Mais do que deveriam
Se aquilo era errado ou não, já não importava muito. Gina nunca fez o estilo “certinha” e não era agora que iria começar a se preocupar com o mundo. Não quando estava realmente voltando a ser Gina Weasley, a caçula sorridente que sempre fora.
A semana passou rapidamente. Talvez fosse porque agora não haviam mais brigas na Seção de Controle do Uso Indevido da Magia ou talvez fosse porque agora a vida dos dois funcionários dessa seção melhorava. Gina e Draco namoravam escondidos, e agora não usavam mais as usuais críticas para se cumprimentar: Gina chegava ao trabalho e o cumprimentava com um beijo. Este a puxava para mais perto e só a soltava quando Gina reclamava entre sorrisos e beijos que ainda estavam no trabalho. Foram flagrados se abraçando por uma mulher, que entrou na sala acidentalmente e parecia confusa. Depois de descobrirem que ela estava ali por causa do julgamento de seu filho que tinha usado magia fora da escola pela segunda vez, eles respiraram aliviados por ela não ser uma funcionária e estar apenas procurando o banheiro.
Quando o fim de semana chegou, Draco convidou Gina para irem jantar em Hogsmeade. Ela precisava de uma boa desculpa para dizer aos seus pais por quê iria sair novamente, e teve uma brilhante idéia quando chegou à Toca depois do trabalho e encontrou Rony, Hermione, Harry e a Sra. Weasley sentados na sala de estar. Pareciam estar conversando sobre os tempos de Hogwarts, pois Gina ouviu as palavras “poção polissuco” e “segundo ano”. Ela não estranhou a visita, pois volta e meia o trio se reunia ali à pedidos da Sra. Weasley, que dizia ter muitas saudades de Harry e reclamar que Rony a visitava pouco.
- Gina? Gina, é você, querida? Venha aqui na sala de estar, Ron, Hermione e Harry estão aqui.
Gina saiu da cozinha e foi até eles.
- Oi Ron, oi Mione... Oi Harry.
- Gina! Que saudades! – disse Hermione, levantando-se para dar um abraço apertado em Gina. – Fiquei sabendo que conseguiu um emprego no Ministério, meus parabéns!
- Ah, é sim. – ela sorriu.
- Gina, é verdade que você está trabalhando na mesma sala que Malfoy? – disse um Rony com uma cara constrangida.
Gina olhou de esguelha para Harry, este a olhou também sem ninguém perceber. Ele era o único ali que sabia de tudo.
- É verdade, Ron.
- Não acredito! – Rony parecia desconcertado. – Gina, se ele fizer alguma coisa para você, eu juro que...
- Ron! – cortou Hermione. – Sua irmã já é bem grandinha para saber se defender, sabia?
- Ah... é, mas...
- Sua esposa tem razão, Rony! Não vá fazer nada do que possa se arrepender depois! – disse a Sra. Weasley – Além do mais, Gina não reclama do Malfoy... ele está se comportando, querida? Vocês mesmo disseram que ele tinha mudado bastante no último ano de Hogwarts...
- Mas sempre foi um babaca! – disse Rony. – Só murchou a bola porque todos ficaram sabendo que era um covarde.
Gina sentiu uma súbita vontade de revidar as palavras de Rony, mas se lembrou de que não podia.
- Em todo caso – disse Harry, que até então estava quieto – Malfoy pode ter mudado, até fiquei surpreso quando soube que ele estava trabalhando... não é, Gina? – e olhou para Gina, com uma interrogação no rosto.
- Sim... ele mudou um pouco sim. – ela disse, e brevemente confirmou com a cabeça olhando para Harry – Bom, eu vou tomar um copo d’água e subir para tomar um banho, depois volto para conversar.
- Tudo bem querida... – respondeu a Sra. Weasley, enquanto Gina saía da sala. Molly olhou para a bandeja de biscoitos vazia que estava em cima de uma pequena mesa em frente às poltronas. – Ah, vejo que gostaram dos biscoitos. Vou buscar mais, me esperem aqui...
- Não precisa, Sra. Weasley, eu pego. – disse Harry.
- Ah, obrigada querido – ela disse sorrindo. – Mas me conte, Hermione, como vão seus pacientes no St. Mungus?
Harry pegou a bandeja vazia e foi até a cozinha. Gina estava tomando um copo d’água.
