Capítulo 13
N/A: Millllllll Desculpas pela demora, mas estive muito ocupada essa semana. Esse mês começam as aulas, então provavelmente os capítulos daqui pra frente vão começar a ser postados semanalmente. Não se preocupem a fic vai ser postada, eu não vou desistir. Bem, quanto ao capítulo há uma menção do Draco, só não sei se vocês vão ficar muito satisfeitos com o que acontece! Boa leitura!!!
Capítulo Treze
A previsão de Ron sobre o sucesso de Hermione se confirmou. No dia seguinte ao baile, doze cavalheiros e sete jovens damas foram visitá-la, fazendo-lhe convites e suplicando que Hermione lhes mostrasse Wolf de perto. Slughorn viveu seu dia de glória, conduzindo visitantes de um salão para outro e distribuindo tarefas entre os lacaios, que carregavam bandejas de chá para todos os lados.
Quando o jantar foi servido, às nove horas, Hermione estava exausta, sem a menor condição de comparecer a qualquer dos bailes e saraus para os quais fora convidada. Fora dormir quando o dia estava prestes a amanhecer e mal conseguia manter os olhos abertos, enquanto saboreava a sobremesa, Harry, por sua vez mostrava-se cheio de energia, como sempre, mesmo depois de ter trabalhado em seu escritório a tarde inteira.
— Hermione, você foi um sucesso incomparável, ontem à noite — ele disse. — Ficou evidente que Thomas e Finnigan já estão enamorados. Assim como lorde Goldstein, que é considerado o partido mais apetitoso da temporada.
Os olhos sonolentos de Hermione brilharam de divertimento.
— Essa expressão me fez pensar em um suculento linguado!
Um minuto depois, ela pediu licença para se retirar. Harry desejou-lhe boa-noite, ainda sorrindo pelo gracejo de Hermione. Ela era capaz de iluminar um ambiente com seu sorriso, mesmo que fosse sonolento. Por trás daquela sofisticação natural, havia docilidade e inteligência, também. Harry bebericou o seu conhaque, lembrando-se de como ela encantara a ton, na noite anterior, com sua beleza e simpatia. Também conquistara Slughorn de maneira definitiva, ao tocar Mozart especialmente para ele, antes do jantar. Quando Hermione terminara, o mordomo tinha lágrimas nos olhos. Em seguida, ela mandara chamar McLaggen e tocara uma animada jiga irlandesa para o chefe dos lacaios. Ao final da apresentação, havia uma dúzia de criados junto à porta do salão, ouvindo fascinados o concerto improvisado. Em vez de ordenar que se dispersassem e se ocupassem de suas tarefas, como Harry estivera prestes a fazer, Hermione perguntou-lhes se algum deles gostaria de ouvir alguma canção em particular. Sabia os nomes de cada um e indagou-lhes sobre sua saúde e suas famílias. E, apesar de exausta, permanecera ao piano por mais de uma hora.
Harry deu-se conta de que todos os criados tinham profunda devoção por ela. Lacaios sorriam e faziam qualquer coisa para agradá-la; criadas se apressavam a satisfazer seus mínimos desejos. E Hermione agradecia a cada um deles com atenção personalizada por seus serviços. Sabia lidar com as pessoas e era capaz de conquistar barões e mordomos com igual facilidade, talvez por tratar a todos com o mesmo interesse sincero e despojado.
Distraído, Harry girou o copo entre os dedos, refletindo que depois da saída de Hermione, o salão parecia escuro e vazio. Não percebeu que Sirius o observava com um brilho de profunda satisfação no olhar.
— Ela é uma jovem extraordinária, não é? — Sirius comentou em tom casual.
— Sim.
— Além da beleza exótica, possui inteligência rara. Ora, você riu mais desde que Hermione chegou à Inglaterra do que riu em um ano! Não negue: a garota é esplêndida.
— Não vou negar — Harry respondeu, lembrando-se da incrível facilidade com que ela se comportava como uma condessa, uma camponesa, uma criança travessa, ou uma mulher sofisticada, dependendo de seu estado de espírito e do ambiente a sua volta.
