O segredo de Seboso



~>O segredo de Seboso<~


Estava escuro e uma certa tontura ainda o incomodava bastante... Mesmo de olhos abertos tudo o que Harry Potter conseguia enxergar era uma escuridão compacta e aterrorizante. Seus pulsos ardiam devido ao seu esforço para partir as cordas que o prendiam na cadeira. Um leve cheiro de poeira e lixo impregnava o local onde se encontrava, tornando-o ainda menos agradável. Não ouvia nada além de sua própria respiração acelerada...

Não lembrava bem por que estava ali. Tudo estava confuso em sua mente. Seus pensamentos fluindo tão rapidamente que o deixavam com náuseas.

(fui capturado pelos comensais)

Só sabia que tinha saído pela porta do número quatro da Rua dos Alfeneiros e depois...

(voldemort me matou e agora estou no céu?! no inferno?! em lugar nenhum?!)

Sabia também que estava acompanhado de Rony e Mione...

(será que escaparam? será que comunicaram minha morte para a ordem da fênix?)

Depois disso, tudo era muito confuso...

(estupefaça!)

Ah, sim! Havia um brilho. Um brilho vermelho! O que significava que não estava morto. O Avada Quedavra liberava um brilho verde.

(dumbledore)

Mas o que Dumbledore tinha haver com aquilo?

(na torre)

Ãn?!

(assassinado na torre. dumbledore)

Sim, mas o que isso tem a ver?

(assassino. traidor)

Será que era isso mesmo que estava pensando?

(traidor. comensal)

Ahhhhhhhhhhhhhhhh!!!

(SNAPE) - o nome piscava em grandes letras vermelhas na sua mente.

É claro. Onde é que estava com a cabeça? Aquele morcego seboso havia aparecido de repente na sua frente e o enfeitiçara. E pelo jeito o trouxera diretamente para as mãos cadavéricas de seu amado senhor: Voldemort.

(filho da mãe!!!)

Mas onde estariam Rony e Mione nessa história?...

-Hum...

Harry congelou. Sentia-se como se um dedo gelado escorregasse por suas costas... Havia mais alguém ali com ele. Alguém que acabara de gemer!

-Harry? - uma voz

Harry não respondeu. Os pensamentos novamente enlouquecidos.

(merda)

(quem será?)

(snape?!)

(não creio)

(rony? mione?)

(por merlim, alguém me tira daqui!)

-Harry? - insistiu a voz, um tanto sonolenta.

-R-Rony?! - indagou - É você?

-Claro tapado! Quem poderia ser? - respondeu Rony com o mau humor habitual.

-Cadê a Mione?

-Não sei. Acabei de recuperar os sentidos...

-MIONE! - gritou Harry.

-Não grita - sussurrou Rony.

-Ãn? Quê? - uma voz feminina.

-Mione! - comemoraram os dois numa euforia contida.

-Onde estamos? Por que eu estou presa?

-Não sabemos. O seboso do Snape meteu a gente aqui! - disse Harry com rancor na voz.

-Ai não... Temos que dar um jeito de escapar Harry. E rápido. Isso pode ser uma armadilha para te matar!

-Bela conclusão Mione - zombou Rony. - E qual é sua grande idéia?

-Pra sua informaç...

Mas não pôde continuar porque naquele instante alguém abriu uma porta na frente deles e iluminou aquela cena de terror. Estavam presos em uma sala imunda, cheia de estantes; o chão estava coberto por uma espessa camada de poeira; nas estantes boiavam todo tipo de coisas gosmentas dentro de frascos; uma escrivaninha bamba equilibrava-se no canto direito; em cima dela havia um único frasco que continha uma única pena – uma pena de Fênix. Apesar de assustado Harry não deixou de se alegrar ante a visão da pena. De algum modo que não sabia explicar Harry sentia a presença de Dumbledore ali.

(espera um momento...hogwarts! estava em hogwarts. Na sala do seboso!)

-Sinto informar-lhe, Potter, mas você continua tão obtuso como sempre foi – disse Snape com desdém entrando no cômodo. – Não. Nós não estamos em Hogwarts. Estamos na minha casa. No meu escritório. Ah, e desculpe-me pela bagunça. Ando muito ocupado ultimamente e o verme do Rabicho não é muito eficiente em serviços domésticos – e com um único aceno de varinha o escritório ficou limpo novamente.

-Pare de ler minha mente seu Seboso! – gritou Harry.

-Ah, e também continua obtusamente obtuso em Oclumência!

(vá à merda seu assassino sujo.)

(COVARDE) – as palavras pulsavam dentro de sua cabeça.