- Harry?
- Ah, que bom que ainda está aqui. Escute, preciso saber de uma coisa. Você e o Malfoy...
- Estamos namorando. – ela sussurrou, confirmando com a cabeça.
Harry primeiramente pensou em sorrir. Mas era com Draco Malfoy que ela estava namorando. Ele então contraiu os lábios, procurando palavras.
- E é sério mesmo?
- Ah... Eu estou curtindo, sabe. Eu gosto da companhia dele e... Harry! Isso! Você vai me ajudar a convencer minha mãe a me deixar sair amanhã com o Draco!
- Como?? Você vai contar para ela?
- Não, claro que não. Mas ele me convidou para jantar amanhã. Preciso de uma desculpa para ir e você podia... bom, não sei, me ajudar...
- Como eu...
- Harry, tudo bem? – Ouviu-se a voz da Sra. Weasley da sala.
- Sim, já estou levando – ele gritou, pegando os biscoitos e colocando na bandeja. – Gina, depois nos falamos.
- Me espera na sala, já eu desço para você me ajudar... vou ter uma idéia, não se preocupe! – ela disse e subiu.
Gina tomou um banho rápido. Ela não poderia dar vestígios de que se tratava de Draco Malfoy... mas também ninguém desconfiaria. Não de Malfoy. Ela tinha de inventar algo muito bom, pois já havia saído dias antes para o baile dos Rowinn... “Droga. Namorar escondido é realmente difícil.” – pensou.
Então, meia hora depois ela desceu. O trio ainda estava lá e Harry e Rony contavam suas “aventuras” de auror.
- É o que eu vivo dizendo para o Ron – dizia Hermione. – Vocês se arriscam demais...
- E qual é o auror que não se arrisca demais, Mione?
- Falando em auror... conte à Gina do Humptirf, Ron.
- Quem? – perguntou Gina.
- Eddy Humptirf – disse Rony, sorridente. – É um auror, trabalha comigo e com Harry, tem a nossa idade. Ele te viu no Ministério uma vez e nos disse que queria conhecê-la.
Gina corou e parecia constrangida. Olhou para Harry, que pareceu entender tudo.
- Ah, disse é?
- Vocês poderiam marcar de sair algum dia desses. – disse Hermione – Rony disse que sempre fala de você. Eu já o vi, parece ser simpático. E é bem bonito, sabe...
- Ei! – disse Rony.
- Ora Rony. É para sua irmã. Até você gosta dele... Que acha, Gina? Amanha é sábado, vocês poderiam ir...
- Amanhã não!
- Ahn? Por quê, querida? Tem algum compromisso? – disse a Sra. Weasley.
- Ah, eu ia jantar fora...
- Jantar fora? – perguntou Rony. – Gina, você está saindo com alguém? Fiquei sabendo que você foi àquele baile no DivertBrux...
- Eu conheço o cara. – Harry disse, de repente.
Todos voltaram a atenção para Harry.
- Como assim, Harry? – disse Rony.
- Gina me contou quem é. Podem confiar nela. – ele disse meio incerto.
- É, o Harry conhece...
- Desde quando vocês estão de segredinho? – perguntou Rony, desconfiado.
- Ah Rony! Eu contei ao Harry porque... porque... bom, porque deu vontade. E ele é meu amigo, oras. Não é culpa dele.
- E quem é?
Gina perdeu as palavras.
- Eu o conheço – Harry se apressou em dizer. – Podem confiar na Gina. Eu os vi juntos esses dias e ela me contou.
- E por quê não nos contou, querida? – era a vez da Sra. Weasley perguntar.
- Ah, eu achei que era melhor não...
- Já entendi – disse Hermione, que apesar de tudo sorria. – Não é nada sério para precisar contar à todos, né Gina?
- É...
- Mas eu quero saber quem é! – disse Rony, rabugento.
- Ron! Se ela não quer nos dizer, deixa ela. Se o Harry diz que podemos confiar então eu confio. Ah, que bom que está com alguém, Gina! Não imagina o quanto estou feliz.
Hermione sorria, e Gina sabia que ela realmente se importava. Devia realmente ser um alívio para ela saber que Gina esquecera Harry, agora que este ia se casar.
- Você então vai sair amanhã, querida?
- É, mãe... vou... Tudo bem, né?