— Ela é charmosa e inocente, mas também tem força e coragem. O homem certo poderá transformar Hermione em uma mulher ardente e apaixonada, para aquecer-lhe a cama e a vida. — Sirius fez uma pausa, mas como Harry não dissesse nada, continuou: — O tal Draco não tem a menor intenção de se casar com ela. Não tenho mais nenhuma dúvida quanto a isto. Se fosse diferente, já teria entrado em contato com ela, a esta altura. — Fez outra pausa e Harry permaneceu em silêncio. — Lamento muito mais por Draco do que pela própria Hermione. Aliás, tenho pena de qualquer homem que seja tolo o bastante para ignorar a única mulher que pode fazê-lo feliz. Harry, está me ouvindo?
Harry fitou-o com ar impaciente e ligeiramente confuso.
— Ouvi cada palavra. O que tudo isso tem a ver comigo?
— O que...? — Sirius começou, frustrado, mas tratou de se controlar. — Ora, tem tudo a ver com você e comigo, também. Hermione é uma jovem solteira. Mesmo com a presença da senhorita Sibila como sua acompanhante, ela não pode continuar vivendo indefinidamente na companhia de um homem solteiro, tendo outro solteiro que passa os dias aqui. Se continuarmos assim por mais tempo, as pessoas vão achar que ela realmente não passa de mais uma de suas conquistas e, então, será marginalizada. Você não quer ser motivo de humilhação para a garota, quer?
— Claro que não.
— Então, resta uma única solução: ela terá de se casar o mais depressa possível. — Sirius esperou, mas Harry ficou quieto. — Não acha, Harry?
— Sim, sim.
— E com quem ela deve se casar, Harry? — Sirius indagou, triunfante. — Quem poderá transformá-la em uma mulher ardente e apaixonada? Quem precisa de uma esposa para aquecer-lhe a cama e lhe dar um herdeiro?
Harry deu de ombros, visivelmente irritado.
— Como vou saber? Não sou o alcoviteiro da família.
— Está dizendo que não é capaz de pensar em um único homem com quem Hermione deveria se casar? — Sirius inquiriu, boquiaberto.
Harry esvaziou seu copo de conhaque de um só gole e, então se levantou.
— Hermione sabe cantar, tocar piano, costurar e se comportar na sociedade — resumiu. — Encontre um homem com bom ouvido para música, bons olhos para a beleza e amor por cachorros. Mas certifique-se de que ele seja de natureza muito tranqüila, ou Hermione acabará por enlouquecê-lo. Simples, não acha?
Como Sirius continuasse a fitá-lo, boquiaberto, Harry acrescentou em tom irritado:
— Tenho seis propriedades para administrar, uma frota de navios para supervisionar e uma centena de detalhes para cuidar. Cuidarei dessas coisas. Você tratará de encontrar um bom marido para Hermione. Farei minha parte, acompanhando-a a alguns bailes e saraus, durante as duas próximas semanas. Ela já é um sucesso. Basta que apareça mais algumas vezes, em diferentes eventos sociais, para que tenha uma fila de pretendentes maior do que você seria capaz de sonhar. Trate de estudá-los quando vierem visitá-la e, então, faça uma lista dos melhores candidatos. Examinarei a sua lista e escolherei um.
Os ombros de Sirius vergaram sob o peso da derrota.
— Como desejar.
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— Não vejo uma jovem causar tamanha euforia em Londres, desde o début de Luna — Ronald Weasley comentou com Harry, enquanto ambos observavam Hermione em um baile, uma semana depois. — Ela foi o assunto mais comentado da semana. É verdade que Hermione disse a Terry Boot que seria capaz de vencê-lo em um torneio de tiro ao alvo, usando a própria pistola dele?
— Não. Hermione disse que se Terry Boot tentasse tomar mais alguma liberdade indesejada, ela atiraria nele... e se errasse o alvo, atiçaria Wolf contra ele. E, caso Wolf não terminasse o serviço, ela garantiu que eu o faria. — Harry riu e sacudiu a cabeça. — Foi a primeira vez que alguém me indicou para o papel de herói. Só fiquei um pouco decepcionado por ter sido a segunda escolha, depois do cachorro.
