Meu Reflexo é Você
Meu Reflexo é Você
Pude contar todas as teias de aranha que tinham naquele teto. Não consegui pregar os olhos um minuto se quer. Se não era minha preocupação por Harry, era a imagem de Moody na minha cabeça.
Outra hora, foi porque Bichento não sossegava e sempre queria ficar saindo. Meu medo era dele se prender em alguma armadilha escondida. Aos oito horas, Lupin passou em todos os quartos para acordar os dorminhocos. Ao me ver em pé, pronta, estranhou e perguntou se não tinha dormido. Disse para não ficar preocupada que ontem, levaram Moody para o hospital a força.
Desci para o café da manhã. Por alguns minutos, fiquei sozinha naquela mesa, apenas olhando para os próprios dedos outras horas para a cafeteira.
- Madrugou? – Perguntou Tonks entrando na cozinha se espreguiçando, ainda com seu pijama.
- Nem dormi. – Suspirei.
- Só vi uma cama as seis da manhã. Tenho que tomar uma poção de adrenalina, senão não irei agüentar o dia inteiro acordada. – Sorriu.
- Aonde iremos hoje? – Abriu seu armário de poções e caçou a que queria.
- Não sei, por que?
- Por que você disse ontem que tínhamos um dia longo pela frente. – Pegou o frasco e fez uma expressão de esclarecimento.
- Eles eu não sei, mas você quer passar em casa ou no cemitério, não é? – Sussurrou. Voltei a olhar para os dedos e depois me servi com um copo de chocolate quente.
- Talvez. – Dei um pequeno gole e segurei naquela caneca com intenção de esquentar minhas mãos.
- Feliz Natal... – Soltou Ron ainda dormindo, sentando a minha frente e deixando sua cabeça pesar e bater com força na madeira da mesa.
- Esse tá bem... – Ri.
- Feliz Natal. – Virei meu pescoço rapidamente e lá estava Harry, perto da porta terminando de arrumar seu casaco.
- Feliz Natal pra você também. – Sorri corando e voltei a beber meu chocolate.
Sentou-se ao meu lado e olhou para Ron, deu uma pequena risada e pegou a varinha. Olhou para mim e moveu os lábios num 'veja só'. Apontou para a nuca descoberto do garoto e fez com que água saísse de dentro de sua varinha. O ruivo deu um pulo fazendo uma dancinha estranha e xingando todos nós. Tonks riu como todos.
- Está melhor? – Perguntei num sussurro enquanto Ron e Tonks discutiam como crianças.
- Um pouco. – Rimos.
- É, Tonks! É! – Concordou forçadamente ajeitando a gola de seu pijama e mostrando o dedo médio para Harry. – 'Ce me paga, seu merda... – Apenas ria.
- Olha a pizza quentinha! – Tinha três caixas de pizzas.
- Pizzas? Em pleno café da manhã? – Perguntou Ron abrindo uma caixa e voltando a olhar Lupin.
- Nenhum de nós sabe cozinhar. – Explicou se sentando conosco e depois Tonks se juntou.
***
Terminei de colocar minha bota e me olhei pela quinta vez naquele espelho. Ajeitei o cachecol que Senhora Weasley tinha me feito e o meu gorro. Sim, estava ridícula, mas estava com frio! Praticamente congelada viva naquela casa sem calor humano. Harry, Ron e eu, íamos passear por aí, mesmo que não seja muito seguro – no sentido de vida e no sentido de pegar uma hipotermia – mas não agüentávamos ficar ali por muito tempo.
- Está pronta? – Tonks surgiu na porta.
- Como estou? – Ergueu uma das sobrancelhas e um sorriso malicioso se formou nos lábios vermelhos.
- Ótima. – Sorriu.
- A verdade, por favor, não quero parecer nenhuma idiota na frente deles.
- Na frente deles, ou na frente do Harry?? – Riu. - Vamos logo que os dois estão quase tendo um filho de tanto esperar! – Pegou no meu braço e me arrastou para fora.
Desci as escadas tentando me soltar daquela louca, só consegui quando desci o último degrau. Arrumei meu gorro de cabeça baixa enquanto eles saiam e me esperavam lá fora.
- Harry, cuida pra essa aqui se alimentar! – Me empurrou com força para fora que quase caí.
