Capítulo 10
N/A: Mil desculpas pela demora, mas tive um final de semana cheio! Ta ai o capítulo!
Capítulo Dez
No momento em que os Weasley partiram, Harry se dirigiu à biblioteca, onde Sirius havia passado a última hora.
Ao vê-lo, Sirius pôs de lado o livro que estava lendo e sorriu.
— Prestou atenção ao comportamento de Hermione, durante o jantar? — indagou ansioso. — Ela não é esplêndida? Possui tamanho charme, desenvoltura, conhecimento... quase explodi de orgulho! Ora, ela é...
— Leve-a para Londres amanhã — Harry o interrompeu em tom rude. — Sibila Trelawney poderá encontrá-los lá, para a temporada.
— Londres? Por que a pressa?
— Quero Hermione longe de Gryffindor e da minha responsabilidade. Leve-a para Londres e trate de encontrar um bom marido para ela. A temporada terá início dentro de duas semanas.
Embora empalidecesse, Sirius manteve a firmeza na voz.
— Creio que mereço uma explicação para essa sua decisão repentina.
— Já dei uma: quero Hermione longe daqui e da minha responsabilidade.
— As coisas não são tão simples — Sirius protestou desesperado. — Não posso simplesmente colocar um anúncio no jornal à procura de um marido para ela. Temos de seguir as convenções sociais e apresentá-la à sociedade da maneira apropriada.
— Pode fazer isso depois de levá-la para Londres.
Sirius sacudiu a cabeça e, mais uma vez, tentou dissuadir Harry.
— Minha casa não está em condições de recepcionar convidados...
— Use a minha.
— Então, você não poderá aparecer por lá — Sirius argumentou, buscando desesperadamente opor obstáculos ao plano de Harry. — Se fizer isso, todos vão pensar que Hermione não passa de mais uma de suas conquistas. O fato de vocês estarem supostamente noivos não terá importância alguma.
— Quando precisar ir a Londres, ficarei na sua casa. Leve meus criados daqui. Eles são capazes de organizar uma festa em vinte e quatro horas. Já fizeram isso antes.
— E quanto aos vestidos, às aulas de etiqueta e...
— Peça a Sibila Trelawney que leve Hermione ao ateliê de madame Maxime, com instruções minhas para que Hermione tenha o melhor... imediatamente. Sibila saberá o que fazer em relação às aulas de etiqueta. O que mais?
— O que mais? — Sirius explodiu. — Para começar, madame Maxime é tão famosa, que até eu já ouvi falar dela. Não terá tempo para providenciar um guarda-roupa adequado para Hermione, estando tão perto do início da temporada.
— Diga a madame Maxime que eu sugeri que ela obedeça ao seu próprio julgamento para o guarda-roupa de Hermione e não deve poupar despesas. Os cabelos castanhos e tipo mignon de Hermione serão um desafio para madame Maxime. Vai vesti-la com o objetivo de fazê-la ofuscar todas as loiras e ruivas de Londres. Fará isso, mesmo que tenha que passar as próximas duas semanas sem dormir. Então, cuidará de me cobrar o dobro de seus preços já exorbitantes, a fim de compensar o inconveniente. Já passei por isso antes. Agora que está tudo resolvido — Harry concluiu com frieza —, tenho muito trabalho a fazer.
Sirius emitiu um longo suspiro de frustração.
— Está bem, mas partiremos dentro de três dias, em vez de um. Isso dará tempo de avisar Sibila Trelawney para nos encontrar em Londres. Sendo solteiro, não posso viver na mesma casa de Hermione, sem a presença de uma acompanhante apropriada, especialmente em Londres. Mande seus criados na frente, para que organizem a casa. Enquanto isso, enviarei uma mensagem para Sibila Trelawney, para que nos encontre em Londres, depois de amanhã. Agora preciso lhe pedir um favor.
— Que favor?
Escolhendo cuidadosamente as palavras, Sirius falou devagar:
— Não quero que ninguém saiba que o seu noivado com Hermione não é real. Ao menos, não por enquanto.
— Por que não? — Harry indagou, impaciente.
