Simples Felicidade
CAPÍTULO XXV. SIMPLES FELICIDADE
Ela foi para um tipo de sala de espera – por maior que fosse a sua influencia, não a permitiram assistir ao julgamento. A todos que ela perguntava, diziam que, se ele fosse solto, passaria por aquela sala antes de deixar o ministério para a sua liberdade.
Sim, ela estava no ministério... Bem na frente da fonte que provava a superioridade dos bruxos sobre as demais raças.
Amélia suspirou e se sentou. Colocou as mãos sobre a cabeça. Passou os dedos entre seus cabelos.
'Já está demorando demais...'
Ela levantou a cabeça. Um pequeno grupo, com quatro pessoas que ela conhecia bem se aproximava: Os Lestranges e os Malfoy. Ela se levantou e foi até eles. Bellatrix Lestrange a abraçou.
- Amélia! Nós achamos que poderíamos te encontrar aqui!
- Você sabe como está indo? – Lúcio perguntou. Amélia se soltou de Bellatrix.
- Não. Ninguém sai da sala de julgamento até que este esteja encerrado. O que vocês acham que vai acontecer?
Lúcio olhou para os lados e cochichou.
- Nada. – respondeu displicentemente. – A tarefa que ele tinha era de enganar o velho. Se ele a fez direito, Dumbledore vai interceder por ele.
Amélia também manteve o tom baixo.
- E o que vocês estão fazendo aqui? Não pode ser um pouco perigoso?
Bellatrix riu.
- Ué, Amélia! Você não é a garota ao lado da lei! A Assassina! Eu achava que era isso que você queria! Situações perigosas onde nós, os malvados, seríamos pegos e jogados em Azkaban!
Amélia franziu o cenho. Lúcio, Rodolphus e Narcissa olharam feio para ela.
- Não, Bella, eu não quero que os meus amigos sejam jogados em Azkaban. Embora vocês mereçam esse destino, eu não sou tão imparcial. E é por isso que eu estou aqui.
- Mas convenhamos – ela replicou – Severo é um caso especial! Você sempre foi completamente e idioticamente apaixonada por ele! Jamais gostaria que ele ficasse em algum outro lugar que não fosse perto de você! Já nós, pobres mortais...
- Mas, Bella, se eu quisesse que algo tivesse acontecido com vocês, pode acreditar, já tinha conhecido. Aliás, se eu tivesse um pingo de juízo e senso crítico, vocês já estariam presos há muito tempo.
- Tá bom! Certo! Não está mais aqui quem falou! Desculpa.
- Tudo bem.
Ela suspirou e andou em círculos.
'Mas o que foi que deu nela!'
De repente, a porta do elevador se abriu e uma grande aglomeração de fotógrafos se reuniu perto dela. Amélia se colocou nas pontas dos seus dedos para tentar ver alguma coisa. Era Severo, junto com um advogado e Dumbledore que saíam.
'Para a liberdade?'
Ela correu e conseguiu se embrenhar pelo meio das dezenas de jornalistas que faziam incontáveis perguntas. O olhou... A pergunta já estava nos olhos dela... E ela não precisou dizer uma só palavra para que ele entendesse...
- Deu tudo certo.
Ela suspirou e abriu um enorme sorriso. Quando foi o abraçar, Bellatrix se colocou no meio dos dois e abraçou Severo. Amélia estava tão feliz que não se importou: Assim que a amiga deixou Severo, ela o abraçou. Sussurrou no ouvido dele.
- Então você pode ir pra casa?
- Estou no caminho dela.
- Isso é ótimo! Você está, realmente, precisando de um bom cigarro, um bom absinto e uma boa trep... Ah, esquece!
XxXxXxX
Eles foram para o pequeno apartamento dele juntos, e não conseguiram manterem-se vestidos por um segundo sequer. Passaram horas juntos, até que estavam exaustos demais para continuar. Amélia passou um tempo apenas deitada, colocando a respiração regular. Depois se levantou e pegou as outras duas coisas que Severo precisava: um maço de cigarros e um litro de Absinto.
Ela se deitou, cabeça na barriga dele, e entregou o cigarro, após pegar um para ela, e a bebida, após tomar um longo gole. Suspirou e tragou o cigarro. Fechou os olhou quando foi soltar a fumaça. Há tempos não se sentia tão satisfeita e feliz.
- Severo?
- Hm?
- Foi bom, não foi?
- Ótimo.
Ela tomou mais um gole de absinto e tragou demoradamente o cigarro.
- Severo?
- Hm?
- Eu senti a sua falta. Muito.
- Eu também.
Ela fechou os olhos e se concentrou no movimento da barriga dele enquanto ele respirava. Isso fazia a cabeça dela subir e descer vagarosamente... Era maravilhoso.