-Não me chame de covarde! – disse Snape sublinhando cada palavra.

-Não chamei!

-Mas pensou. O que já é o bastante para um mestre da Legilimência como eu.

-Pensei que seu mestre fosse o maior Legilimens que existe.

-Isso não significa que não possam existir outros, Potter.

(ele só está querendo ganhar tempo)

-Será que você pode conter seus pensamentos ao menos uma vez na vida! Já foi desagradável o bastante ficar escutando-os durante os seis anos em que fui seu professor! – vociferou Snape.

-Pare de lê-los então. Não posso fazer nada. Afinal foi você quem me ensinou Oclumência e cá entre nós... Você é um péssimo professor! – rebateu Harry.

-A mesma arrogância do seu pai. Não é mesmo, Potter? Cuidado, foi justamente essa arrogância que acabou por matá-lo.

-Isso não é verdade! Foi Voldemort. Voldemort o matou – gritou Harry.

-Muito bem, Harry. Bote toda sua raiva para fora. Mostre seus sentimentos a um suposto inimigo. Seja um fraco, Potter! Será que você não aprendeu nada esses anos todos?

-Cala a boca!

-Não calo. E sabe por quê? Por que havia um homem que confiava em você. Este homem confiou em você até o último minuto. E eu não quero vê-lo decepcionando-o.

-Do que você está falando, Seboso? – indagou Harry espantado.

-Dumbledore! Dumbledore confiava em você. Em um inútil como você.

-E quem você pensa que é para falar de mim. Dumbledore confiou em você até a morte e olha só o que você fez!

-E o que eu fiz, Potter?

-VOCÊ O MATOU, MISERÁVEL!

-Controle-se pelo amor de Merlin! O Rabicho pode escutar – sibilou Snape.

-Pois que escute. Eu não me importo. Por acaso quer esconder algo de seu mestre amado?

-Sim, Potter – a expressão em sua face era indecifrável.

-E o que seria?

(está mentindo o seboso!)

-Não estou mentindo. Mas como eu sei que seria muito difícil enfiar isso na sua cabeça burra eu prefiro provar o que vou lhe dizer... – pegou a varinho no bolso da capa. – Accio pergaminho.

Um pergaminho enrolado entrou porta adentro e foi parar no colo de Harry. Snape sacudiu mais uma vez a varinha e retirou as cordas que prendiam Harry na cadeira. Harry pegou o pergaminho, Rony e Mione aproximando as cabeças para ler também. Snape aproximou-se e iluminou o papel.

Caro Snape,

Não há mais nada o que fazer. Draco não conseguirá me matar e isso é um fato. Tenho certeza de que depois que fracassar ele acabará voltando para o nosso lado. Você deve continuar com o plano. Na situação atual terei mais serventia morto do que vivo. Pelo menos morto, Hogwarts vai continuar aberta. Fuja logo após me matar. Continue fingindo-se de Comensal. Na hora certa conte a verdade para a Ordem. Proteja Harry por mim. Ensine-o tudo o que puder. Lembre-se do Voto Perpétuo que fez comigo e continue sendo o fiel amigo que sempre foi.

Pateta! Chorão! Destabocado! Beliscão! Obrigado.

P.S.: Envie o livro para Harry.

P.S.2: Não sei quando voltarei. Acho que estou quase encontrando mais uma Horcrux.

-Mas o q...? – começou Harry.

-É isso mesmo, Harry. Dumbledore me enviou isso antes de morrer. Antes que eu o matasse... E pode ter certeza que não me orgulho disso – e uma lágrima solitária rolou pelo seu rosto oleoso. Era a primeira vez que Snape chorava em muitos e muitos anos.

-Mas isso não prova nada! – vociferou Harry.

Todos ficaram em silêncio por um tempo. De repente algo estranho e belo quebrou aquele vazio que tomara conta do local. Era uma música. Uma música bonita, calmante, envolvente... Quase como um chamado, ou um aviso. Aquilo foi invadindo a mente de Harry e criando um sentimento pleno de confiança... A canção ficava cada vez mais alta... Até que no seu ápice algo maravilhoso aconteceu. Uma Fênix entrou no escritório. Mais não era uma fênix qualquer; era Fawkes. O pássaro entoou a última nota do seu canto divino e pousou no ombro de Snape.

Harry não teve mais dúvida. Snape era completamente um “Homem de Dumbledore”

-Isso prova alguma coisa, Harry? – perguntou Snape. E estava calmo.

-Sim – Harry respondeu reparando que seu rosto estava molhado. Havia chorado também. Não de tristeza, mas de felicidade.

