Mal Dia



CAPÍTULO XV. MAL DIA

À medida que o animal se aproximava do suntuoso castelo de Hogwarts, a felicidade abobalhada que estava sentindo pelo fato de Snape ter salvado-a foi passando.

Em primeiro lugar, não tinha nada que estar sentindo aquilo: Era uma fraqueza inaceitável! Não podia se apaixonar por ele... principalmente pelo fato dele ser o inimigo.

Mas, ainda assim, ele tinha salvado a sua vida.

De jeito nenhum! Você fugiria de qualquer maneira!’

Talvez, o melhor que tivesse a fazer fosse justamente parar de pensar em Snape, e passar a pensar em dores de cabeça maiores: Schwartz, por exemplo.

Eu vou matá-lo! E vai ser tão lentamente...’

O castelo, agora, ficava maior e maior, enquanto o animal perdia altitude, e ia pousando na floresta proibida, já bem perto do castelo.

Pousou.

Ela desceu do testrálio, com medo que ele pudesse atacá-la por causa do cheiro de sangue que ela exalava... Mas, felizmente, o animal não fez absolutamente nada.

Amélia caminhou até a cabana do guarda-caça Rúbeo Hagrid, pressionando o ferimento. Ela estava se sentindo tonta, com um pouco de frio... Temia pela quantidade de sangue que já tinha perdido.

Bateu demoradamente na porta, até que o meio-gigante abriu.

Analisou-a, talvez pelos trajes: pequenos e rasgados.

- Você precisa de ajuda?

- Sim. Eu estou ferida e preciso de abrigo.

O meio-gigante sorriu amigavelmente.

- Entendi. Você precisa falar com professor Dumbledore.

- Não. Eu preciso de abrigo e de uma curandeira! Rápido!

Ela mostrou a mão que estava sobre o ferimento para ele. Ela estava ensopada de sangue. O meio-gigante fez uma cara de nojo e se apressou em ajudar Amélia. Ele a levou para dentro do castelo, até a enfermaria.

Logo foi atendida pela Sra. Arllington, que ainda trabalhava na escola. O meio-gigante a deixou sendo atendida e foi chamar Dumbledore.

- Minha filha, como você conseguiu isso aqui?

Amélia sorriu, sentindo cada vez mais frio.

- Ossos do ofício.

A enfermeira afastou o tecido rasgado, deixando o grande ferimento exposto.

- Isso está muito inflamado! Há quanto tempo foi isso?

- Bom, Há três dias eu perdi meu baço. Quando ele foi restaurado, se é que ele foi, eu não sei. Só hoje eu já bati isso umas trezentas vezes e já tive uma varinha enfiada aí também!

O semblante da enfermeira ficou carregado.

- Merlin!

- É um trabalho difícil, mas alguém tem que fazê-lo.

Dumbledore entrou na enfermaria, apensar dos protestos da Sra. Arllington.

Pela primeira vez, o velho parecia surpreso.

- Amélia! Você está viva!

- Vaso ruim não quebra, não é mesmo? – tremeu-se de frio. – Será que posso ficar aqui até me curar?

- Sim, claro! – O velho se aproximou. – Isso tá feio!

O rosto de Amélia fechou, raivoso, enquanto a enfermeira cuidava do ferimento. Ela entregou uma poção para Amélia.

- Mais feia vai ficar a cara de Schwartz quando eu pegar ele! Ele é comensal! Por causa dele eu fui aprisionada! Eu vou esmagar o crânio dele! Ah, isso eu vou! Sra. Arllington, em quanto tempo eu vou voltar a trabalhar?

A enfermeira respondeu, enquanto Amélia esvaziava o conteúdo do frasco que lhe tinha sido entregue.

- Já está pensando em trabalhar? Você precisa descansar! Uma semana, no mínimo!

- Muito tempo! Não dá para reduzir, assim, uns cinco dias disso?

Dumbledore segurou a sua mão trêmula e falou:

- Calma Amélia!

- Professor! Temos um comensal infiltrado no ministério da magia! Como eu posso ficar calma! Pelo menos informe ao ministro!

- Eu sinto dizer, mas Clive já sabe.

Amélia se sentou, machucando-se e urrando de dor. A enfermeira a empurrou de volta à cama, mandando-a se acalmar.

- Como!

- Ele já sabe! Eu já contei a ele

- Aquele filho da mãe me escondeu isso! Veado!

- Não é culpa dele. Na verdade, ele não quer acreditar.

Amélia olhou pra os lados, cada vez mais aborrecida, sentindo tanta raiva que não mais se importava com a dor alucinante que as poções usadas no ferimento causavam.