— Bem, se os membros da ton acreditarem que Hermione é sua noiva, não vão abordá-la de imediato. Assim, ela terá maior liberdade para conhecer os cavalheiros disponíveis, antes de se decidir por um deles. — Como Harry parecesse prestes a contra-argumentar, Sirius acrescentou depressa: — Hermione será mais admirada e desejada, se os homens solteiros de Londres acreditarem que ela recebeu uma proposta de casamento sua. Todos vão pensar que ela é muito especial, para que você, justamente você, queira se casar com ela. Por outro lado, se imaginarem que a rejeitou, vão rejeitá-la também.
— A esta altura, a sua amiga lady Brown já se encarregou de espalhar que o noivado foi desfeito — Harry lembrou-o.
— Ora, ninguém dará a menor atenção a Brown, se você confirmar o noivado, quando for a Londres.
— Muito bem — Harry cedeu, disposto a concordar com qualquer coisa, a fim de encontrar um marido para Hermione. — Leve-a para Londres e apresente-a à sociedade. Providenciarei um dote razoável para ela. Organize algumas festas e convide todos os solteiros de boa posição da Europa. Atenderei ao début pessoalmente e ficarei em Londres para entrevistar os candidatos. Não será difícil encontrar alguém que a tire de nossas mãos.
Sentia-se aliviado por ter resolvido o problema de Hermione, que nem sequer se deu conta dos aspectos conflitantes dos argumentos apaixonados de Sirius em favor de manter o noivado de pé.
Hermione entrou na biblioteca ao mesmo tempo que Harry saía. Os dois trocaram sorrisos e, quando ele se foi, ela se aproximou de Sirius.
— Está disposto a jogar damas comigo, hoje, tio Sirius?
— O que disse? — ele perguntou, distraído. — Ah, sim, minha querida. Esperei por este momento o dia todo.
Os dois se sentaram diante do tabuleiro, um de cada lado. Enquanto arrumava as pedras em seus devidos lugares, Hermione observou o homem alto e elegante, de cabelos grisalhos, a sua frente. Durante o jantar, ele se mostrara alegre e descontraído, rindo muito das histórias contadas pelos mais jovens. Agora, porém, parecia preocupado.
— Está se sentindo bem, tio Sirius? — ela indagou.
— Estou ótimo, minha querida.
Porém, em menos de cinco minutos de jogo, Hermione já vencia a partida com grande facilidade.
— Parece que não estou conseguindo me concentrar — Sirius admitiu.
— Por que não conversamos, em vez de jogar? — Hermione sugeriu.
Assim que ele concordou, Hermione se pôs a pensar em um meio de descobrir, com muito tato, o que o estava preocupando. Seu pai sempre defendera a tese de que as pessoas deveriam desabafar o que quer que as incomodasse, especialmente aquelas que possuíam um coração fraco, pois assim evitariam o estresse que poderia provocar outro ataque cardíaco. Lembrando-se de que Harry estivera na biblioteca pouco antes de ela chegar, Hermione concluiu que o lorde fora a causa mais provável da contrariedade de Sirius.
— O senhor se divertiu no jantar? — perguntou em tom casual.
— Muito — ele respondeu com sinceridade.
— Acha que Harry também gostou?
— Ah, sim, sem dúvida. Por que pergunta?
— Bem, não pude deixar de notar que, ao contrário de todos nós, ele não contou histórias da infância.
Sirius desviou os olhos dos dela.
— Talvez ele não tenha conseguido se lembrar de nenhuma história divertida para contar.
Hermione mal prestou atenção à resposta, pois continuava empenhada em descobrir um meio de dirigir a conversa ao ponto que desejava.
— Achei que, talvez, ele estivesse contrariado com algo que eu fiz, ou disse, e por isso veio conversar com o senhor.
Sirius voltou a fitá-la, mas, dessa vez, seu olhar e seu sorriso brilhavam de ternura.
— Está preocupada comigo, não é, minha querida? Quer saber se algo está me perturbando?
Hermione caiu na risada.
— Sou tão transparente assim?
Ele pousou a mão sobre a dela.
— Você não é transparente, Hermione. É maravilhosa. Importa-se de verdade com as pessoas. Quando olho para você, sinto uma forte esperança no futuro. Apesar de todo o sofrimento que enfrentou nos últimos meses, ainda é capaz de perceber quando um velho parece cansado e se preocupa com ele.
— O senhor não é velho — ela protestou.