- Pode deixar, Tonks. – Me virei para ela e sussurrei um 'Eu te odeio'. Ela retribuiu mandando um beijo cínico e fechou a porta rindo, pude ouvir suas risadas maléficas.
- Você sabe mesmo andar por aqui, Harry? – Perguntou Ron abrindo o portão e enfiando as mãos no bolso.
- Sei, deixa comigo. – Estava um frio sem comentários. A maquina de limpeza de neve da rua já tinha passado e resolvemos ir pelo meio já que não era nada movimentada aquela parte do bairro. Enfiei as mãos no meu casaco areia comprido até o joelho, assim mesmo, me deixando com frio. – Cuidado, a rua tá esco- - Tarde de mais, já tinha escorregado e levado o moreno comigo. Rony começou a rir, colocando as duas mãos na altura da barriga, também acabou escorregando e indo para o chão. Levantei-me com a ajuda de Harry que também ria.
- Que merda... – Soltou o ruivo ainda no chão. Harry e eu esticamos nossas mãos e ele se apoiou em nós para se levantar. – Por que aqui é mais frio?!
- Devia ser mais quente. – Comentei cruzando os braços.
- Vamos até um café que tem ali na próxima rua. Deve estar quentinho... – Comentou tossindo.
- É Natal, Harry, nada está aberto! – Adverti.
- Não aquele bar. – Jogou um olhar significativo sobre mim e um sorriso malicioso.
- Medo de você! – Disse Ron quase gritando.
Paramos em frente uma parede de pedra que logo, surgiu uma porta assustando eu e Ron. Não demorou muito para passarmos para dentro, incrivelmente, era um bar bruxo.
Intitulava-se 'Dia&Noite'. Estava quente e aconchegante. Era diferente dos bares de Hogsmeade ou do Beco Diagonal. Era 'arrumado'. O chão era de piso, as paredes de madeira clara, os castiçais bem posicionados, as mesas limpas e cores vivas no balcão. Tinha apenas umas três pessoas.
Ao entrarmos, tirei as luvas, o gorro e o cachecol. Enquanto Ron escolhia a mesa, Harry pedia as bebidas e eu fui até um JunkeBox trouxa, uma raridade. Perguntei a uma das garçonetes se funcionava e ela disse que sim. Apenas depositar um cicle e tem direito a oito músicas. Estava um silêncio mórbido, alguma coisa para animar aquilo.
Fucei nos meus bolsos e achei uma moeda. Depositei ali e escolhi uma música que conhecia. Tinha umas coisas tão antigas que me impressionei. De Queen a Celine Dion. Era incrível! Escolhi qualquer música, seja o que o JunkeBox quiser.
- O que está fazendo? – Senti alguém debruçar em cima do meu ombro, Harry tinha um leve sorriso no rosto.
cranberries - dreams
Oh, minha vida...
Is changing everyday,
Está mudando a cada dia,
In every possible way.
De todo modo possível.
And Oh my dreams,
E os meus sonhos,
It's never quiet as it seems...
nunca são calmos quanto parecem...
Never quiet as it seems...
Nunca são calmos quanto parecem...
- Escolhendo as músicas. – Escolhi mais sete; as sete que viriam, não tenho nem idéia.
Virei-me me apoiando no JunkeBox e sorrindo para ele, peguei em sua mão e fomos juntos para a mesa. Ron ficava observando o cardápio animado que estava a sua frente. As mesas eram com dois bancos almofadados com grandes encostos, um de cada lado. Sentei-me indo para a janela e Harry acabou sentando ao meu lado.
- Saudades de ficar fazendo isso. – Comentou o ruivo com os olhos lacrimejados.
- Isso o que?
- De ficar fazendo nada, com vocês, meus melhor amigos!
- Oh, larga de ser bobo. – Inclinei a cabeça para o lado pegando em sua mão.
- Lógico! Hermione distante, Harry não desgrudando da Gina, eu- - Gaguejou. – eu me senti sozinho. – Harry riu.
- Não ficava com a gente porque não queria. – Disse o moreno.
- Ficar vendo minha irmã se esfregando no meu melhor amigo não é uma visão agradável. – Fez uma expressão de repulsa para minha graça. – Você também não pode dizer nada, senhorita Hermione.
- O quê eu fiz, Ronald? – Perguntei séria.
- Quatro namorados em menos de cinco meses.
- Oh, fique quieto. – Disse aborrecida. As bebidas chegaram. – O que é, Harry? – Eram umas canecas gigantes com um cheiro muito bom.