Ron lançou um olhar estranho para Harry, que não notou, pois observava Hermione atentamente. Cercada por admiradores que disputavam suas atenções, ela se mostrava serena e imperturbável, como uma rainha morena sendo cortejada por seus vassalos. Usando um vestido de cetim azul-claro e luvas do mesmo tecido, os cabelos castanhos caindo em cascatas sobre os ombros, ela dominava o baile com sua presença.
Enquanto a observava, Harry notou lorde Corner muito próximo de Hermione, os olhos fixos no decote profundo do vestido. Pálido de raiva, ele virou-se para Ron:
— Com licença. Preciso ter uma conversinha com Corner.
Foi a primeira de muitas vezes, durante a quinzena seguinte, que a ton assistiu ao incomparável espetáculo do marquês de Gryffindor investindo furiosamente, como falcão feroz, sobre algum pretendente entusiasmado, cujas atenções para com lady Hermione se tornavam marcantes demais.
Três semanas depois do début de Hermione. Sirius entrou no escritório de Harry.
— Já fiz a lista que você gostaria de examinar de candidatos a marido para Hermione — anunciou no tom de quem foi forçado a realizar uma tarefa repugnante e, então, não via a hora de se livrar da incumbência.
Harry parou de ler o relatório que tinha nas mãos e estreitou os olhos na direção do papel que Sirius segurava.
— Estou ocupado, agora.
— Mesmo assim, gostaria de examinar a lista com você. A tarefa de prepará-la não foi nada agradável. Selecionei diversos candidatos aceitáveis, mas não foi fácil.
— Tenho certeza disso — Harry comentou com sarcasmo. — Afinal todos os almofadinhas de Londres estiveram aqui, como cachorrinhos abanando suas caudas para Hermione! — Com isso, voltou a se concentrar no relatório. — Muito bem, leia os nomes, se assim desejar.
Franzindo o cenho diante da atitude indiferente de Harry, Sirius se sentou diante dele e colocou os óculos.
— Em primeiro lugar, selecionei lorde Thomas, que já me pediu permissão para cortejá-la.
— Não. Muito impulsivo — Harry decretou.
— Por que diz isso? — Sirius indagou, confuso.
— Thomas, não conhece Hermione o suficiente para querer “cortejá-la”, como você mencionou.
— Não seja ridículo! Os quatros primeiros jovens desta lista já me pediram permissão para cortejar Hermione, desde que, é claro, seu casamento com ela não esteja realmente decidido.
— Retire os quatro... pelo mesmo motivo — Harry persistiu, sem tirar os olhos do relatório. — Quem é o próximo?
— Lorde Finnigan.
— Jovem demais. O próximo?
— Colin Creevy.
— Baixo demais. O próximo?
— Roger Davies, que é alto, conservador, maduro, inteligente e atraente — Sirius recitou em tom de desafio. — Além disso, é herdeiro de uma das melhores e maiores propriedades da Inglaterra. Acho que daria um excelente marido para Hermione.
— Não.
— Por que não? — Sirius explodiu.
— Não gosto da maneira como Roger monta.
— Não gosta... Muito bem. O último nome da lista é de lorde MacMillan, excelente cavaleiro, bom camarada, também alto, atraente, inteligente e rico. Que defeito pode apontar nele? — Sirius inquiriu, triunfante.
— Não gosto dele.
— Não é você quem vai se casar com MacMillan!
Harry inclinou-se na cadeira e deu um murro na mesa.
— Já disse que não gosto dele. Assunto encerrado.
Lentamente, a irritação de Sirius deu lugar à surpresa e, então, a um sorriso malicioso.
— Você não a quer, mas também não quer que ninguém mais a tenha... Certo?
— Certo — Harry retrucou em tom ácido. — Não a quero.
A voz baixa e furiosa de Hermione se fez ouvir da porta:
— Também não quero você!
Os dois homens viraram-se para ela, mas seu olhar faiscante se manteve fixo em Harry, enquanto Hermione se aproximava e plantava as mãos na mesa.
— Já que está tão preocupado em se livrar de mim, caso Draco não venha me buscar, tratarei de me esforçar para encontrar vários substitutos para ele, mas você jamais seria um deles! Você não vale um décimo do que Draco vale. Ele é amável, gentil e bom de coração, enquanto você é frio, cínico, convencido e... um bastardo!
A palavra “bastardo” acendeu a chama de fúria nos olhos de Harry.
