Insinuações
Capítulo 6 - Insinuações
Luna sorriu levemente ao observar um certo moreno sentado na relva, parecia concentrado, no que quer que fizesse. E antes que se desse conta, caminhava ao seu encontro.
Sentou-se ao seu lado, dispensando um olhar mais atento ao rapaz. Seus cabelos negros estavam desgrenhados e o vento só contribuía para dispersar as mechas. Ele encarava, com olhar estreito e testa franzida, um maço de pergaminhos, seguro em uma das mãos, a outra balançava sua varinha displicentemente. Riu baixinho, ele era tão distraído, sequer percebera sua presença.
Mas a risada atingiu Harry em cheio e o rapaz se voltou para a loira em confusão, ainda que sua varinha estivesse apontada para ela.
-Vai me enfeitiçar, Harry? - indagou com ar zombeteiro erguendo a sobrancelha.
Harry sorriu torto. - Meu sorriso e meu olhar não bastam? - indagou numa piscadela exagerada, afetando charme. Luna corou e desviou o olhar para os pergaminhos na mão dele.
-O que são todos esses pergaminhos?
-Ah - o rapaz estendeu os papéis a ela. - São as cartas que recebi de minhas correspondentes.
-Hum. Vai respondê-las agora?
O moreno suspirou - É o que estava tentando fazer, mas não tenho idéia do que escrever - ele revolveu seus cabelos, frustrado.
-Precisa de ajuda? - Luna perguntou, lhe devolvendo as cartas.
Harry a encarou sorridente - Você o faria?
-É claro, bem, não tenho mesmo nada para fazer agora. Mas... No que sente dificuldade? Quero dizer, são apenas cartas.
O rapaz bufou baixinho - Bem, não é tão simples assim. Quero dizer, eu tenho de tomar cuidado para não me delatar... e bem, não sobram muitas palavras para falar sobre mim. Não sou como a Hermione, Luna, eu não sou bom com as palavras.
-É - a loira riu. - Todos sabemos disso.
-Vai ficar zombando de mim? - Harry rolou os olhos, mas sorriu. - Pensei que estivesse aqui para me ajudar. Mas vejo que está aqui para enterrar minha auto-estima, que já não anda das melhores, para, quem sabe, fazê-la florescer na estufa e dar frutos.
Luna riu com leviandade sob o sarcasmo dele. - Não se preocupe, quer saber? Você não é o único garoto que não consegue se expressar devidamente. Creia-me, há pessoas bem piores.
-Bem, você não é muito boa para consolar alguém – disse ele, franzindo o cenho.
-Você não precisa de consolo – contrapôs olhando-o de cima a baixo, Harry sentiu-se corar sob o olhar atento dela. Nunca havia percebido que seus olhos ficavam tão azuis sob aquele ângulo.
Sem mais, Luna passou a olhar além dele, sem enxergar realmente. Harry soube nesse momento que ela fora para ‘outro mundo’. Ela tocou com o dedo indicador e médio em uma mecha loira de seu cabelo passando a acariciá-la, meditativa.
E, por um instante, esteve calada. Então uma centelha apareceu do nada em seu olhar e Luna voltou a encontrar os olhos dele. – Garoto, só precisa ser você mesmo. Sem dizer, obviamente, o que vem fazendo.
-Parece fácil ao se falar – Harry contrapôs impaciente. Do que falaria então? Do quanto ele achou interessante o último exemplar do Seminário das bruxas – “garotas gostam disso não é?” - Mas... espera! Ah é, ele não lia aquela porcaria.
Luna rolou os olhos. – Preste atenção, Harry. Por Mérlin! Mostre a elas o garoto gentil, amigo, doce e compreensivo que eu conheço. Você tem a vantagem de elas não estarem esperando o Harry Potter que é o escolhido, a vantagem de elas nem terem idéia de quem você é. Vamos lá, você é muito mais que um cartaz de ‘eu sou um super-herói’ – o moreno suspirou e um sorriso lento surgiu em seus lábios. Ele nunca soube que Luna o via daquela maneira. Esperava apenas que, entre suas correspondentes, encontrasse garotas que também pensassem como ela. - Mostre a elas! Mostre o lado Harry, não o mito. E se elas esperarem algo, além disso, da sua parte, bom, não são para você.