- Mas é claro... Você já tem idade suficiente para saber o que quer, filha. Também confio em você.
Gina sorriu. Tinha conseguido. Olhou para Harry, este retribuiu o sorriso e lançou um olhar “fazer-o quê?” para ela.
O sábado chegou e Gina descobriu que Malfoy a levaria ao restaurante MagicStarz Diner, em Hogsmeade. Ela nunca tinha entrado lá, mas por fora era aparentemente luxuoso – “Claro, o Malfoy é rico. Deve ser típico receber gente como ele...” ela pensou.
Marcaram de se encontrar em frente ao restaurante às 20:00 hrs, que era a hora em que Hogsmeade já estaria calma e escura demais para se distinguir os rostos que vagavam nas ruas.
Quando entraram, o queixo de Gina caiu. O teto era um vidro encantado deixando à mostra as muitas estrelas daquela noite. As paredes prateadas eram cobertas por uns pedaços de pano transparente, cujo tecido se parecia muito com a seda. Um imenso lustre de diamantes no centro do restaurante enfeitava ainda mais o lugar. O restaurante fazia o gênero romântico, e Gina se perguntou quanto custaria a comida dali... Só as cadeiras cobertas com pele de dragão valiam mais do que todos os objetos do quarto de Gina juntos.
- Virginia, que tal nos sentarmos? – Draco sussurrou.
- Ah... claro. – ela disse, voltando do transe que estava e sacudindo a cabeça levemente. Seus olhos ainda percorriam os castiçais nas paredes. Quando finalmente se sentaram, um bruxo com vestes formais chegou e entregou o cardápio. Gina fingiu ler, mas ainda analisava cada detalhe do restaurante.
- Muito surpresa? – a voz de Draco surgiu de novo.
- Bastante.
- Mas você gostou...?
- É magnífico. – ela sorriu.
- Eu não te deixaria morrer sem conhecer um restaurante descente. – ele disse, com seu sorriso “à la Draco Malfoy”.
- Ora. – ela sorriu desafiadoramente - O lugar é lindo, mas vamos ver se a comida é melhor do que da minha mãe.
- Está brincando, né Virginia? – ele desdenhou.
- Não, seu bobo. Já comi em vários lugares, e nunca vi nenhuma comida melhor que da Sra. Weasley. – ela voltou a atenção ao cardápio. – Mas não se desaponte, é normal todo filho achar a comida da mãe a melhor do mundo...
- Eu não – ele disse sem emoção. – Para falar a verdade, nunca comi a comida da minha mãe. Quem cozinha lá em casa são os elfos.
Draco estava desconcertado por dentro, mas não demonstrava. Era incrível como ele tinha certeza de que ele iria impressioná-la levando ao restaurante mais luxuoso de Hogsmeade e, no entanto, era ela quem o impressionava.
Gina não tirou os olhos do cardápio, mas perdeu toda a atenção que usava para analisar os nomes das comidas desconhecidas. “Droga, eu devia saber que a mãe dele não cozinha para ele...” – pensou ela, ao mesmo tempo que se amaldiçoava e procurava outro assunto para debater.
- Ahh... Mas então, você sempre vem aqui?
- Meus pais volta e meia comemoram aniversário de casamento aqui. Só vim uma vez com eles, quando eu era pequeno.
Gina se pegou imaginando Lúcio e a mãe de Draco comemorando um aniversário de casamento e trocando palavras de amor. Não conseguiu. Draco parece ter adivinhado os pensamentos de Gina.
- Muito difícil imaginar?
- É, digamos que sim. – ela sorriu.
Ele sorriu também, voltando o olhar ao cardápio em suas mãos.
- Como eu já te disse, meu pai não é nenhum bicho-papão, Virginia.
- Falando no seu pai, ele não te pergunta aonde você vai? Eu passei um aperto para conseguir vir jantar com você hoje...
Draco riu.
- Meus pais foram fazer uma longa viagem. Mas mesmo que estivessem em casa... Eu tenho 22 anos. O dia que meu pai resolver controlar onde vou, eu saio de casa.
- Seus pais estão viajando?
- Sim. Vão ficar um bom tempo fora.
- Sorte a sua... Não vai precisar mentir para eles.
- Eu não me importaria.