— Se eu fosse você — ele retrucou em tom perigosamente baixo —, começaria a procurar tais substitutos, pois o seu querido Draco não a quer mais do que eu quero.
Humilhada até onde já não podia suportar, Hermione girou nos calcanhares e marchou para fora do escritório, determinada a provar a Harry Potter que outros homens a queriam. E nunca mais se permitiria confiar nele de novo. Durante as últimas semanas, chegou a acreditar que eram amigos, que Harry gostava dela. Lembrou-se do que o chamara havia pouco e corou de vergonha. Como pudera deixar que ele a provocasse, a ponto de fazê-la xingá-lo?
Assim que Hermione saiu, Sirius virou-se para Harry com expressão amarga.
— Parabéns! Percebi que você queria fazê-la desprezá-lo desde o dia em que ela pôs os pés em Gryffindor, mas só agora compreendi o porquê. Vi o modo como olha para Hermione, quando pensa que não está sendo observado. Você a deseja e tem medo de que, em um momento de fraqueza, a peça em cas...
— Chega!
— Você a deseja — Sirius continuou, furioso. — Você a quer, gosta dela e se detesta por isso, pois se considera fraco. Bem, não precisa mais se preocupar, pois acabou de humilhá-la tão profundamente, que ela jamais o perdoará. Os dois acertaram. Você é mesmo um bastardo e Draco não virá buscá-la. Pode comemorar, Harry, pois não precisa mais se preocupar com suas fraquezas. Hermione vai odiá-lo ainda mais quando se der conta de que Draco não virá. Espero que desfrute do seu triunfo.
Harry apanhou o relatório que estivera lendo, mantendo a expressão impassível.
— Faça outra lista na semana que vem e, então, traga-a para mim.
A tarefa de selecionar os melhores candidatos para marido de Hermione, a fim de preparar uma lista, se tornou bem mais difícil para Sirius. Ao final da semana seguinte, a mansão se encontrava repleta de buquês de flores, levados por uma verdadeira multidão de cavalheiros entusiasmados, na esperança de conquistar as atenções e os favores de Hermione.
Até mesmo o elegante francês, marquês De Salle, curvou-se aos encantos dela. E não foi apesar da barreira da língua, mas sim por causa dela. Ele apareceu na mansão, um dia, na companhia do barão Krum e de outro amigo que decidira fazer uma visita matinal a Hermione.
— Seu francês é excelente — o marquês mentiu em inglês, em tom de galanteio.
Hermione fitou-o, divertida.
— Meu francês é medíocre! — protestou. — Tenho tanta dificuldade para imitar os sons anasalados do francês quanto os tons guturais dos apaches.
— O que são apaches?
— Uma tribo de índios americanos.
— Está se referindo a selvagens americanos? — interferiu o barão búlgaro, lendário cavaleiro do Exército da Bulgária, demonstrando interesse imediato. — Ouvi dizer que esses selvagens são cavaleiros soberbos. É verdade?
— Só conheci um índio, barão Krum, já bem velho e muito educado. Meu pai o encontrou doente, na floresta, e o levou para casa a fim de tratá-lo. Seu nome era Rushing River e ele ficou conosco, ajudando meu pai nos afazeres domésticos. Para responder a sua pergunta, embora fosse apenas metade apache, Rushing River era mesmo um cavaleiro soberbo. Eu tinha doze anos quando o vi realizar acrobacias sobre um cavalo e fiquei fascinada. Ele não usava sela e...
— Não usava sela! – o barão exclamou.
— Nenhum apache usa.
— Que tipo de acrobacias ele fazia? — O marquês perguntou, mais interessado no belo rosto de Hermione do que em suas palavras.
— Uma vez, ele me pediu que deixasse um lenço no meio de um campo. Então, cavalgou naquela direção, a toda velocidade. Quando já chegava onde havia deixado o lenço, largou as rédeas, tombou o corpo para o lado e apanhou o lenço, com o cavalo em movimento. Depois, ele me ensinou como fazer isso — Hermione confessou, rindo.
O barão parecia muito impressionado.
— Gostaria muito de ver isso. Pode me mostrar como se faz?
— Ah, sinto muito, mas seria impossível. O cavalo tem de ser treinado por um apache, antes.
