Sexo por Piedade



CAPÍTULO XVII. SEXO POR PIEDADE

Os minutos passaram lentos, enquanto Amélia esperava a resposta de Severo.

E ele não podia recusá-la... Seria demais, para ela... Ele tinha que querê-la... Ela precisava que ele a quisesse.

Por volta de cinco minutos depois que a carta foi lançada, a coruja de Amélia voltou a adentrar a sua janela, trazendo um mínimo pedaço de pergaminho preso à sua pata esquerda.

O coração de Amélia parecia querer pular para fora do peito. Ela respirou fundo várias vezes buscando o autocontrole que não vinha. Leu:

"Venha"

Ela não pensou duas vezes: Com o coração ainda ameaçando sair pela boca, ela pegou a varinha e desaparatou.

XxXxXxX

Aparatou bem na frente da porta do apartamento de Severo, sem se importar se algum trouxa pudesse, eventualmente, ver-la aparecer no meio do nada. Bateu fortemente na porta. Não levou sequer um segundo para ele abrir.

Amélia não disse sequer oi – atirou-se nos braços daquele homem que ela tanto queria como se não houvesse amanhã... O beijou com sofreguidão... E ele apenas correspondeu...

Não se importou de fechar a porta... Ou em fazer perguntas...

Ela não se importou em explicar...

Apenas, deixaram-se levar...

E logo já estavam na cama, apenas vivendo... Esquecendo do resto do mundo.

E a noite passou rápida, e o dia amanheceu, e eles simplesmente não dormiram.

Ela não conseguia parar de pensar no dia seguinte... e ele de se perguntar os motivos que a levaram a estar ali, com ele.

Quando os primeiros raios solares entraram no pequeno quarto de apartamento, o silêncio que tinha se instalado durante a noite inteira – cortado apenas por sussurros e gritos roucos – finalmente terminou.

Amélia estava meio-desperta na cama, precariamente envolta pelos lençóis de cetim, quando sentiu o roçar de uma barba mal feita no seu pescoço. Sorriu.

- Bom dia, Severo.

- Você não deveria estar aqui, sabia?

Ela se sentou na cama, puxando o lençol para que ele não deixasse de cobrir o seu corpo nu. Olhou para o homem com seriedade.

- Desconfiava. Você tem ordens de me matar não é?

- Matar, não. Levar-te para o Mestre, sim.

- Eu não vou deixar, você sabe. Eu te mataria antes de deixar você me levar para o seu Mestre.

Ele a olhou sério, por um instante... e disse:

- Eu morreria antes de te levar para ele.

Ela sentiu um antigo calor tomar conta do seu peito... um calor que não era sentido desde seus tempos em Hogwarts.

Não gostou.

Desconversou.

- Você sabe por que eu estou aqui, não?

- Não.

- O seu mentor capturou alguns aurores... Ele me quer em troca deles.

Uma sombra se apoderou do olhar de Severo. Ele se sentou e segurou levemente a mão dela.

- Você não vai, vai?

Ela sorriu, sarcástica.

- Ao que parece, eu não tenho muita escolha... – Ficou séria. Sussurrou. – Ele matou os meus pais.

- Como!

- O que você ouviu. Eles foram decapitados. – Amélia sentiu um nó na garganta. Olhou para Snape suplicante – Me abraça.

Ele suspirou e a abraçou fortemente, passando força. Com a voz um pouco alterada, perguntou:

- Eu nunca pensei que esse plano daria certo...

- Você sabia?

Afastou-se, mas continuou a segurar a sua mão.

- Sim. Ele estava planejando desde que você fugiu... Mas eu nunca pensei que o ministério fosse entregar você.

Ela baixou a cabeça.

Ele continuou.

- Vai ser hoje, certo?

- Hoje – ela assentiu. – Eu não poderia morrer antes de fazer amor com você... E, por isso, eu te agradeço.

Soltou a mão dela.

O semblante ainda mais carregado.

- Você me agradece pelo que, exatamente?

Ela ficou mais séria, com a triste verdade sendo posta em sua frente.

- Por ter dormido comigo. Por piedade.

Ele a olhou, talvez um tanto incrédulo... Ou raivoso.

À vontade de chorar, o nó na garganta, nunca fora tão forte.

Ele disse:

- Eu não dormiria com você por piedade.

- Então o que foi isso?

Ele se calou.

E não respondeu... Apenas disse:

- Você não vai morrer.

Ela sorriu, sarcástica.

- Não vou? Por que? Voldemort vai me perdoar?

- Não...diga...o...nome...dele.

Gargalhou.

- E por que não? Por que a mídia mandou? Não, obrigada, eu não tenho medo dele!

Ele também adquiriu um ar sarcástico.

- Até porque ele não lhe deu nenhum motivo para ser temido, não é verdade?

Ergueu uma sobrancelha.

- Não! Deu motivos para ser odiado, e não temido. Agora me diga: por que eu não vou morrer.

Ele lentamente suspirou e se moveu para cima dela.

