Mais Uma Mansão Abandonada
CAPÍTULO XXXII. MAIS UMA MANSÃO ABANDONADA
“Isso é tudo.”
Um suspiro aliviado deixa os pulmões da Assassina ao terminar o relato sombrio da sua história.
Aquela mulher tinha passado por tantas moléstias em sua vida, que era algo admirável o fato dela estar lá, fitando aquela que tanto lhe fizera mal, com um sangue frio invejável.
A Condenada está com a cabeça baixa... é difícil precisar se a Assassina realmente conseguiu fazer com que ela sentisse um pouco de remorso, ou se a sua expressão devastada era apenas um reflexo dor de saber que morreria... de lembrar do marido morto...
A Assassina se levanta e, lentamente, caminha para a janela quebrada. Ela mira, no horizonte, que os primeiros raios de sol já começam a despontar. O seu rosto fica assustadoramente melancólico.
Um semblante triste não pode combinar com a assassina fria que conhecemos durante a madrugada, mas, no entanto, é assim que ela vira-se para a Condenada e a encara, talvez pela última vez.
A tristeza de ambas é quase palpável.
“Está na hora.”
O fio de voz da Assassina arrancou um suspiro da Condenada... mas se aquilo foi uma demonstração de medo ou de alívio, não se sabe. Jamais se saberá.
A mulher abaixa o rosto, esperando a aproximação inevitável da sua assassina.
“Apenas... acabe logo com isso.”
E a Assassina está disposta a obedecer. Com as suas mãos, ela agarra o pescoço da Condenada num gesto quase gracioso. E o aperta...
...E uma inversão de papéis é presenciada: Enquanto no rosto da Condenada as linhas frias se suavizam e ele passa a expressar certa paz, o rosto a Assassina se contorce em dor e agonia. Enquanto ela sente a garganta da Condenada se fechar dentre seus dedos, vemos os primeiros fios de lágrimas dramaticamente descer em cascata pelo seu rosto.
A porta se escancara e, lá, entra um homem vestido de negro da cabeça aos pés. O seu porte altivo, quase nobre, deixa claro que só pode se tratar de uma pessoa: Severo Snape.
Ele assiste à cena, frio, esperando apenas pela morte da Condenada.
A Morte que não vem.
Talvez sem mais conter a agonia de ver o rosto pacífico da Condenada, a Assassina põe fim ao martírio e, praguejando, caminha até o outro lado da sala. A golfada de ar tomada pela Condenada se confunde com os soluços da Assassina... Quem diria? A nossa assassina fria chora convulsivamente, como uma criança.
E nesse momento nos perguntamos quem, de fato, é a Condenada e a Assassina dessa história. Sim, pois a morte certa daquela que está sentada e amarrada à cadeira apenas lhe trará a libertação... A libertação dos seus crimes, dos seus remorsos... A libertação da tristeza de ter visto o corpo do seu marido – juntar-se-ia a ele, afinal... Libertação de, em nome de uma causa, de uma paixão, ter feito sofrer tantas pessoas... ter matado amigos. Enquanto aquela que chamamos de Assassina, coitada... O que ela levará de toda essa experiência? O seu filho continuará morto. Seus pais continuarão mortos. Nada devolverá os anos que ela passou longe do seu amor, e tampouco os anos envelhecidos em custa do seu sofrimento. Nada. Nem a morte da “Condenada”.
E, ao que parece, ela tinha percebido isso enquanto chorava mais e mais nos braços do seu amado.
O homem olha com desprezo para a Condenada enquanto sussurra algumas palavras que não compreendemos para tentar acalmar a Assassina.
