiu os lábios e cruzou os braços. Parecia pensar.
- Eu poderia fazer uma lista. – disse, finalmente, um sorriso malicioso no rosto.
- ME DIZ! – ela se aproximou de Malfoy, a fúria gravada em cada centímetro de seu rosto. – Pra quê esse súbito interesse em mim, Malfoy? Desde o primeiro dia de trabalho no Ministério... Você nunca foi assim, não comigo... Tem alguma coisa errada...
- Ah, Virginia, sinceramente. Acho que seria mais proveitoso eu escrever isso num pergaminho e você pegá-lo para ler sempre que tivesse uma crise de dúvidas. Não é a primeira vez que sou obrigado a explicar que eu gosto verdadeiramente de você e...
- Ah, cala a boca! Você tem nojo de mim, tem nojo de qualquer coisa ligada ao sobrenome Weasley! Eu sei disso, sempre soube... Não sei, Malfoy... Não sei por quê me envolvi com você... – ela deu às costas a Draco e sussurrou mais para si mesma, embora o rapaz também conseguiu ouvir. – Eu devia estar realmente desamparada.
- Você acha que se eu tivesse nojo de você eu teria te tocado, te beijado?
Gina tentou pensar em alguma resposta, mas não encontrou. Se Malfoy tivesse realmente nojo dela... por quê teria começado tudo aquilo?
- Você acha que eu esqueci da Pansy? – peruntou com uma fúria reprimida.
Draco suspirou.
- Deixa eu te explicar. Pansy é só mais uma garotinha que gosta de...
- Você é nojento e desprezível, sabia? – ela se virou para Draco, parecia reprimir uma distante vontade de chorar. – Você... me traiu... entendeu? Traiu. Traiu o início de um sentimento legal que estava crescendo aqui... – ela apontou para o peito. – Traiu tudo o que tinha me dito até agora... Traiu seu caráter. E acha que isso é a coisa mais normal do mundo...
- Não acho que é... E estou arrependido. – pela primeira vez naquela noite, havia uma visível sinceridade na voz de Malfoy. – Estou arrependido porque eu não queria que você ficasse assim...
- É mesmo? E queria que eu ficasse como?! Você por acaso pensou em mim enquanto estava com ela, Malfoy?! – ela perguntou, agitada.
- Todo o tempo.
Gina abriu a boca para falar, mas calou-se, os olhos já brilhavam sob a luz da lua que entrava pelas pequenas e altas janelas do vestiário. Desviou o olhar de Draco e sentou-se no chão, encostada na gelada parede com uma expressão mista de desolação e intriga.
- Mentira. – ela disse mais para si mesma.
- Não é mentira – ele foi até ela e ajoelhou-se em frente à garota. – Toda vez que Pansy me tocava...
- Isso, conte com detalhes para que eu me sinta pior!
- ...eu só lembrava dos seus beijos...
- Eu não acredito em você!
- ...das suas carícias...
- Isso não vai me convencer.
- ...dos seus olhos.
Gina abaixou o rosto e olhou para baixo.
- Você nem olha em meus olhos.
- É você quem está desviando...
- Você sabe do que eu estou falando. Aposto que nem sabe direito qual é a cor dos meus olhos.
Draco se levantou e foi até uma janela próxima. Embora a janela fosse pequena e alta, a lua cheia era visível, e brilhava fortemente. Ainda olhando para fora, ele disse:
- Em Hogwarts, eu sempre achei que seus olhos eram pretos, Virginia, porque só te via de longe. E dificilmente você olhava em minha direção. No meu quinto ano, quando ficamos próximos lá na sala da Umbridge, olhei melhor e agora pareciam castanhos escuros. Dias atrás, quando você apareceu no Ministério e começamos a trabalhar juntos, percebi que estive errado todo esse tempo: era um tipo diferente de castanho, era um castanho claro – Ele se virou para Gina, ela olhava para o nada à sua frente, a boca comprimida. De novo ele foi até ela e de novo se ajoelhou na frente dela, mirando-a nos olhos, fazendo-a piscar. – Mas quando te beijei pela primeira vez... a primeira vez mesmo, quando não foi um beijo roubado, quando você aceitou o beijo e depois olhou em meus olhos mais de perto... Nesses segundos, eu descobri. Eles têm cor de mel. Mas isso só se descobre se a pessoa olhar muito bem nos seus olhos... ela pode te ver todos os dias e mesmo assim não reparar. Mas eu reparei, porque eu soube olhar mais fundo em seus olhos, Virginia... E eu consigo ver até mais além da verdadeira cor deles... eu vejo seus sentimentos, suas sensações. Você está furiosa comigo, e deveria mesmo estar... mas você ainda me quer...
E antes que ela pudesse pensar ou falar – embora ainda estivesse sem palavras – ele a beijou. Durou poucos segundos; segundos em que Draco pode perceber que a garota de fato ainda nutria um sentimento por ele. Mas havia mágoa, muita mágoa.