- O seu deve ser chocolate com morangos, o do Ron-
- Menta com flocos, o meu preferido! – Disse depois de tomar um gole.
- O meu é chocolate com uma cobertura extra de creme. – Sorriu. – Nunca tomou?
Sei que já senti isso antes,
But now I'm feeling it even more.
Mas agora sinto mais ainda.
Because it came from you
Porque veio de você
And then I open up and see
E eu me abro e vejo
The person falling here is me.
Que a pessoa que caia sou eu.
A different way to be...
Um modo diferente de ser...
- Não tenho nem idéia do que seja. – Peguei a caneca e dei o primeiro gole. – É maravilhoso! – Quente, mas maravilhoso.
- Sabia que ia gostar. – Ron virou os olhos limpando a garganta.
- Gina. Não se esqueça. – Disse para o amigo me deixando envergonhada.
- Pode ficar tranqüilo, Ron. – Não sei se levava isso a sério ou apenas uma desculpa para Ron não pular em seu pescoço.
- E não irá me dizer também: McLaggen, não se esqueça! – Imitei sua voz nas últimas palavras.
- Lógico que não! – Grunhiu. – Só o Harry pra saber o quanto eu detesto aquele idiota! – Apoiou o braço no encosto do bando e ficou numa posição despojada.
- Ele é um pouco metido e arrogante, eu sei, mas-
- Um pouco?! – Ron riu longamente. – Ele é totalmente metido e arrogante! De dez palavras que sai da sua boca, onze são para inflar seu próprio ego. – Virei os olhos e me apoiei na mesa.
Eu quero mais, impossível ignorar.
Impossible to ignore.
É impossível ignorar.
And they'll come true, impossible not to do.
agora te digo abertamente, o contrário é impossível.
Impossible not to do.
O contrário é impossível.
And now I tell you openly.
Eles vão se realizar.
You have my heart, so don't hurt me...
Você tem meu coração, não me magoe...
You're what I couldn't find.
Você é algo tão inédito.
- Não sabia que vocês eram tão- - Soltou um gemido e depois meneou com a cabeça. – Você também, Harry?
- Nunca irei gostar ou aprovar algum namorado seu, Hermione, isso é fato. – Minha expressão, como a de Ron, ficou incrédula.
- Isso comprova a confiança que vocês nutrem em mim... – Soltei um pouco nervosa. – Quer dizer que não posso namorar?
- Lógico que pode. Mas não irei aprovar nenhum. – Ri nervosamente.
- Então, Senhor Harry James Potter, - Me apoiei nas mãos num sorriso debochado. – quem seria o namorado perfeito para a sua Hermione Jane Granger? – Ergui uma das sobrancelhas.
- OK, vamos parar. – Disse Ron se intrometendo, limpou a garganta e se ajeitou no seu acento. – Vamos parar antes que eu fique com medo da sua resposta, Harry. – Rimos.
- Agem como se fossem meus irmãos mais velhos. – Dei um gole naquela bebida quente.
- E não somos? – Brincou Ron. Abri um sorriso sereno e suspirei.
- Minha família. – Sorriram retribuindo.
Uma cabeça tão fantástica,
So understanding and so kind,
Compreensiva e tão gentil,
You're everything to me...
Você é tudo pra mim...
***
- Por que não ficaram mais um tempinho fora...?! – Ironizou Tonks ao nos ver entrar na casa. Tiramos nossos cachecóis e luvas. – Sua mãe lhe mandou um berrador, Ron. – Os olhos do ruivo cresceram. – Calma, um berrador de feliz natal. – Entregou na sua mão. Estava com medo de abrir.
- Abra. – Disse Harry rindo. Fiquei a dois degraus do chão, apoiada no corrimão. Ron nos olhou profundamente, com um olhar de medo. Arrancou o lacre e logo tomou uma forma de um rosto.
- Meu Roniquinho!
- Roniquinho? – Ri junto com Harry.
- Primeiro natal longe da mamãe, meu filho! Espero que esteja se agasalhando bem! E seu pai mandou dizer que: A PRÓXIMA VEZ QUE VOCÊ PEGAR O BARBEADOR DELE E LEVAR PARA HOGWARTS, IRÁ TER QUE SE EXPLICAR MUITO, MOCINHO! Oh, Harry, Gina está dizendo que está com saudades e que te ama. Feliz Natal, Harry! Feliz Natal, Hermione, se estiver aí também!