De repente, com o rosto contraído em dor e ódio, a Assassina brada para a mulher:
“Você vai ser presa, Bellatrix! Você vai ser mandada para Azkaban, e eu farei questão que você pague por cada crime cometido, desde a tortura aos Longbottons até a morte do meu filho! Eu farei com que o sistema prisional seja acirrado, e levarei dementadores de volta! Farei com quem você leve o beijo, e você passará o resto da sua miserável existência como um nada! Você vai apodrecer lá, e eu reclamarei o seu corpo quando você finalmente morrer, para que eu mesma possa cremar e usar como adubo para o meu jardim!”
E mais soluços.
A Condenada, talvez apenas para não perder a prática, abre um sorriso.
“Você vai, Amélia? Como você vai fazer tudo isso, se sequer conseguiu me matar?”
Ela sorri mais, enquanto a Assassina volta-se para o homem. Mais uma vez, ele a abraça.
A Condenada está salva...
...Está salva até que o homem, abraçando a sua mulher, ergue a sua varinha e, com a voz dura, diz:
“Avada Kedavra.”
Os olhos da Condenada, espelhando terror, vitrificaram. Ela está morta. E um grito de dor corta a garganta da Assassina assim que ela a vê.
Olhando para o Carrasco, ela exige:
“Por que? Eu queria que ela sofresse na prisão! Morrer é pouco para ela!”
“Ela nos entregaria. Diria que nós fomos responsáveis por todas as mortes e nós iríamos para a prisão também. Você pode até querer a sua vingança, mas temos dois filhos para criar e não podemos nos dar ao luxo de ser presos agora.”
A mais pura razão.
A Assassina olha, ainda entre lágrimas, para o corpo sem vida da Condenada.
“Vamos, Amélia. O dia está nascendo. Temos que limpar tudo e esconder os corpos.”
Concordando, ela o ajuda a tirar corpo do pequeno quarto, recolher os instrumentos de tortura e limpar todo o sangue que estivera espalhado pelo chão.
Os primeiros raios de sol começaram a iluminar o quarto empoeirado. Nada, além da lembrança daquelas paredes, poderia dizer que algo sombrio tinha acabado de acontecer ali. Tudo parecia calmo... Apenas mais uma mansão abandonada.
Do lado de fora – podemos ver pelo vidro quebrado da janela – magia abre um buraco no chão, onde passa a ser enterrado o corpo da mulher que tantos suplícios sofreu.
O horror tinha acabado.
A Assassina, talvez, nunca vá ficar satisfeita. Vingança é como uma droga: Na hora, dá a satisfação que você precisa... mas depois... Sempre é preciso mais. Sempre é preciso alguém que você possa praguejar, a quem você possa atribuir a culpa por cada uma das suas frustrações.
Seus erros não são seus, se você tem inimigos.
O futuro da assassina é quase certo: ela nunca vai descansar, nunca sentirá a paz que pensava e procurava com essa vingança. Ela vai começar a analisar, a ver que os fatos combinando-se acabariam por colocar a culpa da morte do seu filho e dos seus pais nela mesma. Ela que irritou o regime do mal. Ela foi quem desafiou o Lorde das Trevas. Foi ela quem caçoou de quem não devia. Foi ela quem decidiu voltar para a Inglaterra, voltar a atuar na guerra.
Uma vida inteira, e ela não pensou em nada além dela mesma – o que inclui a vingança que presenciamos, já que não foi feita para vingar o filho, e sim para acabar com o mal que ela sentia.
Talvez ela seja presa. Talvez ela se entregue. Ou talvez ela apenas viva, fazendo pose para a sociedade e tentando ignorar os pesadelos que povoarão todos os seus sonhos...
Mas paz? Não... Isso ela jamais terá.
Analisado a vida dela novamente, a quantidade de pessoas que ela matou e torturou, talvez ela não mereça ter paz. Ela é apenas uma assassina. Uma assassina condenada à perpetuamente estar aprisionada pelos seus fantasmas.
Fantasmas não podem ser mortos... Nem com uma vingança.
Olhando mais uma vez para ao jardim, vemos que o corpo já foi enterrado e a Assassina e o Carrascos já deixam a propriedade.
