Capítulo 15



N/A: Depois de uma longa espera, capítulo 15 no ar! Tenho certeza que vai deixar muita gente feliz! O Capítulo não tá revisado, então desculpa qualquer erro!


Capítulo Quinze

Quando desceu para o café da manhã, Hermione se surpreendeu ao encontrar Sirius já à mesa, muito antes de seu horário habitual, parecendo extremamente animado.
— Está linda, como sempre — ele disse com um largo sorriso, ao se levantar e puxar a cadeira de Hermione.
— E o senhor parece melhor do que nunca — ela replicou retribuindo-lhe o sorriso.
— Nunca me senti melhor — Sirius admitiu. — Como está Harry?
Hermione deixou cair a colher com que mexia o chá.
— Eu o ouvi no corredor, de madrugada — Sirius explicou. — E ouvi a sua voz, também. Ele me pareceu um pouco... alterado.
— Eu diria que estava bêbado como um gambá! — Hermione corrigiu com uma risada.
— Slughorn me informou de que o seu amigo, Finnigan, esteve aqui há mais ou menos uma hora, perguntando com ar aflito sobre a saúde de Harry. Ao que parece, o jovem acredita que Harry participou de um duelo, ao amanhecer, e foi ferido.
Dando-se conta de que seria impossível esconder a verdade de Sirius, Hermione contou:
— Segundo Harry, ele duelou com lorde Finnigan porque lorde Finnigan me chamou de “almofadinha inglesa”.
— Ora, Finnigan está me deixando maluco com sua insistência para que eu lhe dê permissão para cortejá-la formalmente. Ele não diria uma coisa dessas.
— Tenho certeza que não, até porque isso não faz o menor sentido.
— Exatamente — Sirius concordou, divertido. — Mas, seja qual for a provocação ocorrida, aparentemente Finnigan atirou em Harry.
Hermione não pôde conter uma gargalhada.
— Harry disse que foi ferido no braço... por uma árvore!
— Quanta coincidência! — Sirius exclamou, partilhando com ela o humor da história. — Foi exatamente o que Finnigan disse a Slughorn! Bem, não creio que exista algum motivo de preocupação. Fui informado de que o doutor Smith cuidou de Harry e, sendo grande amigo nosso, além de excelente médico, se a saúde de Harry corresse o menor risco, ele estaria aqui, agora. E, mais importante, podemos confiar na discrição de Smith. Você deve saber que duelos são ilegais.
Hermione empalideceu e Sirius se apressou a pousar a mão sobre a dela, fitando-a com imensa ternura.
— Como já disse, não há com que se preocupar. Não tenho palavras para dizer quanto estou feliz por tê-la aqui conosco, minha querida. Há tanto que eu gostaria de lhe contar sobre Har... sobre tudo — corrigiu-se depressa. — Creio que, em breve, poderei fazer isso.
Hermione aproveitou a oportunidade para insistir que Sirius lhe falasse dos tempos em que conhecera sua mãe. Porém, como sempre fazia, ele se esquivou, prometendo:
— Logo, logo, mas não ainda.
O resto do dia se arrastou, enquanto Hermione esperava com nervosismo que Harry aparecesse. Não sabia como ele a trataria, depois do que acontecera de madrugada. Sua mente giravam recusando-se a abandonar a análise de todas as possibilidades. Talvez ele a desprezasse por ter se deixado beijar. Ou, então, odiasse a si mesmo por ter admitido que gostava dela. E, ainda, era possível que nada do que Harry dissera pudesse ser levado a sério.
Hermione tinha certeza de que a maior parte das atitudes que ele tomara na noite anterior havia sido induzida pelo álcool, mas queria muito acreditar que uma amizade mais sólida fosse resultar do que se passara entre eles. Ao longo das últimas semanas, ela passara a gostar muito de Harry e a admirá-lo e... Bem, seria melhor não pensar mais nisso.
À medida que o dia transcorria, suas esperanças foram se dissipando e a tensão se tornou ainda forte por causa das dezenas de visitantes que foram procurá-la, ansiosos para saber a verdade sobre o duelo de Harry. Slughorn encarregou-se de dizer a todos eles que lady Hermione fora passar o dia fora, enquanto ela continuava esperando.
À uma hora, Harry finalmente desceu, mas foi diretamente para o seu escritório, onde se fechou com lorde Weasley e mais dois cavalheiros, para uma reunião de negócios.