- Existe uma coisa sobre mim que você não sabe... – ele sussurrou, depois de minutos em silêncio em que Gina se recusou a olhar nos olhos de Draco.
- Existem no mínimo um milhão de coisas sobre você que eu não sei. – ela disse friamente.
- Eu sou um bom legilimente – ele completou, ignorando a fala de Gina. – Eu posso ver o que você está sentindo... e eu sei que você ainda gosta de mim...
- E você acha certo invadir a mente dos outros? – ela perguntou, finalmente olhando-o nos olhos.
- Só não quero que você finja seus sentimentos.
Ela comprimiu os lábios, com raiva.
- Eu já imaginava que você era bom legilimente. – desdenhou.
- Já?
- Sim. Na verdade eu sabia que você era bom em Oclumência, o Harry me contou. Então deduzi que tenha aprendido Legilimência também.
- O Potter?! – Draco parecia realmente interessado agora. – Como ele sabia?
- Ele ouviu uma conversa sua com Snape no sexto ano de vocês em Hogwarts.
Draco se sentou no chão em frente à Gina. Era visível que aquele ano ainda o assombrava... fora um dos piores anos de sua vida. Mas não queria demonstrar isso a Gina. Abandonou qualquer expressão de abalo e assumiu um tom de indiferença.
- Hum, é. Minha tia Bela me ensinou.
Gina mirou Draco, como se estivesse escutado mal.
- Sua tia Bela? Belatriz Lestrange? – ela tinha um olhar horrorizado.
- Exato.
- Belatriz Lestrange... a comensal que torturou os pais do Neville... a mulher que matou Sirius!
- Ela mesma. – disse Draco, parecendo reprimir a vontade de rir perante o horror estampado no rosto de Gina.
- Você se orgulha de ter uma tia assim?! Pelo amor de Merlim, ela TORTUROU os pais de Neville! E Sirius... Ah, meu Deus...
- Pode soar estranho para você... mas ela é uma pessoa legal, sabe.
- Ah, cala a boca, Malfoy! Vocês são todos doentes... Você é quem deveria ter tido os pais torturados, pobre Nevile... – ela ainda lembrava de quando Nevile fora visitar os pais no St Mungus. E a lembrança ainda a perturbava.
- Que drama, Virginia... Não é culpa minha se os pais de Nevile estavam do lado errado.
Gina arregalou os olhos, a incredulidade no ponto máximo.
- Como você pode ser tão... tão... imbecil?
- Quer parar de descontar sua revolta em mim? Eu apenas estou expressando minha opinião.
- Você já perdeu alguém, Malfoy?
Draco a mirou, os olhos claros estreitos sob a luz da lua que ia se enfraquecendo.
- Neville não perdeu ninguém. Que eu saiba, a mãe e o pai dele estão no St Mungus...
- Ah, tenha a santa paciência! – ela levantou a voz. – Eles estão LOUCOS, Malfoy! Nevile os perdeu, porque eles perderam a consciência! Se isso não é a morte... então é pior que ela.
- Não há nada pior que a morte. No entanto... – ele levou as mãos ao queixo pontudo. - Devemos aprender a conviver com ela, pois ela faz parte do nosso ciclo vital.
Gina balançou a cabeça, como se não acreditasse no que ouvisse.
- Você é todo o oposto do que eu penso, sabia? Não, pior. Você é o meu oposto em pessoa. Sua família é envolvida até o pescoço nas Artes das Trevas, a minha é totalmente contra isso. Eu aprendi a conviver e a gostar das pessoas, prova disso é que tenho seis irmãos, e me dou bem com todos... e você é filho único, arrogante, que não se dá com ninguém e só gosta de humilhar os outros. Você sempre chamou minha família de pobre e se gabou por ter muito dinheiro, mas de espírito é totalmente ao contrário...
- Só falta você dizer agora que o fato de eu, meu pai e minha mãe sermos loiros e sua família inteira ser ruiva é mais um motivo de oposição.
- Pois é. Parece até que a natureza adivinhou.
- Cuidado, Virginia. – ele sorriu de canto. – Os opostos se atraem.
Gina desviou o olhar de Draco e mirou a parede à sua frente. Ficou alguns segundos em silêncio, depois voltou a olhar para Draco, séria.
- Você acha que eu vou esquecer sua traição facilmente, não é?
Ele mordeu os lábios e desviou o olhar, pensativo. Parecia confuso, perdido em pensamentos nos segundos em que permaneceu calado. Quando finalmente abriu a boca, suas palavras saíram fracas, como se ele fizesse muita força para dizer o que queria.
- Você realmente quer saber por quê eu te traí?
Gina o encarou. Poderia haver um motivo bom o bastante para convencê-la?
- Acho que eu tenho o direito. – disse em voz baixa.
