Coincidências do acaso



Fora realmente uma noite maravilhosa, Gina havia dormido como há tempos não fazia. Quando acordou, parecia que tinha sido uma longa noite de sono, o que não era verdade: Ela ficara horas pensando no misterioso “D”, como ele seria tanto fisicamente quanto psicologicamente... Mas ela não estava cansada naquela manhã. Muito pelo contrário, acordou antes do normal, pôs sua melhor roupa e foi dar uma última arrumada em seus cabelos. Não precisava tanto, eram naturalmente bonitos, lisos até a metade, ondulados no fim. Tinha se tornado uma mulher realmente bonita e atraente, porém pouco valorizada. Há tempos não se via um sorriso totalmente verdadeiro naquele rosto, mas o sol parecia finalmente ter nascido para Virginia Weasley.

- Bom dia mãe! – Exclamou a garota, quando desceu para a cozinha - Papai já foi?
- Já, faz algum tempo, querida... Mas por quê pergun... – Então ela vê a filha toda arrumada – Gina, porque se arrumou toda?
- Vou pro Ministério, sabe, papai me falou que tem uma vaga na Seção de Controle do Uso Indevido da Magia, quem sabe...
- Ai que ótimo querida, espera só um pouco que o café da manhã já está quas...
- Não precisa, mãe! – Gina interrompeu – Me deseje sorte!
Craque.
- Virginia! – Mas Gina já tinha aparatado – Essa menina...


Em questão de segundos, Gina estava no corredor de um andar desconhecido no Ministério da Magia. Ia perguntar qual era, mas viu uma pequena placa no fim do corredor indicando “Nível quatro, Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas”. Gina estava parada no corredor, franzindo a testa, em meio a bruxos que passavam por ela, alguns apressados demais para olhar para a ruiva.

- Hum... “Divisões das Feras... não...” – Gina ia lendo outras pequenas placas em cima das várias portas no corredor – “Seção de Ligação com os Duendes”, “Escritório de Orientação Sobre Pragas”... Definitivamente não é aqui.

Ela então entrou no elevador, junto a dois bruxos que a olhavam, desconfiados.
- É... bem... eu sou filha de Arthur Weasley, sabem? Mas não, não estou procurando por ele – Adiantou-se Gina ao ver o bruxo da esquerda começar a dizer algo e apontar para cima – Eu queria saber onde é a Seção de Controle do Uso Indevido da Magia.
- Ah, sim... Fica no nível dois, Departamento de Execução das Leis da Magia – E ouvindo a voz feminina dizer “Nível três, Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, incluindo o Esquadrão de reversão de Mágicas Acidentais, Central de Obliviação e Comissão de Justificativas Dignas de Trouxas” o bruxo se adiantou para sair do elevador – Seu andar é o próximo. Até mais! – terminou ele, saindo do elevador, seguido pelo outro bruxo.

Gina pensou porque não tinha perguntado sobre a vaga de emprego. Droga! Ela devia procurar seu pai primeiro, agora apareceria ali do nada? “Bem” – Ela pensou – “Vai ter alguém lá para me dar as informações necessárias”. E saiu do elevador quando este parou no nível dois. Não foi difícil encontrar a porta da seção que procurava: era a primeira, e continha uma pequena placa (“Seção de Controle do Uso Indevido da Magia”). Porém a porta estava fechada. “Será que devo entrar?” – pensou a garota. Ela tinha chegado até ali, então iria em frente. Girou a maçaneta e entrou.

- Com lincen...

Draco Malfoy estava sentado em uma escrivaninha, mas com os pés em cima da mesa. Lia um exemplar do Profeta Diário, e quando viu a porta se abrir derrubou o jornal, tirou os pés da mesa em uma fração de segundos e parecia assustado. Ia dizer alguma coisa, quando olhou para o rosto tímido de Gina Weasley.
Esta, por sua vez, ficou parada com a porta entreaberta, encarando Draco com a testa levemente franzida e a boca aberta, aparentemente sem palavras.

- Weasley? Mas que diabos voc... – Então ele se lembrou. Lembrou de todo o plano de Voldemort. Era ela. A garota com quem precisaria ter um filho estava ali, parada na sua frente. Será que ela descobrira sobre o bilhete? Mas ele não tinha deixado nada óbvio... – Já ouviu falar em bater na porta?
- Draco? O quê você faz aqui?
- Será que não está óbvio? – ele levantou uma sobrancelha – eu trabalho aqui. A pergunta é, o que você faz aqui.

“Ah não!” – foi o que Gina pensou na hora. Ela teria que pedir emprego justamente para o cara que sempre zombou da família dela. Se contasse sobre o emprego, iria zombar também.
Draco por alguns segundos ficou mirando a garota. Seus olhos percorreram a ruiva inteira: desde seus cabelos agora mais ruivos do que nunca até seus sapatos. “De segunda mão” – pensava Draco. Mas até que estavam bem cuidados... É, a garota tinha mudado bastante desde a última vez que ele a vira. Estava com o corpo de mulher mais definido, e seria bastante atraente se não fosse justamente Virginia Weasley. Draco fez uma cara de nojo ao lembrar do nome “Weasley”.

- Perdeu a língua, Weasley? Acho que veio ver seu papaizinho, e para sua informação ele trabalha no Departam...
- Não – interrompeu Gina – não vim ver ele.
- Então é o quê? Veio me ver? – disse Draco, mais maliciosamente do que nunca – É normal que as garotas fiquem com saudades, sabe. Sente-se.
- Não seja idiota – Gina começava a se irritar – Eu vim procurar um emprego.

Era melhor dizer. Do jeito que Draco era, poderia realmente pensar que ela tinha ido até ali por causa dele.