Às três horas, Hermione foi para a biblioteca. Profundamente contrariada consigo mesma por ter se preocupado tanto, tentou se concentrar em um livro, uma vez que se viu incapaz de conduzir uma conversa inteligente com Sirius, que se encontrava sentado diante dela, folheando um jornal.
Quando Harry finalmente entrou na biblioteca, a tensão de Hermione era tamanha, que ela quase pulou de susto ao vê-lo.
— O que está lendo? — ele perguntou em tom casual, parando ao lado dela.
— Shelley — Hermione respondeu, embaraçada por ter se demorado a lembrar o nome do poeta.
— Hermione — Harry começou e, só então, ela notou a tensão que tomava conta de suas feições. — Ontem à noite, fiz alguma coisa pela qual deveria me desculpar?
O coração de Hermione apertou-se. Harry não se lembrava de nada!
— Nada que eu me lembre — falou, tentando disfarçar a decepção.
Um esboço de sorriso curvou os lábios dele.
— Geralmente, quem não se lembra das coisas é quem bebeu demais — observou.
— Compreendo... Bem, não. Você não fez nada errado.
— Ótimo. Nesse caso, vejo você mais tarde, para irmos ao teatro. — Com um sorriso largo, Harry acrescentou: — Mione.
Então, virou-se para sair.
— Você disse que não se lembrava de nada! — Hermione explodiu, sem pensar.
Harry voltou a encará-la.
— Eu me lembro de tudo, Mione. Só queria saber se, na sua opinião, fiz algo de que deveria me desculpar.
— Você é o homem mais irritante do mundo! — ela acusou-o, sem poder conter uma risada.
— Verdade, mas você gosta de mim assim mesmo.
Um intenso rubor cobriu as faces de Hermione. Nem sequer lhe ocorrera que Harry pudesse estar acordado, quando ela confessara seus sentimentos por ele. Afundou-se na cadeira e fechou os olhos, sentindo-se mortificada. Um ruído leve lembrou-a da presença de Sirius. Voltou a abrir os olhos e o descobriu a observá-la com uma expressão de alegre triunfo.
— Muito bem, querida — ele comentou com um sorriso. — Sempre tive esperança de que você passasse a gostar dele. Agora, vejo que estive certo.
— Sim, mas ainda não compreendo Harry, tio Sirius.
Ele se mostrou ainda mais satisfeito.
— Se já gosta dele agora, que não consegue compreendê-lo, quando finalmente conseguir, vai gostar muito mais. Isso eu posso lhe garantir. — Sirius se levantou. — Agora, devo me retirar. Tenho um compromisso com um velho amigo.
À noite, quando entrou no salão, Hermione encontrou Harry a sua espera. Estava mais bonito do que nunca, vestindo um traje cor de vinho com camisa branca. O rubi do prendedor da gravata combinava com os outros dois, incrustados nas abotoaduras.
— Você tirou a tipóia! — Hermione acusou.
— E você não está pronta para ir ao teatro — ele retrucou. — E os Spinnet darão uma festa esta noite. Vamos para lá, mais tarde.
— Não estou disposta a sair, hoje. Já enviei uma mensagem ao marquês De Salle, pedindo desculpas por não acompanhá-lo ao jantar dos Spinnet.
— Ele vai ficar arrasado — Harry concluiu satisfeito. — Especialmente quando souber que foi ao jantar comigo.
— Não posso fazer isso!
— Pode, sim.
— Acho que você deveria usar a tipóia — Hermione tentou mudar de assunto.
— Se eu aparecer em público usando a tipóia, Finnigan vai acabar convencendo Londres inteira de que fui atingido por uma árvore.
— Duvido que ele diga isso — Hermione falou com um sorriso divertido. — Ele é muito jovem e, portanto, é mais provável que tente ganhar moral, dizendo que ele mesmo o atingiu.
— O que é muito mais embaraçoso do que ser atingido por uma árvore. Finnigan nem sabe que extremidade da pistola apontar para o alvo.
Hermione reprimiu uma gargalhada.
— E por que devo sair com você, se tudo do que precisa é aparecer em público, sem aparentar estar ferido?
— Porque se você não estiver ao meu lado, alguma mulher ansiosa para se transformar em duquesa vai se pendurar no meu braço. Além disso, quero a sua companhia.
— Está bem. Eu não suportaria o sentimento de culpa, se fosse a responsável pela destruição de sua reputação de excelente duelista. — Antes de sair, Hermione virou-se para Harry com um sorriso malicioso. — É verdade que matou dezenas de homens em duelos, na Índia?
— Não — ele respondeu em tom seco. — Trate de se apressar.