— Você poderia ensinar algumas palavras da língua apache — o marquês sugeriu, sempre galante — e eu lhe ensinaria francês, em troca.
— Sua oferta é muito generosa, mas não seria justo, uma vez que tenho muito a aprender e bem pouco a ensinar. Só me lembro de algumas poucas palavras que Rushing River me ensinou.
— Tenho certeza de que poderia me ensinar uma frase, ao menos — ele insistiu.
— Ah, não, eu...
— Faço questão.
— Está bem — Hermione cedeu com um suspiro, antes de pronunciar uma frase apache. — Agora, tente repetir.
O marquês conseguiu na segunda tentativa e sorriu, satisfeito.
— O que significa? — perguntou. — O que eu disse?
Hermione lançou-lhe um olhar maroto, antes de traduzir:
— Aquele homem está pisando na minha águia.
O marquês, o barão e todos os presentes caíram na risada.
No dia seguinte, o barão búlgaro e o marquês voltaram para uma nova visita, o que aumentou ainda mais o prestígio e popularidade de Hermione.
Onde quer que ela estivesse, dentro da mansão, ouviam-se risadas alegres e animadas. No resto da casa, porém, a tensão emanada por lorde Potter fazia o ambiente vibrar. À medida que as semanas se seguiam e os admiradores de Hermione se multiplicavam, o humor de Harry ia de mau a pior. Onde quer que fosse, ele encontrava algo que o desagradava. Criticava a cozinheira por preparar seu prato predileto com muita freqüência; enfurecia-se com a governanta por um grão de poeira encontrado debaixo do corrimão; ameaçava demitir um lacaio, cujo uniforme apresentava um botão frouxo.
No passado, lorde Potter fora um patrão exigente, porém razoável. Agora, nada parecia satisfazê-lo, e qualquer criado que cruzasse o seu caminho não escaparia sem um sermão rude. Infelizmente, quanto mais impossível ele se tornava, mais nervosos e agitados os criados ficavam e, em sua tentativa de trabalhar duro e mais depressa, acabavam se tornando mais desajeitados.
Antes, as propriedades de Harry funcionavam como máquinas muito bem reguladas. Agora, criados tropeçavam e se chocavam uns contra os outros, na pressa desesperada de realizarem suas tarefas e evitarem a ira do patrão. Como resultado desse frenesi de nervosismo, um valiosíssimo vaso chinês foi quebrado, um balde de água com sabão foi tombado sobre o tapete persa da sala de jantar e o caos tomou conta da mansão.
Hermione percebeu a tensão reinante no ambiente, mas quando tentou, com todo cuidado, abordar o assunto com Harry, ele a acusou de “tentar iniciar uma insurreição”. Em seguida, fez comentários desagradáveis sobre o barulho provocado pelos visitantes dela enquanto ele tentava trabalhar, bem como sobre o odor “nauseante” das flores que tomavam conta da casa.
Por duas vezes, Sirius tentou apresentar sua nova lista de candidatos a Harry, mas tudo o que conseguiu foi ser expulso do escritório aos berros.
Quando até mesmo Slughorn foi castigado com uma reprimenda rude, a criadagem entrou em pânico. Porém, tudo terminou no final de uma tarde, cinco semanas depois do début de Hermione. Harry trabalhava em seu escritório e chamou Slughorn, que tentava acomodar em um vaso um buquê que acabara de ser entregue a Hermione.
Em vez de fazer o irascível patrão esperar, o mordomo apressou-se em entrar no escritório, de buquê em punho.
— Chamou, milorde? — indagou, apreensivo.
— Ora, que lindas — Harry comentou, sarcástico. — Mais flores? Para mim? — Antes que Slughorn pudesse responder, o patrão explodiu: — A casa inteira cheira a flores! Já está parecendo um velório! Trate de se livrar desse buquê. Depois, diga a Hermione que quero vê-la imediatamente. Então, encontre o convite para a festa dos Patil, esta noite. Não consigo me lembrar o horário. E avise meu valete para preparar trajes formais. E então? O que está esperando? Mexa-se!
— Sim, milorde — Slughorn respondeu, antes de sair correndo do escritório.
No corredor, deu de encontro com McLagen, que Harry acabara de repreender por não ter engraxado suas botas como deveria.
