O Fim de Todos os Suplícios



CAPÍTULO XXXI. O FIM DE TODOS OS SUPLÍCIOS

Quatro horas já tinham se passado, e, para Amélia, a noite estava apenas começando. Já tinha usado vários instrumentos medievais: Açoitado-a com uma Cauda de Gato(1), usado a Forquilha do Herege(2) enquanto quebrava as suas falanges com o Esmagador de Polegares(3), usado o Destroçador de Seios(4) e, intercalando tudo, um eletrochoque que ela há muito tempo tinha conseguido com um amigo trouxa.

E, mais uma vez, ela procurava qual seria o próximo suplício.

- Vejamos... O que você acha do Quebrador de Joelhos(5)? Eu prometo que não o quebrarei rapidamente.

Amélia levantou o objeto pesado, mas Bellatrix, de costas para ela, jamais poderia enxergá-lo... Mas imaginou o que o objeto pontiagudo poderia fazer com ela, pois choramingou.

- Mia...

Amélia deu um sorriso de satisfação: a mulher não agüentava mais.

Com um barulho pesado, o objeto foi colocado de volta à mesa.

- Já vai implorar, Bella? Tão cedo?

Ela começou a chorar.

- Amélia... por favor,...

- Por favor, o que, Bella? – Amélia respondeu rispidamente, fazendo força para manter seus olhos fixos nos objetos manchados de sangue. – “Por favor, não me mate”? Ou “Por favor, não me faça sofrer muito”? Qualquer que seja, a minha resposta é a mesma: NÃO!

Escolheu finalmente, uma faca que estava esquecida no canto da mesa. Lentamente, começou a amolá-la. O barulho do atrito era terrível.

Amélia apertou os olhos... só queria que aquilo tudo acabasse logo.

Suspirou, pondo-se novamente com a sua máscara fria, e foi até onde Bella estava. Puxou uma cadeira – a única do quartinho, excetuando a que Bellatrix estava sentada – e sentou imediatamente de frente para a sua vítima.

Cruzou as pernas graciosamente, e, sem ter certeza do que dizer, brincou um pouco com o punhal.

Talvez vendo o rosto indiferente de Amélia, Bellatrix passou a choramingar mais alto.

- Mia...

Amélia suspirou e a olhou, dizendo francamente:

- Você vai morrer, Bellatrix. E você vai sofrer muito antes disso.

O olhar de Bella foi suplicante.

- Por que...?

As lembranças cortaram como uma navalha na mente de Amélia e sorrindo tristemente, ela impediu que mais uma vez as lágrimas viessem. Os seus olhos espelhavam o mais puro ódio... Ódio por tudo que aquela mulher tinha lhe feito perder.

- Quer dizer então que você não sabe? Quer que eu diga usando uma só palavra?

Bella suspirou, deixando cair mais uma lágrima... que jamais seria de arrependimento.

- Vingança...

- Não! Não é vingança. – Amélia tentou sorrir, embora os seus olhos não o acompanhassem – É apenas justiça.

- Não é just----

- É SIM! – Amélia fechou os olhos, tentando esquecer esse pequeno momento de descontrole. Quando os abriu, a sua voz já estava macia novamente. – Para mim é justo. Eu sempre tive uma percepção de justiça diferente do resto do mundo, não? Nunca dei a mínima para os malditos direitos humanos!... E nem você, minha querida.

As lágrimas que agora corriam, mais uma vez naquela noite, abertamente no rosto de Bellatrix não afetaram Amélia, que, serenamente, continuou.

- Olho por olho...

- Dente por dente. – Bella completou num sussurro quase inaudível. Amélia não conseguiu conter o sorriso amargo que veio aos seus lábios.

- Exatamente, minha amiga! Mas, talvez você não saiba o tamanho do que tomou de mim. Em nome da nossa antiga amizade, Bella, eu lhe contarei tudo.

- Eu... – Bellatrix tossiu um pouco de sangue – Eu já conheço tudo! Acabe logo com isso!

A melancolia atingiu Amélia... Ela não sairia dali tão facilmente.