A loira pousou sua mão no cabelo dele, desalinhando-o ainda mais, se era possível. – E claro, diga que você tem cabelos muito agradáveis de tocar – disse. Harry a encarou sem reação e isto apenas a fez rir tontamente. – É brincadeira, Potter. Mas eu sempre quis fazer isso... – acrescentou passando outra vez a mão pelo cabelo de um Harry descrente. – Oh, e não diga nada sobre seus atributos físicos. Eu soube que anda havendo um concurso que algumas meninas estão promovendo, sobre quem é o garoto mais lindo de Hogwarts – Luna falava como se fosse um segredo federal. – E bem, advinha quem está no topo da lista?
-Eu?!
Ela assentiu e continuou em sussurros – e Draco Malfoy. Mas isto não é importante... Você só deve saber que há uma grande parcela de meninas em seu fã clube – a loira riu do olhar aflito de Harry ao ouvir as palavras ‘fã clube’. – E acredite quando eu digo, elas conhecem cada pedacinho de seu corpo, a maioria dele pelo menos – murmurou com um olhar significativo que o fez corar furiosamente. – É certo que pelo menos, entre suas correspondentes, haja uma fã. Então... preste atenção no que vai dizer.
-Isso é muito animador. – resmungou amuado.
-Se te faz alegre, eu posso lhe dizer que você não faz o meu tipo.
Harry a fitou boquiaberto, a jovem o mirava com um sorriso torto e ele não pôde conter uma risada. – Obrigado Luna. Ainda bem que sempre posso contar com você para levar meu ego ao subsolo – o rapaz a olhou de lado, ela ainda sorria marotamente. – Ao menos eu sei que você tem uma queda por minhas madeixas negras, muito sensuais. – acrescentou zombeteiro.
-Certos fetiches são inevitáveis – Luna contrapôs dando de ombros. – E se quer saber – ela lhe ofereceu um sorriso diferente, o rapaz não pôde reconhecê-lo. -, não só são seus cabelos que me atraem – disse ao se erguer e, oferecendo um ‘tchauzinho’ a Harry, passou a se afastar, deixando o moreno sem palavras para trás.
***
Gina estava voltando para a sala comunal da Grifinória após o almoço, quando um belo buquê de rosas apareceu em seu caminho. Parou e olhou entre surpresa e admirada para quem o segurava.
-São para você! Encomendei em uma loja em Hogsmeade. - John fala de modo gentil, oferecendo as flores à ruiva, que as recebe ainda sem saber como reagir.
-Obrigada, são lindas. - aceita encantada, nunca havia recebido flores de nenhum namorado ou pretendente.
-Tentei escolher as que mais pareciam com você. - tentou soar galante, mas o leve rubor em sua face o denunciara. - Gostaria de saber se aceitaria dar uma volta comigo pelo jardim no fim de semana, poderíamos até fazer um piquenique, o que acha?
-Eu não sei, já havia combinado umas coisas com minhas amigas e tem treino do time no sábado, mas eu penso com carinho e te falo na sexta. Tudo bem?
-Claro, eu não quero te atrapalhar, entendo que tenha marcado compromissos antes, mas se não puder agora, pode ser na próxima semana ou quando você quiser. - John fala com um enorme sorriso, vê-la encantada o havia animado.
-Tudo bem, então depois eu te procuro para combinarmos. - Gina disse já se afastando e jogando um beijinho quando já estava para sair da vista dele.
***
Draco atravessava um pouco nervoso o corredor que dava na sala dos monitores chefes. Estava ciente de que poderia ter mandado qualquer um fazer o que ele estava fazendo, mas a tarefa era uma excelente desculpa para ver a morena que lhe perturbava as noites nos últimos tempos.
Parou em frente à porta, respirou fundo e deu uma última olhada em seu uniforme, para ver se estava tudo perfeito, depois bateu na porta com firmeza, logo ouvindo a permissão para entrar.
-Com licença, Granger, trouxe as datas dos treinos da Sonserina. - Draco falou tentando mostrar que a tarefa lhe era entediante, enquanto a morena estava em cima de um banquinho, olhando uma das gavetas superiores do arquivo.
-Espera um pouco Malfoy, já te atendo. - Hermione retrucou parecendo concentrada na tarefa. Draco suspirou frustrado pelo banco ser muito baixo e a saia dela muito cumprida, apesar de todo aquele "mistério" ser o principal aguçador de seu interesse pela grifinória.
