A Coisa Certa a Fazer
A Coisa Certa a Fazer
Andava por um jardim, era grande e suntuoso, tinha bancos, tinha várias coisas muito belas. Em suma, era maravilhoso. Sentei-me numa folha gigante e me deixei ser levada pela corrente do rio, os passarinhos cantavam, os bichinhos fofos grunhiam de uma forma tão agradável que não me incomodavam, mesmo odiando natureza. Um coelho com grandes olhos vermelhos pulou na minha folha e sorriu, limpando o focinho e cantando uma música dos tempos da minha mãe, Oh Happy Day. Era torturante, mas espera, como um coelho sabia cantar?!
Gritei ao cair da cama, de cara no chão.
- Oh, Happy Day! Everybody with me: Oh, Happy Day! – Tonks no seu jeito calmo e normal de acordar as pessoas, entrara no quarto. – Come on, guys! Oh Happy Day! – Pegou uma escova e começou a cantar alguns grandes sucessos do rock.
- Bom dia pra você também, Tonks. – Soltou Harry com mau humor.
Eu ainda estava de cara para o chão, estava até que confortável, senti uma mão no meu braço e logo Harry me colocou em pé. Saiu do quarto se espreguiçando sem nem sequer trocar um olhar comigo.
- A jaqueta, cowboy! Tá frio lá fora! – Lhe jogou uma jaqueta que estava ali, perto da cama. – E você, garota? – Cocei a cabeça e tirei do seu poder a minha escova de cabelo.
- São oito da manhã, como você consegue tá nesse humor as oito da manhã?! – Perguntei penteando meu cabelo e pegando meu sobretudo.
- Não sei. – Sentou-se na cama de Harry e sorriu largamente. – E vocês? – enfeiticei minha cama que começou a se arrumar sozinha.
- O quê?
- Brigaram? – Fez uma cara de desgosto quando eu concordei. – Calma, vocês ainda têm hoje pra se decidir. Amanhã mesmo você tem que me dar a resposta se você quer que eu-
- Tonks, desencana, OK? – Disse aborrecida, colocando meu sobretudo e saindo do quarto.
- Eu tô desencanada! Mas é frustrante você tá quase lá e chega um idiota e atrapalha! – Comentou também aborrecida.
- É, eu sei... – Comentei a mim mesma descendo as escadas. Ron tinha acabado de se levantar, saindo da última porta daquele corredor.
- Não é tão ruim dormir aqui em baixo, o único problema é aquela reunião, - Bocejou – terminou três da manhã.
- Sinto muito. – Disse lhe dando tapinhas nas costas.
- Ela acordou vocês no Happy Day? – Perguntou se sentando ao lado de Harry e eu a sua frente. – Pude ouvir daqui de baixo.
- Foi terrível. – Sussurrei pegando uma fatia de bolo.
- Ela me acordou com Don't worry, be happy, então, não reclama. – Comecei a rir.
- Bom humor logo de manhã! – Disse Tonks ligando o rádio e sintonizando numa estação boa.
- Só se for para você. – Incrivelmente, soltamos os três juntos.
- OK, meu coral favorito, não acordo mais vocês desse jeito! Acordo a paneladas e também a cornetas! Ou posso mandar o Lupin ir acordar vocês, com um balde de água fria. – Se serviu de chocolate e se sentou ao meu lado.
- Nem pense. – Estiquei o dedo para ela.
- Carta! – Disse Lupin jogando uma carta do lado de Ron e algumas do lado de Tonks.
- Outra carta da mamãe. – Disse a abrindo. – Tomara que não seja outro berrador... – Estava ansioso que já foi rasgando. Leu atentamente, em silêncio. Tonks lia suas correspondências e nem prestava atenção em nós. – Cara- - Parou ao ver o olhar reprovador da moça a sua frente. – ca... – terminou engolindo seco. – Minha mãe é fogo! – Largou a carta e passou as mãos nos olhos totalmente aborrecido.