— Às vezes, sinto-me bem mais velho do que eu sou. Esta noite é uma dessas ocasiões, mas você conseguiu me alegrar. Posso lhe dizer uma coisa?
— O que quiser.
— Muitas vezes em minha vida desejei ter uma filha. Você é exatamente como imaginei que ela seria. Quando a vejo passeando pelo jardim, ou conversando com os criados, meu coração se enche de orgulho. Sei que deve parecer estranho, já que não contribuí em nada para você ser o que é, mas é assim que me sinto. Tenho vontade de gritar para todos os cínicos do mundo: “Olhem para ela e aprendam o significado da vida, da coragem e da beleza. Ela é o que Deus tinha em mente quando deu ao primeiro homem a sua companheira. Ela lutará por aquilo em que acredita, se defenderá quando for injustiçada e, ainda assim, aceitará um gesto de desculpa pela injustiça feita e perdoará sem o menor rancor”. — Hermione sentiu um nó se formar na garganta, enquanto Sirius acrescentava: — Sei que perdoou Harry mais de uma vez, pela maneira como ele tratou você. Eu penso em tudo isso e, então, me pergunto: “O que posso lhe dar, a fim de mostrar quanto carinho tenho por ela? Que presente um homem pode dar a uma deusa?”.
Hermione teve, a impressão de ver o brilho das lágrimas nos olhos de Sirius, mas não poderia ter certeza, uma vez que seus próprios olhos encontravam-se embaçados por elas.
— Ora, vejam! — Sirius exclamou com uma risada um tanto constrangida. — Vamos acabar chorando como crianças e derramando nossas lágrimas sobre o tabuleiro de damas! Já que respondi a sua pergunta, posso lhe fazer outra? O que você acha de Harry?
Hermione exibiu um sorriso nervoso.
— Ele tem sido generoso comigo — começou com cuidado, mas Sirius a interrompeu com um aceno de mão.
— Não é disso que estou falando. Quero saber o que acha dele em termos pessoais. Diga-me a verdade.
— Eu... acho que não entendi a pergunta.
— Muito bem, serei mais específico. Acha Harry atraente?
Hermione reprimiu uma risadinha infantil.
— A maioria das mulheres parece pensar assim — Sirius persistiu com um sorriso que, para Hermione, pareceu de orgulho. — E você?
Recuperando-se do choque provocado pela pergunta direta, Hermione assentiu, tentando não demonstrar o embaraço que sentia.
— Bom, bom. E concorda que ele é muito... másculo?
Para horror de Hermione, sua memória escolheu aquele exato momento para trazer à tona a lembrança do beijo que Harry lhe dera à beira do riacho. Imediatamente, suas faces adquiriram uma tonalidade escarlate.
— Vejo que concorda — Sirius concluiu erroneamente, com uma risadinha marota. — Ótimo. Agora, vou lhe contar um segredo: Harry é um dos melhores homens que você já conheceu. A vida dele não foi nada feliz, mas ele a leva adiante porque é dono de uma incrível força de vontade e de caráter. Leonardo da Vinci disse: “Quando mais grandiosa for a alma de um homem, mais profundamente ele amará”. Essas palavras sempre me fizeram pensar em Harry. Ele sente as coisas em grande profundidade, mas quase nunca demonstra seus sentimentos. E por ser tão forte, raramente encontra oposição de alguém... nunca de jovens mulheres. É por isso que você deve achá-lo um tanto... prepotente.
A curiosidade de Hermione foi maior que seu desejo de se manter discreta.
— De que maneira a vida dele não foi feliz?
— É Harry quem deve contar sobre sua vida a você. Não tenho o direito de fazer isso. Eu sei, no fundo do meu coração, que um dia ele a colocará a par de tudo. No entanto, tenho algo para lhe contar: Harry decidiu que você deve passar a próxima temporada em Londres, com toda a pompa e glamour. Partiremos dentro de três dias. Sibila Trelawney nos encontrará lá e, durante a quinzena que precede a abertura da temporada, ensinará tudo o que você tiver de aprender sobre como se comportar na sociedade londrina. Ficaremos hospedados na casa de Harry, que é bem mais adequada a festas e recepções do que a minha, e Harry ficará na minha casa, quando for a Londres. Não vi maiores problemas no fato de morarmos juntos, os três, aqui na privacidade do campo. Em Londres, porém, essa situação não poderia perdurar.
