Prova Final - Parte Dois



Damien não admitiu ser proibido pela mãe ao querer investir contra Perla Reinfield. Resolveu seguir sozinho e anonimamente dali para frente. Utilizando-se de um feitiço de confusão da mente, entrou no terreno da mansão Reinfield cedo da manhã. Esperou até que o serviçal saísse para as costumeiras compras e adentrou a mansão com muita curiosidade, mas cheio de receios. Ouvira falar de muitos aventureiros, especialmente na época da escola, e sempre sentira vontade de ser um. No entanto, naquele momento, sua mente recusava-se a querer sê-lo. O lugar parecia mais que assombrado. As paredes eram escuras e manchadas, Damien se impressionou com aquilo, eram manchas estranhamente parecidas com respingos... de sangue. Seus pêlos da nuca se arrepiaram. Seguiu em frente, apertando o passo. Encontrou um grande vão, uma sala imensa completamente vazia. Conseguia ver o andar de cima dali, mas não encontrava escada que desse acesso a ele. Parecia que a escada simplesmente fora tirada dali. Balançou a cabeça tentando colocar os pensamentos em ordem quando ouviu uma batida abafada.
PUF!
E outra! Aquietou-se o máximo que pôde, prendendo até a respiração.
PUF!
Teve um sobressalto. De início achou ser o serviçal que havia retornado das compras, o som, porém, vinha de algum lugar escondido, não parecia com o bater de sapatos contra o chão. Olhou para cima e aprumou os ouvidos, o som lhe pareceu vir de debaixo de seus pés. Ajoelhou-se, encostou a orelha no chão e confirmou sua suposição: o som vinha lá de baixo. Não viera ali para investigar a origem de barulhos, contudo estava tão interessado no que poderia encontrar, que começou a procurar uma porta que o levasse ao porão.
Sucessivamente, o barulho aumentava, a curiosidade, também. Na cozinha, atrás de um grande armário, havia um pequeno portal que se abria para duas portas, uma defronte a outra. Encontrou-as porque o tal armário estava uns cinqüenta centímetros afastado da parede, dando a visão da passagem. Abriu uma das portas, que mostrou uma dispensa abandonada, volumosas teias de aranha pendiam dos cantos superiores das paredes do pequenino quarto. Damien virou-se para a outra porta e pôs a mão na maçaneta. Um grande estrondo, porém, o fez se esquivar, foi como se tivesse levado um choque. Hesitou, lembrando que estava sozinho naquele plano. Respirou fundo, fechou momentaneamente os olhos e então forçou a maçaneta, que se abriu levemente. O barulho repentinamente parou. Damien relutava entre sair correndo dali e descer aquela escadaria que se perdia na escuridão.
― Lumus - sussurrou. A varinha acendeu uma luz fraquinha, exatamente como Damien pedira, o suficiente para iluminar seus passos e não se revelar a qualquer que fosse a pessoa ou coisa que estivesse ali. O silêncio lhe causava náuseas e terror, entretanto, a obsessão em descobrir o que era escondido por um armário enorme e pesado fez com que ele seguisse adiante.
Um som de arrastar de correntes fez com que ele apagasse a varinha. O escuro e o silêncio o engolfaram de vez. Permaneceu o mais quieto possível na tentativa de ouvir algum som que pudesse identificar. Estancou ao ouvir uma respiração ofegante e um murmúrio abafado de uma boca que parecia amordaçada. Seus pensamentos voavam imaginação adentro, era o que pensava. Damien resolveu que tomaria alguma atitude, fosse qual fosse o resultado que aquela decisão acarretasse.
― Olá! - balbuciou. - Se estiver preso bata duas vezes! Faça algum som duas vezes!
Então, estremeceu ao ouviu um alto e claro TUM-TUM!
― Lumus! - quase gritou, o que a varinha iluminou surpreendeu tanto Damien quanto o homem que estava amordaçado a um canto: Lúcio Malfoy. - Vovô! - alegrou-se Damien indo soltá-lo.
― Obrigado, Damien. Mas devo repreendê-lo por ser tão confiante! E se eu fosse outra pessoa? Se eu o tivesse emboscado...
― Mas não é, vovô! Vamos sair daqui...
― Acho que não! - disse uma voz, interrompendo Damien, que vinha da metade da escadaria, fazendo os dois homens paralisar. - Dona Arpel vai adorar saber que tentou escapar, senhor Malfoy.