- O que foi? – Perguntou Harry.
- Terei que ir pra casa. – Esmurrou a mesa.
- Quando?
- Hoje à noite. – O leite que estava tomando entrou pelo canal errado e me fez engasgar. – Gui está vindo para cá e pretende ficar lá em casa.
- E você com isso? – Sugeriu Tonks.
- Minha mãe quer que eu fique com ele! A Fleur não veio por causa da gravidez e minha mãe acabou com as minhas férias.
- E seu pai? – Perguntei.
- Está viajando pelo Ministério. – Suspirou e afastou o prato da sua frente. – Valeu, mamãe, eu também te amo! – Ironizou com uma expressão de mau gosto.
Levantou-se e foi até o quarto ainda resmungando, apenas ouvimos quase a porta voar com a força nela depositada para fechar.
- Que absurdo... – Soltou Tonks.
- Com certeza, o filho também tem direito de se divertir um pouco, não é Harry? – Tentei puxar assunto, ele apenas confirmou com a cabeça terminando com seus ovos.
Desci as escadas depois daquele almoço em clima de velório. Ponderei o que poderia ser as causas daquilo: Primeiro, Ron ia embora e não ia aproveitar esse tempinho que resta conosco, seus amigos. Segundo, Harry terá que ficar na mesma casa com a última garota que quer. Terceiro e último: Tonks não sabia cozinhar.
Era desgastante, concordo. Ron arrumava suas coisas em silêncio, com Harry o ajudando em pequenas coisas.
- Irei fazer de tudo para poder voltar pelo menos nos dois últimos dias. – Assegurou o ruivo dobrando um dos seus suéteres. Ao me ver parada na porta, parou e sorriu sem jeito. Harry se moveu e me encarou durante contados dois segundos.
- Ruivo, Lupin irá te levar no carro da Ordem, OK? – Disse Tonks passando no quarto rapidamente.
- Pelo menos não terei que pegar trem. – Tentou se animar. Sai do quarto num salto.
- Tonks! – A chamei. – Tonks! – Parou antes de entrar no escritório. – Você não teve nada a ver com isso, não é?
- Eu estou mais assustada do que você, pode ter certeza. – Sorriu e piscou.
- Com licença, Hermione. – Disse Lupin terminando de colocar seu casaco e luvas. Foi até a porta e saiu, provavelmente já ia ligar o carro. Essas mínimas coincidências, me assustavam ao máximo.
- Vamos, Hermione! Não fique no caminho. – Dei licença para que Ron passasse com seu malão. – Adeus, Tonks.
- Bye, ruivo! – Respondeu de dentro do escritório. Abriu a porta junto com Harry, os acompanhei. Deixou a mala dentro do carro que já estava parado na frente da casa e acenou para nós entrando junto com Lupin.
- Me esperem, OK?! – Acenamos em leves sorrisos. A rua estava completamente vazia, Lupin ligou o carro e já o colocou no ar sumindo com o sistema de invisibilidade. Harry passou esbarrando em meu ombro e entrou dentro de casa. Grosso.
Terminei de colocar meias mais quentes quando ouvi Tonks me chamar, assim como Harry que desconhecia seu paradeiro. Estava lá em baixo, terminando de colocar suas luvas e arrumando seu vestido muito bonito e moderno. Olhou-se num espelho flutuante que a seguia para qualquer lugar que ia.
- Como estou? – Terminei de descer as escadas e abri um sorriso.
- Muito bom. – Estava mesmo. Voltou a mexer no seu coque e arrumar aquelas alças daquele vestido. – Não vai passar frio?
- A Convenção é no Caribe, a última coisa que sentirei lá, é frio. – Ri. Lupin também surgiu com um terno preto discreto, mas muito elegante.
- O que é isso afinal? – Perguntou Harry surgindo num dos corredores de lá de baixo, com um livro em mãos.
