O Homem Na Neve
Harry acordou sobre-saltado. Sua cabeça doía profundamente. Ao perceber que não estava em casa, tentou puxar sua varinha rapidamente, porém, a varinha não estava em seu bolso. Olhou ao redor. Estava no que parecia ser uma casa normal. Tudo indicava que havia dormido no chão. O quarto era vazio, tirando uma pequena vasilha com água. Um enorme buraco no teto denunciava um céu limpo. Ele olhou no seu relógio. Estava na hora do almoço, e, coincidência ou não, sua barriga roncava de fome.
Levantou-se e tentou abrir a porta. Trancada. Se eu estivesse com minha varinha, tudo daria certo! Pensou ele. Chamou por alguém na casa. Nenhuma resposta. O cômodo onde ele se encontrava não tinha janelas. Ele se voltou, e sentou-se no chão, olhando ao redor e pensando no que poderia fazer, quando ouviu passos vindos do lado de fora do quarto. Ele se levantou num salto e ficou aguardando próximo à porta. Esta se abriu, mostrando um velho homem, já corcunda, que parecia ser um trouxa, se não fosse uma varinha em sua mão.
- Pois não, meu jovem? – perguntou o velho
Harry olhou para os lados, confuso.
- On-onde eu estou?- gaguejou ele.
Foi a vez de o velho ficar confuso.
- Ora... Está em minha casa, ao que tudo indica... A não ser que eu tenha me enganado... Mas eu suponho que não.
Harry segurou o riso. Ele lhe lembrava Hagrid.
- Bem... Será que eu poderia sair do quarto? – Respondeu ele.
- Oh! Claro, Claro, fique a vontade... Minha esposa está preparando o almoço na cozinha, e seu amigo está andando pelo jardim.
Amigo? Pensou Harry Eu não me lembro de ter chegado aqui, quanto mais de ter um AMIGO aqui... Bem, vamos conhecê-lo.
Harry seguiu o velho homem por uma escada, até chegar a uma cozinha bagunçada e poeirenta. Lá, uma velha senhora, que aproximava ter a mesma idade que o velho, preparava alguma coisa numa grande panela de pressão, mexendo constantemente com sua varinha. O homem apontou para uma porta também poeirenta, à esquerda.
- Saia por ali, e chegará ao jardim. Chamaremos os dois quando a comida estiver pronta.
Harry seguiu a indicação do velho e rapidamente chegou ao jardim. Lá um homem loiro caminhava lentamente, segurando uma varinha com uma das mãos, e com a outra um livro de feitiços.
Ao ouvir os passos de Harry, o jovem se virou. Ele tinha uma aparência surrada, cabelos batendo no ombro, olhos afinados, e aparentava ser muito mais velho que Harry.
-Err... Eu suponho que não nos conheçamos... Mas obrigado mesmo assim, o velho dono da casa me disse que você tinha me trazido até aqui... – Disse Harry, com uma expressão confusa e sincera ao mesmo tempo.
- Harry... claro que nos conhecemos... não está lembrado? Estávamos... Bom, talvez o tombo tenha afetado a sua memória... – Disse o homem.
- Tombo...? Bom, deixemos isso pra depois... Você é... ? – Perguntou Harry
- Ah! Eu sou...
Nesse momento, ouviu-se uma suave voz feminina chamando-os para o almoço. Harry se virou, e foi pra casa. O homem o seguiu. No centro da cozinha, uma modesta mesa com cinco cadeiras portava uma enorme vasilha no centro, com um conteúdo que Harry não reconheceu. A mesa era ocupada por dois velhos, com ares inteligentes e com as costas um pouco curvadas. Harry sentou à mesa e se pôs a comer.
-x-
Rony Weasley estava sentado à mesa de jantar d’A Toca. Ao seu lado, Hermione olhava preocupada pra o Sr. Weasley. A ordem da fênix, exceto por Dumbledore estava reunida na casa, procurando resolver um único mistério: onde estava Harry. Já haviam procurado por ele em todas as redondezas de Hogsmeade e mais além, e não tinham achado nenhuma pista que os levasse à ele, a não ser um pequeno pedaço de sua capa num arbusto perto de um enorme lago.