Desviou o olhar para a mesa impecavelmente organizada da Granger e não deixou de admirar isto nela, também era um apreciador da organização e da limpeza, havia sido educado para sê-lo.
De repente, seus olhos pararam em uma carta, não que aquilo fosse interessá-lo, mas um trecho escrito lhe pareceu muito familiar. Virou a cabeça de lado e leu as primeiras linhas, deixando um sorriso duvidoso aparecer em seus lábios.
-Sua educação aristocrática não lhe ensinou que é falta de educação e respeito ver a correspondência alheia? - Hermione indagou de modo ríspido ao ver para onde o loiro olhava. Ao se aproximar dobrou o pergaminho e o colocou em uma gaveta, antes de se sentar em sua cadeira. - Onde está o cronograma? - pergunta o observando ainda de modo reprovador.
-Aqui, cuide para que nenhuma casa tenha treinos no mesmo dia, não quero espiões no meu treino. - fala de modo ríspido e frio, escondendo assim a vontade de responder a ela o que lhe veio a mente após sua primeira frase. Se queria desvendar os segredos da morena, dá-lhe respostas mal criadas e sarcásticas, potencialmente ofensivas, não seria um bom caminho.
-Eu faço meu trabalho muito bem, Malfoy. Agora se retire, que atualizarei o calendário. - Hermione termina a interação em tom formal e Draco prefere fazer um "recuo estratégico".
Draco saiu com um sorriso mais que satisfeito, havia reconhecido sua carta do correio amoroso e, portanto, agora sabia exatamente como se aproximar discretamente da garota, descobrir seus mais íntimos segredos e ainda teria uma ótima desculpa para dispensá-la sumariamente. Provavelmente se não fosse um Malfoy estaria dançando e cantando sobre como a vida era maravilhosa, no entanto, se encaminhou para sua casa, onde poderia ensaiar com July suas abordagens, antes de escrever cuidadosamente a próxima carta.
***
Gina suspirou antes de se levantar da mesa onde estava, só de pensar que iria perder toda sua tarde naquela biblioteca entulhada de livros velhos sentia-se murchar. Tudo por conta de um trabalho homérico de DCAT.
O’Donnel estava saindo-se melhor que a encomenda, pensou a ruiva resmungando baixinho, um carrasco.
Balançou a cabeça para retirar do corpo todo marasmo e se dirigiu para a ala onde sabia que existiam vários exemplas de livros de DCAT. Ser amiga e ex-namorada de Harry Potter a ajudara a jamais se esquecer daquela parte em especial da biblioteca. Além do mais, Hermione lhe dera uma dica quanto aos melhores livros onde poderia se basear. Francamente, como se fosse tomar nota de mais de um livro... É claro, sua amiga nerd não precisaria saber disto.
Passou o dedo em vários livros antes de sua vista decair em um que, simplesmente, era o ideal. Lembrava vagamente de Hermione comentar sobre o quão esclarecedor aquele livro era. Sorriu, talvez não precisasse ficar tanto tempo naquele lugar aborrecido.
Tocou no livro praticamente ao mesmo tempo em que outra mão o fazia. Estava disposta a matar por aquele exemplar e foi com esse pensamento que se voltou para o único empecilho para que seu dia fosse majestoso.
Era um rapaz e ele sorria belamente para a face arrogante dela. – Olá, Gina.
Ela abriu sorriso como resposta ao cumprimento e, erguendo a sobrancelha, disse divertida:
–E não é que nos esbarramos novamente?
-Acho que hoje é meu dia de sorte – Thiago Summer contrapôs marotamente, fitando-a. Ainda assim, continuava segurando o livro. A jovem observou naquele momento que o rapaz não pretendia largá-lo, mas logo ele descobriria que ela tampouco.
-Sabe Thiago... Thiago, não é? – ele somente assentiu. – Pode ser seu dia de sorte, mas eu não posso deixá-lo sair com este livro.
-Ah, não? E posso saber o porquê?
-Porque – ela se aproximou ameaçadoramente dele e desviou o rosto bem a tempo de não lhe tocar os lábios, num movimento gracioso e provocante. -Eu o quero muito – disse tão sugestivamente que o rapaz a encarou aturdido. – Falo do livro. – ela acrescentou um sorriso enviesado.