- Ah, é um treco bobo que reúne todos os Ministérios do mundo. – Novamente se fitou na frente do espelho. – Somos representantes dos Aurores.
- Bobo, praticamente insignificante. – Brinquei rindo com a metamorfoga.
- Irão ficar sozinhos, cuidado com as armadilhas e a Senhora Black anda de muito mau humor, então, cuidado. – Disse Lupin ajeitando sua gravata. – Amanhã a tarde, estamos de volta.
- Ah, Hermione! Sobe comigo, tenho que te mostrar como usar aquele meu rádio! – Pegou em meu pulso e me arrastou para cima erguendo a saia de seu longo vestido de seda preta. Entrou no seu quarto e fechou a porta. – Juízo, por favor. – Mirou seu olhar mais profundo em mim. – O Monstro irá ficar perambulando por aí, mas qualquer coisa, só mandar ele para a cozinha que ele obedece.
- Tonks, a gente não tá no nosso melhor momento pra-
- Querida, na hora do aperto, vocês não irão ver se estão no melhor ou pior momento. – Piscou maliciosamente e abriu a porta do quarto. – Juízo e confio em você.
- Pode deixar. – Sorri descendo as escadas.
- Vamos, Lupin? – Pegou sua pequena bolsa e sorriu para nós. - Até amanhã! – Aparatou num grande barulho.
- Harry, qualquer coisa, mande uma coruja ou- - Parou e respirou fundo. – Aqui é a Ordem, estarão seguros. – Lupin acaba de aparatar e meu coração a disparar. Engoli seco esperando que Harry dissesse alguma coisa, mas não disse, virou as costas e voltou para onde estava.
Meu olhar percorreu todo aquele cenário de filme de terror. Já era totalmente apavorante quando a casa estava cheia, quando estava vazia era pior ainda. Alisei os braços com um calafrio estranho, engoli todo aquele medo e segui Harry chamando pelo seu nome.
- O que foi? – Parou olhando para mim.
- Como consegue?! – Entrei no escritório que estava com ele. Tinha muitos livros, a maioria era de estudos mais do que avançados, digo de passagem. – Essa casa é aterrorizante! – Me sentei numa das poltronas e encolhi as pernas sobre ela.
- Essa é minha casa, Hermione. – Voltou a se sentar numa grande poltrona.
- Não pretende, pelo menos, mudar a decoração? Tipo, uma coisa que você possa andar despreocupada em perder a cabeça? – Não respondeu, nem riu, duvido muito que respirou.
Jordin Sparks - Tattoo
Não importa o que você diga sobre amor
I keep coming back for more
Eu continuo querendo mais
Keep my hand in the fire
Deixo minha mão no fogo
Sooner or later I get what I'm asking for
Mais cedo ou mais tarde, eu consigo o que estou pedindo
Aquele silêncio. Parecia que a qualquer momento, alguém ia fazer um barulho e me assustar. Sempre foi assim. Aquela era uma das salas mais macabras que tinha naquela casa. Tinha alguns instrumentos de tortura pendurados no teto, algumas coisas jogadas num canto e tudo coberto pelo pó. O tapete que ficava em frente da mesa onde Harry acabara de colocar os pés grosseiramente, tinha o desenho de algum crucigrama estranho. A poltrona onde estava sentada, estava arranhada e tinha um pedaço do encosto arrancado.
Cruzei os braços e olhei Harry, ainda concentrado. O que íamos fazer se nem nos olhando estávamos? Parece que o destino conspira totalmente a favor, mas na hora certa, começa a virar a casaca e ferrar com a minha vida. Não tenho intenções pervertidas com ele, mas já estava na hora. Todo mundo que eu conheço não é mais virgem e só a idiota aqui é. Minha mãe me contava histórias que eu fui um acidente que levou nome, numa dessas aí de 'só eu sou santa no grupo inteiro'.