- Feliz Natal para a senhora também, mamãe. – Soltou Ron engolindo seco quando o papel começou a se despedaçar e ficar apenas os pedaços no chão.
- Oh, longe da mamãe, Roniquinho? – Brinquei subindo os degraus da escada.
- Não enche... – Soltou de mau humor.
- Pense pelo lado bom, Roniquinho, não tinha muita gente para ver seu suicídio social! – Disse ainda subindo as escadas deixando o ruivo ainda mais nervoso.
Terminei de subir as escadas e entrei no quarto que estava dormindo. Não tinha muito que fazer naquela casa, era fato. Sentei na cama já organizada e respirei fundo olhando toda a decoração chique e velha. Eram quase cinco da tarde, ficamos um tempão fora. Deitei na cama com as pernas para fora, fechei os olhos e tentei descansar, por mais que sejam alguns minutos.
***
- VENHAM COMER, MORTOS DE FOME! – Gritaram já de baixo. Estava no quarto dos meninos vendo algumas coisas novas das Geminialidades Weasley. Ron conseguiu ficar com os dedos colados durante cinco minutos, ficou desesperado pensando que o efeito não era rápido. Descemos as escadas calmamente até a cozinha, a desculpa era que a sala comunal estava tendo uma reunião de alta prioridade. – Natalzinho agitado, não? – Comentou Tonks já no meio do nosso jantar. Apenas ela estava jantando conosco, Lupin estava naquela reunião. – Hermione, vamos ter que usar o quarto que você está usando. – Meu garfo parou no ar com toda minha expressão de espanto.
- E aonde irei dormir?
- Já estamos pegando uma cama para colocar no quarto com os meninos.
- Mal cabe uma cama lá, com duas fica apertado, com três, irá ter gente caindo pela janela! – Disse Ron terminando de engolir seu purê.
- É lá ou numa das salas daqui de baixo. – Lembrei que aqui em baixo, as coisas mais assustadoras estão mais concentradas. - Irá caber mais um, pode deixar. – Sorri falsamente apoiando minha cabeça numa das mãos.
***
Arrumei minha mala e peguei as coisas de Bichento. Deixei aquele quarto pensando onde ia dormir naquele cubículo. Tonks passou por mim dizendo que a cama já estava lá, dando uma piscadela sarcástica. Em passos lentos, fui até o quarto, empurrei a porta que não conseguiu abrir muito por causa da cama de Harry que tinha ido para trás da porta. A minha acabou ficando num dos cantos e a de Ron, perto da janela. Tinha um espaço para duas pessoas entre as três camas.
- Podia ser pior, podíamos estar dormindo em redes, ou até mesmo no chão. – Comentou o ruivo se sentando na sua cama. Passei minha mala para dentro e Bichento já foi conhecer o novo quarto. A minha mala foi para baixo da cama, a gaiola de bichento em cima do guarda roupa velho e eu para cima daquele colchão. – Droga, fiquei na janela. – Resmungou. – Se esse gato chegar perto de mim... – Olhou Bichento do seu lado, apenas observando tudo.
- É um gato inofensivo, Rony. – Soltei o pegando no colo e lhe fazendo carinho nas orelhas.
- Mas é um gato! – Me sentei na cama e fiquei com ele no colo. – Acabou o papo de homem, cara. – Riram.
- E as coisas de homem também. – Completou Harry.
- Posso saber do que os homens estão falando? – Perguntei para rirem mais ainda. – O que foi? – Perguntei para suas risadas.
- Você não acha que está querendo saber de mais, não? – Disse Ron contendo para não escorrer lágrimas de tanto rir.
- É como conversa de mulher, Hermione, não nos metemos como vocês não se metem nos nossos.
- Ah, como se vocês tivessem muitos assuntos...! – Rolei os olhos.
- E temos, você acha que a gente faz o que quando estamos sozinhos?!
- Não quero nem pensar. – Rolei novamente os olhos. – Mas tenho uma idéia.
- Não tem. – Disse Ronconfiante.
- Tenho sim. – Fiquei a sua frente enquanto organizava algumas coisas em sua mala.
- Não tem, Hermione, não discuta com a gente. – Disse óbvio.
- Quer saber algo meu mais do que eu? – Harry apenas ria.