Ao que parecia, toda a sociedade londrina decidira ir ao teatro naquela noite. E todos os olhos se fixaram no camarote de Harry, quando ele chegou, acompanhado por Hermione. Os murmúrios tiveram início imediato. Naturalmente, Hermione calculou que todos estavam surpresos por ver Harry em boas condições de saúde, mas logo começou a mudar de idéia. Quando deixaram o camarote, durante o intervalo, ela percebeu algo diferente no ar. Moças e senhoras, pessoas que haviam sido muito amigáveis antes, agora a fitavam com olhares suspeitos e até mesmo desdenhosos. E Hermione não demorou a descobrir o motivo: Harry havia duelado por ela. Sua reputação sofrera um duro golpe.
Não muito longe dali, uma mulher idosa, usando um turbante branco, ornado por uma grande ametista, observava Harry e Hermione com interesse.
— Então, é verdade que ele duelou por ela? — a duquesa de Claremont perguntou a sua acompanhante.
— Foi o que ouvi, alteza — lady Bones respondeu.
A duquesa se apoiou na bengala, examinando a bisneta.
— Ela é a imagem viva de Katherine.
— Tem razão, alteza.
Mais uma vez, a duquesa examinou Hermione da cabeça aos pés e então, dirigiu o olhar para Harry.
— Sujeitinho atraente, não?
Lady Bones empalideceu, sem saber o que dizer.
Ignorando o silêncio da acompanhante, a duquesa tamborilou os dedos na bengala e continuou estudando o marquês de Gryffindor.
— Ele se parece com Grimmauld — concluiu.
— Há uma certa semelhança — lady Bones concordou, hesitante.
— Ora, Gryffindor é exatamente igual a Grimmauld quando era jovem!
— Exatamente — a acompanhante concordou.
Um sorriso malicioso curvou os lábios da duquesa.
— Grimmauld pensa que vai realizar um casamento entre nossas famílias, contra minha vontade. Esperou vinte e dois anos para se vingar de mim e pensa que, finalmente, chegou o momento. — Soltou uma risada maligna, enquanto observava o belo casal. — Grimmauld está redondamente enganado.
Nervosa, Hermione desviou o olhar da velha senhora que usava o turbante peculiar. Todos pareciam observar a ela e a Harry, até mesmo pessoas que nunca vira antes, como aquela senhora.
— Foi um grande erro termos vindo juntos — comentou com Harry, apreensiva.
— Por quê? Você gostou de assistir à peça e eu gostei de ficar olhando para você.
— Pois não deveria ficar olhando para mim e, muito menos, demonstrar prazer nisso — ela o repreendeu, tentando esconder o profundo prazer proporcionado pelo elogio casual.
— Por que não?
— Porque todos estão nos observando;
— Já nos viram juntos antes — Harry comentou com indiferença, levando-a de volta ao camarote.
A situação piorou quando chegaram à festa dos Spinnet. No momento em que os dois puseram os pés no salão, todos os convidados se viraram para fitá-los com ar decididamente pouco amigável.
— Harry, é horrível! Aqui é pior que no teatro. Lá, ao menos algumas pessoas prestavam atenção na peça. Aqui, todos olham para nós! Quer fazer o favor de parar de sorrir para mim? Estão nos observando!
— O que estou vendo — Harry falou com tranqüilidade — são os seus admiradores olhando para mim, como se estivessem tentando pensar em uma maneira de cortar o meu pescoço.
Hermione suspirou, exasperada.
— Está, deliberadamente, ignorando o que de fato aconteceu. Luna Weasley está a par de todos os mexericos da ton. Ela me contou que ninguém jamais acreditou que estávamos interessados um no outro. Todos concordavam que estávamos levando a farsa adiante, só pelo bem de tio Sirius. Mas agora, você participou de um duelo, porque alguém fez um comentário ofensivo sobre mim, o que muda tudo. Estão especulando todo o tempo que você tem passado em casa quando eu estou lá e...
— Por acaso, aquela é a minha casa — Harry a interrompeu, franzindo o cenho.
— Eu sei, mas é o princípio que conta. Todos, especialmente as mulheres, estão pensando as coisas mais horríveis de nós. Se você não fosse quem é, o problema não seria tão grave — Hermione acrescentou, referindo-se às condições confusas daquele suposto noivado. — É o princípio da...
Harry baixou o tom de voz para um sussurro gelado.