Que horror. Não, nem pensar. Filhos? Com dezessete anos de idade?! Pelo amor de Merlin, nem sonhando! Eu tenho ainda tantas coisas para fazer que nem sei se um dia eu serei mãe. Não é meu grande sonho. O relógio deu a sua volta completa e começou a soar, fazendo meu coração dar um salto. Eram oito da noite, pareciam que eram mais de duas da manhã. O que o Mc deve estar fazendo agora? No mínimo ainda esquiando, tomando seu refinado chocolate quente e conversando sobre as suas mais diversas aventuras para um bando de galinhas congeladas que ainda param para ouvi-lo. E eu estou aqui, numa sala assombrosa com um cara que está esquecendo que eu existo.
Um miado surgiu na porta, um miado um pouco abafado. Quando olho, Bichento trazia um rato na boca.
- Bichento! Larga isso agora! – Disse enojando aquele bicho. – Que nojo, como você consegue?! – Me abaixei a sua frente e apontei a varinha para o rato que estava ainda se mexendo, fazendo com que ele sumisse em segundos. – Onde você anda se enfiando?! Não irá mais dormir comigo, seu gato feio! – O peguei no colo com uma certa distância de mim e o tranquei dentro da copa. – Sabia que tinha ratos por aqui? – Me sentei a mesa, cruzando os braços.
- Me admiro por você só perceber agora. – Virou a página do livro. Ergui as duas mãos e abaixei a cabeça me sentindo um pouco vencida.
- OK, não tento mais uma aproximação! Já que não quer nem mais conversar, irei me retirar para meus aposentos. – Brinquei com um ar de séria, dando as costas, me virando na ponta dos pés, fazendo uma reverência e saindo daquele cômodo.
- Espera! – Ouvi de lá de dentro. Voltei em passos lentos e me encostei ao batente da porta, cruzando os braços. Fechou o livro rapidamente e passou a mão por debaixo dos óculos, levantou-se e se aproximou. – Não suporto mais isso. – Pegou no meu pulso e me embalou num abraço com um beijo desesperado porém romântico...
Não importa o que você diga sobre a vida
I learn every time I bleed
Eu aprendo toda vez que sangro
The truth is a stranger
A verdade é uma estranha
Ótimo, ele não disse para eu esperar, nem me pegou para um beijo romântico. Não disse absolutamente nada, deixou que eu continuasse a andar. Idiota. Subi as escadas sentindo mais um arrepio. O corredor estava um breu só. Os últimos degraus foram os mais difíceis pois o medo aumentou. Aquele silêncio desgraçado era o pior. Não, não vou ficar aqui em cima sozinha, nem ferrando. Balancei a cabeça de um lado para o outro e me virei. Dei de cara com dois olhos verdes por trás de um vidro. O berro que saiu da minha boca ecoou a casa inteira, fazendo com que Senhora Black também gritasse.
- O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?! – Perguntei me recuperando aos poucos, colocando uma das mãos no peito e me escorando na parede. – Por onde você subiu? – Rolou os olhos e continuou a andar. – Estou falando com você. – Peguei em seu braço. – Não me assusta mais, por favor. – Queria mais era que falasse comigo.
- Me desculpe. – Única coisa que disse. Cruzei os braços e esperei ver onde entraria, para ir atrás e o provocar até que estoure realmente comigo, aí, ia ouvir umas verdades. Entrou num dos quartos e logo saiu, nem deu tempo de segui-lo direito. Entrou no quarto onde dormimos, ligou o pequeno rádio que tinha lá numa música não tão alta e pegou seu malão.
A alma está em perrigo, eu tenho que deixar meu espírito livre
To admit that I'm wrong and then change my mind
Para admitir que eu estou errada e depois mudar de idéia
Sorry but I have to move on and leave you behind
Desculpe, mas eu tenho que seguir em frente e te deixar para trás
– Harry, fala comigo, está me deixando completamente louca! Está me-
- O que você quer ouvir de mim? – Continuou a procurar aquilo que queria, sem erguer os olhos para mim.