Não há mais nada para se ver, a não ser a poeira dos móveis. Não há mais nada para se ouvir, fora o som dos pássaros que, alheiros aos acontecimentos da noite anterior, cantam felizes.
Não há mais nada a se fazer, a não ser ir embora.
Pelo corredor, a claridade já entra, mas os quadros, adormecidos, não mais fazem balbúrdia. Na escada, nada de marcas de sangue. Nada.
Nem na porta, que já não mais parecia ter sido destruída à machadadas.
Nem há sangue do lado de fora.
É apenas mais uma mansão abandonada.
Apenas mais uma.
Quem a olhasse, a ignoraria, pois sabia que nada de interessante poderia acontecer nela...
Mas nós sabemos que isso não é verdade... Sabemos os segredos que as suas paredes guardam... E jamais esqueceremos o que aconteceu, o que foi contado...
Jamais esqueceremos a história da Assassina.
XxXxXxX
Fim
XxXxXxX
Suspiro
É... Acabou. Dois anos e 92 capítulos depois, acabou.
Eu não sei exatamente se estou me sentindo aliviada ou triste nesse momento... Mas é bem estranho pensar que eu nunca mais postarei nenhuma linha sobre Amélia Lair... Afinal, foram dois anos... é muito tempo!
(Tudo bem, eu estou me sentindo mais triste que aliviada)
Apesar da tristeza da despedida, é bom ver que eu consegui chegar ao último capítulo da história, mesmo quando o mais provável era que eu não o fizesse, devido ao seu tamanho... E deus sabe bem quantas vezes eu pensei em desistir, por quantos brancos e períodos particularmente longos de falta de inspiração eu passei, quantas vezes eu sequer agüentava ouvir o nome ‘Assassina’ sem ficar à beira de um colapso nervoso... E, melhor ainda, é ver que teve gente que, sim, teve uma paciência de Jó para agüentar ler essa fanfiction do primeiro capítulo da ‘Hogwarts, uma outra história’ até o último capítulo da ‘Doce vingança’.
A eles, por mais que alguns (muitos, segundo as estatísticas do site) tenham permanecido em silêncio, eu dedico meus mais profundos e sinceros agradecimentos.
Agradecimentos que são acentuados àqueles que, por mais que tenham decidido abandonar a fic – por falta de estômago ou de saco, não importa – deixaram nas reviews a sua marca. São eles (espero não pular ninguém): Lo1s.Lane, Roxane Norris, Wanda Heyl, DevilAir, Shey, Yasmin, Lara, Mary-Snape-Lupin, Bruna Black, Srta. Kinomoto, Anita Black, Rita W. Malfoy, Dark-Bride, Julia, Kirina Malfoy, Giovanna, Srta. Monny, Sarah-Lupin-Black, Yne-Chan, BrockthueLa, Yasmine Lupin, Luci Potter, Bijouxxx, Lia, Kathy Parteno Gryffindor, Míthren, Ainsley Haynes, Anaisa, Gabriela Weasley e May.
Agradecimentos especiais também à Karlinha Malfoy, que betou a primeira e a segunda parte, e à Shey, que foi promovida à beta na terceira parte.
Por fim, antes de dizer adeus, eu queria declarar que passar mais de dois anos escrevendo essa fanfiction (olhando meus arquivos eu descobri que comecei a escrevê-la em janeiro de 2004), por mais trabalhoso que tenha sido (e, acreditem, foi muito trabalhoso), valeu a pena não apenas por poder finalmente ver o resultado final, mas, first and foremost, por duas amizades preciosícimas que fiz durante esse tempo e por causa dela; estou falando da amizade com as minhas irmãzinhas lindas, a Shey e a Lara.
No mais, é isso.
Com dor no coração, me despeço dessa fic e de vcs...
Até a próxima... Se possível, em breve!
XD
E tchau!
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