-O-obviamente.
-Então, como ficamos? Eu o quero... Você, eu acredito, também quer – a ruiva umedeceu o lábio e Thiago teve de conter o alento. O que falava, como o falava... Era tão provocante que ele já não sabia bem do que estavam falando. – Além disso, tem de admitir. Eu o vi primeiro – ela disse com uma piscadela. – Ou você quer duelar por um livro? Com uma garota – perguntou franzindo o cenho.
Ainda que ela utilizasse aquela frase, “com uma garota”, como um desafio. Afinal, Gina Weasley era uma brava aluna da casa da Grifinória. Não gostava de ser menosprezada e irritava-se ao ser considerada mais fraca ou inferior por ser uma garota. Era por isso que estava no time de quadribol e era por isso que se saía tão bem em DCAT.
-Eu-
-A verdade é que eu conheço meios melhores de se gastar o tempo – e novamente a voz provocante. – Por exemplo – os olhos dela faiscaram. – Preciso mesmo fazer uma redação quilométrica para amanhã no primeiro horário. E... ficar aqui parada, não vai me ajudar muito – comentou segurando, com a mão livre, a dele que estava sobre o livro. – Então, se você fizesse o grande favor de... soltá-lo – ela sorriu ao retirar a mão dele do livro e a apertou levemente. – Eu ficarei infinitamente grata.
-Você é muito esperta – ele disse com os olhos entrecerrados.
-E você é um amor – contrapôs Gina com uma piscadela e sorriso. Ela ia se afastar quando Thiago segurou seu braço. Não bruscamente.
A garota se voltou para ele, intrigada. – Você não me mostrou o significado de ‘infinitamente grata’.
A ruiva o encarou surpresa. – Está me cobrando?
-De jeito algum, só achei que os grifinórios eram mais, como posso dizer? Honestos, em suas falas.
Gina sorriu e se aproximou. – Sabe que eu gostei de você?
-Isso quer dizer que não vai me azarar?
-Azarar? Eu estava pensando em uma coisa menos dolorosa – murmurou num sorriso brejeiro, tocando a face dele.
Thiago descendeu a face ao encontro da dela e chegou tão próximo que podia sentir o hálito quente dela em si. Só eram necessários mais alguns centímetros para alcançar os lábios dela. Gina tinha outros planos, entretanto.
A jovem virou o rosto quando ele se dispôs a quebrar a distância. – Você é um gatinho, Summer - e deixou seus lábios tocarem o rosto dele, foi um toque gentil e amistoso. – E também, - riu docemente. - Muito apressadinho – murmurou em seu ouvido.
Só então se afastou, sem olhar para trás. Se o fizesse, encontraria o olhar frustrado que Thiago lhe lançava. E pensar que ele estivera tão perto...
***
Ela observou de relance Ron bocejar pela quarta vez, então virou os olhos, nem era tão tarde assim.
-Você não pode marcar o treino para o domingo de manhã, Harry! – disse contendo mais um de seus bocejos.
O moreno o observou por cima dos óculos, claramente contrariado. E não era para menos, Ron o estava atazanando desde que se prontificara a ajudá-lo a montar os horários do treino de quadribol. Não que Harry tenha pedido ajuda.
-E por que não, Ron?
-Domingo é o único dia que tenho para acordar mais tarde! – contrapôs como se Harry estivesse louco.
-Então, durma mais cedo no sábado e eu te garanto que você nem vai sentir a diferença quando tiver de levantar às sete.
-Harry, seja racional...
-Serão apenas dois domingos, Rony. Por Mérlin, deixe de ser um queixoso!
-Mas...
-A porcaria do horário vai ficar assim e ponto. Você já me fez trocar dezenas de vezes os horários na meia hora que estamos aqui, pelo amor de Deus, Ron!
-Não sei por que está tão estressadinho.
-Não estou estressado. Só não estou com paciência para estar sendo azucrinado – contrapôs batendo com a varinha no pergaminho, para que a tinta secasse. – Aqui Hermione – a garota ergueu a cabeça. – O cronograma da Grifinória.
Hermione olhou por um momento o pergaminho antes de assentir. – Obrigada Harry. Você é o segundo a entregar o horário, Malfoy o entregou essa tarde.