— Está enganada se julga que me preocupo com o que as pessoas pensam, inclusive você. Não perca tempo me passando um sermão sobre princípios porque não tenho nenhum. E não me confunda com um cavalheiro, pois não sou. Já vivi em lugares de que você nem sequer ouviu falar. E fiz coisas, em todos eles, que ofenderiam a sua sensibilidade puritana. Você é uma criança inocente. Eu nunca fui inocente. Nem mesmo fui criança. Mas já que está tão preocupada com o que as pessoas pensam, podemos resolver o problema com relativa facilidade. Pode passar o resto da noite com os seus admiradores, enquanto eu vou tratar de encontrar alguém para me fazer companhia.
Hermione ficou tão confusa e magoada com o ataque inesperado de Harry que mal conseguia pensar, no momento em que ele se afastou. Porém, fez exatamente o que ele havia sugerido e, apesar de perceber que as pessoas já não lhe lançavam olhares tão desagradáveis, teve uma das piores noites de sua vida. O orgulho ferido a fez fingir que estava se divertindo na companhia de seus parceiros, mas seus ouvidos pareciam irremediavelmente sintonizados no som profundo da voz de Harry. Seu coração, por sua vez, parecia pressentir cada aproximação dele.
Sentindo-se cada vez mais infeliz, Hermione deu-se conta de que Harry não perdera tempo e já se encontrava cercado por três lindas loiras, que disputavam sua atenção, dispostas a virarem no avesso, se necessário, para conquistar um único sorriso do homem mais desejado da ton. Desde a noite anterior, Hermione não se permitia pensar no prazer que os lábios dele haviam lhe proporcionado. Agora, porém, sua mente parecia se recusar a focalizar qualquer outro pensamento. Desolada, descobriu que queria tê-lo de volta a seu lado, e não vê-lo na companhia daquelas mulheres desprezíveis. E, para isso, sentia-se mais do que disposta a mandar a opinião alheia para o inferno.
Um jovem de seus vinte e cinco anos lembrou-a de que ela havia lhe prometido a próxima dança.
— Sim, claro — Hermione respondeu, sem muito entusiasmo. — Sabe que horas são, senhor Longbottom?
— São onze e meia — ele a informou.
Hermione reprimiu um gemido de agonia. A noite ainda demoraria horas para terminar.

Sirius entrou na mansão Gryffindor e deparou com Slughorn.
— Não precisava ter me esperado acordado, Slughorn — falou com um sorriso gentil. — Que horas são?
— Onze e meia, alteza.
— Harry e Hermione só devem chegar perto do amanhecer. Portanto, é melhor não esperar por eles. Você sabe como essas festas terminam tarde.
Slughorn desejou-lhe boa-noite e se dirigiu para seus aposentos. Sirius tomou o rumo do salão, onde pretendia saborear uma boa dose de vinho do Porto e se deliciar com pensamentos agradáveis sobre o romance entre Harry e Hermione, que finalmente florescera no quarto de Harry, naquela madrugada. Dera apenas alguns passos pelo corredor, quando ouviu uma batida na porta. Acreditando que Harry e Hermione haviam se esquecido de levar a chave e decidido voltar mais cedo, virou-se e foi atender a porta, com um alegre sorriso nos lábios. Porém, o sorriso se desfez, dando lugar a um olhar de interrogação, quando ele se deparou com um desconhecido impecavelmente vestido.
— Perdoe-me por incomodá-lo a esta hora, alteza — o homem falou. — Sou Argus Filch e minha firma foi contratada por outra firma de advocacia, da América, com instruções para lhe entregar esta carta pessoalmente. Tenho outra carta endereçada à senhorita Hermione Granger.
Um pressentimento terrível e incontrolável tomou conta de Sirius.
— Lady Granger não está em casa, no momento.
— Sei disso, alteza. Estou esperando em minha carruagem há horas, pela chegada de um dos dois. No caso de não encontrar lady Granger, tenho instruções de entregar a carta a sua alteza e pedir-lhe que se encarregue de fazê-la chegar às mãos dela. Boa noite, alteza.
Com mãos trêmulas e molhadas de suor, Sirius fechou a porta e abriu a carta endereçada a ele, procurando, aflito, pela identidade do signatário. O nome “Draco Malfoy” saltou aos seus olhos. Olhou fixamente para o papel, sentindo o coração prestes a explodir dentro do peito. Então, forçou-se a ler a mensagem. Enquanto o fazia, suas faces empalideceram e as palavras dançaram diante de seus olhos embaçados.