Naquela noite, Draco havia combinado com Damien de ir conversar com Justus mais uma vez. Juntos talvez conseguissem convencê-lo a ajudar. No entanto, Damien não estava em lugar nenhum e Draco temeu que algo tivesse acontecido ao filho. Via pó de Flu, viajou até Hogwarts.
Enquanto isso, Justus estava sentado em seu escritório, rabiscando o jornal onde estava escrito, mais uma vez, o nome de Perla Reinfield. Sentiu raiva em ler aquele nome e começou a subscrever as letras. Então se lembrou que o irmão lhe dissera o nome Arpel Feldirein. Escreveu os dois nomes num dos cantos da folha:

P E R L A R E I N F I E L D

A R P E L F E L D I R E I N

E descobriu que as letras que formavam os dois nomes eram as mesmas. Num salto se pôs de pé e desaparatou.
Draco e Justus chegaram juntos aos portões de Hogwarts. Olharam-se, medindo-se e desconfiaram estar ali pelo mesmo motivo. Minutos depois, entraram juntos no escritório de Antoine. Ao ver os dois em sua frente, ela se sobressaltou, pensando no pior. Pôs-se de pé e sorriu falsamente, ainda assim passando um ar de felicidade. Cumprimentaram-se e sentaram no largo e confortável sofá.
― A que se deve tão inesperrada visita?
― Antoine - gaguejou Draco, mas nenhuma outra palavra saiu-lhe da boca, como se sua voz propositalmente não quisesse sair.
― Acho que descobri o bastante sobre Perla Reinfield para desmascará-la - foi Justus quem se pronunciou.
Antoine ergueu uma sobrancelha, fitou o filho e depois franziu o cenho. Justus estendeu para a mãe um pedaço de papel rasgado das páginas do Profeta Diário. As letras de um dos nomes mencionados numa matéria estavam sublinhadas e delas saíram finas linhas que se misturavam e formavam outro nome.
― O que? - balbuciou Antoine.
― Como a senhora pode ver, as letras do nome de Perla Reinfield transformam-se em Arpel Feldirein.
― Arrpel... você disse? - falou Antoine nervosa. Os dedos tremendo.
― A senhora conhece?
― Foi o nome que Gwyneth mencionou no dia em que a prressionamos - e olhou para Draco, que balançou a cabeça positivamente. Os dois ficaram por minutos se encarando, matutando sobre o que fazer, qual conclusão tirar. Draco temia terminar de contar o que Justus começara.
― Mas isso é enfim uma boa pista! - avaliou Antoine.
― Sim, é! - disse Justus sem graça, desconfiado que, pelo silêncio prematuro, o pai fosse falar sobre o que o trouxera ali.
Draco tomou a palavra, contando para onde fora Damien, e que não voltara para o encontro deles. O ar na sala pareceu gelar. Draco não teve pulso, mas Justus abraçou a mãe fortemente quando ela caiu de joelhos e começou a soluçar aos prantos. O desespero dentro de Antoine era tamanho que ela não conseguia segurar o choro, tremia de tal forma que Justus se impressionou. Sentiu-se estranhamente impotente, abalado por ver a mulher forte, que sempre fora sua mãe, totalmente indefesa.
― É melhorr chamarrmos Snape - foi o que disse Antoine quando finalmente se recompôs. Draco não se manifestou porque conhecia o passado e a capacidade de Snape. Mas ao invés de chamá-lo, Antoine decidiu que os três iriam até a casa do antigo mestre de Poções. Querendo ou não, Snape teria que recebê-los.
Justus se propôs em ir antes de qualquer um, conversaria com o pai num primeiro momento. Mas ao contrário do que pensaram, assim que Snape ficou a par da situação de Damien, quis falar com Antoine.
Encararam-se, sem graça, com certo desconforto ao ficarem um diante do outro, mas Antoine, como sempre, quebrou o gelo:
― A despeito do rancorr que sente porr eu terr saído muito rrápido daqui naquela noite de Natal, Severro, lhe digo que não estou magoada. Apenas achei suas palavrras um pouco forrtes!
― Minhas palavras? Forte? - indagou Snape com a testa franzida. Não queria reviver todo aquele passado, Damien devia vir em primeiro lugar, mas aquele assunto, aquelas cartas estavam engasgando-o da mesma forma que a Antoine. Ele percebeu isso. - Achei que continuaríamos a nos ver, pelo menos como amigos.
― Você foi bem clara - disse com altivez - ao escrever que somente Hogwarts lhe importava e que era a Draco que pertencia.
Encararam-se, medindo-se.
― O quê? - Antoine perguntou em alto e bom som.
― Como acha que me senti? Devastado no mínimo! Achei que me...
― Eu nunca escrrevi isso! - rosnou ela interrompendo-o e o encarando com raiva. - Você deve terr interrprretado mal o que leu!
Snape não se fez de rogado, continuou seu pensamento.
― Achei que me daria algum tempo para resolver a situação com Gwyneth! E então, ficaríamos juntos!
― Eu disse que jamais terria - e ela elevou a voz e ergueu o dedo -, me separrado de Draco na condição de me prromoverr!
― Calma, mamãe! - pediu Justus indo para perto deles.
― Além do que, não prreciso me prromover à custa de ninguém! Reconsidere
― Disso eu tenho certeza - murmurou Snape encarando Antoine. Ela bufou ao ver que ele falava sério.
― Então porrque me disse aquelas palavrras? Não entendo... se querria que eu me afastasse... erra só pedirr. Não prrecisava me magoarr...