- Nada disso faz sentido! Harry some sem nos avisar ao menos aonde vai, e a única pista que encontramos é um PEDAÇO DE CAPA!! –Disse Hermione
- Acalme-se Mione, vamos descobrir o que quer que esteja acontecendo com ele.
- Nossas esperanças são castas, nunca pensei que poderia estar dizendo isso, mas aconselho vocês a não esperar boas noticias- Revela o Sr. Weasley, seu rosto não mostrava metade do que estava sentindo, a idéia de perder Harry era só aterrorizante demais.
- Por Merlin, Pai! Esqueceu que estamos falando de Harry Potter? – Disse Ron, quase por impulso, se a idéia de perder Harry era aterrorizante para ao seu pai, palavras não descrevem o que o Jovem Weasley iria sentir ao perder seu amigo.
- Parem! Por favor... - Começou Hermione, lagrimas caiam teimosamente do seu rosto, logo amparadas pela garota, numa tentativa inútil de se recompor. -A gente vai achar ele!Já ficamos em situação pior... vou mandar uma coruja pra Luna,vamos gente...A gente tem que achar ele! – Hermione saiu desesperada pela saleta dos Weasley, provavelmente a procura de tinta e pergaminhos.
-x-
A porta, já meio enferrujada faz barulho, desviando a atenção de todos.
Harry? Talvez... Uma figura estranha e de estrutura pequena aparece em meio a nevoa e muita fumaça, a figura vai se tornando mais clara e exclama com muito desgosto, porém sem perder seu jeito avoado:
-Por isso que não devemos confiar em duendes!!
Todos olham pra Luna Lovegood, atordoados devido ao forte cheiro da fumaça e confusos.
- Luna, que bom que você veio – Saudou Hermione – Você já está sabendo do desaparecimento do Harry, né?
- Hmmm... Estou sim Hermione - Luna sempre dispersa parecia mal com aquilo, muito mal.
Os outros continuaram debatendo o assunto.
- E o que nós vamos fazer agora? Afinal, precisamos tomar providências! – colocou Hermione
- E o que você quer que a gente faça?!- Rony diz irritado – Se tiver alguma idéia, compartilhe, por favor! Porque eu estou tão desesperado quanto você!
- Todos nós estamos Ron. Mas do que vai adiantar se ficarmos apenas nos perguntando onde Harry se meteu?! – O sr.Weasley tenta acalmar os garotos
Luna estava quieta, mas não estava nem um pouco tranqüila com a situação. E eles podiam ver em seus olhos o quanto sofria. O olhar parado e distante entregava sua dor. Pois ela amava Harry, e mesmo sem poder tê-lo, o queria por perto.
-x-
Harry acordara no dia seguinte descansado, e pronto para ir pra casa. Saíra do seu quarto (que ele pedira para o velho não trancar na noite anterior) e descera até a cozinha. Com a varinha no bolso, ele sentara a mesa de jantar. O café estava posto, e o velho e a velha já estavam comendo. Perguntou por seu amigo. Disseram que tinha ido embora durante noite anterior, já tarde. Harry havia conhecido melhor o rapaz. Ele era filho de família trouxa, como Hermione. Tinha estudado em Hogwarts tempos atrás, porém agora trabalhava no ministério, como assessor de um dos milhares de juízes lá existentes.
Harry estava acabando de engolir seu bacon frito, que veio junto com ovo, algumas fatias de pão e café forte, quando notou num fato estranho: ele nunca havia visto aquela casa perto de Hogsmeade. Pelo que o rapaz loiro lhe disse, a casa ficava onde na verdade localiza-se um imenso lago de água cristalina. Houve um tempo em que ocorreram rumores de que naquele lago moravam algumas criaturas terríveis, pois os que lá mergulhavam nunca mais voltavam. Harry sentiu um calafrio. Talvez, somente talvez, ele tivesse entrado naquele lago junto com o loiro, durante a noite do ataque. Com que finalidade isso poderia ter acontecido, era um mistério para Harry.