- Quero. – Cruzou os braços e também ficou perante a mim.
- Quero propor um desafio.– Harry parara e prestava atenção, Ron jogou um olhar sobre o amigo e depois sobre mim. Como era um poste de tão alto, me olhava de cima, com uma ponta de desprezo.
- O que?
- Primeiro você diz se topa depois eu falo o que é.
- Aí é sacanagem! E o que apostamos? A virgindade do Harry? – Brincou.
- Já ganharam isso, idiota... – Soltou rindo.
- Não, algo melhor do que isso. – Andei até a janela. – Se você ganhar, eu saio do quarto e vou dormir lá em baixo, como você vive reclamando que isso aqui tá cheio, quero resolver o problema.
- E se eu perder?
- Aí, você vai dar uma voltinha lá em baixo. – Sorri maliciosamente.
- A gata joga bem, cara, admita isso. – Disse Harry apoiando-se num dos ombros de Ron rindo.
- Por que só eu serei punido? E o Harry?
- Eu desafiei você, Ronald, não o Harry. – Ron olhar mortalmente para o amigo e balbuciou alguns palavrões
- Eu aceito. – Esticou a mão e eu a apertei. – O que eu tenho que fazer?
- Dormir lá em baixo. – Sorri maliciosamente.
- ... o quê? – Harry começou a rir.
- Esse é meu desafio. Se você conseguir dormir lá durante essa semana, eu durmo, na outra vez, lá em baixo. Mas eu acho bem provável, que não haverá outra vez e se houver, eu vou dormir aqui em cima, no outro quarto. – Sorri largamente.
- 'Ce tá zuando comigo, né Mione? – Perguntou aborrecido.
- Eu? De jeito nenhum! Esse é meu desafio, Ronald, você o aceitou, então, adeus. – Ri indo até minha cama.
Ron ficou me xingando em voz baixa, Harry foi até meu lado de costas para Ron e me deu os parabéns.
– Foi bom dividir o quarto com você, Ron. – O ruivo tinha ficado vermelho. Jogou-se na cama com raiva e cruzou os braços.
- Traíra... – Soltou para si mesmo.
- Traíra? O Harry? – Voltei a rir. – Ele não tem nada a ver com isso. – O abracei por trás, jogando os braços por cima dos seus ombros e meu queixo sobre eles. – Bom, vou avisar Tonks onde você irá ficar. – Me soltei do moreno e sai do quarto.
Ao sair, senti um forte puxão vindo da direção contraria que eu ia. Era Tonks se segurando para não rir alto. Enfiou-me dentro do seu quarto, pegou um travesseiro e se pos a rir. Cruzei os braços e também ri, mas não como ela, não estava descontrolada.
- Muito bom!... – Ainda ria, caiu na cama vermelha que só vendo. – Adorei! – Ria mais.
- Tonks, tá passando bem? – Perguntei colocando a mão no seu ombro. Levantou-se rapidamente e pegou um livro debaixo de muitos, derrubando a pilha que tinha. Pegou uma pena e começou a escrever. – O que está fazendo, louca?!
- Anotando! Essa foi muito, mas muito boa! – Começou a rir novamente. O livro era rosa estofado e tinha algumas coisas já escritas. Algumas não, muitas. – Se era isso que você queria, meus parabéns. – Apertou minha mão. Cruzei os braços e respirei fundo.
- Não era que você também queria? Que eu ficasse sozinha nessa casa com o Harry? Sem nenhuma Gina para atrapalhar meus planos?! – Riu e concordou fechando o livro.
- Mas não pensei que daria tão certo! – Fechou a porta e a trancou. Aquele quarto estava começando a me dar dor de cabeça, tinha apenas uma luz um pouco escura num dos cantos, o resto era enfeites e velas. O quarto era pintado de preto e vermelho, tinha pôsteres de todos os tipos cobrindo uma parede inteira. O outro lado do quarto tinha panos de todas as cores e tipos pendurados e grudados. Várias fotos e revistas. Um quarto bem original. – Me conta uma coisa: - Pegou nas minhas mãos e me sentou na cama. – você e o Harry não estão só na amizade, não é? – Abri um pequeno sorriso malicioso.
- Bom, um dia eu-
- Tão tendo um caso? – Coisa mais brega.
- Não! A gente só se-
- Ah, aquela coisa de se pegar sem compromisso, como chama? Ficar! Isso, 'ce tá ficando com ele? – Era um pouco leiga nesses assuntos.