Na verdade, os pais de Draco tinham viajado justamente para não precisar presenciar o filho com Gina. Quando a garota ficasse grávida, os pais dela naturalmente seriam obrigados a saber, mas os Malfoy não suportariam ter de fingir que aceitaram a notícia.
- Traduz pra mim o nome dessas comidas... não conheço quase nada aqui. – ela disse, sorrindo.
- Hum... Vamos pedir carne de dragão. É uma delícia.
Gina fez careta.
- Carne de dragão?!
- Sim. Com molho de abóbora. Nunca ouviu falar?
- Da carne de dragão sim, mas nunca tinha comido... O Carlinhos já me disse que era boa, mas sinceramente nunca tive vontade de experimentar... E molho de abóbora, Draco?
- Você está preste a descobrir uma maravilha da culinária bruxa. Pode confiar.
Gina ficou incerta, mas acreditou em Draco. Após fizerem os pedidos, Gina ficou pensativa e perguntou:
- Draco... Será que não podem nos descobrir aqui?
- Por quê, você tem conhecidos que freqüentam esse restaurante?
- Não... mas você deve ter...
- Sabe que não tenho... Meus pais deviam ter, mas acho que os conhecidos deles nem devem saber que eu sou o filho deles.
Draco não queria admitir, mas tinha conservado poucos amigos depois de Hogwarts. Quase nenhum, na verdade.
- Que bom. Sabe, eu estou gostando muito do nosso namoro. Eu estou tendo que mentir e tudo... mas está valendo a pena. Descobri em você o que nunca imaginava descobrir.
Draco pegou a mão de Gina em cima da mesa.
- Eu também, Virginia, eu também. Mas me conta, você precisou fazer o quê para sua mãe deixar você sair hoje?
- Não desconfiar, você quer dizer... Porque deixar ela deixa, só se preocupa. Bom, eu tive uma ajudinha do Harry.
- Como?! Você estava com o Potter?
- Ei, calma. Ele estava lá em casa com o Ron e a Mione...
Draco fechou a cara.
- Sei. Como assim ele aparece na sua casa e...
- Olha, se não fosse por ele eu não estaria aqui! Por Merlin, ele vai sempre lá em casa com o Ron e com a Mione visitar a mamãe. Sorte nossa que ele estava lá hoje. Ele está sabendo do nosso namoro, e me ajudou a convencer mamãe a me deixar sair.
- Era só o que faltava. O Potter ser o “guardião” do nosso segredo – ele cruzou os braços. – Ele me odeia, Virginia, e ele sabe que eu o odeio também. Não vai guardar segredo por muito tempo.
- Mas ele gosta de mim. Vai guardar o segredo não por você, mas porque eu pedi... Ora, vamos, ele vai se casar com Cho Chang! Não precisa ter ciúmes.
- Quem disse que eu tenho ciúmes?
- Ciúmes é uma prova de que você realmente gosta de mim. – ela sorriu.
“Não tenho ciúmes. Não tenho.” – Draco pensava. Mas por quê a idéia de que Gina e Harry compartilhavam segredos o incomodava?
- Tudo bem, Virginia. Vamos esquecer o Potter, ok?
A conversa seguiu de maneira agradável, eles não discutiram mais. Gina percebeu que Draco dificilmente olhava em seus olhos, como se os evitasse. Por quê será que ele agia daquela forma? Ela procurou mentalmente uma resposta até o garçom chegar com os pedidos.
Gina comeu um pedaço da carne de dragão com molho de abóbora.
- Então? – perguntou Draco, enquanto também se servia.
- Hummm... Nossa... Isso é realmente bom. Tem um gosto diferente!
- Gostou, é?
- É uma delícia.
- Ótimo, descobrimos um gosto em comum. – ele deu um meio sorriso.
Mas eles eram mais parecidos do que pensavam.
Demoraram a terminar de comer, e pediram Tortas de Maçã para sobremesa, entre muitas outras sobremesas disponíveis no cardápio que Gina não conhecia. Draco também pediu Torta de Maçã porque disse que as outras sobremesas que havia experimentado eram horríveis. Gina riu e disse que ele deveria experimentar os bolos que sua mãe fazia.
- Claro Virginia, vai ser ótimo. Vou aparecer e dizer “Olá Sra. Weasley, como você sabe eu odeio os Weasley, mas não poderia deixar de vir experimentar os seus bolos.”