- Não sei! Fala que o dia está frio! Que é uma pena Ron ter que viajar! Fala qualquer coisa, mas fale comigo. – As últimas palavras saíram como um ultimato. Harry sentou-se na cama ao lado da sua mala, respirou fundo e me olhou. – Está bravo com alguma coisa? Eu-eu te fiz alguma coisa para você ficar bravo comigo?
- Pensa um pouquinho, não dói.
- Não me venha com ironias. – Me sentei a sua frente e cruzei os braços. – Você quer a verdade? – Concordou. – A verdade porque eu mudei tanto? – Continuou a concordar.
- Tem coisa aí, Hermione, eu te conheço.
- Ótimo, então, se você me conhece bem como você mesmo diz, já teve ter imaginado que não irei te contar. Porque se não te contei nesses últimos quatro meses, não te contarei agora. – Sorri sarcasticamente enquanto me sentia ainda mais aliviada. – Mas pode ficar tranqüilo, não é uma coisa supérflua. – Me olhou procurando as respostas.
- Tem certeza?
- Absoluta. Ah, e não tente ficar descobrindo através disso daí! – Apontei para aquele Porta Fotos Refletor. – Eu descobri que você só pode fazer uma volta nos seus pensamentos, não nos dos outros. – Pisquei e o peguei, aos olhares do moreno. – Você não ia conseguir ver meu encontro com o Krum. – Dei uma risada estranha e abri no presente. – Me mostre Gina Weasley. – Harry tentou ignorar a curiosidade do meu pedido. – Oh, que coisa–
- O quê? – Se interessou no mesmo momento, mas quando ameaçou ver o que tinha, o fechei, acabando com a sua festa. – Hermione, me dá essa chave. – Esticou a mão. Tinha passado pela cama, aquele pedaço de espuma estava nos separando. – O que você viu da Gina? – Não respondi, guardei a chave no bolso de trás da minha calça.
Eu não posso perder tempo, então me dê um momento
I realized nothings broken
Eu percebi que nada está quebrado
No need to worry about everything I've done
Não preciso me preocupar com tudo que eu fiz
Live every second like it was my last one
Vivo cada segundo como se fosse o último
Don't look back got a new direction
Não olho para trás, tenho um novo caminho
I loved you once needed protection
Eu te amei uma vez, precisava de proteção
You're still a part of everything I do
Você ainda é uma parte de tudo que eu faço
You're on my heart just like a tattoo
Você está no meu coração como uma tatuagem
Just like a tattoo
Como uma tatuagem
I'll always have you (I'll always have you)
Eu sempre terei você (Eu sempre terei você)
- Calma, não é nada de mais! Mas, conhece algum Travis? – Resgatou na mente durante alguns segundos.
- Não! Me devolve essa chave. – Esticou a mão novamente.
- Pois eu já ouvi falar. – Dei alguns passos para longe dele. – Antigo namorado, acho que é um primo de segundo ou terceiro grau, não sei. – Coloquei uma mão no queixo.
- Está me deixando assim de propósito. – Estava uma pilha de nervos, uma pilha de curiosidade.
- Você não me deixou sozinha esse tempo todo de propósito? Então, não posso fazer o mesmo? De dando o prazer da dúvida? – Passou pela cama e me alcançou, tentei me desviar mas conseguiu ser mais rápido pegando na minha cintura e enfiando a mão no meu bolso de trás. Meus olhos cresceram vendo que não pegou só a chave. – Harry?! – Lhe dei um tapa em seu ombro. – Eu estava brincando! – Tentei me desviar, ainda uma vez, que não tinha pegado a chave. – Ela estava dormindo! Estava brincando! – Parou de me seguir e me segurar. Ofeguei me jogando na sua cama e pegando o livro novamente. – Vem ver, curioso. – Sentou-se ao meu lado e comprovou aquilo que disse, Gina dormia como uma criança. – Que medo, hein? – Ri fechando o livro.