— Nunca o vi desse jeito! — o chefe dos lacaios comentou, de olhos arregalados, enquanto Slughorn enfiava as flores no vaso, antes de sair à procura de lady Hermione. — O lorde me pediu chá e, então, gritou comigo porque eu deveria ter-lhe servido café.
— O lorde não toma chá — Slughorn explicou, tenso.
— Foi o que eu disse a ele, quando pediu — McLaggen devolveu —, e fui chamado de insolente!
— O que você realmente é — o mordomo criticou, alimentando a animosidade que pairava entre ele e o lacaio irlandês havia vinte anos.
Em seguida, Slughorn se afastou, apressado.
No salão menor, Hermione olhava fixamente para a carta que acabara de receber da sra. Malfoy, enquanto as palavras iam ficando turvas diante de seus olhos:
... não vejo maneira delicada e lhe contar que Draco se
casou com a prima, na Suíça. Tentei avisá-la sobre essa
possibilidade antes de sua partida para a Inglaterra, mas
você não quis me ouvir. Agora, que terá de aceitar a reali-
dade, sugiro que procure por um marido mais adequado a
uma moça da sua posição.
— Não! Por favor! — Hermione murmurou, ao mesmo tempo em que seus sonhos e esperanças caíam por terra, juntamente com sua fé nos homens.
Lembrou-se do rosto bonito e sorridente de Draco, a elogiá-la enquanto cavalgavam juntos. “Ninguém monta como você Mione...” Também se lembrou do primeiro beijo, tão inocente, no seu aniversário de dezesseis anos. “ Se você fosse mais velha eu lhe daria um anel, em vez de um bracelete...”
— Mentiroso! — Hermione balbuciou entre soluços. — Mentiroso!
As lágrimas corriam soltas por suas faces, indo cair no papel.
Slughorn entrou no salão e anunciou:
— Lorde Potter deseja vê-la, no escritório, imediatamente, milady, e lorde Thomas acabou de chegar. Perguntou se... — parou de falar quando Hermione ergueu para ele os olhos vermelhos.
Em seguida, ela se pôs de pé e, cobrindo o rosto com as mãos, passou por ele e subiu a escada correndo.
Slughorn observou-a desaparecer e, com um gesto automático, abaixou-se para apanhar a carta que ela deixara cair no chão. Ao contrário de outros criados, que só ouviam partes de conversas familiares, Slughorn tinha acesso a muito mais informação. Também ao contrário dos demais, jamais acreditara que lady Hermione se casaria com lorde Potter. Além disso, ouvira a própria Hermione dizer várias vezes que pretendia se casar com um cavalheiro americano.
— Slughorn! — lorde Potter trovejou no escritório.
Como um autômato, o mordomo obedeceu ao chamado.
— Disse a Hermione que desejo vê-la? — Harry inquiriu. — O que tem na mão? É o convite dos Patil? Dê-me isso. — Harry estendeu a mão, impacientando-se ao ver o mordomo se aproximar lentamente da escrivaninha. — Que diabo deu em você, Slughorn? — perguntou, arrancando o papel das mãos do mais velho. — Que manchas são essas?
— Lágrimas — Slughorn respondeu, as costas eretas, a postura impecável, os olhos discretamente fixos na parede.
— Lágrimas? — Harry repetiu, tentando ler as palavras borradas. — Isto não é um convite, é... — parou de falar quando finalmente se deu conta do que lia. Ao terminar, ergueu os olhos flamejantes para Slughorn. — Ele mandou a mãe contar a Hermione que se casou com outra? É um patife, covarde, miserável!
— Concordo plenamente, milorde.
Pela primeira vez em quase um mês, a voz de Harry não soou carregada de raiva e ressentimento, quando ele anunciou:
— Vou falar com ela.
Levantou-se e foi direto ao quarto de Hermione.
Como sempre, ela não respondeu à batida. Como sempre, Harry abriu a porta e entrou sem permissão. Em vez de estar chorando no travesseiro, Hermione olhava pela janela, as costas rijas, como se tivesse de se esforçar para se manter ereta. Harry fechou a porta atrás de si e hesitou, torcendo para que ela lhe passasse um de seus sermões por ele ter entrado no quarto sem ter sido convidado. Porém, quando Hermione finalmente falou, sua voz soou tão calma e desprovida de emoção, que ele chegou a ficar alarmado.