- Não exatamente-
- Mas já pelo menos rolou algum beijo, não é? – Me abanei e concordei com a cabeça. Tonks riu. – Você não é nada lerda...– Corei levemente mas naquele breu nem dava para notar. – E ele com tudo isso? Não ficou meio assim por estar traindo a namorada?
- No começo sim, mas agora parece que nem liga! Ontem mesmo ele me beijou e não se culpou.
- E você? – Respirei fundo. – Se culpando pelo McLaggen?
- Não sei, não penso nele nessas horas. – Deu uma risada e se levantou.
- Olha, se tiver que acontecer alguma coisa séria entre vocês dois, me avisa antes que eu tiro todos da casa! Mas pelo amor de Merlin, não me faça nenhuma-
- Tonks! – Me levantei imediatamente. – Não estou pensando nessas coisas! Pensar isso com o Harry é quase um pecado! – Se pôs a rir de novo.
- Tá bom que não irá rolar nada...
- Se não rolou nada em Hogwarts, não vai rolar aqui. – Ela consentiu abrindo a porta do quarto.
- Mas se rolar, deixa pra rolar depois de amanhã.
- Por que depois de amanhã? – Perguntei confusa.
- Por irá ter uma Convenção e todos irão sair de casa a noite.
- E o Ron?
- Nem que tenha que ir também! – Riu. Não estava pensando nessas coisas, mas já que Tonks tocou no assunto, seria uma boa. Oh, Hermione, o que você está pensando em fazer?! Você tem namorado assim como ele tem a cenoura para ser fiel. – Vamos, ruivo. Vou lhe mostrar seus aposentos. – Disse colocando a cabeça para dentro do quarto e chamando Ron que já estava organizando suas coisas.
Suspirei alto e me sentei na minha cama.
- Hermione, você não joga limpo. – Comentou ainda com raiva.
- Jogar limpo não tem graça. – Harry prendeu o riso e cruzou os braços e se encostando ao guarda roupa.
- Tudo bem, sou um bom perdedor. – Arrastou seu malão até a porta e jogou um olhar sobre Harry e depois sobre mim. – Let's go! – Saiu do quarto me fazendo rir.
- Muito esperta. – Sorriu maliciosamente se aproximando. – Conseguiu nos deixar sozinhos num quarto. – Me prensou contra uma cômoda, colocou uma mão ao lado do meu pescoço e a outra segurou em meu queixo. Eu corei instantaneamente.
- Do que está falando...?
- Não se faça de cínica. – Afastou-se de mim rindo. – Mas, vou deixar passar. – Respirei três vezes mais aliviada. Passei uma mão na nuca e voltei a me sentar. Sacou a varinha e apontou para a minha cama, esticou uma das mãos e abriu um sorriso malicioso. – Reducio! – A cama desapareceu e meu único suporte foi a sua mão esticada que a segurei rapidamente. Moveu as camas para o centro, com dez centímetros de distância uma da outra.
- Hã- - Peguei sua varinha e afastei mais um pouco. – Há parentes da sua namorada nessa casa, não quero que me matem. – Sorri lhe entregando a varinha.
- Deu um fim na cama, Harry, que bom! – Disse Tonks num sorriso. – Juízo! – Fechou a porta rindo. Harry apontou para a porta ainda olhando para ela e depois para mim com uma expressão de dúvida.
- Ela sabe da-
- Do quê?... Lógico que não! – Respondi rapidamente. Nos encaramos seriamente e rimos, feitos dois idiotas.
***
Peguei meu pijama e fui até a porta, estava trancada.
- Harry, abre a porta. – Pedi ao moreno que estava sentado de uma maneira confortável na sua cama lendo um pequeno livro.
- Não tranquei a porta. – Soltou com os olhos mirados no livro, virando uma das páginas.
- Como não?! – Girei mais vezes a maçaneta velha e não consegui.
- Foi o Lupin. – Cai nos ombros aborrecida. – Ele trancou todos nós porque ainda tá tendo aquela reunião lá em baixo e por alguma força maior, não quer que a gente se intrometa.
- Eu preciso trocar de roupa! – Disse ficando a sua frente cruzando os braços. Harry ergueu seu olhar para mim, analisando cada pedaço do meu corpo e depois olhou para o quarto.