― Que palavras, Antoine? - pediu ele fitando-a de forma mais serena agora. - Surpreendeu-se com a doçura da carta, é isso?
― Como? Doçurra? - ela se espantou com forma sincera que saíram as palavras da boca de Snape. Não parecia estar sendo irônico ou sarcástico.
― Só quis lhe mostrar o quão confuso estava meu coração...
― Parre! - disse ela em seco, ao perceber que alguém além dos quatro os ouvia. Olharam para cima e lá no alto, atrás de um pilar, estava Gwyneth. - Você tem minha carrta guarrdada?
― Tenho - respondeu ele indo ao escritório. Assim que voltou, Antoine e ele se encararam outra vez, ambos com a expressão marcando os músculos da face.
Snape olhava da carta para Antoine repetidas vezes, por minutos. Então, de súbito, Snape empunhou a varinha e a passou por sobre a carta dizendo:
― Revele-se! - as letras da carta começaram a se deslocar de lugar, formando novas palavras e frases totalmente diferentes daquelas que antes estiveram escritas no papel.
― Bastarda! - xingou Antoine. Snape, com os olhos em brasa, mirou a mulher que estava no andar de cima, espionando-os.
Num salto, Gwyneth pulou para fora do alcance da visão de Snape e todos ouviram um estampido. Subiram com rapidez e confirmaram que ela havia desaparatado. Perguntaram-se para onde ela iria, mas nenhum soube precisar a resposta. Snape voltou sua atenção para o quarto cuja porta estava semi-aberta, podia-se ver uma mala disposta sobre a cama, com roupas jogadas sobre ela. Snape entrou no quarto e a primeira coisa que fez, ao remexer nas roupas, foi encontrar um cartão de Perla Reinfield.
― Ela pretendia fugir? - pediu Draco.
― Depois de ter ouvido nossa conversa! - afirmou Snape. - O que indica algum envolvimento no embaralho das letras nas cartas.
― Com toda certeza foi ela, papai!
― Prrecisamos descobrrirr parra onde ela foi! - disse Antoine saindo do quarto. - É o mesmo lugarr onde está Damien.
― Por que não começamos pela mansão Reinfield? - disseram Draco e Snape juntos.
― Então está acerrtado! - confirmou Antoine.
― E quando isso tudo estiver resolvido, vou querer ler as cartas que te enviei, senhorita Dimanchè! - acrescentou Snape com ironia, mas rindo como se nenhuma carta com más intenções tivesse sido forjada.
Então, Snape, Draco e Justus aparataram nos portões da mansão Reinfield. Antoine chegou alguns minutos depois, sem dar explicações de onde fora, mas afirmando que logo ao chegarem a um lugar seguro iria lhes mostrar o que buscara. Nem Snape nem Antoine sentiram a presença de feitiços de proteção naquele lugar e temeram não que não houvesse mais ninguém no lugar. Confirmaram essa suposição quando não encontraram nem pessoas nem elfos ou animais nos cômodos da casa. Snape achou a passagem que levava ao porão, e vendo as correntes, os pratos e as canecas jogadas num canto, desconfiou que Damien fora preso ali. No entanto, era um beco sem saída. Não havia pistas que os levassem para outro lugar.
― Esperrem! - disse Antoine quando iam saindo do hall de entrada. - O que é aquilo?
Mas nenhum deles viu para o que ela apontava. Havia simplesmente uma parede.
― Aonde quer chegar? - pediu Snape que estava ao lado dela.
― Veja! Onde está a escada que ela ao segundo andar?
― Parece que foi tirada daqui! - disse Justus, Draco o apoiou.
― Mas ela está aí! - afirmou Antoine rindo!
― Incendio! - berrou Snape, e o fogo que saiu da varinha iluminou magicamente a escadaria, segundos depois quando a claridade sumiu, ela desapareceu novamente.
― Vamos! - disse Antoine se dirigindo para onde a escada estivera há poucos instantes. Subiu um degrau de cada vez, mostrando aos outros que a escada estava mesmo ali, mas assim que pôs o pé no primeiro andar desapareceu.
― MAMÃE! - gritou Justus e saiu correndo escadaria acima, sumindo logo atrás da mãe.
― Ora, vamos! - rosnou Snape olhando para Draco e os dois seguiram para o andar superior.
Assim que pisaram na soleira sentiram-se puxados pela barriga e rodopiaram até ficaram tontos, caindo de joelhos sobre um gramado cheio de folhas. Ao se recomporem, e Draco parou de vomitar, perceberam que o gramado se fechava para um denso matagal. Logo à frente, porém, havia uma estradinha, ou melhor, um atalho estreito no mato, parecia ter sido aberto a golpes de facão. Antoine já havia entrado nele e Justus também. Snape puxou Draco pela manda do casaco e seguiram caminho.
Conforme a vegetação mudava, a expressão no rosto de Draco se surpreendia, e quando se deu conta, estava andando na frente do grupo, guiando-os por uma ladeira onde havia uma pequena escadaria feita pelas raízes das árvores.
― Está reconhecendo o lugarr, Drraco? - pediu Antoine se apoiando nele para descer o último degrau improvisado pela natureza.
― É Bakersville! É onde meu pai nos trazia quando eu era criança!
― Então vamos parrarr! - disse Antoine tirando do casaco um pergaminho. Era a carta de despedida que Lúcio deixara para Draco, que dizia:

“Querido Draco, há poucas coisas das quais uma pessoa pode se orgulhar de ter feito na vida! Uma delas foi ter juntado nosso nome ao do Mestre Lorde Voldemort, depois ter tido você como filho e por último, sua união com uma Dimanchè. Foi muito desapontamento perdê-la, eu nunca esqueci o dia em que você me contou que iria se divorciar dela, acho que nem ela estava preparada. Foi um momento de muita vergonha para mim... eu quis amaldiçoá-lo, filho, mas vejo que hoje, lhe deixei em pior situação! Eu tenho que fazer isso porque não suportaria encarar as pessoas de nosso nível. Ter que morar em algum lugar repugnante, sem nenhum servo... sua mãe não sabe de nada... não sabe que eu perdi tudo o que tínhamos! Tudo, Filho! Perdoe-me, mas Antoine não o deixará na mão. Ela te ama e te ajudará!”

Entretanto, da mesma forma como Snape passara a varinha sobre a carta que recebera, Antoine o fez, e as letras misturaram-se, criando um novo texto:

“Draco, seu imbecil, eu juro que se me deixar morrer nas mãos dessa mulher voltarei para me vingar! Será que não viu o erro que cometi? Agora é você quem cai nas garras dessa vagabunda? Ela está me levando para Bakersville. De alguma forma se apossou de tudo o que temos e não vai descansar enquanto eu não aceitar ficar do lado dela! Sua mãe está presa na antiga mansão Reinfield, mas não posso precisar quanto tempo vai agüentar! Além do porão, atrás de um velho aquecedor há uma passagem para a cela dela! Ajude-a! Quanto a mim, bem, real perigo não corro porque a vadia está apaixonada e se eu me fizer de idiota e realizar os desejos dela nada me acontecerá. Mas eu realmente espero que você não tenha acreditado nas palavras que transformei em verdade... e espero que tenha procurado por Antoine.”