— Por favor, saia — ela pediu.
Ignorando o pedido, Harry se aproximou.
— Hermione, eu lamento... — parou de falar ao ver a ira nos olhos dela.
— Aposto que sim! Não se preocupe, milorde, pois não tenho a menor intenção de ficar aqui por muito tempo, nem de continuar sendo um fardo para você.
Ele estendeu os braços na tentativa de confortá-la, mas Hermione se afastou de um pulo.
— Não me toque! Não se atreva! Não quero ser tocada por homem algum, especialmente por você. — Respirou fundo, obviamente lutando para manter o controle. — Estive pensando em como cuidar de mim mesma. Não sou tão inútil quanto você imagina. Sou excelente costureira. Madame Maxime mencionou mais de uma vez como é difícil encontrar profissionais competentes e responsáveis. Ela pode me dar um emprego e...
— Não seja ridícula! — Harry a interrompeu, furioso consigo mesmo por ter dito a ela que era inútil, quando chegara a Gryffindor e ainda mais furioso com Hermione por atirar-lhe as palavras no rosto, quando tudo o que ele queria era confortá-la.
— Ah, mas eu sou ridícula! — ela balbuciou. — Sou uma condessa sem um tostão, sem lar, nem orgulho. Nem mesmo sei se sou competente o bastante com uma agulha na mão para...
— Chega! — Harry voltou a interrompê-la. — Não permitirei que trabalhe como costureira e ponto final! Vai retribuir a minha hospitalidade, colocando Sirius e a mim em situação embaraçosa diante de toda a sociedade londrina?
Os ombros de Hermione vergaram-se e ela sacudiu a cabeça.
— Ótimo. Então, não quero ouvir mais essas bobagens sobre trabalhar para madame Maxime.
— E o que eu vou fazer? — ela perguntou em um sussurro, os olhos repletos de um sofrimento insuportável.
Uma estranha emoção brilhou nos olhos de Harry e ele cerrou os dentes, como se lutasse para não dizer o que estava pensando.
— Faça o que todas as mulheres fazem — ele finalmente falou. — Case-se com um homem capaz de lhe oferecer um padrão de vida razoável. Sirius já recebeu meia dúzia de pedidos de permissão para cortejá-la. Case-se com um desses homens.
— Não quero me casar com um homem a quem não amo — Hermione retrucou, recuperando parte de seu espírito de luta.
— Vai mudar de idéia — Harry afirmou com frieza.
— Talvez seja o melhor a fazer — ela murmurou com voz entrecortada —, pois amar alguém dói demais. Quando a pessoa a quem amamos nos trai... Ah, Harry, o que está errado comigo? Você me odeia e Draco...
A resistência de Harry desmoronou e ele a tomou nos braços e a apertou contra si.
— Não há nada de errado com você — assegurou, enquanto lhe afagava os cabelos. — Draco é um covarde idiota. E eu sou ainda mais idiota que ele.
— Ele desejou outra mulher mais do que a mim — ela soluçou contra o peito de Harry. — E dói tanto saber disso.
Harry fechou os olhos e respirou fundo.
— Eu sei — confessou.
Hermione encharcou a camisa de Harry com suas lágrimas que, pouco a pouco, foram derretendo o gelo que envolvera o coração dele durante anos. Abraçando-a com força, ele esperou que o pranto se abrandasse, para então beijá-la na testa e perguntar com voz suave:
— Lembra-se de quando me perguntou, em Gryffindor, se poderíamos ser amigos?
Ela balançou a cabeça.
— Eu gostaria muito de ser seu amigo — Harry continuou. — Pode me dar uma segunda chance?
Hermione ergueu a cabeça e fitou-o com olhar cheio de dúvidas. Então assentiu.
— Obrigado — ele agradeceu com um esboço de sorriso.
N/A: Que casal mais lindoooo!!! Draco filho da mãe!!! E agora? O que vai acontecer com Hermione agora que ela está 'sem noivo'.
Comentem e me digam o que vocês acham que vai acontecer!
Bjsss,
Jéssica Malfoy
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