- Não estou olhando. – Voltou a ler. Resmunguei e soltei o ar que prendia. Fui até um dos cantos, lhe dando as costas. – Por que você está se incomodando?
- O que disse? – Tirei meu casaco.
- Não se incomodou em trocar de roupa na minha frente da última vez. – Virei meu rosto e o vi olhando para mim.
- Que parte do 'não estou olhando' você está cumprindo?! – Tirei minha blusinha revelando o sutiã preto. Era terrível trocar de roupa assim, francamente. Quando terminei de colocar a calça do meu pijama, olhei novamente para Harry, não prestava atenção em mim. Senti-me aliviada, mas também frustrada. Prendi meu cabelo num coque e joguei aquela roupa dentro do meu malão. Ficou um silêncio mórbido, me sentei na beirada da sua cama e tentei ver o que lia. – O que é? – Apontei para o livro.
- Férias com Bruxas Malvadas. – Piscou, dei uma risada e deitei na cama com a cabeça no balaústre e os pés para baixo, apenas analisando aquele garoto ali na minha frente. – É uma edição de Feitiços Avançados.
- De defesa? – Concordou. – É interessante? – Seu olhar foi lentamente para mim.
- Não leu ainda?
- Nem sei onde coloquei. – Sorri.
- É para a próxima aula. – Meu sorriso se fechou e levei uma das mãos na testa. – Hermione, você tem que prestar mais atenção no que o professor diz nos últimos minutos de aula-
- Nesses últimos minutos, eu estou é mais preocupada a sair de lá! – Cruzei os braços. – É muito difícil?
- Se você prestou atenção nas aulas práticas, não. Caso contrário... – Levei as duas mãos ao rosto. – Mas ainda dá tempo para você ler, já estou acabando e eu posso-
- Não, obrigada. Eu dou um jeito, mas não irei perder as minhas férias de Natal lendo livros... – Me olhou como me desconhecesse, incrédulo e pensativo. Mais alguns minutos em silêncio, pensava em qualquer assunto que poderia soltar e desencadear uma conversa boa, mas nada era de tal nível.
Olhei para cima da cabeceira da cama que estava ao seu lado. Tinha um porta retrato dos seus pais, outro com a foto dos integrantes da Ordem da Fênix, ao lado tinha aquele livro que tinha ganhado de Sirius. Levantei-me e o peguei.
- Posso? – Perguntei voltando a me sentar. Engoliu seco e concordou, voltando a ler. Peguei a chave do passado, abri delicadamente e uma música digna de porta jóia surgiu. Harry desprendeu sua atenção do livro que segurava e ficou atento ao outro, no meu colo. – Me mostre nosso primeiro ano, quando nos conhecemos. – Ele se moveu de onde estava e sentou ao meu lado.
Uma luz forte quase nos cegou até ouvirmos nossas próprias vozes.
- Alguém viu um sapo? Um garoto chamado Neville perdeu o dele.
- Olha o tamanho do meu cabelo. – Soltei fazendo Harry rir.
- Está fazendo um feitiço, essa eu quero ver.
- Parecíamos uns pentelhos! – Ri mais uma vez. Vimos toda aquela cena, era tão engraçado que conseguiu arrancar várias risadas e comentários. – OK, pensa em outra coisa. – Fechei olhando Harry por cima do meu ombro.
- Hã- - Pegou o livro e o colocou no seu colo. – Me mostre como Vitor Krum chamou Hermione para o baile. – Saltei fechando o livro antes que mostrasse tudo.
- Harry! Isso é pessoal! – Soltei começando a corar. – Isso aqui, - Guardei o livro de baixo da cama. – irá ser um perigo na sua mão. – Riu maliciosamente.
- Por que? – Ajeitou-se na cama deitando suas costas nos travesseiros e colocando as mãos na nuca.
- Imagina se um dia você pede para achar alguém e esse alguém estiver tomando banho ou em algum momento constrangedor?! – Ele riu.
- É, posso pedir para ver o vestiário feminino! – Se inclinou para pegar o livro de baixo da cama mas eu o impedi.
- Você é um pervertido, sabia? – Pegou num dos meus pulsos e me derrubou na cama fazendo eu rir.
- E você não sabe jogar limpo. – Ficou em cima de mim ainda segurando meus pulsos.
- Harry, me solta. – Disse divertida. – Harry Potter! Solte-me agora! – Ria.