Amélia pensou que ele fosse fazer carinhos... Mas ele simplesmente imobilizou o seu corpo.

Roçou a barba mal-feita em seus ouvidos, e sussurrou.

- Porque eu não vou deixar você ir a lugar nenhum. Você não vai caminhar para a morte.

Ela tentou se debater... Mas simplesmente não tinha forças...

Talvez simplesmente quisesse que ele ficasse segurando ela, cuidando dela.

Desde quando você precisa de alguém para cuidar de você?’

Deixou de se debater.

- Eu vou, Severo! É a minha função!

- Pro inferno com as suas funções! É a sua vida!

- Você vai ter que me manter aqui para sempre, para me impedir!

- Mia...

- Sinto muito.

Ele então saiu de cima dela. Ela rolou para fora da cama, entristecida. Começou a se vestir.

- Fique mais um tempo então.

Ela olhou o homem deitado.

- Se eu fizer isso, meu amor, eu me atrasarei para o trabalho.

Ela coletou toda a sua frieza para, apesar da tristeza, sorrir alegremente para Snape. O beijou suavemente nos lábios.

- Vamos viver hoje como um dia normal, tudo bem?

Ele não respondeu. Ela voltou a se vestir, e logo estava de volta ao ministério da magia.

XxXxXxX

No ministério, todos estavam a olhavam atravessado, uns com pena, outros com curiosidade... Ela tentava apenas ignorar... Fingir que não percebia os olhares que eram lançados à ela a cada segundo...

Mas, embora todos olhassem, ninguém parecia ter coragem suficiente para se aproximar... Apenas o ministro.

- Amélia, o que você está fazendo aqui?

Ela deu de ombros.

- O que eu faço sempre! Trabalhando... é para isso que sou paga, não?

- Mas... Mas hoje...

- É o dia da minha morte, eu sei. Não posso fazer muita coisa sobre isso. Eu já aceitei... Agora eu acho que vocês devem aceitar... – ela sorriu sarcasticamente. – É quase incrível, o fato de eu ser capaz de aceitar melhor a minha morte do que os outros!

Ainda, o ministro insistiu.

- Mas... Sabe, você deveria estar... Eu não sei... Rezando?

- Rezando? – ela riu – Ministro, se esse negócio de Deus existir, o que eu duvido muito, pode ter certeza de que nem uma canonização me levaria para o céu. Logo, não vou perder o meu tempo no meu último dia de vida rezando, ok? Meu ex vai cuidar do enterro e do dinheiro da família. Só. Não tenho mais o que fazer.

- Então você poderia descansar.

Gargalhou.

- Parece que eu vou fazer isso incansavelmente, não? Prefiro ter o meu último dia ordinário.

E o dia ordinário dela passou-se extremamente rápido. Ela não queria que a noite chegasse tão depressa... Mas ela chegou. A hora da sua morte estava se aproximando numa velocidade astronômica... E não havia nada que ela pudesse fazer contra isso.

Antes de ir à mansão Lestrange, ela se banhou e se vestiu elegante... Ora, se ia morrer, que morresse com classe, certo? Vestiu-se com roupas caras e se maquiou – coisa que há muito tempo não fazia. Voltou ao ministério lindíssima.

XxXxXxX

- Certo, aqui estou eu.

Ela olhou para a equipe de vinte aurores que acompanhariam a troca. Todos
a olhavam com admiração e certo temor... Alguns talvez até respirassem um pouco mais aliviados, por finalmente conseguir se livrar da mulher que queria transformá-los em assassinos fria. Ela tentou ignorar isso.

Olhou o resto da equipe que a acompanharia. Dumbledore estava lá, e não parecia nada feliz com a situação. Tampouco o ministro. O velho foi ao encontro dela.

- Você não tem que fazer isso, Amélia.

Olhou para o velho, sem muita paciência... Principalmente depois dos acontecimentos do dia anterior.

- Tenho sim, na verdade. Eu costumo fazer o que eu sou treinada... Você vai tentar impedir isso também?

- Algumas pessoas se importam com você.

- Muitas. Mas elas não vêm ao caso agora. Dumbledore, se você veio aqui só para tentar me fazer desistir, pode ir.

O velho se calou e recuou. Amélia suspirou.

- Quero todos aparatando juntos na mansão Lestrange. Quando os prisioneiros forem entregues, quero que vocês chequem se estão em condições perfeitas. Se estiverem incapacitados de alguma forma, estejam prontos para um duelo. Se estiverem em condições perfeitas, – suspirou – não quero ver resistência alguma à minha prisão. Entendidos?

Vários assentiram. Alguns olharam para os lados. Frank Longbotton não escondia que era contra aquilo tudo. Amélia baixou os olhos.

Tudo bem, hora da reza... Se esse negócio de Deus realmente existir... Não me deixe fraquejar por nenhum momento, por mais doloroso que seja o meu destino.'

Voltou a encarar o grupo, tentando ao máximo esconder que estivera fazendo uma pequena oração mental.

- Vamos.

XxXxXxX

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