- Ah, muito engraçado Draco... Ei, como assim odeia os Weasley?
- Ora, você não quer que eu finja que gosto da sua família, não é?
- Mas eu também sou uma Weasley, dã. – ela brincou.
- Você não conta. – ele sorriu ironicamente – Depois que terminarmos de comer vou te levar pra conhecer um lugar aqui em Hogsmeade.
- Lugar? Que lugar?
- Você verá.
Depois de terminarem, Gina estava ansiosa para saber onde Draco a levaria. Ele pagou a conta do restaurante e eles saíram do restaurante. A rua estava ainda mais deserta e escura e as únicas luzes eram as que saíam dos bares da cidade. Draco ia em direção ao clube DivertBrux.
- Vamos ao clube, Draco?
- Você vai ver.
- Assim você me mata de curiosidade.
- Escuta, Virginia. Acho que ainda tem gente no clube, deve estar tendo alguma reunião, como sempre... E esses idiotas me conhecem... Vamos ter que entrar um de cada vez, ok? Eu vou primeiro... Olhe o caminho que eu fizer e me siga de longe.
- Certo.
Gina ficou à porta do clube e Draco entrou. Passou à frente de uma roda de pessoas de conversavam animadas e virou ao caminho da esquerda, seguido por Gina que estava a alguns metros de distância dele quando um rapaz saiu do grupo de pessoas e foi até Gina.
- Weasley? Gina Weasley?
A face do rapaz iluminou-se. Era jovem, bonito e vestia roupas elegantes. Parecia simpático, mas Gina não o reconhecia.
- Sou eu. Você é...? – ela disse, olhando de esguelha para Draco, que parara escondido atrás de um grande vaso, metros à sua frente.
- Eddy Humptirf. Auror, trabalho com seu irmão. Prazer em conhecê-la. – ele pegou a mão de Gina e a beijou, enquanto Gina fazia uma careta que denunciava que tudo o que ela queria era sair dali. Mas Eddy parecia não ter percebido.
- Então Gina, o que faz aqui a essa hora?
- Eu... hum...
- Já sei. Também veio conhecer o novo campo de quadribol do Clube?
- É... exato. – Gina deu um sorriso amarelo. Eddy retribuiu com um sorriso exagerado.
- Inauguraram ontem. Está divino. Eu e meus amigos viemos dar uma olhada, como pode ver. Estamos indo jantar no Três Vassouras, se quiser vir conosco eu vou com você até o campo de Quadribol e depois vamos jant...
- Não, obrigada, já jantei. – disse Gina em voz apressada, e Eddy fez uma cara de desapontamento. – Deixa para a próxima.
- Que pena. Olha Gina – ele pegou a mão da garota, deixando-a ainda mais constrangida – Não sei se seu irmão já lhe disse, mas estou realmente interessado em você. É muito linda, sabia? Gostaria de ter uma chance de sair com você qualquer dia desses.
- Ah... certo. – foi tudo o que Gina conseguiu dizer.
Nesse instante, Draco Malfoy apareceu andando naturalmente até eles. Gina conseguiu ver uma ele fazer uma cara carrancuda ao olhar para Eddy e depois fingir um sorriso e dizer:
- Boa noite. – ele disse, em sua voz arrastada. Gina temeu que ele estragasse o segredo.
- Malfoy? O que está fazendo aqui? – perguntou Eddy.
- Não lhe interessa, Humptirf. – disse Draco com um olhar de puro desprezo.
A inimizade dos dois era visível. “Claro, Eddy é um auror. E Draco não costuma ter amizade com ninguém, ainda mais com aurores...” – pensou Gina.
O rosto de Eddy se contraiu em ódio. Já não possuía mais a expressão simpática.
- Não gosto do seu jeito, Malfoy.
- Que pena. Não imagina o tanto que isso me deixa desapontado. – ele desdenhou.
Gina aproveitou o momento para se livrar de Eddy.
- Bom... eu vou indo, então. A gente se vê.
- Espera, Gina. Me promete que vamos nos ver de novo.
- Ah... eu... – ela viu Draco cruzar o braços. – Ta. Até mais.
Ela foi na direção em que Draco havia ido. Esperou alguns minutos e Draco reapareceu com uma cara zangada.
- Esse Humptirf é um idiota, Virginia. Você o conhece?