Quando terminou a leitura, Sirius deixou as mãos caírem ao lado do corpo, e tombou a cabeça para a frente. Seus ombros sacudiram e as lágrimas correram soltas por suas faces, ao mesmo tempo em que seus sonhos e esperanças se desfaziam em uma explosão que fez seu sangue rugir em seus ouvidos. Muito tempo depois de as lágrimas terem secado, ele continuava ali parado, olhando fixamente para o chão. Finalmente, com movimentos lentos e pesados, endireitou os ombros e ergueu a cabeça.
— Slughorn — chamou, já subindo a escada. — Slughorn!
O mordomo apareceu no corredor, vestindo o paletó.
— Chamou, alteza? — indagou, pousando o olhar alarmado no duque, que se encontrava parado na escada, agarrando o corrimão com firmeza.
— Chame o doutor Smith — Sirius ordenou. — Diga-lhe para vir imediatamente.
— Devo mandar chamar lorde Potter e lady Hermione, também? — Slughorn perguntou depressa.
— Não! — Sirius respondeu, erguendo a voz, mas tratou de recuperar o controle. — Avisarei, se for preciso, depois que o doutor Smith chegar.
O dia já estava quase amanhecendo, quando a carruagem de Harry estacionou diante da porta da mansão. Nem Harry, nem Hermione haviam pronunciado uma palavra sequer, durante o trajeto de volta para casa. Porém, ao notar a reação de alarme de Harry, Hermione inquiriu:
— De quem é aquela carruagem?
— Do doutor Smith — ele respondeu, já abrindo a porta e saltando para o chão.
Sem cerimônia, tomou-a nos braços e a colocou nos degraus da entrada. Então, correu na direção da porta, que Slughorn já abrira. Segurando a saia, Hermione se apressou a segui-lo, o pânico apertando-lhe o peito.
— O que houve? — Harry perguntou a Slughorn.
— Seu tio, milorde... Ele teve um ataque cardíaco. O doutor Smith está com ele, agora.
— Ah, meu Deus! — Hermione exclamou, apertando o braço de Harry em busca de apoio.
Juntos, os dois subiram a escada, mas Slughorn, que já os seguia avisou:
— O doutor Smith pediu que vocês não entrassem, antes que eu o informasse de sua chegada.
Quando Harry erguia a mão para bater na porta do quarto de Sirius, o dr. Smith a abriu. Depois de sair do quarto, ele fechou a porta atrás de si.
— Ouvi barulho e concluí que vocês haviam chegado — falou, passando as mãos pelos cabelos revoltos.
— Como ele está? — Harry indagou.
O dr. Smith respirou fundo, antes de declarar:
— Ele sofreu uma grave recaída, Harry.
— Podemos vê-lo?
— Sim, mas devo adverti-los para não dizer, nem fazer nada que possa contrariá-lo, ou preocupá-lo.
Hermione levou a mão ao peito.
— Ele não vai... Ele não vai morrer, vai, doutor?
— Mais cedo ou mais tarde, todos nós morreremos, minha cara — o médico respondeu com tamanha gravidade, que Hermione sentiu o corpo inteiro estremecer.
Entraram no quarto do moribundo e se aproximaram da cama. Harry parou de um lado, Hermione do outro. Embora as velas estivessem acesas sobre a mesa da cabeceira, para Hermione o quarto pareceu tão escuro e sombrio quanto um túmulo. A mão de Sirius estava inerte sobre as cobertas e ela a segurou entre as suas, com firmeza, como se tentasse transmitir a ele parte de sua energia.
Os olhos de Sirius se abriram e focalizaram o rosto de Hermione.
— Minha querida criança — ele murmurou com voz fraca. — Eu não queria morrer tão cedo. Queira tanto vê-la bem encaminhada, antes. Quem vai cuidar de você, quando eu me for? Quem mais lhe dará um lar?
As lágrimas brotaram dos olhos de Hermione. Aprendera a amar aquele homem como a um verdadeiro tio e, agora, estava prestes a perdê-lo. Tentou falar, mas o nó em sua garganta a impediu. Assim, ela se limitou a apertar a mão de Sirius contra o peito.
Ele se virou para Harry.
— Você se parece tanto comigo... tão teimoso quanto eu... Agora, ficará sozinho, como eu sempre fui.
— Não fale — Harry ordenou com voz embargada pela emoção. — Descanse.