Ron a encarou com curiosidade. – Que tal você nos passar, assim, acidentalmente o cronograma da sonserina, hum?
-Já voltou a falar comigo é, Ron? – a morena indagou num sorriso implicante.
-Estou falando com a monitora-chefe Granger e não com a amiga traíra Hermione Granger.
Hermione lhe lançou um olhar fulminante. – E porque a “monitora-chefe Granger” faria isso por você, Weasley? – lhe indagou, com sequidão.
-Coleguismo, afinal eu também sou monitor.
A morena o encarou, tentando decifrar se o rapaz falava sério. Ron parecia sério... – Parabéns, Ron. Você bateu o recorde! Este é o argumento mais estúpido que eu poderia esperar de alguém como você. Além do que, eu nunca faria isso, é contra as regras!
-Você, sempre estraga-prazeres.
-Ao menos não ponho minha felicidade num jogo tolo como quadribol, nem fico deprimida porque sou uma negação ou porque fazem diversas cestas nos ‘meus’ aros – comentou acidamente.
Foi a vez de Rony a fitar como se quisesse fazê-la sumir do mapa ou coisa assim. Ele se levantou e se dirigiu às escadas do dormitório masculino em silêncio. Só voltou a falar quando estava lá no topo. – A propósito, são “gols”, Hermione. Gols, não cestas.
Ela deu de ombros, com sobranceria. - Que seja – Ron bufou antes de sumir de vista praguejando. Só Harry pôde ver o rubor do rosto dela por ter cometido uma falha. - Eu sei que você quer rir – ela disse observando Harry, este ainda seguia fitando o lugar que Ron estava há segundos atrás. – Vamos lá, vá em frente. - O moreno que tentava ao máximo que pôde esconder o sorriso, fitou Hermione com os lábios comprimidos.
-Não vou rir – a garota ergueu a sobrancelha descrente e Harry só pôde rir.
–Ok, já basta. Acredito que já tenha rido mais que o suficiente de mim.
-Oh, a culpa é toda sua, fazendo essas caras e bocas.
A garota lhe empurrou levemente. – Ora, cala-se Potter. E não se atreva a rir novamente de mim.
Harry sorriu com arrogância. – E quem irá me impedir?
-Deveria, em todos esses anos, saber que sou capaz de calar o salvador do mundo bruxo – ela disse ironicamente, o rapaz fez uma careta sob o nome. - Para falar a verdade, com muita facilidade.
Harry a fitou zombeteiro. – Desde quando a senhorita é tão arrogante, Granger?
-Desde que o próprio Harry Potter me garantiu que eu poderia derrotá-lo – ela continuou no mesmo tom.
-Você não sabia? – ele falou em tom baixo, fitando-a com presunção. - Eu menti.
Hermione ergueu a sobrancelha. – Não disse isto quando eu estava por cima de você, imobilizando-o, àquele dia... No esconderijo.
-Uh, isso foi provocante – o moreno disse numa piscadela. Hermione riu, balançando a cabeça negativamente. – Nunca vai me deixar esquecer daquilo não é? Eu estava fraco, Hermione – disse meio alheio à conversação. - Foi mero golpe de sorte – acrescentou apontando o dedo indicador para ela, que estava com os olhos estreitos. Sabia que aquilo a deixaria possessa, mas tinha que jogar pesado... Precisava retirar informações dela e o modo mais fácil era subestimá-la, sabia o quando Hermione irritava-se ao não reconhecerem seus méritos.
-O que está dizendo? Você sabe que eu fui melhor!
-Não me leve a mal – continuou dando leves palmadas em suas costas, como se quisesse lhe consolar. – Você é boa, mas – ele encolheu os ombros, olhando-a de lado, a morena parecia contrariada e ele riu por baixo. – Não o suficiente para me derrubar.
O movimento dela foi rápido demais e se fosse qualquer outro, Harry pensou, estaria em maus-lençóis. Ela afastou com destreza a mesinha de centro onde se encontravam seus pergaminhos, tinteiros, penas e livros.
Hermione havia sacado a varinha e a outra mão foi para o peito dele, empurrando-o com força a ponto de deixá-lo deitado, posicionando a varinha na garganta do moreno.
-Terá de pedir desculpas, Potter.
Mas Harry apenas sorriu despreocupadamente, deixando-a confusa. – Vai me ferir, Herms?