Draco olhou para cima, passou os olhos claros pelo vestiário. Aparentemente analisava cada detalhe do lugar, mas somente ele sabia que não. Na verdade, não via nada do que seus olhos o mostravam, sua cabeça estava a mil e ele estalava os dedos no colo. Pareceu uma eternidade.
- Eu estava assustado.
- Assustado? – perguntou Gina, confusa.
- É, assustado. Você não acha estranho eu, Draco Malfoy gostar de alguém? Assim, de verdade?
- Não estou entendendo.
- Eu estava assustado... com... meus sentimentos. – as últimas palavras de Draco saíram num sussurro, de modo que se alguma coruja fizesse barulho lá fora Gina não ouviria. Mas como nenhuma coruja o fez, e o lugar estava mais silencioso que nunca, ela ouviu.
- Mas... eu... – ela parecia não achar palavras.
- Não é óbvio? – ele mirou Gina e sua voz aumentou, como se ele estivesse ensinando uma lição. - Eu gosto tanto de você que eu não gosto disso. Eu nunca gostei assim de alguém, eu estava assustado. Precisava ver se com Pansy ia ser diferente, se com ela eu sentiria... assim...
Gina ainda olhava para ele, mas ele desviou o olhar e Gina pode perceber que estava nervoso. Parecia ter dito aquilo contra a vontade, mas passava longe de parecer uma mentira.
- Eu não sabia que você gostava tanto de mim assim. Bom... eu deveria ter imaginado... as cartas sem assinatura...
- Eu não pretendia me revelar tão cedo. – ele disse, ainda olhando para o lado.
- Já sei... Você usou o anonimato pra se aproximar de mim, porque se eu soubesse que era você...
- ...você nunca me responderia. – ele virou o rosto para ela e a encarou, com aqueles olhos muito claros, mesmo no escuro do vestiário.
- É, mas quem sabe se eu responderia...
- Ah, está brincando. Você me odei... bom, odiava, suponho.
Ela não respondeu, apenas sorriu. E mesmo sendo um sorriso sem mostrar os dentes, um sorriso ofuscado pela escuridão, Draco sentiu que não havia melhor momento para ver um sorriso de Gina. Poderia sorrir também, se os pensamentos não o perturbassem tanto. Ele se sentia mal de dizer que gostava de Gina, porque nunca havia dito isso para ninguém, era no mínimo estranho. Se sentia mal também por revelar parte do plano a Gina... Não era toda verdade, mas também não era mentira. Mas isso doía, e ele não sabia por quê.
- Você entendeu, agora, Virginia? – ele se levantou e foi até onde ela estava, sentando-se ao lado da garota.
- Não sei. – ela balançou a cabeça de leve. – Sinceramente? Eu não sei.
- Mas...
- Não faz uma semana que você me traiu... Não tem sentido...
- Sentido? Se nós dois estivéssemos ligando para o que faz sentido, nem teríamos nos aproximado...
- Ah, Draco. – ele percebeu o fato dela recomeçar a chamá-lo pelo primeiro nome e sentiu feliz – Uma traição... sem um motivo certo...
- Eu te disse o motivo, não finje que não... – ele segurou o rosto da garota com as mãos e olhou profundamente em seus olhos. – Por favor, não me faça repetir tudo.
Ela podia jurar que um estranho brilho surgiu nos olhos de Draco. Talvez uma lágrima? Não, não podia ser... Ela não tinha certeza de nada, porque ele fechou os olhos rapidamente. E no instante seguinte, sem que ela pudesse evitar – mesmo que não quisesse – os dois lábios já se encontravam colados, e os dois corações novamente unidos.
- Devo entender, então... – ela sussurrou, o rosto muito próximo ao de Draco – Que você é verdadeiramente apaixonado por mim?
Ele não respondeu rapidamente. Ela não podia ver sua expressão, tudo o que podia ver eram os olhos deles, agora incrivelmente azuis, piscarem levemente.
- Entenda como quiser. – ele disse sorrindo.
Não era a resposta que ela esperava ouvir. Mas não se impressionava, aquilo poderia significar muito mais do que ele havia dito.
- Você promete... que nunca mais...
- Nunca mais. Juro por Merlim...
- Nem uma vez...
- Nem uma vez, Virginia...
- Bom mesmo. A contrário saberei, e não será bom para você, Draco Malfoy. – ela sorriu e fingiu uma expressão malévola.
- Oh – ele fez uma expressão engraçada de surpresa. – Isto é uma ameaça, Virginia Weasley?
- Entenda como quiser. – ela imitou o sorriso desdenhoso dele como pôde, e ele abriu a boca para responder quando foi interrompido por um beijo.
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N/A¹: Todos os feitiços aqui usados foram copiados do livro, jogo ou filme, ok? :D
N/A²: Gente, ensino médio não é mole :/
Desculpem a demora pra postar... mas estou fazendo oq posso, ok?
Comentem ^^
Bjs.
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