- Bom, então dê um jeito colocar na cabeça dele a verdade, por favor. Diga para usá-lo contra Voldemort – a enfermeira tremeu à ouvir o temido nome –, dando apenas informações que ele precise saber para atrapalhar os planos do mentor dele. Você pode conseguir isso, professor?

- Certamente.

- Não diga à ninguém que eu estou viva, exceto ao ministro!

A enfermeira segurou frascos vazios.

- Agora já chega! Alvo, a menina precisa de descanso! Isso não vai sarar nunca se ela ficar se estressando! E você, Srta. Lair, pense apenas em se curar! Se pensar em pensar em trabalho, vai se haver comigo!

- Sim senhora!

XxXxXxX

O tempo passou lentamente, durante a semana que ela nada fez além de descansar.

Não gostava da sensação de estar escondida, incomunicável... Separada do mundo. Tudo que queria era voltar ao trabalho... E, principalmente, buscar vingança.

Quando a semana finalmente passou, Amélia acordou sorrindo, levantando-se sem sentir uma dor sequer.

'Primeira parada: Ministério da Magia.'

Todas as feridas tinham curado completamente... E quase sem cicatrizes... A única marca que não pôde ser tirada fora justamente a na barriga... Mas era pequena, quase imperceptível, apenas no lugar onde a varinha tinha sido forçada.

Ela estava perto da porta, quando Dumbledore entrou na enfermaria.

Ela já foi logo atirando.

- Ninguém mais me segura aqui, professor. Eu vou trabalhar. Hoje. Eu me sinto ótima. Nada dói.

- Tudo bem, Amélia. Mas vamos conversar antes.

Ela suspirou.

- Certo.

- Eu acho que você é necessária para o ministério... E talvez para essa guerra. O nosso lado precisa de alguém como você, que pense exclusivamente com a cabeça.

- Finalmente concordamos em algo.

Ele sentou-se no leito que ela estava usando.

- Mas eu não queria que você continuasse a violar os direitos humanos.

- Eu não sei, professor. Eu fui treinada para agir desse modo. Só sei assim. Guerra física e psicológica.

Ele continuou com o seu semblante calmo e pacífico.

- Tortura e assassinato são crimes.

- Esse é um caso especial.

- E se fosse Severo?

Pontada no coração.

- Que tem ele?

- Me disseram que você estava saindo com ele antes de ser pega. Você torturaria e mataria ele?

Ela não pensou duas vezes antes de responder.

- Sim. Sem hesitar.

- E por que então você não o fez?

Paralisou. Ele sabia de algo.

- Como?

- Há dias. Na sua primeira missão. Você teve a chance, e não o fez. Por quê?

Ela mordeu o lábio.

- Como você sabe disso?

- Eu apenas sei, Amélia. Eu não contarei a ninguém, apenas quero que você veja que ainda há um pouco de humano em você. Não seja tão dura. Não faça pessoas sofrer.

Ela desviou o olhar.

- Eu não o matei porque ele não me mataria.

- Mataria, sim. Sem hesitar. Se essas fossem as suas ordens.

O olhou de novo, irritada.

- Por que você se importa? São apenas comensais!

- Antes de ser comensais, aquelas pessoas são seres humanos! Eles sentem! Eles erram! Eles se arrependem! Como todos! Todos merecem uma segunda chance!

Ela andou de um lado para outro, exasperada.

- Professor, essa conversa não vai a lugar algum, sabia? Se o ministro seguir meus conselhos, vai se aliar aos dementadores. Somente então eu vou parar de matar.

Nesse momento, o semblante sereno deu lugar a um fatigado.

- Ele já se aliou àquelas criaturas. E foi um erro!

- Um erro? Professor, francamente! Eu aposto que eles não farão nada de errado, tendo tantas almas para se alimentarem!

- Eles não nos traíram ainda. Mas irão, eu tenho certeza. Eles são criaturas más por natureza!

- E daí? A humanidade, fora o senhor, ó grande Dumbledore, é má por natureza! – bufou. – Eu vou indo! Tenho trabalho a fazer!

Ela se levantou. Percebeu que não tinha roupa alguma, a não ser aquele trapo que alguns chamavam de vestido e o traje hospitalar, que a cobria tão precariamente. Sem dizer nada, Dumbledore se levantou e depositou uma longa veste púrpura em cima da cama de hospital.

Assim que ele saiu, ela sussurrou.

- Obrigada.

XxXxXxX

Ela chegou ao Ministério e encontrou uma grande confusão... Perecia até no dia que ela tinha ido à sua missão de Hogsmeade: Pessoas correndo, repórteres implorando por uma matéria. Eles voaram em Amélia assim que perceberam a sua presença.

- Como foi a sua experiência com Você-sabe-quem?

Eles sabiam que eu voltaria?’

- Como você escapou?

- Ele te libertou?

- O que você acha dos ataques de hoje?

