Sentimentos involuntários



Estava tudo muito escuro. Draco não conseguia ver nada, além de algumas luzes que se acendiam e apagavam muito rápido... Nesses instantes de pequena claridade ele conseguiu distinguir que estava em Hogsmeade. Ele procurava desesperadamente por Gina... Tinha que encontrá-la... Precisava encontrá-la urgentemente...
Então ele a viu. Ela saiu de trás de uma árvore e disse:

- Aqui, Draco...

E saiu correndo. Draco foi atrás dela, mas a garota voltou a sumir. Não tardou a aparecer de novo e repetiu:

- Aqui...

Draco a seguiu, correndo rapidamente para não perdê-la de vista. Ele podia sentir o coração batendo muito rápido, e sentia medo. Muito medo.
Uma Fada Cintilante de cabelos negros e sedosos apareceu voando... ela cantava uma música muito calma e relaxante. Draco parou de correr e ficou observando a fada. Estava quase hipnotizado, mas queria ver Gina... Precisava ir atrás dela, não podia ficar ali parado... Mas suas pernas não o obedeciam...
Foi quando a fada começou a se transformar. Draco soltou um grito de horror quando ela se transformou em Voldemort. Os olhos vermelhos penetrantes chegaram muito perto de Draco, que sentia o coração bater ainda mais rápido e respirava ofegante.

- Muito bem, Malfoy... Muito bem... – disse Voldemort, com uma voz fria e cruel.

Ele se afastou de Draco, e de repente ergueu a varinha, apontando-a para um lado. Então, Draco viu Gina aparecer nesse mesmo lado, chorando... totalmente desesperada...

- Ele vai me matar, Draco... ele vai me matar... – ela dizia, chorosa.
- Cale a boca! – gritou Voldemort.

“Não” – pensou Draco. “Não a mate... Gina não pode morrer... Não mate Gina... Não quero que Gina morra...”.

Então ele correu até Gina, mas na metade do caminho foi agarrado por comensais da morte. Um dos comensais era Lúcio.

- Pai, não deixa o Lorde matar Gina... – ele disse.
- E por quê não, Draco?
- Ela não pode morrer...
- Não é mais preciso o sangue do bebê. Gina deverá morrer.
- Não... Não quero que ela morra... – disse Draco, desesperado.
- Me ajuda, Draco... – gritou Gina.
- Avada Kedavra! – Voldemort gritou. Draco deu outro grito de horror. Se livrou dos comensais da morte e foi até ela.

- Gina? Gina! - gritou Draco.

De repente, Voldemort e os outros comensais sumiram. Estavam só os dois agora, em uma rua completamente deserta e escura...
Estranhamente, Gina ainda estava viva. Ela estava deitada em um chão sujo... estava chorando...
Draco a abraçou, cada parte do corpo dele estava tremendo.

- Eu gosto tanto de você. Mais do que eu queria, mais do que deveria... – ela dizia. – Mais do que eu deveria... Eu gosto tanto de você... Mas eu preciso ir...
- Eu também! Eu gosto muito de você! Não vai... – ele suplicou.

Então ela fechou os olhos, morta. Mas as vozes dela dizendo “Eu gosto tanto de você. Mais do que eu queria, mais do que deveria...” continuavam na mente de Draco. Ele olhou para Gina morta e sentiu lágrimas nos olhos... Ela não podia ter morrido...

- Draco? Ei, Draco!

Então ele abriu os olhos. Uma claridade fez seus olhos claros arderem, mas ele conseguiu distinguir os olhos castanhos em sua frente.

- Graças a Merlin! – dizia Gina, que segurava a cabeça loura de Draco no colo. – Estou te chamando a um tempão... Sinceramente, estava preocupada...

Fora um sonho. Ou melhor, um pesadelo. Um terrível pesadelo.
Draco ainda respirava ofegante, e estava assustado. Seu coração ainda batia muito fortemente. Quando viu que era Gina quem estava ali com ele, ele sentiu alívio. Um enorme alívio... e a única coisa que conseguiu fazer foi abraçá-la.

- Virginia...

Quando se separaram, Gina estava com a testa franzida.

- Que foi, Draco? Você estava tão agitado... Olha, já amanheceu.