- Não, Bella, não! Eu não estou com pressa de acabar com a sua vida! Eu vou saborear esse momento! Mas, em nome da nossa antiga amizade, vou te deixar saber que você faria a mesmíssima coisa... quero te deixar saber o tamanho do meu ódio!

Em desistência, Bella suspirou.

- Então diga o que você quiser.

Porque ela contaria a sua história inteira para Bellatrix, ela não sabia... Talvez tivesse a esperança inútil de que ela sentisse um pouco de remorso pelo que tinha feito, visse que os seus pecados não passariam impunes... Ou, talvez, ela apenas quisesse desabafar, falar dos seus sentimentos de tal maneira nunca antes tentada...

Sim, provavelmente se sentiria melhor quando expusesse todos os seus fantasmas.

Erguendo o seu rosto, ela finalmente disse:

- Eu irei. Eu vou te contar a minha história, Bella... Você vai conhecer a história de Amélia Lair, a partir do momento em que ela começou a ser destruída... Tudo começou em 1971. Meus pais decidiram por mim que eu estudaria em Hogwarts, embora tudo o que eu quisesse fosse continuar nos Estados Unidos... Talvez eles tivessem previsto a minha reação, pois só me contaram que eu não iria para o Washington Institute um dia antes da data de pegar o Expresso Hogwarts... Ah, eu me lembro daquele dia como se fosse ontem... Foi nele que eu conheci as pessoas que se tornariam as mais importantes da minha vida... para o bem e para o mal.

XxXxXxX

Reviews, por favor.

Penúltimo capítulo! Acreditem!

Milhões de agradecimentos à Shey, que betou mais esse capítulo e, naturalmente, às minhas queridíssimas leitoras que revisaram: Wanda, Lo1s, Roxanne, Lara, Yas e Devil.

1. A cauda de Gato era um chicote de cordas entrançadas que servia para esfolar a pele da vítima. As cordas eram embebidas numa solução de sal e enxofre, de maneira que, devido às características da fibra do cânhamo e dos efeitos do sal e do enxofre, a carne ia sendo reduzida a uma polpa, até se encontrarem expostos os pulmões, os rins, o fígado e os intestinos. Durante esse procedimento, a zona afetada ia sendo coberta com a mesma solução, em ebulição.

2. Era um colar de ferro cuja frente consistia em uma espécie de espeto duplo, com duas pontas que se encravavam no queixo e sobre o esterno da vítima, profundamente. A forquilha do herege impedia qualquer movimento de cabeça, mas permitia que os condenados falassem em voz quase inaudível, durante as cerimônias de abjuração.

3. Simples e muito eficaz. O esmagamento dos nós e falanges dos dedos e o arrancamento das unhas estão entre as torturas mais antigas. Os resultados, em termos de relação entre a dor infligida, o esforço realizado e o tempo consumido são altamente satisfatórios do ponto de vista do torturador, sobretudo quando se carece de instrumentos complicados e dispendiosos. O esmagador de polegares era basicamente constituído de duas ou três barras, que podiam ser apertadas por meio de um parafuso, lentamente, ou por meio de pancadas dadas em cunhas, de maneira mais brusca.

4. Destroçador de Seios: Tratava-se de tenazes com quatro garras convergentes, capazes de transformar em massas disformes os seios de mulheres condenadas por heresias, blasfêmias, adultério, magia branca erótica, homossexualismo, aborto provocado, entre outros delitos. Para tal efeito, às vezes era utilizado apenas um gancho, aquecido ao rubro.

5. Assemelhava-se, em ponto maior, ao esmagador de polegares: duas barras destinadas a comprimir entre si, até o ponto de fraturá-los, os joelhos da vítima. A parte interior do aparelho podia conter pontas.

Geralmente, este aparelho era aplicado, após o que se permitia à vítima uma noite ou algumas horas de descanso; no dia seguinte, estando as pernas do infeliz esmagadas e inflamadas, se não já quebradas mesmo, repetia-se a tortura, que se tornava, assim, muito mais dolorosa e quase impossível de resistir-se.

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