Hermione não fazia idéia do que uma temporada londrina compreendia e ouviu atentamente enquanto Sirius descrevia os bailes, festas, saraus, óperas e peças teatrais que a esperavam. Sua ansiedade já beirava a histeria, quando ele finalmente a informou de que Luna Weasley estaria em Londres pelos mesmos motivos.
— Embora você não tenha dado atenção especial ao comentário — ele concluiu —, lady Luna mencionou duas vezes que esperava vê-la em Londres, para que vocês duas pudessem se conhecer melhor. Vai gostar disso, não vai?
Hermione refletiu que gostaria muito, ao menos daquela parte da temporada londrina, e manifestou tal sentimento. Porém, detestou a idéia de deixar Gryffindor e enfrentar centenas de desconhecidos, especialmente se eles se parecessem com as duas Brown.
— Muito bem, já que está tudo resolvido — Sirius falou, abrindo uma gaveta da mesa e retirando um baralho —, diga-me uma coisa. Quando seu amigo Draco a ensinou jogar cartas ele incluiu o jogo piquet em suas lições?
Hermione assentiu.
— Ótimo! Vamos jogar, então. — Como Hermione concordasse de pronto, Sirius lhe lançou um olhar de fingida reprovação. — Não vai trapacear, vai?
— De jeito nenhum — ela prometeu em tom solene.
Sirius entregou-lhe o baralho.
— Primeiro, mostre-me a sua habilidade em embaralhar e dar as cartas. Vamos comparar nossas técnicas.
Caindo na risada, Hermione se pôs a embaralhar com destreza invejável.
— Para começar, vou deixá-lo pensar que esta é a sua noite de sorte — ela explicou, distribuindo doze cartas para cada um.
Sirius examinou as cartas que tinha na mão e assobiou baixinho.
— Quatro reis! Eu apostaria uma fortuna nesta mão.
— E perderia — Hermione garantiu com um sorriso malicioso, exibindo suas cartas, que incluíam quatro ases.
— Agora, é a minha vez — Sirius anunciou, fitando-a pelo canto do olho e tomando-lhe as cartas.
O que deveria ter sido um jogo de piquet se degenerou em uma grande farsa, na qual cada um se servia de cartas vencedoras, sempre que as distribuía. Suas gargalhadas faziam a biblioteca vibrar.
Incapaz de se concentrar no trabalho por causa do barulho no aposento ao lado, Harry decidiu ir até a biblioteca para investigar o que se passava. Quando abriu a porta, o relógio anunciava nove horas. Ao entrar, deparou com Sirius e Hermione ainda rindo, secando as lágrimas do rosto, um baralho no centro da mesa entre os dois.
— As histórias que estão partilhando no momento devem ser ainda mais engraçadas do que as que contaram durante o jantar — comentou, sem esconder um leve desagrado. — Posso ouvir suas gargalhadas do meu escritório.
— A culpa é toda minha — Sirius mentiu, piscando para Hermione e se levantando. — Hermione queria jogar baralho, mas não parei de distraí-la com brincadeiras. Não estou conseguindo me manter sério, esta noite. Por que não joga com ela?
Hermione esperava que Harry recusasse a sugestão, mas, para sua surpresa, depois de lançar um olhar curioso para Sirius, ele se sentou diante dela. Imediatamente, Sirius posicionou-se atrás de Harry e enviou uma mensagem clara para Hermione através de um olhar divertido: “Derrote-o sem dó! Trapaceie!”.
Animada pelas trapaças que haviam praticado até então, especialmente pelos novos truques que Sirius lhe ensinara, Hermione aceitou a sugestão sem hesitar.
— Quer dar as cartas, ou prefere que eu dê? — perguntou a Harry com ar inocente.
— Dê as cartas você — ele respondeu com cortesia.
Tendo o cuidado de fazê-lo se sentir seguro, Hermione embaralhou as cartas sem demonstrar grande habilidade. Então, começou a distribuí-las. Harry pediu a Sirius que servisse uma dose de conhaque, acendeu um dos charutos finos que gostava de fumar à noite e se acomodou na cadeira.
— Não vai olhar as cartas? — Hermione indagou.