'Ataques? Hoje?'

Ela correu, esmurrando um fotógrafo que ficou em seu caminho. Desceu pelas escadas até o subsolo, onde o ministro deveria estar. E onde os interrogatórios deveriam estar acontecendo.

A porta estava trancada.

- ABRA ISSO!

Ela esmurrou e chutou a porta. Pouco depois, o ministro abriu. Amélia voou para dentro da sala.

- O que aconteceu?

Clive Basile não parecia acreditar estar vendo-a.

- Lair? Você está...?

- De volta? Tô! Grande surpresa! O que aconteceu?

- Ataque ao ministério.

- Porra! Prendemos alguém?

- Sim. Augusto Malfoy.

- PORRA!

- Schwartz está o interrogando.

- Schwartz? Não!

- Por que? Alg...

Ela não esperou o ministro terminar de falar. Adiantou-se à sala de interrogatórios.

Arrombou a porta. Augusto estava amarrado na cadeira, sangrando muito. Assim que viu quem tinha entrado, Schwartz sorriu levemente e quebrou o pescoço do comensal.

- NÃO!

Amélia correu até o corpo do amigo. Agachou-se e segurou o rosto dele. Já não tinha vida. Ela se sentiu triste.

'Chorar é para os fracos, Amélia.'

Ela suspirou. Beijou a testa do homem loiro. O ministro e alguns aurores se colocaram na porta e passaram a assistir a cena. Amélia empunhou a sua varinha e apontou para Schwartz.

- Filho de uma puta...

O homem fingiu um olhar inocente.

- Eu fiz tudo que você ensinou, Assassina. Ele acabou de dar as informações, eu matei. Assim como você faria.

Ele se voltou para os expectadores na porta.

- Daqui a meia hora vão ter dez comensais no metrô de Londres, estação de Aldgate!

Os aurores começaram a correr para preparar o contra-ataque. Amélia se desesperou.

- NÃO! ESPEREM! É UMA ARMADILHA!

Mas ninguém a ouviu. Schwartz se encaminhou para a porta. Ela correu até ele e o segurou pelo colarinho. Tomou-lhe a varinha e a quebrou.

- Você não vai a lugar algum!

O esmurrou e o deixou deitado no chão. Correu para o Ministro.

- Senhor Basile, impeça-os de ir!

O homem a olhou descrente.

- Mas vai haver um ataque!

- NÃO, SEU IMBECIL, NÃO VAI!

Ela suspirou e começou a subir as escadas o mais rápido que pode. Mas quando chegou ao andar superior, já não tinha mais ninguém! Todos já tinham ido!

- MERDA!

O ministro chegou, junto com alguns aurores.

- VAI SER UMA CHACINA! TUDO PORQUE VOCÊS, SEUS INGLESES IMBECIS, MAIS UMA VEZ, NÃO ME ESCUTARAM! TINHAM QUE DAR UM ATAQUE DE HEROÍSMO, NÃO TINHAM? – bufou, exasperada, passando a mão pelos cabelos. – Merda...

A sua equipe de aurores se aproximou. Frank disse.

- O que aconteceu, Amélia?

- Schwartz interrogou Augusto Malfoy sozinho?

- Sim. Ele pediu isso.

Sorriu, sarcástica.

- Então tivemos um comensal interrogando outro! Schwartz me manteve em cativeiro! Ele me feriu na noite da missão! Ele quase me matou! Ele não daria uma informação preciosa ao mentor dele para nós! Algo vai acontecer naquele metrô!

Todos se calaram e a assistiram, incrédulos. Alice Longbotton disse:

- Schwartz? Tem certeza?

- Eu não diria isso se não tivesse. Temos que fazer algo!

O ministro interferiu:

- Nós não vamos fazer nada! Lair, essa sua teoria sobre Schwartz é absurda!

- Absurda! Por que? Por que ele é o seu afilhado? Ah, ministro, me poupe! Você sempre soube! Sempre soube que ele era um comensal! E mesmo assim o deixou aqui! O seu erro custou muitas vidas, sabia! Eu vou fazer algo, o senhor permitindo ou não! Quem está comigo?

Um pequeno grupo de aurores assentiu, dizendo que estavam com ela... Mas um outro grupo temeu ferir o afilhado do ministro.

- É o suficiente. Nós vamos ao metrô!

Mas, quando estava para dar as instruções, uma cena parou todo o ministério: Um auror que há pouco saia para a missão voltava com a roupa toda ensangüentada. Ele trazia nas mãos duas cabeças humanas.

Amélia prendeu a respiração quando prestou atenção nas cabeças: Eram os seus pais.

XxXxXxX

Eu avisei q nessa segunda parte cabeças iam rolar!
Huhuhauhauahuahauahuaha!

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