- Amélia?
- Hm?
- Você tem algum lugar para morar? Aqui em Londres?
- Tem o apartamento... E meus pais me deixaram duas casas bem grandes, uma é até perto do centro e...
- Amélia?
- Hm?
- Eu vou reformular a pergunta: Será que você tem algum lugar aqui em Londres onde você queira morar?
- Eu já disse qu...
Ela franziu o cenho. Deu um meio sorriso, finalmente entendendo.
'Será que é realmente isso?'
Ela rolou, para encará-lo.
- Não, Severo, eu não tenho. Será que eu posso morar aqui, com você?
XxXxXxX
Eles passaram a morar juntos.
Naquele exato momento de felicidade, quando Severo a chamou para morar com ele, nenhum dos dois acreditava que o relacionamento poderia durar muito... Mas não foi isso que aconteceu.
Amélia voltou a trabalhar no ministério da magia, agora num trabalho mais burocrático: treinar aurores. Nada mais de interrogatórios, torturas e mortes... pelo menos enquanto a luz do dia reinava...
A verdade é que Amélia não conseguiu ficar muito tempo longe da ação... Parecia que algo natural: ela gostava de matar. Ela via assassinatos como uma coisa comum, como uma profissão. E não conseguiu ficar muito tempo sem... Á noite, ela era, mais uma vez, a Assassina. Matava para os trouxas, usando armas de trouxas... e nunca tinha decepcionado em seu emprego.
Severo... Este tinha começado a ensinar poções em Hogwarts desde quando foi liberto. Ele nunca disse nada sobre o emprego de Amélia... Não desaprovava... Ele também não deixava de ser um assassino, afinal. Talvez, até gostasse de quando Amélia matava... Isso a excitava.
Quanto aos dois... Ela o amava. Muito. E cada vez mais. A ele se aplicava o mesmo... Mas eles tinham um pacto silencioso de jamais falar de amor ou da relação deles. Se tudo estava bem, tudo estava bem. Não era necessário perder tempo falando do que estava dando certo. Eles já estavam juntos há anos e ele nunca tinha dito que a amava, nem quando a mãe dele morreu, período que mais precisou de Amélia ao seu lado. E ela nunca tinha dito que amava ele... E eram felizes assim.
Até um dia, quando uma coruja negra pousou na janela do minúsculo apartamento.
XxXxXxX
Amélia correu os dedos pelos cabelos negros que passavam apenas um pouco da altura do pescoço. Suspirou. Hoje ela teve que matar dois. Dois! Mesmo tão jovem, ela estava chegando à conclusão que já estava ficando velha demais para o trabalho.
Entrou no apartamento, agradecendo por ter fugido do frio cortante que fazia lá fora. Tudo estava escuro, exceto pelo pequeno feixe de luz no canto da sala, que Iluminava Severo.
Ele estava corrigindo provas.
'Homem responsável... Meu homem responsável.'
Sorriu.
A camisa branca tinha os três primeiros botões abertos, exibindo os ralos pelos que ele tinha no peito. A sua tradicional capa negra estava jogada de qualquer jeito na cadeira ao lado. Um copo de whisky repousava junto às provas já corrigidas. No rosto dele, um olhar cansado.
Nem levantou os olhos quando ela chegou, para não perder a concentração.
Amélia se aproximou lentamente, em passos felinos. Tirou o seu, sobretudo salpicado de sangue. Jogou no chão. Debruçou-se sedutoramente sobre ele.
Falou, numa voz mansa.
- Já chega de pirralhos que acham que sabem de algo por hoje – ela retirou a pena e o pergaminho que estavam nas mãos dele. Ajoelhou-se sobre ele, finalmente ganhando a sua atenção. Ele a olhou, com fogo em seus olhos. Ela sussurrou – Agora, você é meu.
O beijou da forma mais sedutora que conseguia. Ele, como sempre, resistiu por um momento, mas logo a enlaçou pela cintura e a aproximou...
Os seios dela já estavam quase à mostra, quando a dança de amor dos dois foi interrompida por um barulho de batida na janela de vidro.
Amélia olhou, ajeitando a sua blusa. Era uma coruja negra – uma coruja funerária. Ela saiu de cima de Severo e foi abrir a janela. A coruja voou diretamente para ele.
- Acho que é pra você.
Severo pegou a carta e a coruja imediatamente saiu voando pela janela. Ele entregou o pedaço de pergaminho para Amélia.
- Abra. – Amélia pegou a carta. Ele tirou a camisa – Quem morreu?
Ela olhou. Milhares de letras miúdas para dizer, apenas no final, que...
- O seu pai morreu.
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