- Não. Ele trabalha com o meu irmão e inventou que quer me conhecer melhor. Você quase revelou nosso segredo, Draco...
- Eu tive que me segurar para não revelar mesmo. Mas se eu te deixasse lá, aquele cara te agarraria à força. Eu vi o jeito que ele te olhava.
- É impressão minha ou alguém aqui está com ciúmes? – ela sorriu levemente.
- Não sou ciumento Virginia, já lhe disse... Agora vem, vamos fazer esse caminho. Se formos por ali vamos encontrar os jogadores de quadribol saindo do campo, então vamos por aqui. Não sei porque esses idiotas escolhem justamente à noite para uma partida... É horrível de se achar o pomo... – ele dizia, enquanto olhava em volta para ter certeza de que ninguém os veria.
- Estamos pertos. Tape os olhos, Virginia. – ele parecia animado.
- Peraí Draco, esse caminho dá no lago...
- Confie em m...
Nesse momento, um grupo de jogadores de quadribol vinha correndo alegre na direção deles. Draco empurrou Gina para fora do caminho, e eles foram correndo em meio às muitas árvores. Eles corriam rápido pelo mato e de repente... Splash.. Caíram dentro de uma enorme piscina do clube.
- Vir..ginia... cof, cof... você está bem?
- Estou, Draco...
E de repente, ela começou a rir. Levou a mão à testa, olhou a piscina em volta e riu ainda mais. Draco franziu a testa.
- Do que está rindo?
- Olha pra gente. Parecemos duas crianças. Nós caímos na piscina, Draco.
- É, caímos. – ele parecia surpreso com as risadas dela. – Sorte a nossa que não tem ninguém aqui. Mas isso não é motivo para rir...
- É engraçado. – ela ainda sorria.
- Vamos dar o fora daqui...
- Não... – ela o segurou. – Espera. A água está tão boa...
- Você está louca, Virginia? Sabe que horas são?
Ela se aproximou dele e sussurrou:
- A hora ideal para você ficar relaxar e curtir o momento.
Então ela o beijou. Toda a agitação de Draco sumiu e ele se rendeu ao momento. Mais uma vez ela o surpreendia... Mais uma vez...
- Isso não faz o menor sentido... E é errado, Virginia. – ele disse, abafando um riso.
- Se fosse certo, não teria graça. Aprendi com Fred e Jorge.
- Ah, não fale da sua família.
- Não seja bobo. E desde quando você também liga para o que é certo e o que é errado? – ela disse calmamente.
- É verdade. Mas sabe, nunca tinha experimentado dar um mergulho na piscina às... – ele olhou para o relógio – dez e meia da noite, sem roupas de banho e ainda escondido.
- Tudo tem a primeira vez.
Eles se beijaram ainda com mais intensidade, e já não importava que horas eram, onde estavam... A única coisa importante é que eles estavam juntos. E daí se alguém os pegasse? Contanto que não o separassem, tudo estaria bem.
- Eu ainda tenho que te mostrar o que prometi... – ele disse entre os beijos.
- É verdade. – ela deu um grande sorriso, seus olhos brilharam. Os cabelos ruivos dela estavam molhados, a maquiagem dela um pouco borrada... mas para Draco ela continuava linda.
Eles saíram da piscina e murmuraram um feitiço para se secarem. Draco a levou até onde estavam antes de avistar os jogadores de quadribol e tapou os olhos dela com as mãos. Andaram um pouco, e chegando no lugar desejado ele tirou as mãos dos olhos de Gina.
- O que... Minha nossa...
Pela segunda vez naquela noite, o queixo de Gina caiu. Ela esfregou os olhos para ter certeza de que não era uma miragem. Não era.
Estavam à beira do lago. Duas grandes árvores enfeitavam a vista e entre elas havia um arco, do qual caíam pequenas estrelas que se dissolviam no ar antes de alcançar o chão. Muitas fadas dormentes tinham sido encantadas e brilhavam enquanto voavam sobre o lago, iluminando-o. Algumas iluminavam a beira, sentadas em cima do arco. Em volta das árvores havia muitas rosas brancas, centenas delas... E havia música. Uma fada – maior do que as outras – estavam sentada no topo do arco. Não era apenas uma fada dormente, era diferente. Ela alisava seus cabelos e cantava uma canção calma que ecoava pelo lugar.