- Muito engraçado, Hermione. – Balbuciou se levantando e voltando a procurar alguma coisa em seu malão.- E não está curiosa para ver o McLaggen? – Sorriu irônico e fechou seu malão.
- Eu não. – Cruzei os braços. – Dane-se ele.
- Novamente se cansando deles... – Rolou os olhos.
- Não, não me cansei dele, apenas acho que não é necessário ficar espionando sua vida. Se a gente tá junto, um confia no outro, mesmo estando longe. – Sentou-se a minha frente apoiando nos joelhos.
- Pelo jeito, a confiança que ele tinha em você, já era.
- E você também, querido, não se esqueça disso. – Meus olhos estreitaram e depois olhei as horas.
- Você não se arrepende? – Olhei para o chão e balancei os pés num pequeno sorriso.
- E eu fiz alguma coisa errada? Eu apenas estou correndo atrás dos meus sonhos. – Juntei as mãos sobre as pernas e fiquei mexendo os dedos um com os outros.
- Sonhos? – Concordei com a cabeça sem olhá-lo.
- Um pouco impossível, tem pessoas no caminho, mas se for preciso, eu esperarei. – Fui sincera como nunca tinha sido. – Eu esperarei mesmo, eu faço cada coisa, já fiz também cada coisa pra conseguir o que eu quero que- - Não continuei, deixei meu silêncio continuar. Queria ser um pensamento e entrar na cabeça de Harry para saber o que tanto pensava e pouco fazia. – McLaggen é um dos meus objetivos, mas não-
- Você trata esses caras como objetivos? Como objetos? – Neguei com a cabeça rapidamente.
Se eu viver cada momento
Won't change any moment
Não mudará momento algum
Still a part of me in you
Ainda uma parte de mim em você
I will never regret you
Eu nunca me arrependerei de você
Still the memory of you
A lembraça de você ainda
Marks everything I do, oh
Marca tudo que eu faço
- Harry, enfia na sua cabeça: não fala perguntas que terá medo das respostas, lembra do Ron? – Esperei um pouco e ele riu. – Eu faria tudo de novo se fosse possível, não me arrependo de nada, só o episódio com o Ron e a Luna, mas para toda regra tem a sua exceção, não é? – Ri nervoso. – Eu aprendo nos meus tropeços. – Sorriu para mim.
- Tem certeza que não quer me contar porque-
- Espera, espera mais um pouco, seja paciente. Não estou pronta, tudo bem? – Respirou fundo e concordou com a cabeça.
Nenhum dos dois falou mais, ficou um olhando para o outro, como dois idiotas, idiotas mudos ainda por cima. Esses dias não me preocupei com maquiagem, com roupas e com minha aparecia, me preocupei em ser a melhor possível para agradar aqueles que estão em volta, isso é visível. Posso consegui alcançar o clímax entre as duas Hermiones. Só que não podia alcançar isso sozinha. Já que Harry não se movia nem falava, eu tomei a frente daquela relação. Levantei-me lentamente de onde estava e fui até ele, apoiando um dos joelhos do seu lado e uma das mãos no seu ombro. Grudei meus lábios nos seus e deixei que ele me levasse a partir dali.
Antes um beijo tão tímido, miúdo e tolo, depois uma coisa com ritmo, voraz e ávida de ambas das partes. De beijo para coisa. Essa coisa era o ingrediente que nós dois procurávamos. Harry só queria matar sua sede na minha boca e eu só queria um lugar onde eu pudesse me acalmar. O derrubei na estreita cama, fiquei com as duas pernas lhe cercando, como se não quisesse fugir de mim. Ele correspondia aos meus atos, aos meus suspiros e gemidos na sua boca. Era tão inconseqüente o que estava acontecendo ali que nenhum pensamento de culpa irá emanar na minha cabeça. Difícil é se equilibrar numa cama tão pequena, mas Harry tinha seu jeito, conseguia ser romântico, ser calmo e doce ao mesmo tempo em que era um homem firme e pervertido. Tirei minha blusa de lã a jogando em cima de alguma coisa que não vi direito.