A manhã nunca fora tão linda para Draco. O alívio de saber que tudo fora um pesadelo o acalmou intensamente. Ele olhou para o horizonte, onde o sol nascia ainda fraco. Depois, sorrindo, olhou para Gina, que estava ao seu lado... uma estranha paz se apossou de seu corpo.

- Eu tive um pesadelo.
- Percebi – ela disse sorrindo. – Quando acordei você estava respirando ofegante e sussurrando “Não”. Com o que você sonhou, afinal?
- Ah... não sei bem o que era, na verdade. Eu estava andando no escuro, só. – ele mentiu.
Gina levantou as sobrancelhas, confusa.
- Bom – ela disse – Eu sonhei também. Mas foi um sonho bom...
- Ah é? E como foi?
- Foi com você.
Eles sorriram.
- O que eu fazia?
- Hum... além de me beijar, você dançava. Nós dançávamos juntos num baile... Acho que era um baile. – ela disse, incerta.
- Interessante. Gostaria de transformar o sonho em realidade? Pelo menos a primeira parte posso realizar agora... – ele brincou.

Ela riu e eles se beijaram. A paz que invadia Draco aumentou... ele não queria largá-la nunca mais. O sonho fora muito real, e isso o deixou assustado. “Mas por quê, afinal, me importei tanto com Gina?” – ele pensou. Tentou por tudo o que era mais sagrado afastar a idéia de que estava começando a gostar dela. Então ficou desesperado... Não podia gostar dela, não podia... Teria que arrumar alguma solução para isso. Chegara até a chorar por ela no sonho, e isso não era bom. “Mas um dia ela terá que saber que foi um plano...”. Ele entristeceu. Toda a paz e felicidade que estava dentro de si de repente sumiram. E ele se sentiu vazio. Completamente vazio.

- Merlin! – ela disse, se separando de Draco. – Eu preciso voltar! O que minha mãe vai dizer se souber que passei a noite fora? Ah, céus!
Draco riu.
- Mas nós não fizemos nada demais...
- Eu sei. Mas minha mãe não sabe. Pior que não vou poder nem explicar, porque não posso contar que é você. – ela se levantou e arrumou a roupa. Draco se levantou também.
- Não vai embora...
- Desculpa. Preciso ir. Talvez eu até consiga pegar minha vassoura e voar até a janela do meu quarto para fingir que dormi em casa antes que ela dê conta que não... Até mais, Draco. – ela disse, depois beijou Draco intensamente. Draco parecia não querer deixá-la ir, mas se conformou.
- Tchau, Virginia.

Ela desaparatou e ele ficou ali, parado, perdido em seus pensamentos.
Por quê, afinal, tinha se importado tanto com ela em seu sonho? Será que ele agiria igualmente se aquilo acontecesse de verdade?
“Isso não é bom” – pensou. “Preciso fazer alguma coisa... Não posso nem sonhar em gostar da Weasley, não posso...”.

E desaparatou. Em segundos estava na Mansão Malfoy novamente. Sentou-se em uma poltrona e começou a lembrar de Gina. Lembrou da noite anterior e sorriu ao lembrar de cair na piscina.
De repente, a lareira se encheu de chamas verdes e ali apareceu Lucio Malfoy.

- Olá, Draco.
- Pai? O quê faz aqui?
- Vim rápido, só para perguntar como vai o plano. Mas vendo você sorrindo assim, suponho que esteja indo bem.
- É... estou indo bem.

Não era toda a verdade, mas também não era mentira. Ele estava indo bem com o plano... Mas por que se sentia mal sempre que lembrava do plano? Draco se condenou mentalmente por isso.

- Certo. Qualquer coisa, a lareira da mansão na Bulgária está ligadas na rede de Flu. Sua mãe estava preocupada, então disse que aproveitaria para perguntar como você está.
- Estou bem.
- Certo. Até mais, então.

Lucio desapareceu nas chamas. Quase no mesmo instante, uma coruja cinza entrou pela janela e deixou cair um pedaço de pergaminho para Draco. Imediatamente, ele o abriu.

“Draco,

Tudo bem com você, meu lindo?
Estou com saudades. Depois daquela nossa última noite você nunca mais me mandou nenhuma coruja... Sinto sua falta...
Queria saber se você quer sair comigo hoje. Não tenho absolutamente nada pra fazer.
Espero sua resposta.
Beijos (daqueles que você mais gosta...)