Naquela noite, Harry saiu do seu quarto, apesar de escuro, para examinar os arredores. A não-presença dos velhos em qualquer parte da casa era o que ele mais estranhava, pois normalmente, eles iam dormir ao mesmo tempo em que ele ia. Apesar de tudo, ele acabou botando qualquer suspeita de lado.
Ele andou por uma hora, sem achar nada. Duas horas e nada. Lá pelas 3 horas da manhã, ele ouviu um uivo, seguido de outro, e mais outro mais prolongado que os outros. Ao Longe, ele viu uma sombra curvada, posicionada contra a lua. Neste instante, tudo se tornou claro.
A não mais de um ano, ele ouvira falar de bruxos que se transformam em lobisomens e devido a experiência e a força do tempo, acabam conseguindo controlar a si próprios em seu estado de besta. Ele ouvira falar, e lutara contra um pequeno grupo. Esse era o único meio de explicar a estranha desaparição dos velhos. Ele se escondeu atrás das árvores. Os – pois existiam mais de um - lobisomens estavam longe, mas podiam enxergar muito bem a noite. E eles tinham um ótimo faro também. A Floresta de Pinheiros lembrava um pouco a Floresta Proibida, vizinha de Hogwarts, mas não era igual. Tinha um ar ainda mais sombrio, e ficava mais escura de noite.
Naquela noite, em especial, o ar estava mais pesado, e o mínimo passo poderia ser ouvido. Harry deu um pulo quando, atrás dele, um garoto de aproximadamente 12 anos se aproximava. Pela primeira vez desde que ali chegara, flocos de neves começaram a cair.
Lumus
Uma pequena faísca de luz apareceu na ponta da varinha, clareando nada além de 10 centímetros desta mesma.
Lumus!
Uma Luz de nada surgiu na ponta da varinha.
LUMUS!
Uma grande luz clareou um raio de pelo menos 10 metros. Ele olhou para o garoto a sua frente. Nunca o tinha visto por ali. Os olhos do garoto eram negros, sem nenhuma parte branca. O seu nariz começou a se alongar, em conjunto com sua boca, dando idéia de um focinho. Seus dentes apontaram, suas orelhas criaram pontas, pelos começavam a surgir pelo seu corpo. Pelos negros como seu cabelo.
Harry olhou tudo aquilo apavorado, e depois correu na direção contrária, porém, Figuras negras apareciam por toda parte. Lembravam fantasmas da neve, devido à escuridão da floresta. A única fonte de luz ali era a varinha de Harry que já havia enfraquecido. Harry se pôs a correr como um louco. Ele tinha que achar a volta para o seu mundo. Os galhos das Árvores o arranhavam por todo o rosto, ele pulava a todo o momento para não tropeçar em raízes sobressalentes. Já se podia ver a casa dos velhos. Lá, o loiro esperava calmamente. Harry gritou para ele, que pareceu ouvir e correu em sua direção. Apenas a luz da varanda da antiga casa presenciou o que se passou a seguir.
O Loiro correu em direção a Harry. Ele usava agora um cajado reluzente, como o de Lúcio Malfoy. Ele deu um grande pulo no ar, e dessa posição, caiu como um grande Tigre Branco. Harry correu para trás dele e, apesar de assustado, ignorava qualquer perigo. O Tigre, duas vezes maior que qualquer um dos lobisomens, pulou em cima deles, dilacerando-os com suas garras e presas. Após algum tempo de batalha, os lobisomens recuaram para a sombria ‘segurança’ da Floresta. O Tigre voltou, ferido, e caiu aos pés de Harry. Este o levou para algum lugar longe dali, seguindo as pegadas da vinda do misterioso homem. Eles chegaram à margem de um rio, onde Harry limpou a enorme ferida na barriga. Ali perto, uma pedra estranhamente localizada, brilhava num tom azul. Harry agarrou o loiro, e juntos tocaram a pedra. Uma estranha sensação tomou conta dele.
Ele havia usado uma chave de portal recentemente, mas a cada vez era uma nova experiência. Agora uma coisa não fazia sentido na mente de Harry. Ele deixaria pra pensar nisso quando estivesse em casa, no quartel general da Ordem.
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