― O que vamos fazer? E minha mãe?
― Desde que recebeu essa carta já se passou muito tempo, Draco - murmurou Snape baixando os olhos.
― Eu volto para ver...
― Não! - Snape repreendeu Justus. Draco, volte à Londres, chame as autoridades e vá até a mansão Reinfield! Mas me escute! - avisou Snape balançando-o pelo ombro. - Leve alguém com você, entendeu?
― Sim, Snape, entendi - em seguida, Antoine lhe deu um suave beijo no rosto e Draco desaparatou.
― Não sei se consigo! - sussurrou Antoine sentando-se no chão e escondendo o rosto entre as mãos. - Talvez devêssemos esperrarr porr ajuda!
Justus e Snape se entreolharam.
― Você já veio tão longe, Antoine, é claro que vai conseguir! - disse Snape acocorando ao lado dela. Os dois se encararam.
― Somos apenas trrês! Sabem-se lá quantos existam naquela casa! - disse ela sem esperanças.
― Mãe, a senhora nos trouxe até aqui! Por que desistir agora? - Justus abaixou-se do outro lado dela. - A senhora não se sente bem? É isso?
Ela os olhou e lágrimas transbordaram de seus olhos.
― Eu tenho medo que aconteça algo a você e a seu pai! - murmurou pegando na mão dos dois. Justus a abraçou, mas fitou o pai.
― Bem, realmente não sabemos o que pode acontecer. Se ela consegue enfeitiçar as pessoas...
― Eu vou à frrente! - disse Antoine pondo-se de pé. Tentaram argumentar com ela, mas ficaram para trás. No entanto, os três juntos entraram pela porta de trás da grande casa que fora de Lúcio Malfoy.
Dentro da casa, o clima estava quente.
― É melhor sairmos logo daqui! - dizia uma voz feminina impaciente. - Podem achar o lugar a qualquer minuto!
― Você é tão pessimista! - respondeu outra voz feminina. - Acha mesmo que são tão inteligentes? E cale-se! Eles não sabem quem sou eu! Sente-se e não me incomode! Espero apenas uma pessoa para podermos seguir adiante.
Snape liderava-os pelo corredor. Ao ouvir as vozes, parou, colocou um dedo sobre a boca e pediu silêncio. Então fez sinal que seguiria adiante enquanto os dois ficariam na escuta e de olho se alguém viesse naquela direção. Perderam-no de vista quando dobrou o corredor e tudo se fez silêncio. A casa parecia estar deserta. Nem mesmo o tiquetaquear de um antigo relógio se ouvia direito, parecia querer ajudá-los. Foram minutos de longa espera, mas finalmente Snape voltou, com uma cara de poucos amigos.
― E então? - perguntou Justus. O pai bufou.
― Pensei que se eu visse Lúcio Malfoy uma última vez sentira desprezo e raiva...
― Lúcio? Ele está aqui? - quis saber Justus.
― Sim. E está muito abatido, preocupo-me por isso. Damien também está aqui, mas passa bem.
― Você... falou com eles?
― Falei, filho. Agora temos que pensar num jeito de chegar até a cozinha. É lá que estão, mas há dois homens sentados bem à porta agora.
― E as mulheres que conversavam? - quis saber Justus.
― Gwyneth e tal Arpel, suponho - falou Snape olhando para Antoine.
― Não posso afirrmarr... só vi Perrla, quem sabe como estarrá ou serrá a tal Arrpel. E se forr animaga?
― Bem, somos três! Se forem apenas quatro como pensamos, nos sairemos bem! - murmurou Snape.
Mas então, dois estampidos foram ouvidos, e outras duas vozes de homem puderam ser identificadas. Os três se encararam, estavam em desvantagem agora, seriam seis contra três.
― Eu vou entrar! - disse Snape. - É melhor agirmos logo a esperar que cheguem mais pessoas!
― Espere! - disse Antoine agarrando-o pela manga da camisa. - E se apareceram?
― Iremos descobrir então! - rosnou Snape livrando-se da mão dela.
― Vou com você! - disse Justus seguindo-o.
― Não! Você fica aqui com sua mãe. Se tentarem fugir, você os pega! - e Snape lhe deu as costas.
― EU VOU! - falou Justus e voz alta, alertando quem estava na sala de que havia intrusos na casa.
― Nos descobriram! - falou Snape muito contrariado.
Segundos depois, os seis carcereiros de Lúcio e Damien os cercaram com as varinhas em punho. Pai, mãe e filho também as empunhavam. Apesar do silêncio estarrecedor era possível sentir a hostilidade pairando no ar. Ninguém movia um dedo sequer, a não ser pelas pálpebras que lubrificavam os olhos, deixando-os preparados para quaisquer movimentos suspeitos ou bruscos.
Snape foi o primeiro a lançar um feitiço e então se seguiram dezenas deles. Antoine se jogou para a outra sala, rastejando para trás de uma poltrona. Justus atirou-se para o lado, derrubando um carcereiro enquanto Snape ficava de pé, protegendo-se e atacando com sua varinha. O tempo pareceu congelar naquele instante, onde feitiços de cores variadas e vibrantes iluminavam o corredor, transformando-o em uma obra de arte viva. Porém, repentinamente, Snape viu a expressão nos rostos dos adversários mudar. Pareciam assustados agora, e descobriu o porquê quando a mão de Justus o trouxe para a realidade: vários aurores permaneciam de pé, atrás deles.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.