Ela o cutucou com a varinha, sorrindo perigosamente. – Peça desculpas.
-E se eu não quiser?
Hermione franziu a testa. – Vai acordar apenas amanhã pela manhã, com muita dor.
-Você não teria coragem – Harry contrapôs simplesmente, com um sorriso pequeno e olhos brilhantes.
A morena quase rangeu os dentes, por que ele agia tão despreocupado sob a varinha. Acreditava mesmo que ela não o faria? Bom, talvez não o fizesse se Harry não estivesse sendo tão prepotente.
Ela se voltou para fitá-lo e, observá-lo despreocupado sob sua varinha, apenas a deixou mais raivosa.
Quando abriu a boca, sua varinha voou de sua mão. – Feitiço não-verbal - murmurou consternada. – Seu trapaceiro! – reclamou, batendo em seu ombro. Mas a risada de Harry a fez desistir de tentar ficar com raiva dele.
-O ataque surpresa foi muito bom.
-Mas nada efetivo – disse com amargura. – Você me distraiu o suficiente para me desarmar.
-Só tem de aperfeiçoar algumas coisas – disse gentilmente. - por exemplo, quando se surpreende alguém, tenha certeza que essa pessoa não vá revidar. Imobilize-a. Bem assim.
-Oh?
Hermione o fitou surpresa, a boca entreaberta pelo susto. - Não deveria baixar a guarda, Hermione. Muito menos dar atenção a provocações... quando seus inimigos estiverem em desvantagem, utilizarão técnicas baixas para desviar sua atenção - disse calmamente.
A fala não passou de um sussurro, até porque não era necessário utilizar um tom mais alto... Seus corpos estavam quase pegados, por conta da imobilização de Harry sobre a morena e seus rostos estavam a centímetros. Seu olhar estava preso no dela e Hermione suspeitou que ele fazia isso para distinguir qualquer ação que ela pudesse vir a tramar.
-Eu entendi, Harry – contrapôs. Harry pôde até mesmo sentir o desgosto na voz dela. - É que não pude aceitar o que dizia.
-Conheço você, sei exatamente onde dói mais.
Ela assentiu. - Não deveria ter caído em sua armadilha. E-
Harry sorriu. - Vai precisar de mais que isto para me tirar a concentração, Herms. Mas se for boazinha, posso libertá-la.
-O que você quer?
-Que tal me dizer... – ele fingiu ponderar. – sobre o horário da equipe da sonserina.
-Vai precisar de mais que um pedido e uma imobilização para me fazer falar, Potter – ela retrucou virando os olhos.
-Hum... - sussurra fazendo seu nariz tocar o dela. - E o que você quer que eu faça para conseguir o que quero? - sussurra fazendo seus lábios quase tocarem os dela, tentando atiçar seus sentidos com o hálito morno e a leve pressão de seu corpo forte ao frágil, dela.
-O que eu quero? - a voz dela soa como um sussurro rouco.
-Sim, tudo o que quiser. - ele sussurrou ao pé de seu ouvido, mordiscando seu lóbulo ao terminar. Ele sente o corpo de Hermione se contrair, no entanto, ao invés de um suspiro, ele ouve a morena ter um acesso de riso.
Harry torceu o nariz e saiu de cima da amiga. - Você e Luna tiraram o dia de hoje para soterrar meu amor-próprio, não é? - indagou em azedume.
-Ou você me conta o que quero saber ou uso o rictusempra para te fazer rir até que não consiga respirar mais.
Harry estava furioso e segurava a varinha firmemente enquanto apontava para Hermione. Esperou ela protestar ou ainda reagir, mas esta só fez rir com fôlego renovado.
Atirou a varinha longe para não fazer uma besteira e engoliu algumas palavras nada educadas que lhe vieram à mente, se limitando a se levantar e chutar com força a poltrona ao lado dela antes de subir correndo para o dormitório, enquanto praguejava sem se importar se Hermione estava ou não ouvindo.
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(continua)
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Nota da Mione.: Oie! Quero agradecer pelos comentários!! Espero que estejam curtindo ^^
E gente, vocês estão esquecendo de uma coisa: só estão falando dos personagens da série... E dos que criamos?
Acham que a July fica com o Malfoy? E a Gina está sendo bem disputada, não acham? Ela ficaria com o John, com o Thiago?
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