— Como posso descansar? Como posso morrer em paz, sabendo que Hermione estará sozinha? Vocês dois ficarão sozinhos, cada um a sua maneira. Ela não poderá continuar sob a sua proteção, Harry, pois a sociedade jamais perdoará... — Sirius parou de falar, visivelmente lutando a fim de reunir forças para continuar, antes de virar-se para Hermione. — Hermione, você tem esse nome por minha causa. Sua mãe e eu nos amávamos. Eu pretendia lhe contar tudo, um dia, mas agora não há mais tempo.
Hermione já não podia conter os soluços.
Sirius voltou a encarar Harry.
— Meu sonho era ver vocês dois casados, para que tivessem um ao outro, quando eu partisse...
O rosto de Harry era uma máscara de dor controlada. Ele assentiu com ar grave.
— Cuidarei de Hermione... Prometo me casar com ela — acrescentou depressa, ao perceber que Sirius pretendia protestar.
Hermione ergueu os olhos arregalados para Harry, mas logo se deu conta de que ele só queria oferecer conforto a Sirius, na hora da morte.
Sirius fechou os olhos com um suspiro cansado.
— Não acredito em você, Harry — murmurou.
Desesperada, Hermione se pôs de joelhos, ao lado da cama.
— Não deve de preocupar conosco, tio Sirius — implorou, aos prantos.
Com dificuldade, Sirius virou a cabeça no travesseiro e abriu os olhos. Então, fixou-os nos de Harry.
— Jura? — inquiriu. — Pode jurar que vai se casar com Hermione e cuidar dela para sempre?
— Eu juro — Harry declarou.
E foi então que Hermione viu o brilho de determinação nos olhos dele e descobriu que Harry não estava fingindo, mas, sim fazendo um juramento solene para um moribundo.
— E você, Hermione? — Sirius indagou. — Promete aceitá-lo?
Hermione ficou petrificada. Aquele não era momento para discutir. O fato brutal era que sem Sirius e sem Harry, ela não tinha mais ninguém no mundo. Lembrou-se do prazer que o beijo de Harry lhe proporcionara. Embora temesse sua frieza, sabia que ele era forte e capaz de protegê-la. Os planos de, um dia, retornar à América por sua conta deram lugar à necessidade urgente de sobrevivência e de oferecer um pouco de conforto a Sirius, no momento de sua morte.
— Hermione? — Sirius insistiu com voz cada vez mais fraca.
— Prometo aceitá-lo — ela declarou.
— Obrigado — Sirius murmurou, fazendo um esforço patético para sorrir. Então, retirou a mão esquerda de sob as cobertas e segurou a de Harry. — Agora, posso morrer em paz.
De repente, o corpo de Harry ficou tenso. Seus olhos fixaram-se nos de Sirius e seu rosto se transformou em uma máscara de cinismo. Com voz sarcástica, replicou:
— Agora, você pode morrer em paz, Sirius.
— Não! — Hermione explodiu em soluços. — Não morra, tio Sirius. Por favor! — Tentando desesperadamente dar a ele uma razão para lutar pela vida, argumentou: — Se morrer agora, não poderá levar-me ao altar, no nosso casamento...
O dr. Smith se adiantou e ajudou Hermione a se pôr de pé. Fazendo um sinal para Harry, levou-a para o corredor.
— Já chega por ora, minha cara — o médico murmurou com voz gentil. — Se continuar assim, vai ficar doente também.
— Acha que ele vai viver, doutor? — ela perguntou, sem conter as lágrimas.
— Ficarei ao lado dele e os informarei sobre qualquer mudança em seu estado.
Sem oferecer esperança real, o médico voltou para dentro do quarto e fechou a porta.
Hermione e Harry desceram para o salão. Harry sentou-se ao lado dela e, a fim de confortá-la, passou o braço em torno de seus ombros e puxou-a para si. Hermione afundou o rosto no peito dele e soluçou até suas lágrimas secarem. Passou o resto da noite nos braços de Harry, rezando em silêncio.
Enquanto isso, Sirius passou o resto da noite jogando cartas com o dr. Smith.

N/A: Tinha gente se descabelando por causa da demora, mas relevem pessoal, epoca de carnaval e eu tbm mereço curtir né?
Outra razão pela demora foi que me deu um acesso de loucura e escrevi outra fic, não tá nada grandiosso, mas eu achei que ficou engraçadinha, rsrs!
Quem quiser depois de uma passada lá!
E o que vcs acharam dessa marotice do Sirius? Bom, como dizem que os fins justificam os meios vamos esperar pra ver no que vai dar!
E respondendo a pergunta da Anna fletcher, a Mione tem 18 anos, e o Harry tem 30!
Bjão e até o proximo capítulo!
Jéssica Malfoy

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