Harry enfiou as mãos nos bolsos, segurando o charuto entre os dentes e fitando-a com olhar especulativo.
— Normalmente, prefiro que minhas cartas sejam retiradas do topo do baralho, não de baixo — murmurou.
Reprimindo o riso, Hermione tentou blefar.
— Não sei do que está falando — defendeu-se.
Harry ergueu uma sobrancelha.
— Sabe o que acontece a trapaceiros nos clubes de jogo?
Desistindo de fingir inocência, Hermione apoiou os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos. Então, fitou-o com olhar divertido.
— Não. O que acontece?
— O trapaceado geralmente desafia o trapaceiro para um duelo.
— Pretende me desafiar para um duelo? — Hermione arriscou, divertindo-se como nunca.
Harry estudou-a por alguns momentos, como se considerasse a possibilidade.
— Atira tão bem quanto disse, quando me ameaçou, esta tarde?
— Melhor — ela declarou com ousadia.
— E como se sai na esgrima?
— Nunca empunhei uma espada, mas talvez lady Luna se ofereça para tomar o meu lugar. Ela é ótima esgrimista.
O sorriso estonteante de Harry provocou reações estranhas em Hermione, quando ele comentou:
— Não sei onde estava com a cabeça quando achei que você e Luna Weasley seriam companhias seguras uma para a outra. — Então, Harry acrescentou o que Hermione considerou um grande elogio: — Que Deus ajude todos os homens solteiros de Londres, nesta temporada. Não restará um só coração intacto quando você tiver conhecido todos eles.
Hermione ainda se recuperava da surpresa provocada pela opinião de Harry sobre o efeito que ela exercia sobre os homens, quando ele se endireitou na cadeira e declarou:
— Agora, vamos ao jogo.
Como ela assentisse, Harry tomou-lhe o baralho.
— Cuidarei disso, se não se importar — falou em tom de brincadeira.
Harry já vencera três mãos, quando Hermione o viu retirar uma carta de que precisava do monte das que já havia descartado e que não deveria voltar a tocar.
— Trapaceiro! — acusou-o com uma risadinha indignada. — Estou vivendo com dois bandidos! Vi o que você fez! Está roubando nesta mão!
— Está redondamente enganada, minha cara — Harry a corrigiu com um sorriso, enquanto se punha de pé com movimentos ágeis. — Trapaceei desde o início do jogo.
Então, ele se inclinou e beijou-lhe a testa, antes de afagar-lhe os cabelos com um gesto afetuoso e sair da biblioteca.
Hermione estava tão atordoada pelas atitudes de Harry, que não viu a expressão de prazer e satisfação no rosto de Sirius, quando Harry saiu.
Dois dias depois, a Gazette e o Times anunciaram que lady Hermione Granger, condessa de Ravenclaw, cujo noivado com Harry Potter, marquês de Gryffindor, fora previamente anunciado, seria formalmente apresentada à sociedade em um baile a ser oferecido, dentro de duas semanas a contar daquela data, por seu primo, o duque de Grimmauld.
A ton mal havia digerido a notícia excitante e já testemunhava uma explosão de atividade na residência londrina do marquês de Gryffindor, localizada na Bond Street.
Em primeiro lugar, chegaram duas carruagens, trazendo além de criados de menor importância, Slughorn, o mordomo, McLaggen, o chefe dos lacaios, e a sra. Pomfrey, a cozinheira. Logo seguiu um imenso furgão que transportava a governanta, várias criadas, três ajudantes de cozinha, quatro lacaios, subordinados e uma verdadeira montanha de baús.
Pouco depois, mais uma carruagem chegou, trazendo a srta. Sibila Trelawney, a tia solteira do duque. Tratava-se de uma senhora gorducha, de rosto redondo e corado, emoldurado por cachos dourados. No topo da cabeça, ela envergava um chapeuzinho colorido, muito mais apropriado a uma moça bem mais jovem, que fazia a srta. Sibila parecer uma boneca envelhecida. Conhecida pela sociedade londrina, a srta. Sibila saiu da carruagem, acenou alegremente para dois amigos que passavam na rua e subiu apressada os degraus da porta de entrada da mansão do sobrinho-neto.