Gina andou em passos lentos pelo lugar, analisando cada detalhe... Ela estava encantada.
- Draco... como...
- Mágica, Virginia. – ele sorriu, erguendo uma sobrancelha. – Você gostou?
- Amei! – ela correu para um abraço.
- Que bom... porque demorei um tempinho até “domesticar” essas fadas...
- Aquela ali – ela apontou para a fada que cantava. – Não é uma simples fada dormente, né?
- Não. É uma Fada Cintilante. As Fadas Cintilantes são raras... Mas as canções delas nos faz sentir mais...
- Apaixonados. – ela sorriu.
Eles se sentaram à beira do lago, encostados em uma árvore. Ficaram observando as fadas dormentes sobrevoarem a superfície e ouvindo a maravilhosa canção da Fada Cintilante.
- E pensar que duas semanas atrás eu te odiava. – ela sussurrou.
- Prefere agora?
- Um milhão de vezes. Você me conquistou.
Ele sorriu, mas ela não viu.
- Que bom, Virginia...
Ela olhou para ele. Ele continuou olhando para o lago.
- Por quê você não olha nos meus olhos?
- Ahn?
- Você... dificilmente fala olhando nos meus olhos... Percebi isso hoje... Parece que evita, sei lá.
- Bobagem. – ele olhou fundo nos olhos castanhos dela.
- Olha, Draco. – ela segurou o rosto dele delicadamente. – Seus olhos estão azuis.
- E qual cor meus olhos são?
- Cinzas. Um cinza frio, se me permite dizer... – ela disse carinhosamente.
- E agora estão num azul-quente? – ele brincou.
- Pior que estão. Parece que você está mais... mais... feliz. Nem parece que é você.
Ele franziu a testa.
- Que papo estranho. – ele voltou a olhar para o lago. Ela também. Ficaram uns segundos em silêncio até que ela abafou um riso.
- Que foi? – ele sussurrou.
- Nada... Eu só tava lembrando daquela noite do baile no DivertBrux. Eu falei mal de você para você mesmo.
- É verdade... – ele deu um sorriso sem mostrar os dentes. – Foi engraçado. Você estava linda aquela noite, com aquela máscara. Ela cobria as suas sardas...
- O que há de errado com minhas sardas?
- Elas me lembram seus irmãos. – ele sorriu de canto.
Ela riu.
- Você acha que a gente tem chances de ser feliz?
- Você não está feliz?
- Claro que estou... Quero dizer, sermos felizes juntos sem precisar esconder.
- Hum... Impressão minha ou você quer dizer casamento?
Ela corou.
- Ah... é... não que eu esteja te pedindo, mas se um dia nós resolvermos nos casar. Foi uma coisa que passou pela minha cabeça.
- Sinceramente... eu não sei, Virginia. Não faço a mínima idéia do que aconteceria.
- Meu pai não acreditaria, minha mãe me proibiria de sair de casa, Rony juraria que te mataria, Fred e Jorge explodiriam sua casa... Seu pai te deserdaria.
Draco riu.
- Como você sabe que meu pai me deserdaria?
- Seu pai nos odeia. – ela deu de ombros. - Acho que o pior pesadelo dele é ver o filho metido com alguém como eu.
Em partes ela tinha razão. Draco estremecia só em pensar no que seu pai faria se um dia os dois resolvessem simplesmente se casar. E ficou triste em pensar.
- Mas sua família também me odeia. Como você disse, iriam querer minha morte...
- Mas você acha que um dia teremos que enfrentar isso?
“Não” – ele pensou. Estaria com ela só até o plano acabar... Ou então...
- Quem sabe.
Ela sorriu, e olhou nos olhos deles. Ele não o desviou.
- Eu gosto tanto de você. Mais do que eu queria, mais do que deveria...
E o beijou. Draco achou que era melhor esquecer um pouco do plano. Estava preocupado e não podia demonstrar... Era tão bom estar com ela...
- Eu também, Virginia... Mais do que deveria...
Ela pousou a cabeça nos ombros de Draco e fechou os olhos. Tentou aspirar para si toda aquela paz do lugar, o som que a fada emitia... E acabou dormindo. Talvez até sonharia.
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N/A: Desculpem a demora! É que meu pc foi pro técnico, daí já viu ._.
Mas está aí. Espero que gostem!
Mandem reviews!
Bjos...
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