Draco mirou-a, os olhos incrivelmente claros se estreitando, e um meio sorriso como se estivesse seduzindo a garota.
- Ah sim, claro. Eu deveria imaginar. Ontem já apareceram alguns idiotas para isso, fiquei de escolher um. Mas, sabe, Weasley, eles bateram na porta...
- Então é sério? – disse ela, desanimada – Você trabalha aqui mesmo? E ainda está escolhendo alguém para o cargo?
- Em partes. Vou selecionar alguém e esse alguém passará por uma aprovação do ministro. Mas por quê a surpresa de saber que eu trabalho aqui? – ele não estava conseguindo controlar a vontade de provocar a garota - Sabe, é claro que não me faltaria vaga para ocupar, ao contrário de algumas famílias, a minha tem prestígio suficiente para...
- Quem sabe eu estou surpresa porque achei que você seguiria o mesmo caminho do seu pai – interrompeu Gina, irritada – sabe, comensal da morte. Não é esse o motivo que o levou pra Azkaban?
- Cala a...
- Acho que você esqueceu também – Gina interrompeu o loiro, que já estava em pé – Que seu querido papai jogou aquela droga de diário no meu caldeirão, não é? Mas foi fácil ele sair, é só contar algumas mentiras, contar planos de Você-Sabe-Quem e doar alguns galeões para fundações e pro Ministério e então – Gina acenou – adeus, Azkaban! Fique sabendo então, Malfoy, que eu prefiro a minha família. Pobre, mas pelo menos não som...
- CALA A BOCA, WEASLEY – Draco já estava vermelho – Você não sabe o que está dizendo.

Gina se precipitara. Ficara enfurecida ao lembrar de como era ruim ouvir Draco Malfoy falar de sua família, e tinha falado tudo o que estava entalado na sua garganta desde Hogwarts, quando o garoto chamava seu irmão Rony de pobretão, xingava sua mãe de gorda e seu pai de fracassado. Depois de gritar com Draco, ela se virou para ir embora, mas quando abriu deu de cara com o Sr. Weasley, pronto para bater na porta.

- Pai?
- Gina! O Sr. Stred me disse que você tinha vindo, imaginei que estaria aqui... Que cara é essa?

Então ele entrou na sala e viu Draco Malfoy, em pé, com uma expressão de quem queria matar alguém. Olhou em seguida para Gina, que contraía os lábios. Entendeu tudo.

- Bem... Eu ia te dizer, mas não deu tempo. É, ele trabalha aqui, mas o Ministro tem grande influência na escolha, eu achei que pudesse falar com ele e voc...
- Não precisa, pai. Não faço questão de trabalhar aqui. Não com ele. – ela murmurou para o pai, mas Draco também ouviu perfeitamente bem.
- Não, Gina, espere – disse o Sr. Weasley – Há algum tempo eu venho acompanhando como você está triste por não conseguir um emprego, e bem... Pode não ser a melhor companhia do mundo, mas com o tempo você se acostuma. Eu estava agora mesmo falando com Fudge sobre você, e ele achou uma ótima idéia. Você sabe, Percy tem sucesso no Ministério, e ele disse que talvez você possa fazer tão bem quanto ele. É uma grande oportunidade, querida, acho que não terá outra.

Gina refletiu por alguns segundos. Seria um sacrifício trabalhar com Malfoy, ali, na mesma sala. Mas quem sabe valesse a pena... É, estava realmente difícil conseguir um trabalho. E ela não poderia jogar fora.

- Está certo, pai. Eu vou fazer isso por nós.
- Olha, isso é realmente lindo – a voz de Draco surgiu, arrastada e irônica como sempre fora – Mas dá para vocês decidirem isso logo? Está começando a ficar meloso demais – ele completou, sentando na cadeira e cruzando os braços.
- Olha aqui, moleque – disse o Sr.Weasley, dirigindo-se para Draco – Vou fazer de tudo para minha filha conseguir esse emprego, e se você...
- Ta, ta – interrompeu Draco, com desdém – Isso já está ficando chato, e eu tenho que trabalhar. Vá ao Fudge, Weasley, e diz que tem a minha aprovação para a vaga. Não ouviram? Querem que eu faça um bilhete? Está certo – disse Draco puxando um pedaço de pergaminho e escrevendo – “Eu, Draco Malfoy aprovo... como é? Virginia, não é? Sim... aprovo Virginia Weasley para ocupar a vaga na Seção de Controle do Uso Indevido da Magia” – ele enrolou o pedaço de pergaminho, colocou-o na mesa, deu um leve toque com a varinha e o papel saiu voando, passando pela porta e a poucos centímetros de Gina, que ainda estava parada segurando a porta entreaberta.

Nem Gina, nem o Sr. Weasley entenderam por quê Draco fizera aquilo. Quando o loiro olhou para eles com um sorriso malicioso e as sobrancelhas erguidas, o Sr. Weasley se virou para Gina e disse:
- Vamos falar com o Ministro, querida.
- Até mais – Draco gritou, quando Arthur e Gina saíram da sala – Ai, ai, ai... Vou ter que encontrar uma boa justificativa para dar para a Weasley sobre isso. Não importa. Mas que coincidência essa garota ter aparecido aqui bem quando eu preciso dela... Agora dou alguns dias para essa ruiva cair aos meus pés – disse sorrindo, e logo depois apanhou o Profeta Diário do chão, afastou a cadeira e pôs os pés em cima da mesa novamente.

________________________________________________

N/A: Pronto, aí está o encontro :D Certo que não foi nada romântico nem nada... Mas eles também não nasceram se amando né, vamos aos poucos. Obrigada a todos que comentaram, me estimularam demais. Quem quiser que eu mande um e-mail sempre que atualizar, é só deixar um comentário dizendo!
Beijão gente, espero muuuuuuuuuitos comentários!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.