A Fúnebre Escolha



CAPÍTULO XXIII. A FÚNEBRE ESCOLHA

E lá estava Amélia Lair, rodeada por mais que odiados Comensais da Morte, sendo obrigada a fazer uma escolha que nenhuma mãe jamais deveria fazer.

Como ela poderia assinar a sentença de morte de um dos filhos?

A cena fazia com que o rosto de Snape ficasse mais pálido do que nunca. Brian, o outrora forte e inatingível general, apertou os olhos e se recusou a acompanhar a cena.

As lágrimas começaram a cair em cascata do rosto de Amélia.

- Não... por favor... Eu...

Elizabeth deu um sorriso infame e vestiu novamente a sua máscara.

Amélia a encarou por um tempo... E então olhou para o Lorde das Trevas. O seu sofrimento era quase palpável quando ela fez algo que há alguns anos seria totalmente impensável: caiu de joelhos e agarrou-se às vestes do homem, suplicando.

- Me mate! Eu desrespeitei você! Eu ajudei Severo a pegar o Horcrux! Eles não têm nada a ver com isso! Por favor, me mate, mas deixe os dois vivos! São só crianças!

O olhar de desprezo do Lorde foi cruel. Rudemente, ele puxou suas vestes, arrancando-as das mãos suplicantes de Amélia. Ignorando-a, caminhou até colocar-se ao lado de Elizabeth.

- Oh, levante-se! Você é patética!

Amélia continuou ajoelhada, soluçando.

A voz divertida de Elizabeth ressoou:

- Faça a sua escolha, Mia! O tempo está passando e a minha paciência esgotando... e quando ela esgotar, os seus dois preciosos filhos vão para a tumba!

Ela não conseguia pensar.

Levantou a cabeça, olhando para os dois meninos.

O seu coração se comprimia, doía.

- Cinco... Quatro...

O puro desespero fazia Amélia querer delinear novamente os cortes que há anos fizera em seus pulsos.

- Mãe, você sempre gostou mais do Ed! – A voz desesperada de Phillipe cortou o ar. O coração de Amélia doeu mais e ela sibilou repetidas vezes algo como “não é verdade”. – Me escolha! De verdade! Ele é melhor que eu, você sabe!

Ela quase não conseguia respirar.

- Três...

As imagens das duas crianças, desde meros bebês, começaram a passar na sua cabeça. A dor a consumia... a dor da indecisão.

- Mamãe, – Edward a olhou, quase sereno. – Faça! Você sabe o que tem que fazer!

E foi com essas palavras que a mente de Amélia passou a ser povoada pelas imagens de dor... das dores de Ed, dia após dia, definhando por causa da maldita doença que não tinha cura...

- Dois...

Ela não sabe de onde tirou coragem para, antes que a contagem terminasse e os dois filhos fossem executados, gritar:

- EDWARD!

Nesse momento, até mesmo os Comensais da Morte pareceram segurar a respiração.

Elizabeth, com a voz suave, disse:

- Edward?

Amélia encarou o menino, sibilando de maneira quase ininteligível:

- Me desculpe... Me perdoe...

E, no momento seguinte, um lampejo de luz verde atingiu o garoto, que caiu estatelado no chão, com os olhos vítreos.

A dor...

Amélia apenas olhou para o corpo do seu filho, respirando pesadamente.

Gritos ecoavam em seus ouvidos... gritos revoltados de Phillipe. Mas ela não ouvia. Tampouco as gargalhadas de alguns Comensais... Ou as injurias que Snape dizia... Ou o choro abafado de Brian... Todos esses sons eram meros ecos. Ela só ouvia a sua respiração.

E só enxergava o cadáver da criança. A sua criança.

Passaram-se minutos até ela sair daquele estado de choque e torpor.

E as lágrimas voltarem. E os dentes fincarem o lábio, segurando o grito de horror que nunca estrondou.

Ela respirou fundo algumas vezes, tirando os olhos do cadáver e enfrentando Elizabeth.

- Me dê meu filho.

A risada estrondosa de Schwartz pôde ser ouvida.

Quando Elizabeth largou a coleira do garoto, ele a segurou.

- Minha vez! O se maridinho, ou o seu filhinho.

Sem sequer pensar duas vezes, Amélia se levantou e apontou a varinha para Brian, que a olhou perdoando-a, já sabendo que aquela era a hora da sua morte.

O que se seguiu a isso foi muito rápido: Phillipe gritava para que a mãe não executasse o padrasto; Amélia bradava a maldição imperdoável; um barulho intenso de pessoas aparatando naquele lugar; Schwartz soltava Phillipe; O raio atingia Brian e o matava; Phillipe se agarrara ao braço da mãe; uma auror do ministério segurava Amélia pelo outro braço; e a velha conhecida sensação de estar sendo comprimida.

E, quando Amélia abriu os olhos, estava longe da batalha, bem no meio do Ministério da Magia.

Ao seu lado, viu Phillipe.

- Filho! Você está bem?

- Não! Você deveria ter me escolhido!

Amélia explicaria que aquela decisão tinha doído mais nela que em qualquer pessoa; ela diria que tivera motivos; diria que sempre amou os filhos da mesma maneira, mas que naquela hora teve que tomar uma decisão, ou acabaria perdendo os dois filhos. Diria que o escolhera porque ele tinha mais chances na vida do que Edward, que eventualmente morreria por causa da sua doença. E, principalmente, explicaria que a dor que ele estava sentindo por não ter morrido no lugar do irmão não podia sequer ser comparada com o vazio do coração dela.

Ela explicaria... Mas a auror que ainda segurava firmemente o seu braço não deixou.

- Amélia Lair, você está presa pelo assassinato do prisioneiro de guerra Brian McRough.

Mais um choque.

Amélia, sem palavras, olhava do filho para a auror. A dor da perda ainda a consumia, e ela só pôde pensar em uma coisa:

- Meu filho.

A mulher crispou os lábios, apertando ainda mais o seu braço.

- MEU FILHO!

Amélia agarrou o braço de Phillipe.

- Sinto muito, mas você não pode levar ele para a prisão com a senhora.

Ela bufou.

- Minha senhora, nós estamos no Ministério da Magia! Esse garoto vai para uma assistente social que o enviará para a família! Agora, vamos!

Ela tentou arrastar Amélia, mas ela se recusava a soltar o menino.

Naquele momento, pelo corredor antes deserto começou a passar o ministro da magia, o antigo subordinado de Amélia dos seus tempos de estrategista do Ministério.

- Rufo! RUFO!

Mas o homem apenas a olhou e virou a cara, como se não a conhecesse.

- Vamos ou você prefere ser estuporada?

- Para onde eu vou?

Um sorriso malvado se formou nos lábios da auror.

- Ah, minha querida... você vai para um lugar lindo chamado Azkaban.

Sentindo-se desfalecer, Amélia soltou o braço de Phillipe.

A última coisa que ela se lembra é de ter sentido novamente a incômoda sensação de aparatar.

XxXxXxX

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