Meu corpo foi levado por ele. Estava, agora, pelo seu domínio. Sorriu me dando um beijo terno e outro profundo. Segurou minhas duas mãos no alto e continuou a beijar minha boca. No começo, comecei a resistir como uma tola, mas depois do sinal verde, me largou e passeou pelas minhas curvas. Não era nada comparado a aquela vez lá no meu quarto, lá era uma descoberta, descoberta do gosto de cada um. Aqui, já sabíamos muito bem do que o outro gostava ou não, já íamos com a certeza de agradar. A sua mão direita foi na minha cintura por debaixo da minha blusa de mangas curtas. Minhas unhas foram na sua camiseta, comecei a tirá-la até revelar todos seus músculos. Era tão diferente, não sei o que estava acontecendo conosco. Acho que sabia que ninguém poderia nos interromper naquele momento, eram apenas nós dois, num quarto vazio, numa casa vazia. A porta se fechou misteriosamente, chamou nossa atenção. Sua cabeça se moveu para lá mas logo a trouxe de volta para me dar mais beijos.
Eu não posso perder tempo, então me dê um momento
I realized nothings broken
Eu percebi que nada está quebrado
No need to worry about everything I've done
Não preciso me preocupar com tudo que eu fiz
Live every second like it was my last one
Vivo cada segundo como se fosse o último
Don't look back got a new direction
Não olho para trás, tenho um novo caminho
I loved you once needed protection
Eu te amei uma vez, precisava de proteção
You're still a part of everything I do
Você ainda é uma parte de tudo que eu faço
You're on my heart just like a tattoo
Você está no meu coração como uma tatuagem
Just like a tattoo
Como uma tatuagem
I'll always have you (I'll always have you)
Eu sempre terei você (Eu sempre terei você)
- Podemos parar... – Sugeriu enquanto eu mordia sua orelha e beijava seu pescoço. Tirou os óculos e os lançou no chão sem medo de quebrá-los.
- Você quer parar? – Perguntei lhe dando as oportunidades para não se arrepender depois. Estava jogando um jogo tão bem feito que não estou acreditando que está na base do improviso.
Harry me encarou longamente, uma de suas mãos saiu da minha coxa e foi ao meu rosto. Alisou com as pontas dos dedos, tirou minha franja de lado e depois foi a minha boca. Fechei os olhos lentamente lhe dando um pequeno beijo na ponta dos dedos, depois abrindo um leve sorriso, um sorriso de pessoa feliz com aquilo, só aquilo, se viesse mais, se fosse isso que queria, ótimo, ficaria ainda mais feliz, se não, tudo bem, estava satisfeita.
- Você me ama? – Perguntou para meu espanto. Nesse momento, poderia empurrá-lo de cima de mim e começar a xingá-lo por ser tão burro de mão perceber que estou ali porque sou uma ignorante, mas não fiz isso. Peguei na sua mão que ainda estava no meu rosto e olhei no fundo dos seus olhos.
- Amo.
Não foi a Hermione rebelde que disse isso, foi a Hermione CDF, sabe tudo que sempre prevaleceu, que adormeceu no meio desse ano, com a morte dos pais. Não tenho uma dupla personalidade mas posso sentir quando quem está prevalecendo naquele momento: a velha Hermione. Um confronto nasceu dentro de mim: uma garota que está ali por estar, por falar que conseguiu o que queria, transar com Harry Potter mesmo namorando. A outra, era a sonhadora, a menina que quer ser feliz, não pensando nas pessoas em volta, pensando apenas nas pessoas que estão fazendo parte daquele momento.