Toda essa atividade foi notada pelas damas e cavalheiros elegantes que passavam pela Bond Street, mas nada causou mais furor do que a chegada, no dia seguinte, da carruagem de Harry Potter, puxada por quatro magníficos garanhões. De seu luxuoso interior, saiu Sirius Potter, duque de Grimmauld, seguido por uma jovem que só podia ser a esposa prometida de Harry Potter. A jovem desceu os degraus da carruagem com movimentos graciosos, aceitou o braço oferecido pelo duque e exibiu um sorriso fascinante ao erguer os olhos para a lindíssima mansão de quatro andares.
— Meu Deus! É ela! — o jovem lorde Finnigan exclamou, do outro lado da rua, acotovelando com entusiasmo o amigo que o acompanhava. — É a condessa de Ravenclaw.
— Como pode ter certeza? — indagou lorde Thomas, alisando uma ruga imaginária no paletó.
— É evidente, mesmo a uma criatura totalmente desprovida de inteligência, quem ela é. Olhe para ela... é uma beldade. É incomparável!
— Não podemos ver-lhe o rosto — o amigo argumentou, com razão.
— Não precisamos, seu idiota. Se ela não fosse bonita, jamais teria recebido uma proposta de casamento de Gryffindor. Alguma vez você o viu em companhia de uma mulher que não fosse uma beldade?
— Não — lorde Thomas admitiu, antes de assobiar baixinho. — Ela tem cabelos castanhos! Por essa eu não esperava.
— Não são castanhos. Estão mais para dourados do que castanhos.
— Não, são acobreados. Aliás, uma cor encantadora. Sempre preferi as morenas.
— Bobagem! Você nunca teve preferência por morenas, pois elas nunca estiveram na moda.
— A partir de agora, estarão — lorde Thomas previu com um sorriso. — Se não me engano, minha tia Lestrange é amiga de Grimmauld. Vai conseguir um convite para o baile de apresentação da condessa de Ravenclaw. Acho que vou abordá-la e... — parou de falar quando a beldade em discussão virou-se para a carruagem, chamando alguém. Um instante depois, um animal imenso, coberto de pêlos cinzentos, saltou da carruagem e, então, o trio se encaminhou para a mansão. — Meu Deus! É um lobo!
— Ela tem estilo — lorde Finnigan decretou, assim que recuperou a voz. Nunca ouvi falar de uma mulher que tivesse um lobo de estimação. Ela é original.
Ansiosos para espalhar a notícia de que haviam sido os primeiros a terem um vislumbre da misteriosa lady Hermione Granger, os dois jovens se separaram e correram em direções opostas, cada um para o seu clube.
Na noite seguinte, quando Harry chegou a Londres e se dirigiu ao White’s pela primeira vez em muitos meses, pretendendo desfrutar algumas horas de diversão à mesa de jogo antes de sair para o teatro, já era fato notório que sua noiva era uma beldade magnífica, além de confirmada como lançadora de moda. Como resultado, em vez de jogar em paz, Harry era interrompido a todo momento por amigos e conhecidos, que insistiam em elogiar-lhe o bom gosto e a boa sorte, além de parabenizá-lo e desejar-lhe felicidades para o futuro.
Depois de enfrentar aquela farsa por duas horas, recebendo apertos de mãos e tapinhas no ombro, ocorreu a Harry que, apesar dos argumentos veementes de Sirius, não era boa idéia deixar a sociedade continuar acreditando que Hermione era sua noiva. Harry chegou a essa conclusão depois de refletir que nenhum dos homens solteiros que lhe haviam dado os parabéns se arriscaria a ofendê-lo, cortejando sua noiva. Assim, tratou de encorajá-los a abordá-la, agradecendo os cumprimentos, mas acrescentando uma pequena informação: “O casamento ainda não está definitivamente acertado entre nós”, ou “Lady Granger não tem certeza absoluta de que seu afeto pode ser meu em caráter permanente, uma vez que ainda não me conhece muito bem”.
Dizia essas coisas por julgá-las necessárias, mas se sentia profundamente desgostoso com aquela farsa e irritadíssimo por se ver obrigado a representar o papel do noivo prestes a ser rejeitado pela noiva.
Às nove horas, quando a carruagem estacionou diante da casa elegante que ele mantinha para a sua amante, na Williams Street, Harry encontrava-se de péssimo humor. Subiu os degraus da entrada e bateu na porta com impaciência.