Rony e Hermione enxugavam as faces. Já livres das cordas que os prendiam. Snape entregou-lhes suas varinhas.

-Pronto. Agora são três contra um. Se quiserem me matar esta é sua chance. Creio que não vão ter problemas.

Mas ninguém se mecheu.

-Acho que agora devo dizer como se decifra o segredo do livro, não? – perguntou Snape.

-Por favor – pediu Harry.

Snape foi até um canto do escritório onde estavam as malas dos garotos e retirou o diário do malão de Harry.

-Na verdade é bem fácil. Mas eu não esperava que vocês lembrassem disso – e riu. Foi estranho, mas foi sincero. – Na verdade foi uma brincadeira de Dumbledore.

Entregou o livro para Harry e disse:

-Pegue a pena que está aí dentro – pausa. – Agora vá para a primeira página - pausa. – Escreva isso: “Pateta – Chorão – Destabocado – Beliscão. Sou Harry Potter, fiel à Dumbledore.”.

Harry terminou de escrever e deu um grito de satisfação. De repente o livro começou a escrever-se sozinho. E melhor. Ele continha instruções de como achar e destruir os Horcruxes.

-É maravilhoso, Harry – disse Mione boquiaberta.

-Eu sei – disse Harry extasiado.

-Poxa! – disse Rony.

-Tem mais: Dumbledore me deixou como fiel do segredo do Largo Grimmauld. Mas como você é o dono da casa posso passar o segredo para você – falou Snape.

-Não. Dumbledore sabe o que faz.

-Tudo bem então. Ah, e ele deixou toda a sua fortuna para você.

-Nossa! Não posso aceitar!

-Você não tem que aceitar. Já é tudo seu, quer você queira, quer não. Os testamentos bruxos são submetidos a feitiços rigorosíssimos com a intenção de que sejam cumpridos.

-Se é assim... Então tudo bem!

-Agora quero que me ouça, Potter. Vocês três devem partir imediatamente. Preciso voltar para o covil de Voldemort agora mesmo. Segundo os planos de Dumbledore o próximo local ao qual você deve ir é Godric’s Hallow. Como Voldemort tinha preferência por lugares onde cometeu um grande ato para esconder Horcruxes, nada melhor do que o local onde quase foi morto. No livro você terá instruções de como destruir a Horcrux. Talvez não dê certo e você tenha que descobrir sozinho como destruí-la. Talvez morra tentando... Permaneçam juntos. Se um falhar o outro segue em frente. Mas é de extrema importância que Harry continue vivo. Só ele pode matar Voldemort.

-Morrerei por ele se for preciso! – Hermione tinha um brilho de ferro nos olhos.

-Eu também! – Rony estava com as orelhas tão vermelhas que pareciam prestes a incendiar.

-Estão dispostos a jurar? – indagou Snape.

-Sim – responderam Rony e Mione juntos.

-Não – disse Harry. – Vocês não farão!

-Faremos sim, Harry. Essa missão também é nossa – disse Mione.

Harry consentiu silenciosamente.

Os três ajoelharam-se no chão formando um círculo. Harry estendeu a mão direita na frente do corpo. Rony colocou sua mão direita por cima da dele. Hermione colocou a sua por cima da de Rony...

-Prontos? – perguntou Snape.

-Sim – responderam.

Snape colocou sua varinha sobre as mãos.

-Vocês, Rony e Hermione, estão dispostos a seguir Harry aonde quer que ele vá em sua missão?

-Estamos.

Uma fina língua de fogo saiu da ponta da varinha e envolveu as mãos como um arame em brasa.

-Farão por ele as tarefas que não conseguir cumprir?

-Faremos.

Uma outra língua de fogo surgiu formando uma corrente luminosa com a primeira.

-E morrerão por ele... Se preciso for?

-Morreremos.

Uma terceira linha de fogo saiu da varinha entrelaçando-se com as outras. Envolvendo as mãos, grossa como uma corda. Os rostos dos três amigos pareciam revigorados com a luz. Sua amizade tão forte naquele momento que os três pareciam estar unidos em um só corpo, em uma só mente...

O silêncio se quebrou. Alguém batia freneticamente na porta da casa. As batidas continuaram até que um grande estrondo informou-lhes de que a porta fora abaixo... Alguém entrou no escritório... Snape gritou... Foi arremessado no ar e caiu contra a parede... Inconsciente... Um filete de sangue escorrendo de seus lábios...

...

*****

Aê! Finalmente mais um capítulo. E finalmente Harry vai começar sua busca pelas malditas Horcruxes!

Quem será que chegou e nocauteou o Seboso, eihn? Hum... Mistério!

Até o próximo capítulo galerinha!!!



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