- Não vou soltar. – Estava mesmo decidido pela força que depositava em meus punhos. – Não vou me segurar com você aqui do lado e eu não poder fazer nada.
- Hm, cadê o complexo de culpa?
- Culpa? Só me culpo pelo que não faço. – Sorri maliciosamente e busquei seus lábios num beijo ardente.
Eu sorria entremeio o beijo e ele também. Soltou meus pulsos e foi na minha nuca e na minha cintura. A cama era pequena e bem desconfortável, mas dávamos nosso jeitinho. Levei uma das mãos em seus cabelos e outra em suas costas.
- OK, Harry, eu sei que está muito bom, mas- - Me separei dele agindo com um pouco de sensatez.
- É,- - Me deu mais um beijo rápido. – O que você faz comigo?
- Aquilo que não consigo fazer com os outros. – Me levantei debaixo dele. Fui até o espelho e me olhei fixamente enquanto ajeitava meus cachos. Harry levantou-se da cama e se sentou atrás de mim.
- Nunca traí a Gina. – Soltou olhando para o chão. – Eu nunca conseguia pensar em outra garota quando estava com ela.
- Até que eu apareci, bonita e gostosa e você começou a mudar seu pensamento. – O olhei pelo reflexo.
- Será que ela-
- Com certeza. – Soltei no mesmo momento para seu espanto. – Ela está te traindo, Harry, só você para não ver isso.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Por que eu fui sua amiga durante cinco anos, eu sei muito bem o que ela fez com todos os 'namorados'. – Harry ficou mudo.
- E por que não voltam a ser amigas? – Agora, eu fiquei muda.
- Porque não. – Respondi passando os dedos entre meus cabelos.
- Vocês eram tão ligadas e depois de uma ofensa inútil, por causa de um garoto, estragaram essa amizade.
- Eu já não- - Não revele isso. – Eu já não conseguia mais ficar perto dela pensando que você, é o namorado perfeito e está com ela.
- Inveja?
- Pode ser, não sei. – Ainda me olhava. – Mas só sei que eu procurei motivos para brigar com Gina, essa é a verdade.
- Mas você que me aconselhou a dar tempo ao tempo, e depois conversar com ela e-
- É, eu estava querendo ser 'amiga' dos dois, entendeu? Aquela hermione não sabia o que fazia... ! – Ri.
- Sabia sim, e eu peço todas as vezes, que você volte a ser aquela. – Parei meus movimentos e mirei em Harry. molhei os lábios e fui até a minha cama, encarei o relógio velho e barulhento que tinha ali no meio da parede do quarto.
- Vamos dormir. – Soltei respirando fundo, senti sua mão pegar meu braço, não demorou muito para grudar seu corpo no meu e jogar um olhar do que queria realmente que me deixou totalmente vermelha. – Me solta. – Pedi calmamente numa piscada lenta e séria. – Anda, Harry.
- Por que você foge do assunto?
- Não estou fugindo do assunto. – Tentei me soltar mas ele não deixou. Senti um aroma tão diferente, um aroma que nunca tinha sentido antes. Começou a impregnar meu nariz, era uma colônia que Harry nunca tinha usado, tinha certeza. Mirei meu olhar no chão, tentei mais uma vez sem nenhum sucesso. – Harry, por favor...
- Agora, sou eu que não entendo. – Me soltou calmamente e cruzou os braços. – Não corria atrás de mim, não fazia de tudo para tentar que eu caia na sua? – Revelei meus olhos brilhando tem lágrimas, também cruzei os braços e fiquei o encarando.
- Você quer o que eu volte a ser aquela? Esqueça. – Molhei os lábios e respirei fundo. – Cansei de ser idiota, cansei de só fazer o bem e sempre acabar me ferrando! Cansei, OK?! – Quase gritei.
- Uma pessoa não pode mudar de uma noite para a outra, eu não acredito nisso. – Disse comigo dando as costas, há dois passos dele. – Deve ter um motivo. – A resposta ia ser no mínimo explosiva, mas fiquei em silêncio.
- Se não se importa, eu vou deitar. – Passei por ele e me deitei na cama me cobrindo ainda lhe dando as costas.
Ouvi seus passos até a porta e a luz se esvaiu. Deitou-se sem um 'boa noite'. Senti as patinhas de Bichento subir na minha cama e dormir perto das minhas pernas, se encolhendo ao máximo.
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