A menina se preocuparia com Gina, com McLaggen, Ron e tudo mais, mas a garota diz para não se ligar para isso. É um misto das duas, estão me entendendo? Tenho o amor e os sonhos de uma menina mas as despreocupações de uma garota que não liga para os mínimos detalhes. As duas se completam. Completou-se tanto que estou completamente confusa nesse momento.
Confusa em continuar ali ou em sair correndo dizendo que não é o certo.
Fique, é o melhor que você tem a fazer! Já está quase lá mesmo! E aliás, esse aí não é qualquer um, é Harry Potter!
Não, vá embora. Ele tem namorada e você também, é errado fazer isso! Pense como sua consciência estará amanhã!
Você não deve nada a ninguém, continue.
Vá embora, ele pode não te amar como você o ama!
Fique!
Vá embora!
- PÁRA! – Gritei levando as duas mãos a cabeça, Harry ergueu-se lentamente sobre mim. Lágrimas escorreram dos meus olhos e minhas mãos foram à boca. – Harry, eu-
- É melhor a gente parar. – Levantou-se de mim fechando a calça um pouco constrangido. Minha blusa já tinha voado, estava apenas de sutiã e com o botão da minha calça aberto, não tinha percebido.
- Não, é que- - Ergui a mão na sua direção, mas logo a abaixei. – Eu-
- Eu também ia me arrepender depois se eu fizesse alguma coisa errada, então, não se preocupe. – Estava visivelmente frustrado. Levantei-me e peguei no seu rosto, mesmo com ele não querendo me encarar.
- Eu não queria ter gritado, eu só – Engoli o choro. – Eu só fiquei confusa, não quero que nada disso saia mal interpretado.
- Não se preocupe. – Soltou-se de mim e pegou sua camisa. Foi até a porta e a abriu terminando de se vestir.
- Cadê o 'você sabe o que eu penso'? – Parou no mesmo momento. – Você sempre falava isso, então, o que você estava pensando? – Não esperava essa pergunta. – Tomara que não seja num lanche. – Ri nervosamente.
Virou-se para mim e sorriu, voltou a fechar a porta. Corri de onde estava e pulei nos seus braços grudando minha boca, já aberta, na sua. Disse alguma coisa num sussurro que não dei atenção. Era como se nada mais importasse, nenhuma Hermione estava se confrontando. Voltando a tirar sua camiseta, tive certeza que seria a coisa certa a se fazer. Essa coisa que me persegue tanto. Enganchei as duas pernas na sua cintura, me rodou no ar rindo, se divertindo, me fazendo feliz.
Pra que ficar me preocupando com outras coisas? Era só deixar o momento nos levar. Minhas costas se encontraram novamente com a cama. Estava pronta. Nós conseguimos nos completar. Não foi exatamente como eu imaginei, principalmente esse comecinho de silêncios e músicas bregas saindo do rádio.
Eu não posso perder tempo, então me dê um momento
I realized nothings broken
Eu percebi que nada está quebrado
No need to worry about everything I've done
Não preciso me preocupar com tudo que eu fiz
Live every second like it was my last one
Vivo cada segundo como se fosse o último
Don't look back got a new direction
Não olho para trás, tenho um novo caminho
I loved you once needed protection
Eu te amei uma vez, precisava de proteção
You're still a part of everything I do
Você ainda é uma parte de tudo que eu faço
You're on my heart just like a tattoo
Você está no meu coração como uma tatuagem
Just like a tattoo
Como uma tatuagem
I'll always have you (I'll always have you)
Eu sempre terei você (Eu sempre terei você)
Só sei que adormeci ali, apenas coberta por aquele lençol. Não estávamos com frio, tínhamos o calor dos nossos corpos, unidos numa paixão boba de adolescentes.
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