A criada que abriu a porta lançou-lhe um olhar para suas feições sombrias e recuou, alarmada.
— A senhorita Fleur instruiu-me para lhe dizer que... não deseja vê-lo novamente.
— É mesmo? — Harry falou com voz macia.
A moça, sabendo muito bem que seu salário era pago pelo homem alto e ameaçador parado a sua frente, assentiu, engoliu em seco e balbuciou:
— Sim... Sim, senhor... A senhorita Fleur leu sobre o baile de sua noiva e se deitou. Está na cama, agora.
— Ótimo! — Harry exclamou em tom rude.
Sem paciência para mais um dos ataques de Fleur, passou pela criada, subiu a escada e entrou no quarto, sem bater. Estreitou os olhos ao deparar com a bela mulher reclinada sobre uma montanha de travesseiros revestidos de cetim.
— Mais uma crise depressiva, doçura? — inquiriu com frieza, apoiando-se no batente da porta.
Embora Fleur lhe lançasse um olhar faiscante, ela não respondeu.
Harry estava, ele mesmo, prestes a explodir em um ataque de ira.
— Saia da cama e vista-se — ordenou com voz perigosamente baixa. — Vamos a uma festa, esta noite, conforme o recado que lhe enviei.
— Não vou a lugar algum com você! Nunca mais!
Com gestos casuais, Harry começou a desabotoar o paletó.
— Nesse caso, chegue para lá. Passaremos a noite onde você está.
— Animal! — a beldade irada explodiu, saltando para fora da cama. — Como se atreve? Como pode pensar em se aproximar de mim, depois daquele artigo no Times? Saia da minha cama!
Harry limitou-se a estudá-la, impassível.
— Preciso lembrá-la de que esta casa é minha?
— Então, eu mesma sairei! — ela declarou, mas, ao mesmo tempo, seu lábio começou a tremer. Em seguida, Fleur se desfez em pranto. — Harry, como pôde fazer isso comigo? Você me disse que o seu noivado não passava de uma farsa... e eu acreditei! Jamais o perdoarei...
A raiva abandonou a expressão de Harry, dando lugar a certo arrependimento, à medida que ele reconhecia os soluços de verdadeiro sofrimento.
— Acha que isto pode ajudá-la a me perdoar? — perguntou, ao mesmo tempo em que retirava do bolso uma caixinha forrada de veludo e a estendia para Fleur.
Ela espiou por entre as lágrimas e o pranto cessou imediatamente, diante do esplendor do bracelete de brilhantes que repousava na caixinha. Erguendo a jóia com reverência nos dedos trêmulos, ela murmurou:
— Harry, por um colar que combine com este bracelete, posso perdoar qualquer coisa!
Harry, que estivera prestes a jurar que não tinha a menor intenção de se casar com Hermione, atirou a cabeça para trás e soltou uma estrondosa gargalhada.
— Fleur, essa é a qualidade que mais me atrai em você.
— Que qualidade?
— A cobiça descarada! Todas as mulheres são interesseiras, mas você, ao menos, é honesta. Agora, venha cá e me mostre quanto está feliz com o novo presente.
Fleur obedeceu, mas continuou a fitá-lo com olhar ligeiramente magoado.
— Você não tem uma opinião muito boa a respeito das mulheres, não é, Harry? Não é só por mim que nutre esse desprezo secreto, mas por todas nós, não é?
— Acho — ele respondeu em tom evasivo, enquanto desfazia os laços do robe de Fleur — que as mulheres são maravilhosas... na cama.
— E fora da cama?
Ignorando a pergunta, Harry a despiu, acariciando-lhe os seios com mãos experientes e beijando-a com ardor quase selvagem. Então, tomou-a nos braços e levou-a para a cama. Fleur nem percebeu que Harry não respondera a sua pergunta.
N/A: Pra quem ficou desesperado por causa da demora eu tenho uma má notícia, o próximo capítulo deve demorar ainda mais.
Eu sou uma das organizadoras da formatura da minha turma e passei o final de semana resolvendo problemas quanto a viajem que vamos fazer ainda esse mês. Por isso não tenho previsão de atualização.
Mas não vou desistir da fic, por isso...
Comentemmmmmmmmm
Bjs,
Jessica Malfoy
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