Pansy Parkinson.


Draco bufou, amassou o pergaminho e jogou no lixo, sem dar muita importância. Mas então ele pensou... ali estava a solução... era isso. Usaria Pansy para tirar Gina da cabeça. “Perfeito...” – pensou.

Então, pegou um pergaminho e começou a escrever.



Eram 6 horas da tarde quando um elfo doméstico apareceu para Draco, que estava em seu quarto, perdido em pensamentos.

- Senhor Malfoy... senhor Malfoy... a Srta. Parkinson, ela está aí.
- Mande-a entrar. – disse sem emoção.

Pansy entrou no quarto de Draco, eufórica. Exibia um sorriso de orelha a orelha e quando viu Draco, correu para abraçá-lo.

- Draco, Draquinho... Estava com saudades...
- Oi, Parkinson.
- Já te disse para me chamar pelo meu nome... – ela beijava a orelha de Draco e acariciava os loiros cabelos.
- Já te disse para não me chamar de “Draquinho”.
Pansy parou de beijar Draco, mas ainda o envolvia com os braços.
- Que mau humor é esse? Ta certo que você nunca foi o mais bem humorado, mas costumava ser mais gentil...
Draco bufou. Forçou um sorriso sarcástico e disse:
- Esqueça. – em seguida a beijou.

O desapontamento de Draco não poderia ter sido maior. Os beijos eram comuns demais... eram incompletos. Faltava alguma coisa que ele não sabia o que era. Por quê os beijos de Pansy já não o satisfaziam mais? Isso era mau...

- Draco – ela disse entre beijos – Por quê não vamos a algum lugar?
- Não! – ele disse. – Aqui é melhor.
- Geralmente você me leva para jantar, sei lá... Não que eu não gostado do convite, claro... Estar com você sempre é ótimo.
“Pena que eu não posso dizer o mesmo” – ele pensou. Era realmente verdade... Não estava nem um pouco feliz em ter que agüentar Pansy nas próximas horas. Pensou no que realmente gostaria de fazer... e uma certa ruiva apareceu na sua mente... Draco se condenou de novo.

- Vamos jantar aqui. Mandarei os elfos prepararem algo especial, ok?
- Claro... – ela voltou a beijá-lo.

Os beijos de Pansy eram completamente diferentes dos de Gina. Pansy era mais uma garota que gostava do corpo de Draco. Uma a mais a satisfazer os desejos dele sempre que ele precisava. Draco sempre a achara bonita, esse era o motivo por ela ser a primeira na lista dele quando ele se sentia só. Por quê então, de repente, Pansy parecia tão sem-sal?

- Espera. – ele interrompeu os beijos. – Que cor estão meus olhos?
Pansy o olhou com uma interrogação no rosto.
- Como?!
- Apenas fale.
- Ora essa – ela disse sem importância – Estão cinzas, como sempre foram. Tão sexy... Mas confesso que prefiro outras partes do seu corpo. – ela deu risinho ao completar a frase.

Draco não riu. Simplesmente tentou esquecer do mundo e se entregar a Pansy, e tentar tirar o máximo de prazer que pudesse.
E apesar de aqueles beijos não serem nada mais do que simples beijos e os amassos nada mais do que um simples passa-tempo, Draco continuou com Pansy, e passou a noite com ela. A única coisa que fazia Draco se animar era saber que no dia seguinte veria Gina... “Por quê? Por quê a Weasley?”. Chegou à conclusão que gostava da companhia dela. Era simpática, afinal de contas... Não era como os irmãos... Era mais interessante do que qualquer outra garota que havia conhecido. Mas quais eram os segredos de os beijos dela serem tão melhores? Então, o plano não seria nenhum sacrifício... Ah, o plano. Como ele não tinha nem imaginado se preocupar com a reação de Gina quando ela descobrisse que seria tudo um plano? Claro, ele não tinha como saber que começaria a se preocupar com Gina. Draco precisava urgentemente se livrar desses sentimentos... mas falhara miseravelmente com Pansy.

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N/A: Bom, aqui está um capítulo que retrata mais o lado do Draco. Peço desculpas por demorar em um cap que nem grande é, mas é que ando meio sem tempo :/
Bom, deixem reviews! Espero que estejem gostando.
Bjos

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